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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Idalécio Cação vai ser lembrado em Moinhos da Gândara

"A Biblioteca foi inaugurada em agosto de 2017 e alberga o espólio doado por Idalécio Cação."
Imagem via Diário as Beiras

Comecei a ouvir falar de Idalécio Cação no final da década de 70 do século passado, na redacção do jornal Barca Nova, onde publicou alguns textos, pela voz do Director do semanário - o meu MESTRE José Martins

Recorro a um texto de Cardoso Ferreira, para deixar uma imagem de quem foi este escritor com origens gandaresas, que se formou tarde em Letras, mas foi um professor e autor de relevo. 

«Com origens gandaresas, mas radicado há muito em Aveiro, Idalécio Cação formou-se tarde em Letras, mas foi um professor e autor de relevo. 
Idalécio Silva Cação, antigo professor da Universidade de Aveiro e um destacado escritor das terras e gentes gandaresas, faleceu em Aveiro, no dia 28 de dezembro de 2016, tendo sido sepultado no lugar de Ribas (freguesia de Moinhos da Gândara, no concelho da Figueira da Foz), freguesia à qual pertence a aldeia de Lafrana, a terra onde nasceu, no dia 22 de março de 1933.
Depois da escola primária de Ribas, fez os estudos secundários na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz (hoje Escola Bernardino Machado), onde concluiu o Curso Geral de Comércio. Após esse curso, e enquanto não conseguiu emprego, trabalhou nas courelas das areias da Gândara e também nos arrozais da Quinta de Foja, onde os pais aí cultivavam uma terra arrendada.
Mais tarde, com 21 anos, empregou-se numa empresa de celulose situada no concelho de Aveiro, na qual trabalhou durante mais de duas décadas. Nessa região viria a fixar-se e a constituir família. Já tinha mais de 40 anos de idade quando, em 1977, se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, após ter sido admitido na primeira edição dos exames “ad hoc” para ingresso naquela universidade.
Para além da Universidade de Aveiro, onde se reformou em 1996, lecionou na Universidade do Minho.

Actor e dirigente do CETA

Idalécio Cação era um homem apaixonado pelo teatro, motivo pelo que foi actor e dirigente, durante vários mandatos, do Círculo Experimental de Teatro de Aveiro (CETA).
Foi ainda durante essa época que começou a militar na oposição democrática, tendo feito parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal (Pelouro da Cultura), aquando do 25 de Abril. Logo após esta data, foi co-fundador do semanário aveirense “Libertação”, e membro da sua redacção. Aqui trabalhou com Álvaro de Seiça Neves, João Sarabando, Fernando Lavrador e Flávio Sardo, entre outros.
Colaborou nos suplementos literários do “Diário Popular” e do “Jornal de Notícias”, nas revistas “Vértice” (Coimbra) e “Seara Nova”, “A Xanela” (Galiza), “Cadernos de Literatura” (Universidade de Coimbra), “Encontro” (Brasil), “Gandarena” (Mira), “Letras & Letras” (Porto), “Mar Alto” (Figueira  da Foz), “Revista da Universidade de Aveiro, Sol XXI”, “O Professor”, entre outras publicações.
Alguns dos seus poemas foram publicados no Correio do Vouga.
Foi um dos entusiastas dos serões literários que, nos anos 90, se realizaram um pouco por todo o País. Já nos anos 60 tinha estado ligado aos Encontros das Páginas Literárias dos jornais das províncias, que se realizaram na Figueira da Foz, em Torres Vedras, em Guimarães e em Cascais (este último não chegou a concretizar-se devido à intervenção da polícia política PIDE). Neles tomaram parte como convidados Armando de Castro, Mário Sacramento, Arsénio Mota, Mário Braga, Nuno Teixeira Neves e João Palma Ferreira.
Enquanto professor, pertenceu à Direção do Sindicato dos Professores da Região Centro, de que faziam parte, entre outros, Linhares de Castro e Mário Nogueira, o atual líder da Fenprof.
Para além do teatro, Idalécio Cação integrou diversas colectividades, sobretudo das áreas da cultura, da literatura, do jornalismo e do património.

Homem de relevo na literatura gandaresa

Idalécio Cação era uma figura que gerava consenso ao nível da literatura gandaresas, sendo autor de uma vasta obra publicada, motivo pelo que o seu nome foi escolhido, em 2012, para patrocinar um prémio literário com o seu nome, abrangendo os municípios de Mira, Cantanhede e Figueira da Foz.
Ainda em setembro de 2016. O escritor foi homenageado por dezenas de amigos, alguns dos quais escritores.

Idalécio Cação venceu o Prémio Literário Miguel Torga, em 1990

Como escritor, publicou contos, poesia e crónicas, onde manifestou compreensão e denúncia dos problemas da região. Entre os títulos de que é autor, destacam-se “Raízes na Areia”, “Os sítios nossos conhecidos”, “O chão e a voz”, “Memória de João Garcia Bacelar” ou “Daqui ouve-se o mar” (com que ganhou o Prémio Literário Miguel Torga, atribuído pela Câmara Municipal de Coimbra).
Foi autor do primeiro glossário de termos gandareses, do livro Crónicas Gandaresas” e de obras sobre moinhos e habitação tradicional da região da Gândara.»

A terminar ficam palavras de Idalécio Cação
“Tanto que fazer
e nós aqui sentados.”

domingo, 8 de maio de 2016

A propósito dos 78 anos do Desportivo Clube Marítimo da Gala...

