António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
De novo a realidade
Foto de Pedro Cruz, obtida esta tarde
Agosto, mês que a maioria privilegia para fazer férias, está no fim.
A partir de segunda-feira é o regresso à realidade.
Mas, com estas condições climatéricas, Setembro até parece que se antecipou.
As longas filas de trânsito, ao fim da tarde, em todas as saídas da Gala, depois da praia, desapareceram, logo no último sábado de Agosto, mês em que a actividade dos comerciantes covagalenses, resultante do único pólo de interesse turístico que atrai pessoas a S. Pedro - a ocupação do metro quadrado das nossas praias - poderia ter alguma expressão.
Para os comerciantes locais, este, foi mais um azar, num Verão para esquecer...
Acabou o sonho.
Entretanto, a vida vai ter de continuar.
Mais uma vez, de novo, ficamos com a nossa realidade.
A Cova-Gala somos nós, os covagalenses.
Não são apenas eles, os iluminados, os que temem as vozes irreverentes dos que não são moldáveis pela unidimensional força do statu quo.
Quem me dera poder constatar que esta era a era de uma Cova-Gala mais livre e mais unida, enraizada no direito à Terra e já descolonizada das tentações hegemónicas...
Agosto, mês que a maioria privilegia para fazer férias, está no fim.
A partir de segunda-feira é o regresso à realidade.
Mas, com estas condições climatéricas, Setembro até parece que se antecipou.
As longas filas de trânsito, ao fim da tarde, em todas as saídas da Gala, depois da praia, desapareceram, logo no último sábado de Agosto, mês em que a actividade dos comerciantes covagalenses, resultante do único pólo de interesse turístico que atrai pessoas a S. Pedro - a ocupação do metro quadrado das nossas praias - poderia ter alguma expressão.
Para os comerciantes locais, este, foi mais um azar, num Verão para esquecer...
Acabou o sonho.
Entretanto, a vida vai ter de continuar.
Mais uma vez, de novo, ficamos com a nossa realidade.
A Cova-Gala somos nós, os covagalenses.
Não são apenas eles, os iluminados, os que temem as vozes irreverentes dos que não são moldáveis pela unidimensional força do statu quo.
Quem me dera poder constatar que esta era a era de uma Cova-Gala mais livre e mais unida, enraizada no direito à Terra e já descolonizada das tentações hegemónicas...
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
O mistério da mata de Soure
Excelente esta postagem do Corta-Fitas.
Apenas uma pequena precisão.
O mistério da mata não foi em Soure.
Foi em Alfarelos, no concelho de Soure.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Se hoje fosse o dia...
...em que o sol não nascesse,
a manhã não aparecesse,
o mundo não acordasse,
o pássaro não cantasse,
o jornal não saísse,
o operário não trabalhasse,
o vento escusava de soprar
e a terra de girar...
A água do rio poderia parar,
o mar silenciar,
a nuvem ficar imóvel no céu,
mas o nosso coração,
mesmo a sofrer,
teria de continuar a bater...
Se hoje fosse esse dia,
que não pode acontecer,
tudo deixaria de ser tudo
e seria outra coisa,
que ninguém nunca vai saber
o que poderia ser...
a manhã não aparecesse,
o mundo não acordasse,
o pássaro não cantasse,
o jornal não saísse,
o operário não trabalhasse,
o vento escusava de soprar
e a terra de girar...
A água do rio poderia parar,
o mar silenciar,
a nuvem ficar imóvel no céu,
mas o nosso coração,
mesmo a sofrer,
teria de continuar a bater...
Se hoje fosse esse dia,
que não pode acontecer,
tudo deixaria de ser tudo
e seria outra coisa,
que ninguém nunca vai saber
o que poderia ser...
Já é mais que um difuso mal-estar...
Como disse no final de Fevereiro deste ano a SEDES, “sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional.”
Mas, o que é grave, o que pesa, o que incomoda, é que este mal-estar imenso que a todos atinge e condiciona, veio para ficar.
Os portugueses não acreditam no Estado e na lei.
Vive-se em descrença.
Entretanto, a criminalidade violenta progride e cresce o sentimento de insegurança entre os cidadãos...
Mas, o que é grave, o que pesa, o que incomoda, é que este mal-estar imenso que a todos atinge e condiciona, veio para ficar.
Os portugueses não acreditam no Estado e na lei.
Vive-se em descrença.
Entretanto, a criminalidade violenta progride e cresce o sentimento de insegurança entre os cidadãos...
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Está uma batalha lá fora...
Dostoievski ensinou que o crime compensa.
Raskolnikov é, unicamente, castigado pelo remorso.
Henri Michaux, poeta de que gosto muito, autor, aliás, de um pequeno livro, Equador, este, sim, maior, escreveu: "Só lutamos bem por causas que nós próprios modelamos e com as quais nos queimamos ao identificarmo-nos com elas."
Baptista-Bastos, escritor e jornalista (Crónica completa, POBRE POVO NAÇÃO DOENTE, aqui no DN).
Raskolnikov é, unicamente, castigado pelo remorso.
Henri Michaux, poeta de que gosto muito, autor, aliás, de um pequeno livro, Equador, este, sim, maior, escreveu: "Só lutamos bem por causas que nós próprios modelamos e com as quais nos queimamos ao identificarmo-nos com elas."
Baptista-Bastos, escritor e jornalista (Crónica completa, POBRE POVO NAÇÃO DOENTE, aqui no DN).
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