terça-feira, 5 de novembro de 2024
Um sítio como outro qualquer
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
O dia seguinte
«Da semana que passou, apesar das dezenas de especialistas convidados para falar sobre a morte do Odair e os consequentes incidentes, foi Claúdio Gonçalves “Tibunga” – modelo e morador do Bairro do Zambujal – que disse na televisão o mais óbvio e certeiro. Qualquer coisa como: “Quando mataram o meu amigo não quiseram saber, quando começaram a incendiar caixotes começaram a interessar-se”. (…)
A vitória do Chega na campanha autárquica do PS
«Há apenas duas semanas, escrevi neste espaço uma crónica com o título “A vitória do Chega no Congresso do PSD”, depois das arengas de Luís Montenegro contra a disciplina de Cidadania.
Hoje, depois do silêncio da direcção socialista e de Pedro Nuno Santos sobre o caso Ricardo Leão, é difícil não concluir que o Chega também está a vencer a campanha para as próximas autárquicas do PS. A questão é tão grave, tão grave, que o PS ficar calado sobre a aprovação, pela Câmara de Loures, da proposta do Chega transforma-se numa rendição aos discursos da direita populista radical. Recordo que a proposta defendia que os envolvidos em distúrbios, como os que ocorreram na sequência do assassínio de Odair Moniz por um polícia, deviam ser despejados das habitações propriedade da câmara. Agora, falta o PS arranjar um discurso um bocadinho mais xenófobo (mesmo que deixe a disciplina da Cidadania em paz) para ter o pacote completo. Que isto aconteça sob a direcção do PS alegadamente “mais à esquerda de sempre” é um susto.
O antigo deputado Ascenso Simões veio defender, na sua página do Facebook, o presidente da Câmara de Loures. E usou precisamente o argumento de que, para evitar que o Chega tome conta das autarquias da Área Metropolitana de Lisboa, são precisos mais Ricardos Leão. Cito: “Eu não gosto do Chega, mas não fecho os olhos à sua existência e, principalmente, aos problemas que lhe dão razões (…). Leão não é um autarca fora-da-lei como alguns dos seus camaradas quiseram fazer acreditar nos últimos dias. Leão tem é a realidade do seu lado e, se nada fizer, um dia teremos Loures, Amadora e outros concelhos governados pela extrema-direita.” De onde se conclui que, para travar a extrema-direita, é usar os seus argumentos e o PS tem a vitória garantida.
Este texto de Ascenso Simões foi apoiado (pôr um “gosto”, em léxico faceboquiano) por Davide Amado, que sucedeu a Marta Temido na presidência da concelhia de Lisboa do PS. Também pelo antigo secretário de Estado do Desporto e actual deputado João Paulo Correia. Outro apoiante foi o deputado Carlos Pereira, vice-presidente do grupo parlamentar do PS. Há muitos socialistas a apoiarem Ricardo Leão e Ascenso Simões: o ex-deputado Pedro Cegonho, antigo presidente da Associação Nacional de Freguesias, é outro. Ricardo Leão, confortado com o suposto apoio que terá recebido da direcção do PS (o inevitável “quem cala consente”), veio decretar ao PÚBLICO, no sábado, que “a questão está resolvida” e que tudo isto “é uma polémica que não existe” e que não há assunto, “tendo em conta as mensagens e telefonemas de apoio” que recebeu. Entrementes, desconvocou a reunião da Federação da Área Urbana de Lisboa — a que preside — marcada para hoje.
É um facto que houve socialistas que se demarcaram de Leão. Mas todo este episódio e tudo o que tem vindo a público até agora induzem a pensar que o PS, em vez de ser “o PS mais à esquerda de sempre”, acabará por seguir o caminho de outros partidos socialistas europeus que cederam, tal como os seus parceiros europeus da direita democrática, à direita populista.
Estas autárquicas vão ser o teste do algodão, e tudo indica que o PS vai querer competir no mesmo terreno onde a AD já tinha entrado — o discurso demagógico e populista “justiceiro”. Sem dó nem piedade.
Quando se perdem os princípios, perde-se tudo. Eu sei que isto não tem directamente que ver com este assunto (ou só remotamente tem), mas neste sábado pus-me a ler a história da vida de Oswald Mosley, o presidente da União Britânica dos Fascistas. Antes de fundar os seus partidos, Mosley foi do Partido Trabalhista, da sua ala mais à esquerda. Aderiu ao Independent Labour Party, uma espécie de “partido irmão” do Labour, mais radical. Mosley era olhado por personalidades importantes no movimento trabalhista britânico como possível futuro líder. Aneurin Bevan (líder da ala esquerda do Labour e fundador do NHS) gostava muito de Oswald Mosley, antes de este se tornar fascista. A deputada Jennie Lee — da ala mais radical do Labour, que virá a ser ministra da Cultura no governo de Harold Wilson — adorava-o, assim como Beatrice Webb, outro nome decisivo do movimento trabalhista do início do século XX. A História serve para alguma coisa.»