Ontem, o Desportivo Clube Marítimo da Gala, a mais antiga Colectividade da freguesia de São Pedro, fundado no dia 3 de Maio de 1938, realizou a Sessão Solene comemorativa do seu 78º. aniversário.
Quem pretender tomar conhecimento do que por lá se passou, clique aqui...
Sou sócio do Desportivo Clube Marítimo da Gala, com quotas em dia, há cerca de 50 anos. Pertenci, durante muitos anos, aos seus Corpos Gerentes.
Recordo, para quem tem memória curta, o passado desta Colectividade, por exemplo, no Teatro, (poderia referir o futebol, o ténis de mesa, o voleibol, o folclore, o recreio e o convívio dos bailes e matinés da minha adolescência...) na época em que fazer teatro era considerado subversivo, como tudo o que questionava o estabelecido e indagava a vida e a realidade. 
Nessa altura, formavam-se grupos de teatro para “desfazer” essa realidade minada. Criavam-se colectividades de cultura e recreio que se transformavam em autênticos fóruns de debate e de divulgação de conhecimento. Tudo, então, era um risco. A Aldeia e o país estavam minados de situacionistas ferozes que denunciavam e levavam à prisão quem desafiava o seu poder apologista da ignorância.
Lembro-me, por exemplo, do amador teatral, professor Mário de Lima Viana, um covagalense que chegou a ser Presidente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Era um democrata e um Homem de diálogo e  de esquerda, que militou politicamente no PS, a quem a política não queimava a ponta dos dedos. 
A política, para o professor Mário de Lima Viana, nunca foi um mundo de tricas e de enleios para alcançar a oportunidade de promoção pessoal. 
A política, para o professor Mário de Lima Viana, representava a vontade de mudar, para melhor, a vida das pessoas. 
Esta lembrança, em jeito de homenagem a um sócio, director e promotor cultural do Desportivo Clube Marítimo da Gala, é também uma forma de dizer não à asfixia dos novos tempos. 

A imagem ao lado, é a primeira página do semanário Barca Nova, de 17 de Julho de 1981, onde então eu, um jovem repórter, publiquei uma entrevista que fiz ao professor Mário de Lima Viana, que acabara de ser eleito Presidente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Dessa entrevista que me concedeu este ilustre e tão esquecido covagalense, recordo que falámos sobretudo da sua e minha Terra, focámos as necessidades e principais lacunas que então existiam: a criação da freguesia, uma estação dos correios e a abertura de uma farmácia.
Falámos ainda de outros assuntos importantes para os então cerca de 3 000 habilitantes: abordámos a necessidade de um cemitério, da nova marginal que iria libertar o trânsito da estrada 109 (hoje Avenida 12 de Julho), do plano de urbanização, da construção de blocos sociais e da abertura de uma agência bancária.
Lembro-me - como se fosse hoje, da conversa que tive com o professor Mário Lima Viana, no 1º. andar, por cima da mercearia e tasca que era do seu pai, onde ainda hoje funciona um mini mercado, no nº. 1 da Avenida Remígio Falcão Barreto - que, na altura, a preocupação principal era a passagem da Cova-Gala a freguesia. Em 1979, já o processo tinha sido apresentado na Assembleia da República pelo grupo parlamentar do PS. À época, existiam muitas resistências e dificuldades para a criação de novas autarquias, pelo que daí nada resultou em termos práticos. O processo voltou a ser apresentado na legislatura seguinte pelo mesmo partido político. Foi uma luta que durou mais uns anos, pois só conseguimos a libertação de Lavos em 1985. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Gosto da nudez, na medida em que ela representa a verdade!

A “ética republicana”, se é que isso existe, é mais do que a lei – é a condução dos negócios públicos com sentido de probidade e uma necessária exigência de responsabilidade de quem manda nos governos, nas câmaras municipais, nas juntas de freguesia, nos organismo públicos e nos partidos.
FREGUESIA DE MARINHA DAS ONDAS E DE S. PEDRO (Prefiro dizer, COVA/GALA) – A MESMA LUTA PELOS RESPECTIVOS POSTOS MÉDICOS.
Nunca tive dúvidas sobre o principal responsável do que se está a passar – o Dr. João Ataíde, Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz!
Deixo aqui o excelente artigo de opinião do meu amigo, António Agostinho, Covagalense dos sete costados, ambos colaboradores no antigo jornal regional figueirense, BARCA NOVA, nos anos 70.
Com este artigo do nosso amigo António Agostinho, não haverá dúvidas quanto ao epicentro do problema, apontando como principal responsável o actual Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
A solução, claro, estará na emenda da política de saúde para o concelho nos moldes da CARTA ABERTA que anteriormente publiquei aqui no Facebook e que enviei ontem para os jornais diários e não diários.


Em tempo.
Esta postagem é, especialmente, dedicada a quem tem andado por aí a espalhar calúnias, bocas de escárnio e mal dizer, boatos e mentiras.
Coitados e coitadinhas: eles, e elas, não sabem que a fofoca é a nova pornografia!..
Mentir às pessoas para conseguir dinheiro, é fraude
Mentir às pessoas para conseguir votos, é política.
Este processo, se não fosse triste, tinha-me divertido imenso...
Faz-me lembrar a velha história do aldeão que desceu à cidade e foi apanhado pela "ronda" numa casa de passe... 
Uma das meninas disse que era manicure;  a outra que era massagista; e assim por diante. 
Perante isto, o aldeão, confrontado pela polícia, respondeu: "querem ver que a puta sou eu!"...

sábado, 8 de outubro de 2016

Joaquim de Sousa, um ex-edil figueirense ao raio x

Para ler melhor, clicar na imagem
Há 35 anos, estávamos em 1981. Na Figueira, na altura uma cidade em transformação, Joaquim de Sousa era o presidente da Câmara.
Recorde-se. 
Estava em curso o processo de instalação de uma nova fábrica de celulose: a Soporcel. Na margem sul, as obras do porto, na zona do Cochim, avançavam em bom ritmo. A marginal ribeirinha, com terrenos que tinham sido ganhos ao rio, estava a ser transfigurada. 
Nas zonas rurais ainda havia muitas carências. Apesar da electricidade já chegar praticamente a todo o concelho, existiam problemas de potência e iluminação pública. Na rede de abastecimento de água havia muitas obras em andamento, nomeadamente, em Quiaios, Lares, Vais, Marinha das Ondas, Carvalhal e Alhadas. Por essa altura, há apenas 35 anos, sublinhe-se, o sul do Paião ainda não era abastecido por água canalizada.
Mas havia mais coisas em andamento no concelho. Por exemplo, estava em curso o processo de pôr o Paço de Tavarede sob domínio do Património Municipal para ser recuperado e utilizado para fins sociais e culturais.
O Ciclo Preparatório e Escola Secundária do Paião estava prestes a ser uma realidade. Ainda não existia aberta ao público a Ponte Edgar Cardoso, mas já faltava pouco. Viria a ser inaugurada, pouco tempo depois, a 12 de Março de 1982.

