Via jornal barca nova, edição nº. 14, datada de 10 de Fevereiro de 1978PARA LER MELHOR CLICAR NA IMAGEM
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 15 de maio de 2022
A FIGUEIRA vista por um redactor de «O Século» em 1893
quarta-feira, 13 de abril de 2022
sábado, 12 de março de 2022
Ponte Edgar Cardoso: foi inaugurada há 40 anos
domingo, 20 de fevereiro de 2022
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Sou um privilegiado sim senhor
Fica a recordação de um grande jornalista, quando o jornalismo se aprendia e praticava nas redacções dos jornais.
O Zé. Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias, sempre atento, oportuno, contundente, irreverente e mordaz, com o seu jeito, peculiar e exagerado - único, para contar estórias oralmente, adornando-as e enriquecendo-as com os seus excessos de pormenores deliciosos!..
Foi um grande jornalista. Escrevia muito bem o Zé. Contudo, ouvi-lo era um privilégio a que só alguns tiveram acesso.
Na altura, com 20 e poucos anos, não sabia do que gostava mais: se de ouvir o que pensava (não parava de pensar); se de ouvir contar tanta vida que viveu (não sabia estar parado sem viver); se de o ver brincar com as coisas sérias da vida (a vida para ele tinha de ser uma festa).
Ter-me cruzado com ele no Barca Nova, onde aprendi tudo o que havia a aprender sobre jornalismo (notícias, necrologia, reportagem, crónica, fazer títulos, rever provas com aquele cheiro a chumbo que ainda hoje me inebria, vindas da máquina linotipo, paginar, legendar, dobrar jornais e colocar os endereços, levar os jornais à estação dos correios para chegarem à casa dos assinantes, etc.) foi das melhores coisas que me poderiam ter acontecido na vida.
Era um gosto (prazer é outra coisa...) vê-lo pensar, reflectir, mexer-se, brincar, imaginar e escrever com caneta e papel. Era surreal vê-lo representar enquanto conversava sobre o que via nos outros. Falava e dava espaço aos mais jovens: "não dizes nada"? "que achas?" "que dizes?" "que sugeres"?
Inventava. Inventava-se e inventou muito e bom jornalismo. Fez da sua vida uma alegria constante. Teve problemas. Mas aliviou sempre o seu peso.
Nunca parava. Sempre em movimento, era sedutor e vivia o êxtase da sedução.
Há melhor escola de jornalismo? Há melhor jornalista? Há mais pessoa? Há melhor amigo? Há melhor escola de vida?
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
A cidade que fomos: quem se lembra de António Augusto Esteves (Carlos Sombrio)?
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
PS: 1978 e 2022
Vitimizou-se. E o povo acreditou. Os resultados eleitorais são explícitos e não necessitam qualquer explicação.
Quem não acredita que a história se repete, está enganado.
Recuemos a 3 de Fevereiro de 1978, via jornal barca nova. O PS não muda. E nunca vai mudar.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
A cidade que fomos: uma foto de 1893
Foto via jornal barca nova, edição de 8 de Dezembro de 1977.
Vendo com alguma atenção esta fotografia, que tem 129 anos, verificamos que a cidade sofreu grandes alterações. Uma, importante, tem a ver com a demolição dos edifícios que "entaipavam" a Casa do Paço. Num deles, o que se pode ver mais à esquerda, funcionou o «Hotel Reis». Foi ali que Trindade Coelho, pela primeira vez, escreveu para os jornais. A talhe de foice, diga-se que no ano desta foto, 1893, o poeta António Nobre, andou pela Figueira.
No edifício da direita existia uma casa de vinhos, com frente para a doca. No lado que dava para o Largo do Carvão, funcionavam os armazéns de Fernando Costa e a barbearia Luís.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
sábado, 22 de janeiro de 2022
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Zé Penicheiro não é um artista qualquer
Zé Penicheiro nasce na aldeia beirã de Candosa, Tábua, mas a partir dos 2 anos passa a viver na Figueira da Foz. Em 30 de Junho de 1978, em entrevista que na altura deu ao semanário “barca nova” dizia o artista: “ter nascido em Candosa foi um mero acidente. Considero-me figueirense de raiz, tão novo para aqui vim”.
