sexta-feira, 23 de agosto de 2024

"Mais bairristas do que racistas"

" ...somos o país onde um Orçamento foi aprovado tendo como moeda de troca medidas protecionistas para o queijo limiano"


"Com a discussão do Orçamento do Estado à porta, André Ventura, líder do Chega, resolveu impor como condição para a aprovação do documento a realização de um referendo sobre imigração. Este salto em frente - a seu tempo saberemos se na direção do precipício - parece despropositado, porque está condenado à partida, face à posição do PSD, que ainda não se pronunciou (e já o devia ter feito...), mas que é fácil de adivinhar. Luís Montenegro nunca se deixará chantagear e o próprio André Ventura sabe que é impossível encontrar entendimentos que permitam a viabilização do referendo. Que teria, depois, de passar pelo crivo de Belém.

O que o líder do Chega parece ter percebido é que segue em perda. Se os governos do Partido Socialista lhe deram corda e campo para crescer, o atual tem uma estratégia diferente, enrolando-se em algumas bandeiras de André Ventura. Dos mais jovens às forças de segurança, Luís Montenegro anunciou medidas e conseguiu acordos, captando a simpatia de uma parte do eleitorado do Chega.

Mesmo não sendo aceitável extrapolar com total assertividade para o plano interno, o resultado nas eleições europeias foi o primeiro arrepio de André Ventura, uma perda de relevância política que o partido tem procurado contrariar com a busca incessante de ganhos nas redes sociais. A estratégia, básica e decalcada do pior que se vê noutras latitudes, vive de publicações que sustentam a lógica extremista.

É verdade que somos o país onde um Orçamento foi aprovado tendo como moeda de troca medidas protecionistas para o queijo limiano.
Mas não vale tudo e, felizmente, somos mais bairristas do que racistas."

Vitor Santos, Diretor- executivo do Jornal de Notícias

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Canadá, um País liberal e capitalista....

 Via Público

Quantas vezes já não pensei nisto...

Na foto, J. M. Coetzee, em 2004

"Temos que cultivar, todos nós, uma certa ignorância, uma certa cegueira, ou não conseguiremos tolerar a sociedade."

- J. M. Coetzee, escritor sul-africano, Nobel da Literatura

Nota de rodapé.
Felizes são aqueles que passam pela vida sem muito pensar e sem muito refletir?
Por aquilo que, por vezes,  observo em meu redor, a ignorância, ou uma certa cegueira, admito que em certas ocasiões simplifica a vida.
Quem sabe, sofre. Quem sabe, irrita-se. Quem sabe, torna-se muitas vezes aborrecido, inconveniente, maçador - quiçá chato.
Citando uma paródia do bom selvagem de Jean Jacques Rousseau, o homem nasce feliz. O conhecimento é que estraga tudo, chegando mesmo a corrompê-loSão muitos os problemas e irritações que arranjam os que vivem à procura do conhecimento.
Refletir sobre a vida, a Aldeia, o concelho, o país ou o mundo, pode conduzi-lo à melancolia. Analisar e esmiuçar pode tornar-se ingrato. 
Contudo, será que a felicidade está na vida que se vive sem viver?.. 

Sondagem revela as preocupações dos figueirenses: "a falta de médicos de família, de unidades de saúde e de maternidade ocupa o 10.º lugar, com 7,8%"!...

 Via Diário as Beiras

"A Ucrânia volta a surpreender", ou o mundo está cada vez mais perigoso?..

Imagem: daqui
«Pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, a Rússia, uma superpotência nuclear, foi invadida
A incursão ucraniana do início deste mês, por territórios onde os russos travaram algumas das mais intensas batalhas contra os nazis, tem todo este peso histórico e surpreendeu inimigo e aliados. Um novo capítulo numa guerra onde continua a balançar o equilíbrio geoestratégico do mundo. Os ucranianos mostraram-se, outra vez, capazes de espantar todos, com um gesto táctico de consequências imprevisíveis, sem que se saiba até onde levarão a sua iniciativa.