Em pinceladas rápidas era assim a Figueira e o concelho há 35 anos. Joaquim de Sousa, então um político profissional, passados 6 anos depois do 25 de Abril de 1974, depois de 5 anos como deputado e membro do governo, sentia "uma profunda desilusão e um desencanto enorme". Segundo o que ele, na altura, confidenciou numa entrevista que deu, em Maio de 1981, ao Director do Barca Nova, o falecido jornalista José Martins, "conhecer o poder por dentro não é agradável". "Sabes?", desabafou a determinado ponto da conversa com o Zé Martins, "não tenho feitio para prostituta, nem mesmo por obrigação. O poder não é tão poder como as pessoas pensam".
O que Joaquim de Sousa, naquela altura, estava a gostar era de ser presidente de câmara: "agora sim, apesar das muitas vicissitudes por aqui e por além, sinto que o cargo que ocupo na Câmara me está a proporcionar dos momentos mais felizes da minha vida".

Durou foi pouco como presidente de câmara: fez apenas um mandato, que decorreu de 1979 a 1982...
O que valeu ao doutor Joaquim de Sousa, é que gostava de ser professor, que era a sua profissão...

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Joaquim de Sousa: “o papel do autarca é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”

Concorde-se ou não, Joaquim de Sousa continua a ser uma figura incontornável na Figueira da Foz. Ainda há poucos anos, a 31 de Julho de 2018, apresentou o livro “Figueira da Foz – Memória de um Mandato e os Anos Perdidos”, uma publicação que enriqueceu o património bibliográfico figueirense e a história da cidade.
Recordo parte de uma postagem, publicada no OUTRA MARGEM, em 8 de outubro de 2016 "Joaquim de Sousa, um ex-edil figueirense ao raio x".
"...era assim a Figueira e o concelho há 35 anos. Joaquim de Sousa, então um político profissional, passados 6 anos depois do 25 de Abril de 1974, depois de 5 anos como deputado e membro do governo, sentia "uma profunda desilusão e um desencanto enorme". Segundo o que ele, na altura, confidenciou numa entrevista que deu, em Maio de 1981, ao Director do Barca Nova, o falecido jornalista José Martins, "conhecer o poder por dentro não é agradável""Sabes?", desabafou a determinado ponto da conversa com o Zé Martins, "não tenho feitio para prostituta, nem mesmo por obrigação. O poder não é tão poder como as pessoas pensam".
O que Joaquim de Sousa, naquela altura, estava a gostar era de ser presidente de câmara: "agora sim, apesar das muitas vicissitudes por aqui e por além, sinto que o cargo que ocupo na Câmara me está a proporcionar dos momentos mais felizes da minha vida".
Durou foi pouco como presidente de câmara: fez apenas um mandato, que decorreu de 1979 a 1982... O que valeu ao doutor Joaquim de Sousa, é que gostava de ser professor, que era a sua profissão..."
Joaquim de Sousa, do alto dos seus oitenta e picos anos, "vai andando, com os achaques próprios da idade. Vai tentando resistir" e por cá continua activo.
Numa entrevista que saiu na edição de hoje do Campeão das Províncias continua igual a si próprio. Deixamos este extracto. A entrevista pode ser lida na íntegra, clicando aqui.
"CP: Tendo iniciado a sua vida profissional como professor, como é que olha para o actual estado da Educação?
JS: Eu tenho uma péssima ideia em relação à generalidade das autarquias, porque foram transformadas em comissões de espectáculos, estão a absorver aquilo que a sociedade civil fazia. As câmaras absorveram essas funções. Depois fazem remodelações urbanísticas que acabam por piorar a situação, como aconteceu na Figueira. Há dois casos desses, de milhões. Como é que uma autarquia pode disponibilizar 300.000 euros para ter meia hora ou três quartos de hora de automobilismo, uma prova que condicionou todo o trânsito? Já dias antes estava a condicionar com as experiências que foram feitas. Eu sou muito céptico em gastar o dinheiro que foi gasto aqui com os Coldplay. Vou contra o sentido da maré, mas vou à vontade. Coimbra não tem necessidades? A cada esquina tem uma necessidade! Eu considero que o papel do autarca é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e mexer na substância dos assuntos públicos. É o abastecimento de água, electricidade, gás, o estado dos passeios, das estradas, a mobilidade interna, um conjunto de coisas. E aí é que deve estar o foco, é para isso que os dinheiros públicos devem ser destinados, para aplicar em benefício de todos. Já quando estava no Governo, mas depois também na Câmara da Figueira da Foz, sempre fui aos locais, todas as quintas-feiras, ou sextas-feiras, passava o dia nas freguesias. Muita coisa foi resolvida. E muita coisa foi feita. Só em estradas, foram construídos 200 km em três anos de mandato. O que dava satisfação era ver as coisas que beneficiavam a vida das pessoas no dia-a-dia. 
CP: A sua relação com Pedro Santana Lopes como está? 
JS: A relação com o Dr. Santana Lopes e com a Câmara é institucional. Começou com a remodelação do pátio de Santo António, largo Silva Soares, em frente à igreja, onde ocorre a festa de Santo António. Apresentámos um projecto há muitos anos para remodelar aquele muro e torná-lo condizente com a fachada que está por trás, repondo a antiga condição com uma grade igual à da igreja, tal como fizemos na misericórdia. O projecto foi contestado, mas a Câmara avançou com a arte nova. Há 20 anos que estamos a tentar corrigir o que foi feito no muro. Já repusemos a nossa parte atrás e fizemos as laterais da misericórdia. Temos lutado por isso. O Dr. Santana Lopes quis ir lá ver e havia um projecto fantasioso, ainda pior do que está. Ele foi lá e percebeu a nossa preocupação. Ainda por cima a nossa proposta é muito mais barata. Depois disso, falamos duas ou três vezes. Agora visitou a casa dos pescadores. Serviu para quebrar algum gelo, mas a nossa relação é estritamente institucional. 
[CP]: A Figueira da Foz está hoje melhor do que estava? 
[JS]: Continua em declínio. Actualmente, a população do Concelho da Figueira mantém-se no mesmo patamar de 1981, e as projecções da Pordata são alarmantes. Estima-se que, em 2030, a Figueira da Foz tenha uma população equivalente àquela de 1950. Um retrocesso de 80 anos! A prioridade máxima é atrair investimento, adaptado às necessidades actuais. É urgente criar empregos. É uma situação que vai demorar muito a inverter-se. Era necessário outro tipo de política."