Filho de um carpinteiro, de ascendência humilde, as dificuldades económicas impossibilitam-no de seguir qualquer curso de Artes Plásticas ou Belas Artes.Como habilitações literárias “tenho apenas um diploma oficial: o da instrução primária. Frequentei é certo a Escola Comercial e a Academia Figueirense, mas quedei-me por aí, pela curta frequência. Tenho é uma larga experiência da Universidade da Rua, onde aprendi tudo quanto sei e onde conheci as figuras que têm inspirado toda a minha obra”, disse ainda Zé Penicheiro em discurso directo, em 1978, ao extinto semanário figueirense citado acima.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações: jornais do Porto, Lisboa e província, "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" “barca nova” e outros, publicam os seus "cartoons" de humor.
Criador duma expressão plástica original, que denomina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições, nesta modalidade, a partir de 1948.
António Augusto Menano, Poeta e Escritor Figueirense, em artigo publicado em 18 de Outubro de 2001, no jornal Linha do Oeste traça um esboço escrito sobre o Zé:
“A arte é indivisível de quem a produz, da acção do artista, da sua invenção criadora. A obra de Zé Penicheiro, a sua forma, o modo como se desenvolve artisticamente, traduz o seu diálogo com a matéria”.
E mais adiante: “Zé Penicheiro é memoralista, um moralista, um comprometido. Faz-nos recordar tipos arquétipos de actividades quase desaparecidas numa escrita sobre a pureza estética, que estará patente em toda a sua obra. Compromete-se, está ao lado dos mais fracos, do povo, retrata-os, mostra-os como se de uma “missão” se tratasse, obrigação profunda de retorno às raízes, outra forma de pintar a saudade”.
E a terminar o artigo, escreve António Augusto Menano:
“Mas a arte de Zé Penicheiro não esquece o lugar. Os lugares: a infância, as praias, as planícies, as serras, e as cidades da sua vida, “diálogo” de que têm surgido algumas das sua melhores obras.
Nesta sociedade pós industrial, da informática e do virtual, Zé Penicheiro mantém-se fiel aos seus “calos”, que está na base de um percurso tão “sui generis”.
Zé Penicheiro, a Universidade da Rua na origem de um Artista.
Os bonecos, o nanquim, o guache, o óleo – uma vida inteira a retratar as alegrias e tristezas de um povo admirável.
Que é o nosso!
domingo, 5 de dezembro de 2021
Crónica da edição do mês de Novembro na Revista ÓBVIA
OBVIAMENTE, APENAS UMA OPINIÃO...
Segundo veio a lume no Diário as Beiras, "os social-democratas figueirenses deverão ir a votos em breve, ao abrigo de eleições antecipadas, uma vez que Ricardo Silva, o presidente da concelhia, renunciou ao mandato".Foto ÓBVIA
Sobre o que está em causa (tornar-se "proprietário" de uma pequena "quinta", como é o PSD na Figueira), cito uma passagem dum artigo que escreveu no ínício deste mês Pacheco Pereira, na Revista Sábado.
"Possuir um grande partido, significa ter um grande património para distribuir pelos “seus”, lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa.
É parecido na sua acrimónia e violência com um conflito sobre marcos ou sobre o uso da água duma nascente, daqueles que historicamente são a fonte de assassinatos nos campos, animosidade de famílias por gerações, onde vinganças e ameaças são comuns. O que se passa é que o conflito é por um bem, e um bem escasso: a posse e o controlo sobre um partido político, numa democracia que deu muitos poderes aos partidos.
Significa ter um grande património para distribuir pelos "seus", lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa. Infelizmente, quanto maior é a degradação política e ideológica de um partido, maior é a competição por estes bens."
Numa cidade onde o “politicamente correto” sempre influenciou a maneira de se fazer política, esta citação é uma realidade inconveniente.