O retrato que publicámos de uma prisão ucraniana cheia de soldados russos capturados é mais uma oportunidade para lembrar que nesta guerra não é só o povo ucraniano que sofre pela ambição insensata de um autocrata que não aceita a existência de democracias à sua porta, especialmente se forem antigos integrantes da URSS, que nostalgicamente ele gostaria de recuperar. 
Ou é também uma oportunidade para lembrar as palavras do veterano da I Guerra Mundial Henry Allingham, que morreu em 2012 com 113 anos: “A guerra é estúpida. Ninguém vence. É melhor conversar primeiro, de qualquer forma terá de conversar no final.”»

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Imposto sobre super-ricos de Portugal valeria 3600 milhões ao Estado

Via Público

«Se Portugal aplicasse um imposto especial sobre as maiores fortunas, tal como se faz em Espanha desde o final de 2022, arrecadaria mais 6,6% de receita fiscal para os cofres do Estado. As contas são de dois especialistas em economia e finanças num estudo internacional apresentado ontem, semanas depois de o G20 ter sido desafiado a discutir a subida de impostos sobre os super-ricos.»

Serenatas do Mondego: edição 2024 termina hoje

 Via Diário as Beiras

Esta deliberação está relacionada com a defesa da continuidade da atividade da pastelaria, padaria e café, que teria de encerrar para aquele edifício da Junta de Maiorca poder ser reabilitado e reconvertido em oito apartamentos com renda acessível, de acordo com as condições impostas pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana

 

Se as eleições fossem hoje, os figueirenses davam maioria absoluta a Santana Lopes e à FAP

Não sou bruxo, nem tenho informação privilegida. Contudo, ando na rua, nos supermercados, nos cafés, nos restaurantes, falo com imensa gente. Resumindo: ouço o Povo.
Por isso, apenas por isso, há 3 dias escrevi o seguinte na minha página do facebook.
"Governar um País ou um Concelho, não é fácil.Que o diga o Dr. Luís Montenegro, agora na posição de primeiro-ministro.Na Festa do Pontal, quando era oposição ao Governo de António Costa, o discurso era mais fácil. Tudo estava mal.
Penso que já deu para ver que o seu desempenho como primeiro-ministro a comandar este Governo não tem sido brilhante.
Ser Governo em Portugal, em 2024, não é fácil. Basta olhar para Saúde, nomeadamente a grave crise nas urgências nos hospitais e na maternidades.

Na Figueira, porém, ser poder tem sido um passeio para a minoritária FAP.
No poder, está o Dr. Pedro Santana Lopes.
A oposição é, não digo inexistente, mas tornou-se invisível há muito.
Não passa de uma ficção democrática sem préstimo ou valor, mesmo para quem está no Poder.
A opinião pública ignora-a.
Pode ser que o concelho se lembre dela, numas próximas eleições, quando se quiser vingar da governação anterior..."
Hoje via Diário as Beiras, tive a confirmação da realidade daquilo que era a minha percepção.
«Uma sondagem da Intercampus tendo como cenário as eleições autárquicas de 2025, através de inquérito presencial realizado nas 14 freguesias do concelho da Figueira da Foz, dá maioria absoluta ao movimento independente Figueira A Primeira (FAP), com Santana Lopes como recandidato. 
De acordo com a sondagem, as intenções de voto sem abstenção dão 42,1% à FAP (ganhou em 2021 com 40,4%) e 22,6% ao PS (registou 38,4% em 2021). O PSD atingiria 15,2% dos votos, (obteve 10,8% em 2021). Na mesma sondagem, o Chega, que em 2021 viu a sua candidatura anulada pelo tribunal, em 2025 não obteria mais do que 2,9% dos votos. A CDU, por seu lado, alcançaria 2,3% e o BE 1,8%. O CDS/ PP ficar-se-ia pelos 0,4%. 
Esta sondagem permite ainda inferir que, de acordo com os resultados da mesma, Santana Lopes, recandidatando-se pela FAP, não precisaria do apoio do PSD para vencer com maioria absoluta, embora a reforçasse de forma significativa. 
Por outro lado, quando os inquiridos respondem à pergunta sobre quem seria o melhor presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes é o vencedor “absoluto”, ao reunir 65,6% das preferências. Carlos Monteiro (PS) reúne 15,6%, João Portugal (PS) 1,7% e Anabela Tabaçó (FAP) 0,5%. 
Acerca da notoriedade daqueles quatro nomes propostos na sondagem da Intercampus, mais uma vez, Santana Lopes arrasa a concorrência. O presidente da Câmara da Figueira da Foz é conhecido por 99,7 dos inquiridos. O antecessor Carlos Monteiro, por seu lado, surge em segundo lugar, com 68,9%. João Portugal chega aos 47,% e Anabela Tabaçó fica-se pelos 27,8%. 
A sondagem faz ainda a avaliação (de um a cinco) dos candidatos e do executivo camarário, com Santana Lopes de novo com vantagem destacada, chegando aos 4,1. Por sua vez, o executivo camarário obtém 3,9, Carlos Monteiro 3,6, Anabela Tabaçó 3,4 e João Portugal 3,3. 
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, sobre os resultados da sondagem, Santana Lopes foi comedido na reação. “Agora é agora; daqui a um ano, se verá como será”, respondeu o autarca. Santana Lopes, que afirmou recentemente ao DIÁRIO AS BEIRAS que ainda não decidiu se vai recandidatar-se, foi eleito presidente da Câmara da Figueira da Foz em 2021, sendo candidato da FAP, com maioria relativa. O movimento independente elegeu quatro vereadores, o mesmo número do PS. O PSD elegeu um, que acabaria, em junho do ano passado, por integrar o executivo camarário. 
Em 2021, o PS, após 12 anos consecutivos no poder local na Figueira da Foz, manteve a maioria na Assembleia Municipal. Por outro lado, conquistou 11 das 14 juntas de freguesia - a FAP governa em duas e o PSD numa.»

