Via SOS/Cabedelo
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
segunda-feira, 18 de março de 2024
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
A diferença que faz andar a "virar frangos" há quase 50 anos...
Via SOS Cabedelo, dia 8 de Dezembro de 2023
"Querem o BYPASS mas votam contra. Justificam o chumbo da implementação do BYPASS com o facto de não terem o projecto e o modelo de gestão que não fizeram. Não explicam porque o processo do BYPASS está parado desde Março de 2021 - data do estudo que o valida como a melhor solução para a transposição sedimentar."
Via OUTRA MARGEM, dia 2 de Dezembro de 2023.
A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.
Nota de rodapé.
A propósito deste assunto, continuo com a esperança de ainda ver algo vindo da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, da Câmara Municipal da Figueira da Foz ou da Junta de Freguesia de S. Pedro.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
Estruturante
Passados 5 anos, o texto no esssencial continua actual.
Apenas precisa de 2 actualizações. A saber:
1ª.
Na década de 2010/2020, "o agravamento das taxas de erosão foi de um terço entre a Costa Nova (Ílhavo) e Mira, duas vezes entre Castelo do Neiva e Esposende, Ofir (Esposende) e Estela (Póvoa de Varzim), Cortegaça e Furadouro e a sul do Torrão do Lameiro (Ovar) e, pior, três vezes entre Cova-Gala e Lavos (Figueira da Foz)."
No dia 12 de Agosto de 2021, "o Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro."
Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
De palpável e positivo, temos o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, conforme disse o ministro do Ambiente em Agosto de 2021.
Passados mais de 2 anos, nada mais aconteceu.
Assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024.
Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.
No terreno, de concreto nada se avançou.
A ferida está cada vez mais aberta a sul do Quinto Molhe.
É triste, mas parece que nesta cidade, isso é encarado como normal.
É triste, mas é daquelas coisas tristes que entraram no dia a dia dos figueirenses.
E era fácil de resolver.
Resolvia-se com cidadania. Resolvia-se com solidariedade entre todo o concelho: o do norte e do sul do estuário do Mondego. Resolvia-se com sentido de responsabilidade, educação e valores morais sólidos. Resolvia-se com respeito pela liberdade, pela segurança e pela dignidade de todos os habitantes do concelho: os que habitam a norte e a sul do estuário do Mondego. Resolvia-se com amor por nós próprios e pela vida de todos os figueirenses.
Ser Homem ou Mulher livre, quer dizer ser responsável.
Liberdade é isto.
O resto é medo, covardia e dependência.
sábado, 2 de dezembro de 2023
Erosão costeira e o(s) inverno(s) que se aproxima(m) no Quinto Molhe
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.Há um ano e 16 dias, a 15 de Novembro de 2022, realizou-se no Auditório do Museu Municipal uma reunião sobre a problemática da erosão costeira.
Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, se apreensivo e preocupado foi para a sessão, mais apreensivo e preocupado ficou depois da realização dessa reunião.
Mais uma vez, depois de ouvir os oradores verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2023.
Pior que em 2022.
Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz.
Para não nos alongarmos muito, lembramos um, alertado por nós há mais de 20 anos - que nem sequer foi referido na citada reunião.
Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
O último grande erro cometido, que foi ventilado na reunião de 15 de Novembro do ano passado, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.
Na altura, o Dr. Pedro Santana Lopes , presidente da Câmara da Figueira da Foz, exigiu celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Nessa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, o Dr. Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir para prazos dos procedimentos legais.
Recordemos as suas palavras.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, sublinhou na altura o autarca figueirense, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Na mesma reunião, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
Percebem agora o motivo pela qual o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”?
Pimenta Machado, foi claro há um ano e dezasseis dias no Auditório Municipal da Figueira da Foz: "como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões."
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.
A deputada Raquel Ferreira, que já decidiu, "com os seus mais fortes sentidos de ponderação, humildade e responsabilidade, anunciar a recandidatura à Concelhia do PS da Figueira da Foz", foi apanhada na curva apertada que o PS está a percorrer.
Pois.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Entre o aprofundanto do rio e a invasão há muito anunciada do mar
Ao que parece, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."
“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, sublinhou ontem no decorrer de uma reunião de câmara o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.
Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado.
“É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.
O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.
A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.
No mesmo concelho da Figueira da Foz, uns 4 ou 5 quilómetros para sul, existe um enorme desastre ambiental, que faz andar com o "coração nas mãos", há muitos anos, os moradores da zona.
Sim estou a referir-me ao "Quinto Molhe" que, até Março, vai ser local de peregrinação dos políticos que certamente irão a andar por aí em campanha eleitoral.
Todos sabemos, que a ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.
Foi o que aconteceu, a sul do porto da Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros, onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos.
