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domingo, 15 de maio de 2022

sábado, 12 de março de 2022

Ponte Edgar Cardoso: foi inaugurada há 40 anos

O evento teve lugar pelas 16 horas e foi presidido pelo Presidente da República General Ramalho Eanes. O primeiro-ministro Pinto Balsemão também esteve presente. Veio acompanhado pelos ministros Lucas Pires, Viana Baptista e Ângelo Correia, além de vários secretários de Estado e outros membros do Governo. Era presidente da Câmara da Figueira o dr. Joaquim de Sousa.
Todavia, o que recordo melhor desse dia (fiz a reportagem para o jornal Barca Nova) foi o mar de gente que encheu de lés a lés, nessa sexta-feira, 12 de março  de 1982, a então NOVA PONTE DA FIGUEIRA DA FOZ.
Foi um verdadeiro espectáculo. Mais parecia uma romaria popular. O Povo tomou nas suas mãos o rumo dos acontecimentos. Todos os protocolos foram ultrapassados. Recordo-me da atrapalhação do ministro Ângelo Correia...
O Presidente da República de então, o General Ramalho Eanes, tinha grande popularidade e prestígio  junto da população figueirense e foi sempre efusivamente saudado. O mesmo, porém, não aconteceu com Pinto Balsemão e os ministros que o acompanharam...

A inauguração da ponte Edgar Cardoso foi um dos primeiros actos do programa alusivo às comemorações do centenário da Figueira da Foz.
Passaram 40 anos que milhares de pessoas estiveram na ponte a assistir à inauguração. Pode ver, clicando aqui duas fotos de José Santos, na altura jornalista no Diário de Coimbra, que recordam o momento.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Sou um privilegiado sim senhor

Apetece-me. E como me apetece lá vai.
Fica a recordação de um grande jornalista, quando o jornalismo se aprendia e praticava nas redacções dos jornais.

O . Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias, sempre atento, oportuno, contundente, irreverente e mordaz, com o seu jeito, peculiar e exagerado - único, para contar estórias oralmente, adornando-as e enriquecendo-as com os seus excessos de pormenores deliciosos!.. 
Foi um grande jornalista. Escrevia muito bem o Zé. Contudo, ouvi-lo era um privilégio a que só alguns tiveram acesso.
Na altura, com 20 e poucos anos, não sabia do que gostava mais: se de ouvir o que pensava (não parava de pensar);  se de ouvir contar tanta vida que viveu (não sabia estar parado sem viver); se de o ver brincar com as coisas sérias da vida (a vida para ele tinha de ser uma festa). 
Ter-me cruzado com ele no Barca Nova, onde aprendi tudo o que havia a aprender sobre jornalismo (notícias, necrologia, reportagem, crónica, fazer títulos, rever provas com aquele cheiro a chumbo que ainda hoje me inebria, vindas da máquina linotipo, paginar, legendar, dobrar jornais e colocar os endereços, levar os jornais à estação dos correios para chegarem à casa dos assinantes, etc.) foi das melhores coisas que me poderiam ter acontecido na vida.
Era um gosto (prazer é outra coisa...) vê-lo pensar, reflectir, mexer-se, brincar, imaginar e escrever com caneta e papel. Era surreal vê-lo representar enquanto conversava sobre o que via nos outros. Falava e dava espaço aos mais jovens: "não dizes nada"? "que achas?"  "que dizes?" "que sugeres"?
Inventava. Inventava-se e inventou muito e bom jornalismo. Fez da sua vida uma alegria constante. Teve problemas. Mas aliviou sempre o seu peso. 
Nunca parava. Sempre em movimento, era sedutor e vivia o êxtase da sedução. 

O Zé transmitiu-me que o mais importante é a Liberdade. A dele, a minha,  a tua e a nossa. 
Há melhor escola de jornalismo? Há melhor jornalista? Há mais pessoa? Há melhor amigo? Há melhor escola de vida?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A cidade que fomos: quem se lembra de António Augusto Esteves (Carlos Sombrio)?