quarta-feira, 13 de março de 2024

Nos 42 anos da “nova Ponte da Figueira”...

Era, na altura, a segunda do País e a quarta da Península...

Em 12 de março de 1982 foi inaugurada a ponte da Figueira da Foz. O evento teve lugar pelas 16 horas e foi presidido pelo Presidente da República General Ramalho Eanes. O primeiro-ministro Pinto Balsemão também esteve presente. Veio acompanhado pelos ministros Lucas Pires, Viana Baptista e Ângelo Correia, além de vários secretários de Estado e outros membros do Governo. Era presidente da Câmara da Figueira da Foz o dr. Joaquim de Sousa.
A obra tinha-se iniciado em 5 de outubro de 1977 e orçou em milhão e meio de contos. Trabalharam na obra, no decorrer dos quatro anos que demoraram os trabalhos, cerca de 2 000 operários (2 dos quais, lamentavelmente, aqui encontraram a morte). Todavia, de acordo com o se passou na sessão solene de inauguração, nenhum foi condecorado... 
Como escrevi na altura no jornal Barca Nova, “foi-o o projectista, prof Edgar Cardoso (muito bem), o engenheiro Carvalho dos Santos (muito bem), mais engenheiros e encarregados (tudo muito bem), mas os que por exemplo andaram a 90 metros de altura a arriscar quotidianamente o que têm de mais precioso – a própria vida – não mereceram qualquer medalha (muito mal). Palavras, tiveram algumas”...

Toda a gente a continua a conhecer  por  “Ponte da Figueira”.
Todavia, desde 28 de Julho de 2005, que oficialmente se chama “Ponte Edgar Cardoso”,  que é o nome do engenheiro que a projectou.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

10 de Junho, Dia de Camões e das Comunidades (III)

A  10 de Junho de 1982, fez ontem 33 anos,  a Figueira da Foz recebeu as comemorações do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades.
Foi a primeira cidade, sem ser capital de distrito, a receber tal distinção.
Salvo erro ou omissão, tal só voltou a acontecer, ontem, com as comemorações realizadas em Lamego.
Deixo a recordação do que se passou na Figueira há 33 anos, com imagens do que foi publicado então nas páginas do barca nova.
Para se ler melhor, basta clicar em cima das imagens.


quinta-feira, 19 de abril de 2007

Dr. Ruy Alves, um lutador



Nasceu em Coimbra e morreu, com 68 anos de idade, em 4 de Fevereiro de 1978, em Lemede.
Desde muito novo o Dr. Ruy Alves esteve ligado ao movimento democrático, lutando por uma sociedade mais justa.
Desde o tempo de estudante que se revelou, em actos concretos, um lutador antifascista. Em 1931, quando da quarta tentativa para derrubar o regime do ditador Salazar, estudante em Coimbra, integrou, empunhando o estandarte da Academia, a grande manifestação de apoio aos revoltosos da Madeira.
Depois da sua formatura em Farmácia exerceu funções em Chaves e em Vila Real de Santo António. Fixou-se na Figueira no final da década de 30 do século passado, tendo-se tornado uma figura conhecida e respeitada. Foi um cidadão interessado nos problemas da cidade e raros foram os acontecimentos registados no decorrer da sua permanência na Figueira de que não se tivesse inteirado, como estudioso atento, dando em jornais e tribunas a que tinha acesso, o seu contributo válido e esclarecido.
No Rotary Clube da Figueira da Foz, fez ouvir com frequência a sua voz em intervenções que revelavam conhecimento dos assuntos, como Homem detentor de uma vasta cultura.
No fascismo, foi vigiado pela polícia política, o que não o impediu de realizar reuniões na Farmácia Central, de que era proprietário. Foi, nessa mesma Farmácia, que teve lugar a reunião donde saiu a primeira Câmara após o 25 de Abril de 1974. Foi, igualmente, em instalações suas, o laboratório do Bairro Novo, em frente ao Café Caravela, que se realizou a primeira reunião do Movimento Democrático Português, na Figueira, a seguir ao 25 de Abril de 74.
No período que se seguiu à Revolução dos Cravos, o Dr. Ruy Alves manteve-se no MDP/CDE, onde foi elemento preponderante na Figueira. Foi aí, a seguir ao 25 de Abril, na militância do MDP, que o escriba se cruzou com a figura franzina, mas enérgica, do Dr.Ruy Alves e de outros figueirenses democratas ilustres, de que guardo gratas recordações, como, por exemplo, essa enorme Senhora que se chamou Alzira Fraga.
O Dr. Ruy foi sempre um Homem esclarecido e estudioso: formou-se em Farmácia e em Físico-Química pela Universidade de Coimbra; anos mais tarde, formou-se em Economia pela Universidade do Porto.
Muito mais haveria a dizer sobre tão importante figura. Todavia, para terminar, lembro que o Dr. Ruy Alves foi um dos fundadores do Barca Nova. A primeira troca de impressões para o aparecimento deste jornal teve lugar no seu apartamento na Avenida do Brasil, tendo por fundo a soberba paisagem do mar da Figueira e a Serra da Boa Viagem, os elementos da natureza que ele tanto amou na cidade onde viveu, trabalhou e lutou cerca de 40 anos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Na Figueira é o que sabemos... *