Precisamos mesmo de tantos turistas?

«Itália, Espanha, Grécia lutam há anos com o excesso de turismo, que tem levado à descaracterização das cidades e brutal inflação e ao desespero dos próprios habitantes, expulsos da sua vida e residências por um mercantilismo avassalador de baixo nível. Valerá isto a pena face aos supostos lucros que o mesmo turismo traz? No livro Grande Hotel da Europa, que recomendo, um funcionário da Câmara de Amesterdão calcula que o turismo rende à cidade cerca de 64 milhões de euros por ano, mas, em contrapartida, o aumento das despesas em limpeza municipal, sobrecarga dos serviços de saúde e de policiamento, reparação de danos, entre outros, ascende aos 71 milhões, aos quais acresce o prejuízo causado pelo afastamento dos habitantes para as periferias. Discute-se um novo aeroporto, de custos astronómicos, para que mais milhões de turistas nos visitem e destruam o que ainda existe, sob o lema de que “o progresso é inevitável”; não seria mais produtivo investir na modernização do nosso sistema político e judicial e na desburocratização administrativa, promovendo assim o nosso real desenvolvimento? Com tantos exemplos europeus, será que não devemos parar e pensar no que queremos para o nosso país?»

Isabel Ribeiro, jornal Público

Fumo tóxico na Madeira

Via Público

«O incêndio da Madeira veio também pôr a claro um outro problema, que é o do tóxico ambiente político que se vive no arquipélago. As críticas da oposição, justas ou injustas, fazem parte do jogo político e é natural e desejável que surjam quando há dúvidas sobre a forma como foi feito o combate ao incêndio. Muito menos normais, e censuráveis em democracia, são os termos escolhidos pelo presidente do governo regional para rebater essas críticas. Expressões como “um conjunto de abutres políticos” ou “treinadores de bancada”, dirigidas a quem está a exercer o seu papel na oposição, são de quem não vive bem com o escrutínio que deve esperar do seu exercício de poder. Se lhe juntarmos o alijar de responsabilidades para o poder central, justificadamente podemos começar a pensar que Alberto João Jardim pode ter saído do poder, mas o poder regional não conseguiu afastar-se muito do estilo belicoso de Jardim. Pelo contrário, os ecos que chegam da Madeira mostram que estamos cada vez mais afastados do clima de abertura que se viveu nos tempos finais do jardinismo...»

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Nascer na Figueira deixou de ser possível há quase há 18 anos. Entretanto, como malandros que somos, enceraram-nos a morgue. Mas, isso pode mudar...