A primeira vez que ouvi falar de Carlos Sombrio, foi na Redação do Barca Nova, no primeiro andar do prédio com o número de porta 296, da Rua da República, mesmo ao lado da saudosa sede da Associação Naval 1º. de Maio, aí pelo ano de 1978. Lembro-me quem falou no nome: O Mestre Zé Martins. A propósito do assunto em concrecto, é que, confesso, já não me recordo.
António Augusto Esteves (Carlos Sombrio), é uma figura que jamais saiu do meu pensamento. 
Um dia destes descobri uma pequena publicação policopiada, de que púbico a capa, evocativa de uma exposição promovida em Maio de 1984, pela Secção Cultural da Associação 1º. de Maio. Nela está um texto do professor Rui Fernandes Martins (Pai do Zé Marins) sobre Carlos Sombrio, a partir do qual elaborei o resumo abaixo.
Carlos Sombrio, um filho humilde do povo, autodidacta, deixou uma grande bibliografia e colaboração espalhada por inúmeros jornais locais e nacionais.
«Autodidacta, Carlos Sombrio (a quem o Dr. Joaquim de Carvalho chamou o "cronista probo"), viveu entre 29 de Julho de 1894 e 23 de Março de 1949.
Era um estudioso honesto. O entusiasmo com que abraçava os mais ousados propósitos e a persistência com que procurava vencer, por meio de aturado estudo, as dificuldades que resultavam do facto de não possuir formação escolar, está patente na obra que nos legou. Bairrista, aplicou grande parte do seu tempo no estudo porfiado, tendo como objectivo honrar e servir a sua cidade - a Figueira da Foz. Desinteressadamente e com total despreendimento dos bens do mundo.
O seu funeral foi uma impressionante manifestação de pesar. Além da multidão, estiveram presentes as figuras mais relevantes da Figueira - o elemento oficial, civil e militar.»

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

PS: 1978 e 2022

O PS conseguiu passar a tese que foram os partidos à sua esquerda que obrigaram ao acto eleitoral de domingo passado.
Vitimizou-se. E o povo acreditou. Os resultados eleitorais são explícitos e não necessitam qualquer explicação. 
Quem não acredita que a história se repete, está enganado.
Recuemos a 3 de Fevereiro de 1978, via jornal barca nova. O PS não muda. E nunca vai mudar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A cidade que fomos: uma foto de 1893

Foto via jornal barca nova, edição de 8 de Dezembro de 1977.

Esta foto, datada de 1893, mostra que a visão paisagística de uma cidade como a Figueira da Foz, adquire a sua verdadeira expressão vista do lado esquerdo do Mondego. Desta outra margem.
Vendo com alguma atenção esta fotografia, que tem 129 anos, verificamos que a cidade sofreu grandes alterações. Uma, importante, tem a ver com a demolição dos edifícios que "entaipavam" a Casa do Paço. Num deles, o que se pode ver mais à esquerda, funcionou o «Hotel Reis». Foi ali que Trindade Coelho, pela primeira vez, escreveu para os jornais. A talhe de foice, diga-se que no ano desta foto, 1893, o poeta António Nobre, andou pela Figueira.
No edifício da direita existia uma casa de vinhos, com frente para a doca. No lado que dava para o Largo do Carvão, funcionavam os armazéns de Fernando Costa e a barbearia Luís.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Zé Penicheiro não é um artista qualquer

Zé Penicheiro nasce na aldeia beirã de Candosa, Tábua, mas a partir dos 2 anos passa a viver na Figueira da Foz. Em 30 de Junho de 1978, em entrevista que na altura deu ao semanário “barca nova” dizia o artista: “ter nascido em Candosa foi um mero acidente. Considero-me figueirense de raiz, tão novo para aqui vim”.

