António Barreto"A distribuição de dinheiro é um
dos mais velhos expedientes
utilizados para ganhar votos e
apoios ou para incomodar as
oposições que não têm esse
recurso. Também é instrumento
de demagogia, dado que as
oposições não conseguem ou têm
dificuldade em votar contra os
“bodos aos pobres”. Assim como
não lhes é fácil arranjar votos para
os seus próprios “bodos”. O PSD e
o Governo dedicam-se agora a
exactamente este exercício:
distribuir a fim de mais tarde
recolher. Sem tirar nem pôr. Dar o
mais possível ao maior número,
dar cheques e vantagens, à
procura de benefícios ulteriores e
na tentativa de retirar argumentos
à oposição e aos populistas.
Na melhor tradição
republicana, o PSD e o PS estão a
arranjar lenha para se queimar.
Alimentam populismos e
protestos. Estão a ajudar a crise
em vez de tratar dela.
Utilizando os lugares-comuns
consagrados, o PSD e o PS não
estão a servir os interesses do
povo, nem os do público, estão a
procurar satisfazer os seus. Hoje, o
PSD e o PS não procuram o poder
político para servir o povo, antes
tentam satisfazer o interesse
público para ganhar o poder.
Ninguém é totalmente cínico ou
sincero, ninguém é absolutamente
velhaco ou bondoso. Todos têm de
tudo um pouco. Em cada um, a
verdade é a proporção de bom e de
mau. No caso presente, sabendo o
que sabemos, com as ameaças
internacionais, com um Governo
minoritário, com os perigos do
populismo, perante a previsão de
dificuldades sociais, estes dois
partidos têm a mais estrita
obrigação de encontrar a solução
de governo estável, sólido e
competente.
É assim que se serve o povo. Ou
o público."
João Vieira Pereira
"De forma fria, todos os governos
têm apetência para privilegiar os
pensionistas como estratégia política.
Isso nunca vai mudar. Pelo que será
sempre preferível um qualquer complemento extraordinário para tentar
minorar o facto de existirem pensões
de miséria do que aumentos absurdos de pensões. Os bónus acontecem
quando as contas públicas os permitem, os aumentos são para sempre.
Falta apenas descobrir se Montenegro
vai ter coragem de mexer na fórmula
de atualização das pensões ou se, tal
como António Costa, vai meter a viola
no saco mais rápido do que a tentou
tirar.
A minha aposta é que ainda não
é desta que o bom senso triunfa."