A Maternidade da Figueira está encerrada desde 4 de novembro de 2006.
Foi uma bebé russa que encerrou bloco de partos. Uma menina com 3.230 gramas, com mãe de nacionalidade russa, nasceu às 00h30 do dia 1 de Novembro.
Este nascimento, fechou um ciclo que durava há 59 anos e que havia sido criado para responder a uma necessidade de um concelho, que se acreditava estar em desenvolvimento. 
Nessa noite, nos corredores da maternidade do HDFF o ambiente era sereno, mas sentia-se a tristeza. Os sorrisos tímidos, as palavras quase nenhumas e o carinho com que se abraçou a última bebé ainda foi maior.  
A última bebé a nascer no bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira veio ao mundo poucas horas depois de se conhecer a data de encerramento daquele espaço.
Por curiosidade, fica o rosto politico do fecho da Maternidade da Figueirara da Foz: CORREIA de CAMPOS, ministro da saúde de um governo socialista chefiado por José Sócrates.

A nossa cidade foi assim espoliada do acto mais bonito da vida: “nascer na Figueira!”
Entretanto, também encerraram morgue.
Não podemos “nascer na Figueira”, não podemos “morrer na Figueira”!
Portanto, “nascer e morrer longe da Figueira”, foram medidas tomadas para ajudar a resolver a crise! ...
Em primeiro lugar estava a resolução do défice! ...
A maternidade encerrou, por não conseguir 1500 partos por ano! ...
A culpa é sempre nossa! ...
Somos uns malandros: nem procriamos a valer! ...
Encerrar a morgue foi algo esperado e compreensível: se somos malandros a nascer, teríamos  de ser empreendedores a morrer? ...
Uma morgue não pode ser ridícula. Tem de ter número de mortos a sério.
Para não termos de ir morrer longe, teríamos de morrer muito - e em força!...
Na Figueira, nem para a morte houve há saída!... 

Porém, temos de salvar o porvir! ... 
Ainda havemos de poder continuar a “morrer na Figueira”! ...
Sejamos bairristas em tudo. Mesmo no futebol e na morte! ...
Temos de contribuir para salvar o futuro. De forma gratuita, aqui fica o meu contributo para a campanha “MORGUE ABERTA”.
“Há mínimos a cumprir/Quer que a morgue da Figueira volte a viver?/Mate-se já!/A valer./Força!/Juntos vamos conseguir! ...”
Temos aí algo que nos pode ajudar a ter de reabrir a morgue: exploração do caulino
Há pouco, decorreu a consulta pública do pedido de atribuição de direitos de prospecção e pesquisa de minerais de areias siliciosas e argilas especiais, nomeadamente caulino, para a área designada Feteira, lê-se no edital da Direção-Geral de Energia e Geologia. O pedido para a realização das sondagens nos terrenos foi apresentado pela empresa Aldeia, S.A., com sede no concelho de Leiria. A contagem do prazo para a participação na fase da consulta pública, no Portal Participa (na internet), começou no dia 3 deste mês e prolongou-se por 30 dias úteis. Os eventuais interessados puderam consultar os documentos do processo – memória descritiva do pedido de prospeção e pesquisa, cópia do requerimento, mapa de localização, dados da área do pedido e pareceres das entidades consultadas. 
A consulta dos referidos documentos foi feita através do citado portal e da página da Direção-Geral de Energia e Geologia na internet. Segundo o edital da Direção-Geral de Energia e Geologia, naqueles documentos já constam as reformulações resultantes da alteração oficiosa da área promovida por este organismo público decorrente da análise das condicionantes apresentadas pelo parecer da Câmara Municipal da Figueira da Foz, igualmente disponível para consulta.
Por último, ainda de acordo com o citado edital, as observações e sugestões no âmbito da consulta pública, especificamente relacionadas com aquele pedido de prospecção e pesquisa de caulino na localidade de Feteira, devem ser apresentadas no Portal Participa, onde, afiança o edital da Direção-Geral de Energia e Geologia, “serão devidamente analisadas e consideradas”
Questionado a meio do mês de Julho passado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, sobre a posição da Junta de Freguesia de Vila Verde em relação à eventual exploração de caulino na freguesia e que diligências e ações pretende levar a efeito, em caso de oposição, o presidente da Junta de Vila Verde, Vítor Alemão, respondeu: “cabe ao povo decidir e defender a sua vontade”