Filho de um carpinteiro, de ascendência humilde, as dificuldades económicas impossibilitam-no de seguir qualquer curso de Artes Plásticas ou Belas Artes.
Como habilitações literárias “tenho apenas um diploma oficial: o da instrução primária. Frequentei é certo a Escola Comercial e a Academia Figueirense, mas quedei-me por aí, pela curta frequência. Tenho é uma larga experiência da Universidade da Rua, onde aprendi tudo quanto sei e onde conheci as figuras que têm inspirado toda a minha obra”, disse ainda Zé Penicheiro em discurso directo, em 1978, ao extinto semanário figueirense citado acima.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações: jornais do Porto, Lisboa e província, "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" “barca nova” e outros, publicam os seus "cartoons" de humor.
Criador duma expressão plástica original, que denomina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições, nesta modalidade, a partir de 1948.
António Augusto Menano, Poeta e Escritor Figueirense, em artigo publicado em 18 de Outubro de 2001, no jornal Linha do Oeste traça um esboço escrito sobre o Zé:
“A arte é indivisível de quem a produz, da acção do artista, da sua invenção criadora. A obra de Zé Penicheiro, a sua forma, o modo como se desenvolve artisticamente, traduz o seu diálogo com a matéria”.
E mais adiante: “Zé Penicheiro é memoralista, um moralista, um comprometido. Faz-nos recordar tipos arquétipos de actividades quase desaparecidas numa escrita sobre a pureza estética, que estará patente em toda a sua obra. Compromete-se, está ao lado dos mais fracos, do povo, retrata-os, mostra-os como se de uma “missão” se tratasse, obrigação profunda de retorno às raízes, outra forma de pintar a saudade”.
E a terminar o artigo, escreve António Augusto Menano:
“Mas a arte de Zé Penicheiro não esquece o lugar. Os lugares: a infância, as praias, as planícies, as serras, e as cidades da sua vida, “diálogo” de que têm surgido algumas das sua melhores obras.
Nesta sociedade pós industrial, da informática e do virtual, Zé Penicheiro mantém-se fiel aos seus “calos”, que está na base de um percurso tão “sui generis”.
Zé Penicheiro, a Universidade da Rua na origem de um Artista.
Os bonecos, o nanquim, o guache, o óleo – uma vida inteira a retratar as alegrias e tristezas de um povo admirável.
Que é o nosso!

domingo, 5 de dezembro de 2021

Crónica da edição do mês de Novembro na Revista ÓBVIA

 OBVIAMENTE, APENAS UMA OPINIÃO...

Foto ÓBVIA
Segundo veio a lume no Diário as Beiras, "os social-democratas figueirenses deverão ir a votos em breve, ao abrigo de eleições antecipadas, uma vez que Ricardo Silva, o presidente da concelhia, renunciou ao mandato".

Sobre o que está em causa (tornar-se "proprietário" de uma pequena "quinta", como é o PSD na Figueira), cito uma passagem dum artigo  que escreveu no ínício deste mês Pacheco Pereira, na Revista Sábado.

"Possuir um grande partido, significa ter um grande património para distribuir pelos “seus”, lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa.

É parecido na sua acrimónia e violência com um conflito sobre marcos ou sobre o uso da água duma nascente, daqueles que historicamente são a fonte de assassinatos nos campos, animosidade de famílias por gerações, onde vinganças e ameaças são comuns.  O que se passa é que o conflito é por um bem, e um bem escasso: a posse e o controlo sobre um partido político, numa democracia que deu muitos poderes aos partidos.

Significa ter um grande património para distribuir pelos "seus", lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa. Infelizmente, quanto maior é a degradação política e ideológica de um partido, maior é a competição por estes bens."

Numa cidade onde o  “politicamente  correto” sempre influenciou a maneira de se fazer política, esta citação  é uma realidade inconveniente. 

Contudo, o "politicamente incorreto" é fundamental numa sociedade democrática e pluralista! 

Apesar das tentativas feitas,  nunca ninguém me impediu de emitir opinião.  Existiu (e isso  foi notório e palpável ao longo de várias décadas), foi uma opinião de pessoas que quiseram controlar aquilo que eu devia, ou não, dizer publicamente.

Isso existiu. Em 1978, quando dei os primeiros passos no jornalismo, no extinto "Barca Nova", senti logo o que era a pressão duma sociedade civilizada, democrática,  conservadora, provinciana, mesquinha, rasteirinha e de "brandos costumes, como era a Figueira dos meus 24 anos.

Sou o primeiro a tentar preservar a amizade. Isso não significa, porém,  que não possa emitir opinião sobre o desempenho dos meus amigos, quando eles ocupam funções políticas e públicas. Tive amigos que confundiram o meu caráter com a minha opinião. Por exemplo, vereadores, presidentes de junta de freguesia, membros da assembleia municipal ou de freguesia...

Se começarmos a fazer auto censura, onde é que vai estar a discussão crítica sobre aquilo que afecta a vida de todos nós? Como é que vamos saber, para  perceber, os vários pontos de vista existentes num concelho como o nosso? Como é que vamos evoluir enquanto sociedade?