A obra, considerada fundamental pelas cabeças pensadoras da tutela e da comunidade portuária, visava a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.
Porém, isso não aconteceu. Os acidentes entretanto ocorridos à entrada da barra, depois de 2011, provam isso. A agravar, desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de proteção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.
O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. Com o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial da barra, que deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano, lá irão mais uns milhões.
Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.
Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a mês de umas eleições autárquicas que se advinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.
Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.
De palpável, passados mais de dois anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.
E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024.
Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.Passadores de moeda falsa... "São a favor do Bypass mas votam contra a sua implementação..."
Imagem via Sos Cabedelo
Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?
Como parece que ninguém se importa com o assunto, como morador a sul do Mondego, resta-me a tristeza de constatar que a merda grossa, merda da boa, a bela cagada obrada pelos cagões da Figueira e de Lisboa, não vai ser limpa.
A enorme borrada (que a foto mostra) vai continuar a poder ser vista.
É triste presumir que, maioritariamente, ao votar em Março próximo, os eleitores do sul, com o seu voto, como tem acontecido, vão continuar a comprometer um bocado a possibilidade de resolução do problema, que o mesmo é dizer, vão perpetuar a enorme cagada que torna este País difícil de habitar, tal é o cheiro.
Apesar deste texto terminar um tanto ou quanto brejeiro e brincalhão, o assunto é sério.
E, sobretudo, inquietante.
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
ELEIÇÕES E BY PASS
Via Sos Cabedelo
"O Big Shot de areia está no Orçamento de Estado 2024 e o Bypass está na Proposta de Lei nº109/XV/2º.
Ambos serão discutidos e votados até ao fim de Novembro.
Será que o atual Ministro do Ambiente vai inscrever o Bypass no Orçamento de Estado 2024 ou no pacote das promessas eleitorais?
Na Proposta de Lei nº109/XV/2º pode ler-se: "O projeto Alimentação artificial de praia no troço costeiro a sul da Figueira da Foz (Cova Gala - Costa de Lavos), através da deposição de areias a dragar da zona frontal à praia da Figueira da Foz [...] concorre para o mesmo objectivo da transposição sedimentar da barra da Figueira da Foz e confere a oportunidade para a implementação do sistema fixo - Bypass. O aprofundamento e recuo na praia da Figueira da Foz previstos no projeto de alimentação artificial, fundamentais à segurança da navegabilidade na Barra, só perdurarão com a implementação de um sistema de transferências permanente que o sistema fixo assegura. A construção do sistema fixo terá que ser feita de forma articulada com o projeto Alimentação artificial de praia no troço costeiro a sul da Figueira da Foz (Cova Gala - Costa de Lavos) atendendo às dragagens e recuo da praia previstos na zona de influência da “área de reserva para implementação de Bypass”, inscrita no Plano de Intervenção na Praia de Buarcos/Figueira da Foz (PP 25) [...] A construção do pontão para o sistema fixo deverá ser feita, tanto quanto possível, sobre o areal, antes do aprofundamento das dragagens e recuo da praia previstos no projeto da alimentação artificial, evitando as dificuldades inerentes à construção sobre o mar."
segunda-feira, 3 de julho de 2023
Tema do areal urbano chegou à Assembleia Municipal realizada na passada sexta-feira
Via Diário as Beiras
A deputada municipal socialista justificou que levou o tema à AM porque não quis falar na sessão promovida por Santana Lopes para evitar a politização do debate.
Por seu lado, a comunista admitiu que só teve conhecimento da iniciativa do presidente depois da sua realização".
sexta-feira, 30 de junho de 2023
Ainda há muita gente que não consegue compreender o porquê das coisas...
"A Agência Portuguesa do Ambiente vai proceder à transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, entre 2024 e 2025, o chamado “big shot”. Mas o sistema mecânico permanente só deverá ser instalado dentro de 10 anos, o que gerou muitas críticas."
quarta-feira, 21 de junho de 2023
NORTE/SUL e a luta contra o egoísmo
Muito jovem ainda, aproximei-me da Igreja Católica e fiz parte de um grupo na minha Aldeia - o GAU (Grupo Acção Unida), que tinha na luta pelo direito ao acesso à cultura dos mais pobres dos pobres (no início dos anos 70 na minha Aldeia éramos praticamente todos pobres) contra a exclusão social, a exploração e a pobreza a sua razão de ser.
Depressa, porém, verifiquei que não era por aí: a luta teria de ser travada a nível político.
Aproximei-me dos comunistas. E, embora não concorde com tudo, continuo a pensar que a sua existência e participação na política em Portugal é fundamental para a democarcia.
A luta dos comunistas não tem cento e poucos anos. Tem milhares de anos. Desde que o mundo é mundo. A meu ver, entronca nos princípios que nos foram legados pela vida e pelo exemplo de Jesus Cristo.