Foto Jornal de Montemor
"Ontem, fui distinguido na comemorações do 85° aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Montemor-o-Velho, onde esteve presente o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, por uma fotografia e história que partilhei aqui na Internet. A história de um miúdo que ajudou um bombeiro.
Esta distinção é deles! 
Portugal precisa de mais Homens como os bombeiros!
Portugal precisa de mais Homens de futuro como o Rafael!"
Pedro Agostinho Cruz

Nota de rodapé.
* Nesse campo, para atalhar caminho, sobre o que se passa na Figueira em relação aos jovens fora da caixa, sublinhe-se e registe-se a coerência do senhor vereador da cultura dr. António Tavares...
Esta nota de rodapé, foi sá para  fazer o respectivo registo. 
São estas pequenas descobertas que fazem com que me sinta bem, pois recordam-me os tempos do Barca Nova do ZÉ MARTINS, O MESTRE.
Se já fazia falta no tempo de Cervantes, hoje em dia, então, um pouco de Quixotismo faz uma falta enorme.
Não quero cair na tentação da queixa fácil da brutal ausência de valores na política actual, porque o comportamento do homem sempre foi vil, pouco tendo melhorado, em termos éticos, desde que há memória do registo comportamental deste bicho... 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Esta nossa barra: uma preocupação de sempre na minha vida...

Mais tarde ou mais cedo tudo acaba por se saber.
Nada ficará por esclarecer. 
Por mais que se queira encobrir ou dissimular a realidade, vem sempre o tempo em que a verdade se torna clara e exacta.
Isto, porque o que é verdadeiro, já antes aparecia como evidente, mas capsulado num jogo de interesses que só engana quem é tolo ou finge que não quer ver.
Toda a gente sabe que não se deve mexer na forma natural do litoral, sem precaver as consequências.
Como todos sabemos, isso nunca aconteceu com a barra da Figueira. 
Pergunto a quem de direito, se foi assim, de modo "anti-científico" que tudo se passou,  e a quem, nesta altura, se podem pedir responsabilidades por tudo o que tem acontecido, tanto na barra da nossa cidade, como no litoral, a sul da foz do Mondego. 
Fale-se então dos molhes, já que eles estão atravessados na vida das pessoas e no equilíbrio da região, sem que, até ao momento, se assuma o que eles atacam, prejudicam ou perturbam a vida das pessoas. 
Isto é, aquilo que eles continuam a afectar e a destruir.
A Figueira, desde que me recordo, encontra-se à mercê de meia dúzia de empregadores, alguns dos quais enricaram como intermediários ou como jogadores. 
Pouco têm a ver com o trabalho - salvo no que respeita à  exploração.
Portanto, nada perturba esta gente, salvo o que pode prejudicar o negócio. Ou, precisando, os negócios dos seus homens de negócios.
Que importância tem para quem não trabalha ou não produz mais do que as pessoais contas dos seus lucros, as verdadeiras condições e a realidade em que um pescador é obrigado a desenvolver a sua actividade numa barra como a da Figueira? 

Quando em 1977, já por má influência dos molhes,  a Cova esteve quase a ser invadida pelo mar, quem é nos acudiu para além dos militares da Figueira?
Quem é que esteve verdadeiramente preocupado para além dos habitantes da Cova que, na altura, sentiram, por assim dizer, os pés molhados?
Por isso, a mim, quando toca a assuntos do mar, ninguém me ameace com processos em tribunal
Os poderes - e os jornalistas são um poder e em vez de conviver alegremente com o poder - têm a obrigação de pensar no que pode acontecer se se modifica a forma do litoral sem prever as respectivas consequências.
Ao contrário do que dizem, por ignorância pura e dura, os meus detractores, eu tenho passado, uma vida, uma experiência e uma vivência, que é a maior e a única riqueza de que sou dono.
As imagens acima mostram que, mesmo como jornalista, assumi ser sempre uma voz emprestada ao Povo, no sentido de procurar dar a conhecer os problemas vividos e sentidos, por exemplo, pelos pescadores. 
Foi assim, que no desempenho da minha função de jornalista em Janeiro de 1980 embarquei a bordo de uma pequena embarcação de pesca artesanal- o "Tó Cesar" -  e escrevi a reportagem que foi publicada na edição nº. 107 do jornal Barca Nova, cuja publicação data de 1 de fevereiro de 1980.
Quem tiver dúvidas leia. As imagens podem ser ampliadas. Basta clicar em cima.

Em tempo.
Ainda há quem se lembre do meu passado.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Comandante Mota: "quem é você?..."

para ler clicar em
cima da imagem
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A pergunta foi feita pelo repórter José Martins do jornal Barca Nova,  em Maio de 1978, ao Homem que, mais logo, pelas 16 horas vai a enterrar no cemitério Oriental da Figueira da Foz.
Comandante Mota: quem é você?
Eis a resposta do Comandante Hildebrando Mota: "Sou um homem vulgar, como outro qualquer."
Não foi não.
De todo, o Comandante Hildebrando Mota não foi um homem vulgar.
O homem que está em câmara ardente nos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz até às 16 horas de hoje, "é uma legenda da nossa cidade".

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Zé - 15 anos depois continuas vivo na memória de alguns...