A minha alegre casinha tão modesta como eu... *
«Para muitos portugueses, a casa é quase tudo o que têm. Principalmente junto das classes mais pobres da população, onde a sua habitação, no caso de ser comprada, vale mais de três quartos de todo o seu património líquido, segundo os dados do Banco Central Europeu (BCE) relativos ao primeiro trimestre deste ano. Um valor que contrasta com os portugueses com mais rendimentos, para os quais o imobiliário só vale pouco mais de um terço do património detido. Nos primeiros três meses deste ano cada agregado familiar tinha em média um património de €295 mil, mais 54% do que em 2014. Para esta variação contribuiu principalmente o aumento do valor das casas, que continua a ser o maior ativo dos portugueses.
Pois foi...
"... uma situação absurda que se vive na Figueira: há dezenas de famílias à espera de habitação social e o Estado (o Exército) tem dois prédios de habitação abandonados nas Abadias, a perder valor e “contribuindo para o défice” e “imparidades reais no sector imobiliário estatal”."
Decorridos 8 anos e dois executivos socialistas depois, Santana Lopes assina, amanhã, dia 5 de Novembro de 2024, pelas 16H00, na Casa do Paço na Figueira da Foz, o contrato de empreitada para 24 fogos a custos controlados, em imóveis que eram do Ministério da Defesa.
domingo, 3 de novembro de 2024
Inconsciência ambiental
«A tragédia que inundou Espanha nos últimos dias despertou-nos para os efeitos catastróficos das alterações climáticas. Centenas de vidas perdidas, um registo incontável de desaparecidos, um quadro medonho de destruição que deixou a Comunidade Valenciana mergulhada num cenário de guerra. Quase sem darmos conta, passamos de simples sinais e alertas validados cientificamente para as consequências trágicas destes fenómenos extremos. Choveu tanto num dia como num ano inteiro. E sabemos que voltará a acontecer, cada vez com mais frequência.»
Gente
Para onde caminhamos?..
«A menos que um milagre nos salve a todos, e não apenas aos americanos, na quarta-feira acordaremos com Donald J. Trump eleito de novo como Presidente dos Estados Unidos. É natural que num país que se divide ao meio entre uma elite que representa o melhor da espécie humana em termos de inteligência, investigação, empreendedorismo e criação artística e outra metade que é orgulhosamente ignorante e hostil a tudo o que não entende nem quer entender, o absurdo sistema eleitoral produza alternadamente Presidentes capazes e Presidentes que são um embaraço ou um retrocesso para o mundo. Mas nunca, nunca nos piores pesadelos da gente de bom senso alguém tão boçal, tão alarve, tão perigoso para o mundo como o Trump 2ª versão esteve à beira de chegar ao poder na “nação indispensável”. E se já é sinistro imaginar à solta um animal vingativo e desprovido de quaisquer limites éticos como ele, mais sinistro é pensar que quem o elege é o povo contra a elite. É na terra de referência do capitalismo que a derrota final das teses marxistas se torna mais evidente: são as massas, o sector mais desprotegido de uma sociedade de abundância, que não só não se revoltam contra quem lhes quer tirar um mínimo de apoios sociais — o Medicare, as bolsas de estudo universitárias, as ajudas contra a pobreza extrema — como ainda elegem ou deixam eleger como líder alguém que ostenta a sua exuberante riqueza como um dom, que não paga impostos e que tem no cadastro de sucesso milhares de despedimentos. E, se perder a eleição, Kamala Harris, símbolo do american dream, de quem se fez por si e a pulso erguendo-se de um destino de miséria pré-traçado, tê-la-á perdido porque não conseguiu o número suficiente de votos entre os mais fracos e desprotegidos: os negros, os latinos, os pobres. Em contrapartida, tem garantido o apoio maioritário dos brancos educados, da inteligência, das universidades e do mundo artístico. Mas o povo é quem mais ordena. Bem podem gritar-lhe — até os antigos colaboradores de Trump — que o homem venera ditadores, que tem mentalidade de fascista e inclinações nazis. Que não lê nada nem escuta informação ou conselho algum, fiando-se apenas no seu desmesurado ego. Que é uma ameaça real à economia e à democracia, à paz interna e às relações com os aliados de sempre. Que irá demitir, silenciar, perseguir todos os “inimigos internos” como nem no tempo de McCarthy. O povo não quer saber, o povo não acha isso importante. Um estudo de há dias revelou que 40% dos americanos entre os 16 e os 29 anos, a nova geração, recolhiam toda a informação de que dispunham do TikTok: têm as melhores universidades do mundo, uma imprensa de referência, museus espantosos, um cinema e uma literatura de vanguarda, mas, para metade deles, basta-lhes as redes sociais para saberem do mundo. Por isso, os milionários entre os milionários, como Musk ou Zuckerberg, controlam as redes sociais e metade dos jovens que votam escolhem Trump.»
sábado, 2 de novembro de 2024
Toxicidade
Lapidar
PS já Chega?