Contudo, o "politicamente incorreto" é fundamental numa sociedade democrática e pluralista!
Apesar das tentativas feitas, nunca ninguém me impediu de emitir opinião. Existiu (e isso foi notório e palpável ao longo de várias décadas), foi uma opinião de pessoas que quiseram controlar aquilo que eu devia, ou não, dizer publicamente.
Isso existiu. Em 1978, quando dei os primeiros passos no jornalismo, no extinto "Barca Nova", senti logo o que era a pressão duma sociedade civilizada, democrática, conservadora, provinciana, mesquinha, rasteirinha e de "brandos costumes, como era a Figueira dos meus 24 anos.
Sou o primeiro a tentar preservar a amizade. Isso não significa, porém, que não possa emitir opinião sobre o desempenho dos meus amigos, quando eles ocupam funções políticas e públicas. Tive amigos que confundiram o meu caráter com a minha opinião. Por exemplo, vereadores, presidentes de junta de freguesia, membros da assembleia municipal ou de freguesia...
Se começarmos a fazer auto censura, onde é que vai estar a discussão crítica sobre aquilo que afecta a vida de todos nós? Como é que vamos saber, para perceber, os vários pontos de vista existentes num concelho como o nosso? Como é que vamos evoluir enquanto sociedade?
O princípio do voto, directo e universal, é bonito. Contudo, pode levar à eleição dos maiores "canalhas" políticos. A democracia é mesmo isto: "o pior sistema, à excepção de todos os outros". (Winston Churchill)
Voltando ao início para terminar. Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais.
Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD.
Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha, não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes.
E Santana Lopes, se assim o quiser, nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD...
Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista.
Para o PSD Figueira, o comboio de amanhã já passou há semanas. Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021.
Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento?
Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira, continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?
sábado, 16 de outubro de 2021
Recordação de Zé Penicheiro, um Artista formada na Universidade da Rua, na passagem dos 100 anos do seu nascimento
Imagem obviamente sacada daqui |
Se fosse vivo teria completado ontem 100 anos.
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Recordar Joaquim Namorado...
sábado, 2 de janeiro de 2021
Quando Carlos do Carmo foi silenciado e esteve 5 anos sem ir à televisão...
Carlos do Carmo esteve na Figueira para participar em 1983, na Festa de Homenagem que, por iniciativa do semanário barca nova, foi prestada a Joaquim Namorado.
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Já que estamos em timing de homenagens, recordo uma pessoa que continua a fazer muita falta à Figueira
José Martins.
domingo, 17 de maio de 2020
Um vídeo interessante...
Alguém disse "que democracia é o respeito aos direitos e à liberdade dos nossos inimigos".
A lembrança desta máxima, hoje, é pertinente numa cidade como a Figueira, onde se assistem a reacções pouco tolerantes e, em alguns casos, algumas delas, mesmo nitidamente paranóicas.
Isto, porém, não é recente. Há 40 e tal anos, quando comecei a dar os primeiros passos no jornalismo, como membro da redação do Barca Nova, vi logo que o poder autárquico na Figueira lidava mal com a liberdade.
O exercício da cidadania na Figueira, não sei se por tradição histórica, é uma dificuldade que, estranhamente, qualquer cidadão interventivo tem de defrontar, pois é olhado como um animal raro, numa sociedade dita democrática, 46 anos depois do derrube da ditadura.
A Figueira que eu conheço, desde que tenho memória, foi, é e, possivelmente, vai continuar a ser intolerante às críticas e avessa, se não mesmo hostil, à imprensa livre.
A construção da democracia, na Figueira ou em qualquer lugar, pressupõe a superação do maniqueísmo existente. Mas, isso, daria muito trabalho, muita aprendizagem e exigiria muita autocrítica.
Como escrevi aqui, "é evidente que Carlos Monteiro, na qualidade de presidente da câmara, só teria de receber André Ventura com a dignidade com que se acolhe na Figueira qualquer outro deputado da nação. Um presidente de câmara não deve ter “estados de alma” partidários e tem a obrigação de dialogar com qualquer deputado que queira debater com eles os problemas do concelho a que preside."