Morreu em 28 de Abril de 2000. Tinha nascido a 17 de Fevereiro de 1941. Nome completo: José Alberto de Castro Fernandes Martins. Para os Amigos, continua a ser simplesmente o 
Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto. Não a visível, mas a essencial.
Andarilho e contador de histórias vividas, o Zé Martins passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste. 
Como escreveu Hamlet, “o mundo está fora dos eixos. Oh! ... Maldita sorte! ... Porque nasci para colocá-lo em ordem! ...”. 
D. Quixote considerou que  “era  o seu ofício e exercício andar pelo mundo endireitando tortos, desfazendo agravos”. 
O  Zé considerava essa também a sua principal missão: “também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!” 
Hoje, António Augusto Menano, na sua crónica habitual das sextas-feiras no jornal AS BEIRAS, ao escrever “Sobre o esquecimento” lembra a determinado passo o ZÉ: “Os deveres, sim, isso é coisa de somenos. E quase fico a pensar que tudo é esquecível. Mas há coisas que não se esquecem. Recordarei pessoas, a maior parte delas humildes: o sr. Santos, que na biblioteca, à época situada por cima de onde hoje estão os Bombeiros Municipais, me ia “recomendando” livros, muitos dos quais eram mesmo maus, mas a verdade era que se interessava por mim. Recordarei os meus amigos Sousa Cardoso e António Jorge da Silva, obreiros, com outros, do Mar Alto, do Zé Martins, um grande esquecido (embora não pareça) desta terra; do Catitinha, que alguns “terrores” me provocou; do Mário, que me salvou de ser levado pelo temporal arrastado por cima do muro da Santa Casa da Misericórdia, democrata, antifascista, para mim, por essa altura, um amigo da família que era carteiro.” 
Meu caro e irreverente Zé - Amigo e Mestre: confesso que por vezes me assola a  maldita sensação de que se a pena é uma arma – e é,  também é pouco para o combate desigual contra quem, sem pudores ou escrúpulos de qualquer espécie,  nos combate com as mãos enfiadas nos nossos bolsos agredindo-nos até às entranhas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Tão fácil e tão simples...

Desde o final da década de 70, do século passado, que ando a dar a cara e o corpo ao manifesto, pensando pela minha cabeça, na defesa de ideias, princípios e valores.
Foi assim nos jornais Barca Nova, Diário e Linha do Oeste.
Num concelho onde a hipocrisia é uma mais valia, quem, como eu, se expõe e não chegou ontem à exposição pública, já está habituado a ouvir o que não quer, a sentir do que não gosta, a tomar contacto com outras perspectivas sobre nós mesmos - a pessoa individualmente considerada, o feitio, a personalidade, a atitude, desde o positivo e de reconhecimento, ao mata e esfola, ao pescoço cortado, um tirinho, enfim, desde observações directas, daqueles que me conhecem, até ao simples ouvi dizer que..., até à invenção de coisas que nunca disse nem fiz, à calúnia, à aldrabice, passando pelas pressões, as ameaças, veladas e explícitas …
Se há trinta anos isso me faria sentir algo incomodado, hoje em dia, nada disso me perturba, porque, simplesmente, me passa completamente ao lado...
Portanto, não vão por aí… Portugal, deveria ser uma democracia limpa. Mas, não é assim, o que interessa, acima de tudo, é o poder, nem que para isso se condicione cada vez mais a democracia.
Mas, isso pode e deve mudar. Todos podemos prestar o nosso contributo para a mudança, por exemplo, aumentando os critérios de exigência naquilo que queremos para a nossa Terra, para o nosso concelho e para Portugal...
Tão fácil e simples como isso.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

António Rama

Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca Nova, de que era redactor, a Figueira prestou uma significativa Homenagem ao doutor Joaquim Namorado, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura.
Participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa. 
Antonio Rama, hoje falecido com 69 anos de idade,  esteve presente.
Já estava atento ao seu percurso no teatro português, mas foi aí que o conheci pessoalmente.
Morreu hoje. Que descanse em paz.

terça-feira, 26 de março de 2013

Políticos figueirenses!.. Quem não os conhecer que os compre…


Os políticos, na Figueira, em Lisboa, no Porto, em Coimbra, na Vila de S. Pedro ou na Conchichina, gostam de órgãos de informação amestrados.
Por isso mesmo, não gostam de blogues. Odeiam-nos, mesmo.
O que os políticos odeiam nos blogues, não são os disparates que às vezes publicamos…
O que eles receiam,  mesmo,  é a opinião livre, aquilo a que eles não estão nada habituados…
Aos anos, e tenho de recuar aos  idos princípios dos anos 80 do século passado (do século passado...)  – vejam lá o cota que eu sou, ainda nem havia blogues!...  – que eu sei o que a casa gasta aqui pela Figueira...
(Sabe do que eu estou a falar doutor Joaquim de Sousa – estou a referir-me ao Barca Nova -  ou quer que lhe faça um desenho?... Ironicamente, ou talvez não, Santana Lopes, muitos anos depois,  fez o mesmo ao Linha do Oeste…)
Bom adiante…
Para os políticos, liberdade é:  “os outros pensarem como eles..”
Claro que os blogues vieram atrapalhar um pouco a vida dos políticos.
Mas não só: a vida dos jornalistas, também já teve melhores dias.
O valor do silêncio está como a bolsa: em baixa.
Antes dos blogues, os jornalistas podiam calar-se.
E, o silêncio, tinha um preço.
Agora, porém, na era dos blogues, o silêncio dos jornalistas já não é tão valioso...
Temos pena…
A Figueira, com todo o respeito e compreensão que possamos  ter pela difícil vida dos jornalistas locais, é um exemplo disso - e evidente...
No jornalismo figueirense, tem de se obedecer ao politicamente correcto.
E quem mijar fora do penico tá tramado…
Contudo, eu, pessoalmente, embora nunca tivesse navegado nessas águas, na qualidade de cidadão e ex-jornalista, até compreendo:  o jornalista figueirense,  paga renda, água, luz, tem filhos, gosta de andar de carro, comer fora, etc.
Só há uma coisa que ainda me intriga: a importância que os políticos – e não só -,  aqui na Figueira, continuam a dar aos blogues…

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A Câmara da Figueira já equaciona formas de «homenagear Joaquim Namorado e a sua ligação à Figueira da Foz» que não passem por prémio literário!..