«O presidente da câmara de Loures, Ricardo Leão, defendeu «despejo “o despejo “sem dó nem piedade” de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios que têm ocorrido na Área Metropolitana de Lisboa.»
Estes ataques de justiceirismo são típicos de vários tipos de ébrios. Pode acontecer numa conversa entre amigos que beberam um bocado de mais e dão por eles a explicar como é que se resolviam sumariamente os problemas dos incêndios, com propostas que incluem atar os pirómanos a uma árvore durante o incêndio que atearam. Também temos os partidários do Chega, ébrios de grunhice, parecendo que têm como alvo os bêbedos com solução alcoolizada para tudo.
O presidente da câmara de Loures é do PS, mas parece ter ficado intoxicado com algo que o levou a ter um ataque de chganismo. No fundo, para esta gente, os tribunais, as leis e a decência são coisas que atrapalham. É o marialvismo do “havia de ser comigo” ou do “isto era preciso era um Salazar”.»
Debate do Orçamento do Estado: frases ...
Paulo Raimundo, Secretário-geral do PCP: “Não é possível que as empresas PSI-20 tenham 32 milhões de euros de lucros/dia, enquanto milhões de trabalhadores são condenados aos baixos salários”.
Pedro Nuno Santos, Secretário-geral do PS: “Aumentar pensões não é alimentar clientelas. Os mais velhos não podem ficar à espera da pró - xima Festa do Pontal para saber se recebem suplemento”.
Rui Rocha, Presidente da IL: “[Declaramos] guerra ao IRC excessivo, que torna o país pouco competitivo. A IL está onde sempre esteve, os senhores [PSD] é que mudaram”.
Fabian Figueiredo, Líder parlamentar do BE: “Governo quer fazer venda irresponsável de 900 milhões de euros do edificado do Estado. O objetivo parece ser mesmo aumentar custo da habitação”.
André Ventura, Presidente do Chega: “Este é um Governo que, ao fim do dia, é tão, tão, tão ladrão como era o ladrão anterior, que tirava de um lado para dar ao outro”.
Linha Circular Sul e novos horários do barco elétrico entram hoje em funcionamento
Depois de ter introduzido, em maio de 2024, uma nova oferta de transporte coletivo de passageiros na zona urbana, com a Linha Circular Urbana, o Município da Figueira da Foz introduz a partir de hoje, dia 2 de novembro, uma nova linha circular, desta feita na zona sul: CAIS DO CABEDELO - HOSPITAL - ZONA INDUSTRIAL, que será operada pela Rodoviária do Lis.
Com esta segunda linha circular a autarquia pretende continuar a melhorar significativamente o serviço público de transporte de passageiros, através da introdução de um serviço regular e cadenciado que irá passar, nomeadamente no Hospital Distrital e na Zona Industrial, locais de grande afluência diária de pessoas.
Também a partir de hoje, os horários do barco que efetua a travessia do Mondego sofrerão alterações, para que sejam compatíveis com os da nova linha circular.
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
«Duas para o ar, duas sobre Odair. O carro não era furtado, a faca não foi usada. E agora?»
Foto: daqui |
O que é que Odair Moreno Moniz, de 43 anos casado e pai de três filhos, natural de Cabo Verde e residindo há mais de vinte anos em Portugal, fez para ser morto a tiro pela PSP na madrugada de 22 de Outubro?
Recordo o que escreveu a jornalista do Expresso Lia Pereira logo no dia seguinte à morte a tiros : "Duas para o ar, duas sobre Odair. O carro não era furtado, a faca não foi usada. E agora?"
Diga...
Imagem via Jornal de Notícias
Nessa altura, “Bairro” era uma palavra bonita e era algo de “bom”.
Hoje, e o Senhor deve saber mais disso do que eu, infelizmente é um depósito onde habita uma grande percentagem de pobres, que merece o desprezo e a mais profunda indiferença por parte dos que os marginalizam, é lugar de tráficos diversos, caldeirão de problemas sociais que radicam numa pobreza que não se combate reduzindo impostos, e ainda menos atirando a matar.