Assim também deveria acontecer, quando em vez de um deputado, se trata de um munícipe. Um concelho democrático, não é um lugar onde qualquer presidente (seja da Assembleia Municipal, seja da Câmara ou de uma junta de Freguesia..) pensa, age e actua assim: democracia sim. Mas, quem manda sou eu, que sou o presidente...
"Temos de respeitar (e defender) a democracia".
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Bom dia e cuidado...
Qualquer um de nós tem o direito de ficar melindrado, chateado, aborrecido, magoado, pouco feliz, etc.,etc., etc, quando na sua acção, enquanto político, ou outra exposição pública, é alvo de uma crítica.
Esse, é um direito que cada um de nós tem. Porém, não pode é pretender que a crítica seja remetida, por qualquer meio, ao silênco.
Isso, seria estarmos perante algo de muito grave, numa sociedade que se quer composta por cidadãos responsaáveis, exigentes e livres.
Por experiência própria, sei que numa pequena Aldeia como a Figueira, os políticos sempre lidaram mal com a triagem feita pela comunicação social.
Nas décadas de 70, 80 e 90 do século passado, senti isso: primeiro no Barca Nova e depois no Linha do Oeste. Desde Abril de 2006, aqui no OUTRA MARGEM.
É uma coisa com que lido perfeitamente, o que não quer dizer que não considere o facto de alguém querer poder controlar o que é dito e escrito, uma perversão da democracia.
O que os "nossos" políticos gostariam - mas gostariam mesmo - era de terem o poder de fazer uma lista das pessoas autorizadas a emitir opiniões.
Qualquer político, antes de o ser, é um homem ou uma mulher. Portanto, está na génese de qualquer político ter tentações ditatoriais. Contudo, muitos conseguem reprimi-las. Uns para preservar a imagem, outros por decência.
Outros, nem disfarçar conseguem: não se contentam com a tentação de controlar a informação, o que constitui uma perversão democrática - o seu sonho era mesmo conseguiram uma ditadura muda e silenciadora.
Para seu desespero e desconforto, porém, em Portugal e na Figueira, há o direito constitucional garantido aos cidadãos a emitir opiniões.
Se esse direito é muito ou pouco usado pelos portugueses e pelos figueirenses, e porquê, isso já é outra conversa.
Tem a ver com o medo. Sim com o medo.
Medo de perder o emprego, medo de não ter dinheiro para as despesas, medo do presente e medo do futuro.
Como diria o falecido Aleksandr Solzhenitsyn: «Quando privais alguém de tudo, ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.»
Existe, portanto, alguma razão para ceder ao medo?
Claro que não. Vivemos num Estado Democrático e de Direito.
segunda-feira, 27 de abril de 2020
“Grândola” à janela na Figueira da Foz
"O jornalista e bloguer figueirense Rogério Neves e a mulher, Isabel Mendes, foram dos que não deixaram passar a efeméride ao lado e responderam ao apelo da Associação 25 de Abril, cantando a contrassenha da Revolução dos Cravos, à janela do apartamento, e exibindo a bandeira nacional."
Com o apoio de uma aparelhagem, o casal não desafinou com o “espírito de Abril”. Na vizinhança também se ouviu a canção de Zeca Afonso e viu-se a bandeira das “quinas”. “Ambos sabemos ver e analisar o que foi o antes e o depois do 25 Abril. Somos activistas e defensores do 25 de Abril, desde a primeira hora”, afirmou Rogério Neves. Além disso, acrescentou: “Foi a seguir ao 25 de Abril que constituímos família”.
Posso dizer que tenho alguns bons Amigos.
O Rogério Neves, nos idos de 1978, meu ex-companheiro de Redacção no Barca Nova, pelo menos há mais de 45 anos, é um deles.
Neste tempo de dúvidas e incertezas, com a Liberdade confinada, não sabemos é se vai ficar tudo bem...
Um abraço Rogério: 25 de Abril, Sempre!..