No convívio com os comunistas aprendi o que é a partilha da esperança.
Álvaro Cunhal escreveu num texto de 1974 «A superioridade moral dos comunistas»: «da própria consciência dos objectivos e da missão histórica do proletariado decorre uma nova concepção da vida e do homem, que se exprime numa nova ética. A intransigência para com a exploração e os exploradores, para com a opressão e os opressores, para com qualquer forma de parasitismo, a indignação perante as injustiças, (…) convertem-se em conceitos morais, necessariamente associados aos objectivos políticos».
Combater o egoísmo e as desigualdades sociais, a exclusão social e a pobreza é para os comunistas, parte da intransigência e indignação com que olham a imoralidade.
Enquanto houver um explorado, haverá sempre alguém que se levanta.
O areal que a foto mostra (que fui sacar ao mural da página do facebook do município), coloca diante dos nossos olhos a realidade que é o aumento das desigualdades sociais e da pobreza no nosso concelho, entre o norte e o sul.
Nós, a sul, nesta outra margem, somos a matéria prima que alimenta aquele deserto a norte, que não serve a ninguém. Nem ao norte nem ao sul.
quinta-feira, 15 de junho de 2023
A Escala do Clima - SOS Cabedelo
Via INFORMAR
"Em diálogo, o Arquitecto Miguel Figueira (coordenador dos movimentos Cívicos "O Mar à Cidade-Bring Back The Bay" e "SOS Cabedelo", e membro do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR-Centro de Estudos do Mar) e o Professor Filipe Duarte Santos (da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, coordenador do Grupo de Trabalho para a Estratégia Nacional Portuguesa para as Zonas Costeiras, e presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável-CNADS), falam sobre a erosão do litoral, o aquecimento global, as alterações climáticas, e a defesa da orla costeira, particularmente no caso, infelizmente exemplar, da região da Figueira da Foz do Mondego, no programa radiofónico A Escala do Clima, na rádio pública portuguesa RTP - Antena 1."
quarta-feira, 14 de junho de 2023
O MAR É A NOSSA TERRA vai ser apresentada na cidade a que sobretudo diz respeito
Publicamos um texto do Centro de Estudos do Mar (CEMAR), "uma das entidades que participou e contribuiu para a preparação e a apresentação desta exposição", que nos vai certamente ajudar a entender melhor o que vamos ver.«Vai ser feita a abertura, na cidade da Foz do Mondego, da grande exposição O MAR É A NOSSA TERRA, coordenada pelo Arquitecto Miguel Figueira (dos movimentos Cívicos "O Mar à Cidade-Bring Back The Bay" e "SOS Cabedelo", e do Conselho Consultivo do CEMAR-Centro de Estudos do Mar) e pelo Arquitecto André Tavares (do Centro Cultural de Belém).
Trata-se da grande exposição, sobre o Mar e a Foz do Mondego (como caso de estudo exemplar), nos seus aspectos de Hidráulica Marítima (erosão e assoreamento do Litoral), Urbanismo, Ambiente, Turismo de Praia, Ecologia e Sustentabilidade Local, que primeiro havia sido inaugurada e havia estado patente no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, de Março a Agosto de 2020, e depois disso havia sido apresentada em 2021 em França, em Nice. Agora, em 14 de Junho de 2023, essa exposição é por fim apresentada na própria cidade a que sobretudo diz respeito, na Figueira da Foz do Mondego, com o apoio da Câmara Municipal local, e aqui irá ficar patente ao longo deste ano de 2023.
O Centro de Estudos do Mar (CEMAR), a entidade que, desde 1996 (logo no ano a seguir à sua criação em 1995), havia sido quem na Figueira da Foz havia chamado a atenção, pioneiramente, para a situação catastrófica da erosão e do assoreamento do litoral figueirense (jornal Público de 06.09.1996, etc.), e em 2008 havia denunciado o já então previsível avolumar dessa catástrofe ambiental, que então estava iminente, com o prolongamento, quase para o dobro (400 metros), do molhe norte do porto fluvial da Figueira da Foz, veio depois disso a ser a entidade que veio a apoiar, desde o primeiro momento, os movimentos cívicos "SOS Cabedelo" e "O Mar à Cidade-Bring Back The Bay", quando esses movimentos cívicos começaram as suas meritórias acções, em 2009-2010, em resposta ao prolongamento do molhe que efectivamente foi iniciado nesses anos.