O princípio do voto, directo e universal, é  bonito. Contudo,  pode levar à eleição dos maiores "canalhas" políticos. A democracia é mesmo isto:  "o pior sistema, à excepção de todos os outros". (Winston Churchill)

Voltando ao início para terminar. Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais.

Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os  militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD.

Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha,  não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes.

E Santana Lopes, se assim o quiser,  nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD...

Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista.

Para o PSD Figueira, o comboio de amanhã já passou há semanas. Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021.

Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento?

Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira,  continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?

sábado, 16 de outubro de 2021

Recordação de Zé Penicheiro, um Artista formada na Universidade da Rua, na passagem dos 100 anos do seu nascimento


O pintor Zé Penicheiro, com uma importante ligação à Cova e Gala, pois é o autor dos painéis das paredes exteriores da Junta de Freguesia de S. Pedro, faleceu no dia 15 de Março de 2014, como 92 anos de idade.
Se fosse vivo teria completado ontem 100 anos.
Zé Penicheiro nasceu na aldeia beirã de Candosa, Tábua, mas a partir dos 2 anos passa a viver na Figueira da Foz.
Em 30 de Junho de 1978, em entrevista que na altura deu ao semanário “barca nova” dizia o artista: “ter nascido em Candosa foi um mero acidente. Considero-me figueirense de raiz, tão novo para aqui vim”.
Filho de um carpinteiro, de ascendência humilde, as dificuldades económicas impossibilitam-no de seguir qualquer curso de Artes Plásticas ou Belas Artes.
Como habilitações literárias “tenho apenas um diploma oficial: o da instrução primária. Frequentei é certo a Escola Comercial e a Academia Figueirense, mas quedei-me por aí, pela curta frequência. Tenho é uma larga experiência da Universidade da Rua, onde aprendi tudo quanto sei e onde conheci as figuras que têm inspirado toda a minha obra”, disse ainda Zé Penicheiro em discurso directo, em 1978, ao extinto semanário figueirense citado acima.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações: jornais do Porto, Lisboa e província, "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" “barca nova” e outros, publicam os seus "cartoons" de humor. Criador duma expressão plástica original, que denomina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições, nesta modalidade, a partir de 1948.
António Augusto Menano, Poeta e Escritor Figueirense, em artigo publicado em 18 de Outubro de 2001, no jornal Linha do Oeste traça um esboço escrito sobre o Zé:
“A arte é indivisível de quem a produz, da acção do artista, da sua invenção criadora. A obra de Zé Penicheiro, a sua forma, o modo como se desenvolve artisticamente, traduz o seu diálogo com a matéria”.
E mais adiante: “Zé Penicheiro é memoralista, um moralista, um comprometido. Faz-nos recordar tipos arquétipos de actividades quase desaparecidas numa escrita sobre a pureza estética, que estará patente em toda a sua obra. Compromete-se, está ao lado dos mais fracos, do povo, retrata-os, mostra-os como se de uma “missão” se tratasse, obrigação profunda de retorno às raízes, outra forma de pintar a saudade”.
E a terminar o artigo, escreve António Augusto Menano:
“Mas a arte de Zé Penicheiro não esquece o lugar. Os lugares: a infância, as praias, as planícies, as serras, e as cidades da sua vida, “diálogo” de que têm surgido algumas das sua melhores obras.
Nesta sociedade pós industrial, da informática e do virtual, Zé Penicheiro mantém-se fiel aos seus “calos”, que está na base de um percurso tão “sui generis”.
Zé Penicheiro, a Universidade da Rua na origem de um Artista.
Os bonecos, o nanquim, o guache, o óleo – uma vida inteira a retratar as alegrias e tristezas de um povo admirável.
Que é o nosso!
Zé Penicheiro faleceu em 15 de Março de 2014. Mas a sua obra continua...

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Recordar Joaquim Namorado...

Via REVISTA EXPRESSO

Joaquim Namorado, «o poeta incómodo» viveu entre 1914 e 1986. 
Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. 
No concelho da Figueira – considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU. 
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal Barca Nova. Muito mais poderia ser dito para recordar Joaquim Namorado. 
Para mim, basta ter sido um Cidadão com quem muito aprendi, que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada á total defesa dos interesses do Povo. 
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca Nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa. 
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional. Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.
Foi também decidido em reunião camarária realizada em 1983 que o seu nome passaria a constar da toponímia da cidade, o que nunca aconteceu, vá lá saber-se porquê!..

sábado, 2 de janeiro de 2021

Quando Carlos do Carmo foi silenciado e esteve 5 anos sem ir à televisão...