Está a decorrer uma petição pública on line que pretende sensibilizar a Câmara Municipal da Figueira da Foz para a importância de voltar a instituir o Prémio Literário Joaquim Namorado. 
Na petição, os subscritores pedem que o Prémio Joaquim Namorado seja reinstituído já este ano. 
À Foz do Mondego Rádio, António Tavares, vereador da Cultura do Município, avançou que a reinstauração do referido prémio não está nos planos do executivo. A Figueira da Foz já tem o Prémio Literário João Gaspar Simões, que homenageia um distinto figueirense a quem muito devemos a «descoberta» da Fernando Pessoa», sublinhou, acrescentando que "outro prémio literário não faria grande sentido". Ainda assim, o vereador admite que a autarquia possa "encontrar outras formas de homenagear Joaquim Namorado e a sua ligação à Figueira da Foz".
Recorde-se que nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca Nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.

Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Já que estamos em timing de homenagens, recordo uma pessoa que continua a fazer muita falta à Figueira


José Martins
Para os Amigos, simplesmente o Zé.

Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre. 
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
 
Andarilho e contador de histórias vividas, passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi cofundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste. 

No associativismo passou pelo Ginásio Clube Figueirense e Sociedade Boa União Alhadense. 

Lutador contra o regime deposto pelo 25 de Abril de 1974, teve ficha na PIDE. Foi membro da Comissão Nacional do 3º. Congresso da Oposição Democrática que se realizou em 1969 em Aveiro. Chegou a ser preso pela polícia política. 

Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto. 
Não a visível, mas a essencial. 
Era crítico e exigente. 
Mas, ao mesmo tempo, bom, tolerante e solidário. 

Quase 20 anos depois da sua morte, quem manda na Figueira, a cidade que amou toda a vida, continua a ignorá-lo.

domingo, 1 de maio de 2016

Manuel Cintrão, um cidadão marinhense e do país, completamente revoltado com o que se passa ao nível da política concelhia em relação à saúde.

Este caso do encerramento das extensões de saúde de São Pedro e da Marinha das Ondas, está a provar que existem alguns cidadãos interessados na política e no futuro da sua Terra, que não se revêem nos partidos, tal como existem e, sobretudo, funcionam actualmente. 
Ao contrário do que muitos receiam, esta genuína entrega  em torno de uma causa que afecta o dia a dia de pessoas que podem ficar isoladas e com dificuldades em aceder aos cuidados de saúde primários, não é contra os partidos, muito menos contra a política e os políticos. 
Antes pelo contrário, poderia é contribuir para uma revitalização da política. 
Na verdade, esta mobilização justifica que os partidos reflictam no caminho que estão a trilhar e na multidão que andam a deixar para trás...
Outra nota significativa do que se está a passar, desde 18 do corrente, na Marinha das Ondas e em São Pedro: algumas pessoas estão dar corpo e voz ao valor da intervenção cívica e isso, evidentemente, não é do agrado dos políticos.
A cidadania faz-se pela participação. Uma sociedade civil forte é feita destes pequenos nadas. Uma sociedade civil forte é a expressão maior da política.
Sem mais delongas, fica uma CARTA ABERTA DIRIGIDA AO SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ, DR. JOÃO ATAÌDE, subscrita pelo velho “soldado”, cidadão inteiramente livre, sem papas na língua, escritor,  e meu companheiro no  Barca Nova, no final dos anos 70 do século passado, Manuel Cintrão,  "cidadão marinhense e deste país, completamente revoltado com o que se passa ao nível da política concelhia em relação à saúde." 
Cliquem aqui e leiam com a atenção que merece este testemunho do velho lutador contra a ditadura e contra a guerra colonial, sempre com os valores inabaláveis da liberdade de consciência e pela transparência moral e cívica presentes.
Grande abraço Manuel Cintrão.
Tu és um daqueles que nunca será velho. A velhice começa, para nós, pelo menos, pelo menos, 15 anos depois da idade em que estivermos.