Agora, em 2020-2023, uma vez mais, o CEMAR teve o prazer e a honra de ser uma das entidades que participou e contribuiu para a preparação e a apresentação desta exposição. O CEMAR orgulha-se, sobretudo, por ter sido quem, ao longo dos anos, contribuiu para a aproximação das dinâmicas, das acções e das reivindicações — articuladas entre si, indissociáveis, e mutuamente emblemáticas e úteis —, por um lado dos praticantes e amantes do "Surf", e por outro lado dos pescadores da "Arte" (a pesca de cerco e alar para terra, actualmente chamada oficialmente "Arte-Xávega"), duas actividades marítimas com grande expressão nos litorais da Beira Litoral portuguesa.
"Os mais pobres dos pobres, com o mais belo barco do mundo"…
"Esses pescadores são, tecnicamente, surfistas…"»
domingo, 7 de maio de 2023
"Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"... *
* Com o óbvio pedido de deculpas a Sophia de Mello Breyner.
Via SOS Cabedelo. Para ver melhor, clicar na imagem. |
segunda-feira, 1 de maio de 2023
As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa
Erosão costeira na Figueira da Foz: “O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.
A obra, considerada fundamental pela tutela e comunidade portuária, vai permitir a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz e deverá estar concluída até Fevereiro de 2010.
Com um preço base de 12,5 milhões de euros, a intervenção compreende a extensão do molhe em 400 metros, bem como a ampliação do canal de navegação.”
terça-feira, 7 de março de 2023
Parque Verde e SOS Cabedelo, movimentos cívicos...
Via Diário as Beiras. Para ver melhor, clicar em cima da imagem.
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
SOS Cabedelo (e outros) anda há muito a alertar para os problemas da erosão a sul do Mondego
Citando a edição de hoje do Diário as Beiras.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, deu conta de que as previsões para o estado do mar indiciam uma situação preocupante, que vai afetar as praias do Cabedelo, Cova-Gala, Leirosa e Costa de Lavos. Miguel Figueira lamentou que as praias da costa sul da Figueira da Foz estejam “vulneráveis e desprotegidas” para resistir a fenómenos normais do mar.
Uma política que “vê o mar como inimigo”
“Estamos fartos desta política costeira, que vê o mar como inimigo e se apronta a atirar-lhes com pedra. A única maneira que temos de fazer proteção costeira é perceber como o mar funciona e trabalhar com ele”, sublinhou. No caso do Cabedelo, cuja intervenção o movimento SOS contesta desde a sua execução, Miguel Figueira defendeu que os galgamentos vão continuar a existir enquanto não for colocada areia à frente da duna primária.
Críticas também dirigidas à APA
“A APA deu cobertura a uma intervenção nunca vista em lado nenhum, ao meter areia atrás da duna, que não faz nada, pois tem de ser colocada na praia à frente da duna”, explicou. O SOS Cabedelo tem defendido a construção de um bypass, que faça transferências contínuas de areia, “para que a praia esteja bem nutrida e a dissipação de energias (do mar) se faça muito antes do mar atacar a duna primária”.
Outro dos pontos críticos apontados por Miguel Figueira é a praia da Cova- -Gala, que sofreu “intervenções erradas há muitos anos” e que devia receber alimentações de areia no fim do verão, que já não são efetuadas desde 2019.
O problema da erosão costeira tem sido uma temática bastante discutida na Figueira da Foz, tendo-se realizado no dia 15 uma sessão de esclarecimento com a APA sobre as intervenções previstas para o concelho. Na reunião, o presidente da câmara exigiu celeridade nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou com formas de luta se os processos não avançarem."
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
"Das várias soluções alternativas à actual, a que apresenta o menor custo unitário por m3 de areia transportada é a solução 1 (by pass): custo unitário actualizado €/m3 1,64"
Erosão costeira e o inverno que se aproxima: se preocupado estava, mais preocupado fiquei...
Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz.
«O presidente da Câmara da Figueira da Foz exigiu ontem celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Numa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, que decorreu ao fim da tarde de ontem no auditório municipal, Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir prazos dos procedimentos legais.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, enfatizou o autarca, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Relativamente à intervenção que já esteve agendada para maio, de transferência de 100 mil metros cúbicos de areia na área costeira da Cova-Gala, para reforço do cordão dunar, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, disse que a intervenção está iminente, embora a “janela de tempo para intervir é curta e difícil” devido às condições do mar.
Segundo o responsável, o processo concursal está concluído para a intervenção avançar.
O vice-presidente da APA adiantou ainda que está prevista uma resposta de médio prazo, que consiste na construção de um “big shot” que vai transferir 3,3 milhões de metros cúbicos de areia na praia a sul na Cova Gala e dentro do mar, num investimento estimado de 20 milhões de euros, cujo concurso público deverá ser lançado ainda em 2023, após a realização de um estudo de impacte ambiental que dura seis meses.
Como estratégia de longo prazo, Pimenta Machado apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.»