Ontem, devido ao confinamento, vi muita televisão. Todos os canais falaram muito - e justamente - de Carlos do Carmo.
Porém, ao ver toda esta farturnha, não pude deixar de recuar 38 anos. 

Carlos do Carmo esteve na Figueira para participar em 1983, na Festa de Homenagem que, por iniciativa do semanário barca nova, foi prestada a Joaquim Namorado.
O espectáculo (SARAU CULTURAL) foi realizado no Casino na noite de 28 de Janeiro desse já longínquo ano.
Na altura, era eu um aprendiz de jornalista. Na qualidade de chefe de redacção do barca nova estive nessa tarde de um sábado, 28 de Janeiro de 1983, a acompanhar o ensaio. Carlos do Carmo, já então uma estrela do panorama artístico português, que não me conhecia de lado nenhum, foi de um trato e de uma amabilidade que jamais esqueci. 
Carlos do Carmo, antes do 25 de Abril já cantava fado, mas não o do choradinho e o da lamechice.  
Na altura, Carlos do Carmo estava a "sentir o peso do carimbo comunista", pois era presença em iniciativas realizadas pelo PCP, nomeadamente a Festa do Avante.
Esteve cinco anos sem cantar na RTP, então o único canal de televisão em Portugal.
Lembro-me de ter a ousadia de naquela tarde de 28 de Janeiro de 1983 lhe ter falado nisso.
Calmamente, respondeu: "Estou habituado a perder, normalmente voto no PC e sou do Belenenses." 
Muitos anos mais tarde, li numa entrevista, ao ser questionado sobre esse período da sua vida: 
"Foi a altura em que comecei a cantar no estrangeiro. Se me perguntar se me lembro das pessoas que me fizeram isso, lembro-me. A algumas delas até lhes falo muito bem. Mas coitadas, fazem dó".
Já agora: sabiam que o fado Por morrer uma Andorinha era, para os velhos presos comunistas, uma espécie de hino entre eles?

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Já que estamos em timing de homenagens, recordo uma pessoa que continua a fazer muita falta à Figueira


José Martins
Para os Amigos, simplesmente o Zé.

Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre. 
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
 
Andarilho e contador de histórias vividas, passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi cofundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste. 

No associativismo passou pelo Ginásio Clube Figueirense e Sociedade Boa União Alhadense. 

Lutador contra o regime deposto pelo 25 de Abril de 1974, teve ficha na PIDE. Foi membro da Comissão Nacional do 3º. Congresso da Oposição Democrática que se realizou em 1969 em Aveiro. Chegou a ser preso pela polícia política. 

Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto. 
Não a visível, mas a essencial. 
Era crítico e exigente. 
Mas, ao mesmo tempo, bom, tolerante e solidário. 

Quase 20 anos depois da sua morte, quem manda na Figueira, a cidade que amou toda a vida, continua a ignorá-lo.

domingo, 17 de maio de 2020

Um vídeo interessante...

Vídeo via Diário as Beiras

Alguém disse "que democracia é o respeito aos direitos e à liberdade dos nossos inimigos".
A lembrança desta máxima, hoje,  é pertinente numa cidade como a Figueira, onde se assistem a reacções pouco tolerantes e, em alguns casos, algumas delas, mesmo nitidamente paranóicas.
Isto, porém, não é recente. Há 40 e tal anos, quando comecei a dar os primeiros passos no jornalismo, como membro da redação do Barca Nova, vi logo que o poder autárquico na Figueira lidava mal com a liberdade.
O exercício da cidadania na Figueira, não sei se por  tradição histórica, é uma dificuldade que, estranhamente, qualquer cidadão interventivo tem de defrontar, pois é olhado como um animal raro, numa sociedade dita democrática, 46 anos depois do derrube da ditadura.
A Figueira que eu conheço, desde que tenho memória, foi, é e, possivelmente, vai continuar  a ser  intolerante às críticas e avessa, se não mesmo hostil, à  imprensa livre.
A construção da democracia, na Figueira ou em qualquer lugar, pressupõe a superação do maniqueísmo existente. Mas, isso, daria muito trabalho, muita aprendizagem e exigiria muita autocrítica.
Como escrevi aqui, "é evidente que  Carlos Monteiro, na qualidade de presidente da câmara, só teria de receber André Ventura com a dignidade com que se acolhe na Figueira qualquer outro deputado da nação. Um presidente de câmara não deve ter “estados de alma” partidários e tem a obrigação de dialogar com qualquer deputado que queira debater com eles os problemas do concelho a que preside."
Assim também deveria acontecer, quando em vez de um deputado, se trata de um munícipe. Um concelho democrático, não é um lugar onde qualquer presidente (seja da Assembleia Municipal, seja da Câmara ou de uma junta de Freguesia..) pensa, age e actua assim: democracia sim. Mas, quem manda sou eu, que sou o presidente...
"Temos de respeitar (e defender) a democracia".