Neste momento, creio que a Assembleia Municipal da Figueira da Foz é a entidade que pode impedir a realização do projeto. 
Mas, porque deveria fazê-lo?
Em 2024, no nosso País, o Interesse Público não passa por  defender um concelho com ar puro e água potável, fauna e flora saudáveis, seres humanos livres de doenças provocadas pela ganância de outros seres humanos, animais convivendo em equilíbrio saudável com outros animais e com os seres humanos, ruas limpas e segurança física dos moradores, sobretudo, crianças, mas satisfazer eventuais interesses económicos de empresas privadas que procuram o lucro.
Perante o risco de prejudicar o lucro de um grupo económico, o que representam para os políticos os habitantes do concelho, em especial os malefícios infligidos aos habitantes da freguesia de Vila Verde, mais concretamente aos habitantes do Casal da Marinha, do Ervidinho, da Feteira de Baixo e da Feteira de Cima, de Lares e aglomerados incluídos, Casal Andrade, Vale de Avito, Gândara de Lares?

Não sei exactamente porquê, mas nestas alturas lembro-me de Miguel Torga.
“É uma tristeza verificar que a política se faz na praça pública com demagogia e nos bastidores com maquinações. E mais triste ainda concluir que não pode ser doutra maneira, dada a natureza da condição humana, que nunca soube distinguir o seu egoísmo do bem comum e vende a alma ao diabo pela vara do mando. A ambição do poder não olha a meios, pois todos lhe parecem legítimos, se eficazes.”

Terceira edição do passeio realiza-se no próximo dia 1 de setembro

 Via Diário as Beiras

Em Agosto, o figueirense é um cliente estranho

Via Diário de Notícias


«O sol que escalda a calçada irregular das ruelas de Alfama confirma que é agosto a quem mora no bairro por estes dias. Os ponteiros do relógio já perderam o meio-dia e os degraus das Escadinhas de Santo Estêvão, que são afortunadamente abraçados por meia sombra, servem de colo aos turistas que desembrulham sandes e abrem latas de refrigerantes numa pausa forçada pela fome, que aperta neste início de tarde. Pelas ruas há esplanadas despidas de clientes e empregados estrangeiros de avental e sentinela à porta dos restaurantes. No número 70B da Rua do Vigário há um inquilino que se despede, neste que é o seu último verão a viver numa das zonas mais típicas da capital. Depois de uma década, o restaurante Boi-Cavalo já tem data para encerrar. 
Em outubro, Hugo Brito rodará a chave para trancar a porta pela última vez e a culpa é da matemática. A multiplicação dos custos, aliada à soma das despesas, com a subtração de clientes ditou a decisão do chef. “Os últimos oito meses foram, comparativamente com todos os anos anteriores, os piores. Houve uma quebra brutal na procura. Junho e julho foram trágicos para toda a gente. Pensei que pudesse ser só em Lisboa, mas tenho falado com pessoas de outros sítios e ninguém tem boas histórias para contar na restauração”, explica.»
Nota de rodapé: ... claro que isto é em Lisboa. Na Figueira, tudo caminha sobre rodas. Ao ponto de alguns empresários da restauração, neste mês de Agosto,  a atentar nos preços praticados e na falta de atenção que dão aos indígenas, presumivelmente, devem pensar que o fluxo turístico chega e sobra para os alimentar o ano todo... 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

"Quando permite que membros da Habeas Corpus calem, à força, cidadãos que se reuniram para defender ideias que não ofendem a lei, a Polícia não garante o equilíbrio entre direitos"