Passo a citar:
"...o objectivo desta carta é centrar-se na política de saúde para o concelho de Figueira da Foz que o Dr. João Ataíde preconizou, tem defendido e dado a cara por ela. Por isso, a meu ver, é o principal responsável por ela, repito, é o grande responsável.
Com toda a frontalidade, lamento dizê-lo, sou totalmente contra essa política de saúde para o concelho. É uma visão errada, completamente deslocada da realidade e das verdadeiras necessidades e anseios dos seus munícipes – utentes dos serviços de saúde.
Confesso, estou contra essa política, errónea, que só contribui para o mau estar das populações. Uma política que não colhe qualquer unanimidade das pessoas que se servem dos serviços de saúde.
Se referendasse os munícipes nas áreas onde estão instalados os Postos Médicos, sem qualquer dúvida, obteria um rotundo NÃO à sua política de saúde para o concelho.
Os Postos Médicos que existem no concelho, a meu ver, estão mais ou menos bem distribuídos de acordo com as necessidades das populações. Distribuídos como estão actualmente, acautelam minimamente os problemas de transportes, de mobilidade das pessoas idosas, pessoas diminuídas fisicamente, pessoas com dificuldades de locomoção e carenciadas.
Acredito que alguns postos médicos não tenham as condições desejáveis para os utentes, pessoal de saúde e auxiliar. Nestes casos há que promover melhoramentos, fazendo-se as obras necessárias. Neste particular, a própria Câmara Municipal não fará favor nenhum mandar executar as obras necessárias, já que usufrui de boa receita de tributação, paga pelos contribuintes, e das mais onerosas do país - o IMI.
A política séria, repito, a política séria não é estática e nem é uma panaceia, molda-se de acordo com os mais elementares direitos dos cidadãos.
Não quero acreditar que seja insensível, porque o considero como pessoa atenta e clarividente, não quero acreditar que seja mais um neoliberal a defender em primeiro ludar os números e só depois as pessoas. Quero acreditar, face ao descontentamento das populações, que a sua espada de “Dâmocles” faça justiça a favor dos utentes dos serviços de saúde.
Nesse sentido, como cidadão sempre activo na participação em acção cívica e política, sugiro-lhe que mantenha todos os Postos Médicos, do concelho, em paz e promova a reconversão do Centro de Saúde de Lavos, uma vez sobredimensionado, para Centro de Cuidados Continuados Integrados. Igualmente, aquando da construção do Centro para o norte do concelho, creio Alhadas, tenha já em linha de conta a utilização para Cuidados Continuados Integrados.
Assim, sim, seria uma política de saúde de grande visão, não seria uma política de pacotilha, dotando o concelho com uma rede de Cuidados Continuados Integrados, que se integraria na Rede Nacional de Cuidados Integrados (RNCCI), novo modelo organizacional criado pelos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Saúde, formada por um conjunto de instituições públicas e privadas que prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social.
Como se sabe são objetivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra.
Como é óbvio, com essa conversão, melhorava-se os serviços de saúde, deixava-se os actuais Postos Médicos em paz e os utentes que deles se servem.
Por outro lado aliviava o Hospital Distrital da Figueira da Foz de algumas valências e vagava a ocupação de camas. Como se sabe, por vezes, os doentes do hospital têm alta antes do tempo desejável para dar lugar a outros.
Espero que o Dr. João Ataíde reveja a sua política, errada, de saúde para o concelho."

domingo, 6 de abril de 2008

Há coisas que são mesmo para não esquecer


“Não constitui novidade para ninguém ter sido o regime de Salazar um regime castrador da livre expressão do pensamento.
Servido e suportado por um verdadeiro terrorismo policial, havia polícias para tudo.”


José Martins (in jornal “Barca Nova”, 19 de Dezembro de 1980), via aldeia olímpica

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A homenagem do vereador Tavares ao Dr. Joaquim Namorado, na Figueira...

Diário de Coimbra de 2 de Julho de 2014, quarta-feira, página 12. Para ler melhor clicar em cima da imagem abaixo.
CULTURA Cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições, devem deixar a Figueira em breve, com o aval do vereador da cultura
O dia, que era de homenagem, acabou por ficar marcado pelo anúncio da intenção da família de Joaquim Namorado em retirar da Biblioteca Municipal da Figueira da Foz o seu espólio, levando-o para o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, onde Joaquim Namorado é um dos nomes grandes.
As vitrinas com material de e sobre Joaquim Namorado - na mostra bibliográfica com que a Divisão de Cultura assinalou, esta segunda-feira, o centenário do nascimento do poeta e escritor - não chegaram para convencer os seus descendentes do interesse em manter na Figueira o espólio em depósito. O fim aparentemente irreversível do Prémio de Conto Joaquim Namorado, instituído quando o poeta ainda era vivo e dado por findo no mandato de Santana Lopes na autarquia figueirense, está na origem da decisão, difícil, que umas das filhas, Teresa, já trazia na bagagem.
«Também havia homenagens ao meu pai, em Coimbra, a que gostaria de ter ido, mas optei por vir à Figueira, para perceber se havia intenção de reeditar o prémio», explicou ao Diário de Coimbra. «O meu pai era um apaixonado pela Serra da Boa Viagem e pela Figueira da Foz, ficou muito emocionado com a homenagem que a Barca Nova lhe fez em 1983 e com a instituição do prémio com o seu nome. Foi por isso que destinou parte do do seu espólio a depósito na biblioteca municipal», recordou. «Na altura os livros ficaram expostos, numa estante com o nome dele e da minha mãe, como ele tinha pedido. Agora estão guardados, são consultáveis mas estão, literalmente, em depósito», lamentou. «Julgo que o meu pai merecia mais e, sem o prémio e sem as obras expostas, não vejo grande interesse em mantê-las cá», disse, reconhecendo, no entanto, que da parte das  pessoas «há ainda um grande carinho na Figueira pelo poeta. Mas, em termos públicos está esquecido», concluiu.
«Está esquecido e  não devia», disse Pedrosa Russo, amigo do poeta falecido em 1986, na conversa que se seguiu à apresentação de Joaquim Namorado por António Augusto Menano.
«Chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro», lamentaram algumas dos presentes, recordando «a figura» que era Joaquim Namorado, «homem são, frontal e generoso», para além de prolixo autor. A concretizar-se a intenção da família, em breve o espólio de Joaquim Namorado poderá ser visto e consultado, de forma integrada, no Museu Neo-Realista, em Vila Franca de Xira.
«Faz sentido», admitiu no final da homenagem, o vereador da Cultura, António Tavares, reafirmando que a opção da autarquia, no que a prémios literários respeita, se esgota «no figueirense João Gaspar Simões».
 

Em tempo.
Não sei se vocês se lembram, mas nos tempos da minha juventude, havia uma secção nalguns jornais, como por exemplo no «Diário Popular», que despertava particularmente a minha curiosidade.
Intitulava-se «Acredite se quiser...» e era um misto de retratos do insólito e de jornal do incrível, onde se relatavam factos extravagantes e acontecimentos inacreditáveis.
Desde então, tenho visto atitudes de responsáveis políticos que, pela sua inverosimilhança ou hipocrisia, me fazem lembrar, inevitavelmente, essa fantástica secção.
Foi o que senti na passada segunda-feira no Museu da Figueira da Foz no pouco que consegui aguentar: foi duro ver um resistente à ditadura de Salazar, ser assim (mal) tratado por esta profunda tristeza democrática em que a Figueira mergulhou...