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Bom dia e cuidado...


Qualquer  um de nós tem o direito de ficar melindrado, chateado, aborrecido, magoado, pouco feliz, etc.,etc., etc, quando na sua acção, enquanto político, ou outra exposição pública, é alvo de uma crítica. 
Esse, é um direito que cada um de nós tem. Porém, não pode é pretender que a crítica seja remetida, por qualquer meio, ao silênco. 
Isso, seria estarmos perante algo de muito grave, numa sociedade que se quer composta por cidadãos responsaáveis, exigentes e livres.

Por experiência própria, sei que numa pequena Aldeia como a Figueira, os políticos sempre lidaram mal com a triagem feita pela comunicação social.
Nas décadas de 70, 80 e 90 do século passado, senti isso: primeiro no Barca Nova e depois no Linha do Oeste. Desde Abril de 2006, aqui no OUTRA MARGEM
É uma coisa com que lido perfeitamente, o que não quer dizer que não considere o facto de alguém querer poder controlar o que é dito e escrito, uma  perversão da democracia.

O que os "nossos" políticos gostariam - mas gostariam mesmo - era de terem o poder de fazer uma lista das pessoas autorizadas a emitir opiniões.
Qualquer político, antes de o ser, é um homem ou uma mulher. Portanto, está na génese de  qualquer político ter tentações ditatoriais. Contudo, muitos conseguem reprimi-las. Uns para preservar a imagem, outros por decência. 
Outros, nem disfarçar conseguem: não se contentam com a tentação de  controlar a informação, o que constitui uma perversão democrática  - o seu sonho era mesmo conseguiram uma ditadura muda e silenciadora.

Para seu desespero e desconforto, porém, em Portugal e na Figueira, há o direito constitucional garantido aos cidadãos a emitir opiniões.
Se esse direito é muito ou pouco usado pelos portugueses e pelos figueirenses, e porquê, isso já é outra conversa.
Tem a ver com o medo. Sim com o medo.
Medo de perder o emprego, medo de não ter dinheiro para as despesas, medo do presente e medo do futuro.
Como diria o falecido Aleksandr Solzhenitsyn: «Quando privais alguém de tudo, ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.»
Existe, portanto, alguma razão para ceder ao medo?
Claro que não. Vivemos num Estado Democrático e de Direito.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

“Grândola” à janela na Figueira da Foz

Via Diário as Beiras
"O jornalista e bloguer figueirense Rogério Neves e a mulher, Isabel Mendes, foram dos que não deixaram passar a efeméride ao lado e responderam ao apelo da Associação 25 de Abril, cantando a contrassenha da Revolução dos Cravos, à janela do apartamento, e exibindo a bandeira nacional."
Com o apoio de uma aparelhagem, o casal não desafinou com o “espírito de Abril”. Na vizinhança também se ouviu a canção de Zeca Afonso e viu-se a bandeira das “quinas”. “Ambos sabemos ver e analisar o que foi o antes e o depois do 25 Abril. Somos activistas e defensores do 25 de Abril, desde a primeira hora”, afirmou Rogério Neves. Além disso, acrescentou: “Foi a seguir ao 25 de Abril que constituímos família”.

Posso dizer que tenho alguns bons Amigos.
O Rogério Nevesnos idos de 1978, meu ex-companheiro de Redacção no Barca Nova, pelo menos há mais de 45 anos, é um deles.
Neste tempo de dúvidas e incertezas, com a Liberdade confinada, não sabemos é se vai ficar tudo bem... 
Um abraço Rogério: 25 de Abril, Sempre!..