 Via Jornal de Notícias

Num ano, mais que duplicaram os municípios nacionais a aplicar a taxa turística

"No prazo de um ano, desde Julho de 2023, mais que duplicou o número de municípios que aplicam a taxa turística, a cobrar sobre as dormidas realizadas em estabelecimentos hoteleiros ou unidades de alojamento local situados nos seus territórios, num determinado período. Se, no ano passado, por esta altura, eram apenas 15 os concelhos portugueses que cobravam esta contribuição, são já pelo menos 38 aqueles que a arrecadam ou começarão a fazê-lo até Outubro próximo. E outros mais se preparam para avançar, nos próximos meses, com a instituição desta tarifa, cuja aplicação tem sido justificada como forma de mitigar os efeitos da pressão turística.
Apesar das críticas, que se intensificaram com a recente decisão da Câmara de Lisboa de duplicar a sua taxa turística de dois euros para quatro euros por noite, a entrar em vigor em Setembro, este parece ser mesmo um movimento imparável.
«Está-se a banalizar este tributo, que está ligado, em grande parte das vezes, a uma forma fácil de tentar fazer dinheiro. Não faz sentido a sua aplicação em alguns sítios que, nitidamente, não sofrem de uma grande carga turística», diz ao PÚBLICO Cristina Siza Vieira, vice-presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), citando os casos recentes de criação da taxa em Amarante, Vila do Conde e Loures. «É um instrumento que tem de ser usado com moderação.»"

Silêncios tão ruidosos como as bombas que destroem universidades

João Rodrigues


"Esta ruína é o que sobra da principal universidade de Gaza, arrasada pelo colonialismo sionista, no quadro de um metódico processo de eliminação de uma nação. Já não resta qualquer universidade, já não há escolas. 

Apesar dos protestos de estudantes e docentes, incluindo de sindicatos da FENPROF, e de uma ou outra tomada de posição, como a da Universidade do Minho, o silêncio cúmplice tem dominado a universidade portuguesa. 

Este silêncio dominante está em linha com a história mais tenebrosa da universidade, tanto mais que outro galo cantou quando começou a Guerra da Ucrânia. Até um notável professor russo chamado Vladimir Pliassov, que garantia graciosamente o ensino desta língua, foi saneado sem mais pelo reitor da minha universidade, lembrai-vos. Também houve quem protestasse, umas centenas de professores com memória. Também não valeu de nada, embora haja combates cujo mérito está logo em travá-los.

Israel é Israel, não há cá cortes de relações ou sanções. O fascismo também era o fascismo. Por cada Bento de Jesus Caraça, havia dezenas de medíocres papagaios do corporativismo fascista e do liberalismo autoritário de recorte fascista, de acordo com a fase ou a tendência. 

Hoje, a desdemocratização das universidades, conquista UE/OCDE que apagou a herança de abril no governo universitário, paga-se mesmo muito cara, em cada vez mais planos, com reitores e diretores dotados de poderes longos e de legitimidades democráticas curtas. Estamos cada vez mais próximos do informal modelo Nova SBE, da opaca Universidade SA. 

Sabem qual é a razão destes silêncios universitários dominantes, dado que aí os professores de carreira têm outra estabilidade? É tudo brutalmente simples, creio, para lá das convicções ideológicas: dada a cumplicidade ativa dos EUA e da UE, há financiamentos que não podem ser perdidos e a ciência está cada vez mais sob controlo, convém não arriscar. Há quem arrisque, claro. Sempre houve.

Entretanto, o genocídio atinge sempre a informação, o conhecimento e a cultura, sem as quais não há essa aposta diária a que chamamos nacionalidade. As elites portuguesas não a valorizam, algumas até a apoucam, mas as elites palestinianas não se podem dar a esse luxo. 

Os comandos colonialistas da morte têm assassinado mais jornalistas do que em qualquer outro cenário de guerra na história. Os jornais portugueses, os jornalistas portugueses, também andam demasiado silenciosos. Aposto que é da precariedade e do correlativo medo entre os que sabem, por contraste com a opulência dos apologistas da morte na televisão. E a cúmplice UE financia cada vez mais o jornalismo e Israel também. Sim, estou a pensar em monstros morais, como a avençada Helena Ferro Gouveia.

Os consensos de Washington e de Bruxelas (e de Telavive) explicam tudo, mas tudo, sobre a elite com mais poder deste país - entreguista, vira-latista, mandonista.

Sim, precisamos de palavras vindas do Brasil e já agora de seguir o exemplo das suas muito mais corajosas academia, media alternativa e política externa."

Borda do Campo foi integrada na Delegação da Cruz Vermelha da Figueira

 Via Diário as Beiras