«JÁ AGORA», por Luís Osório
segunda-feira, 20 de junho de 2022
Nas nossas páginas escrevemos sobre o que queremos: ninguém é obrigado a ler
Voluntários da Figueira da Foz insatisfeitos com verba de transporte de doentes
"A saúde é um bem precioso para as pessoas"
Recordemos o que se passou na freguesia de S. Pedro: o encerramento do Posto Médico da Cova Gala esteve anunciado para 2 de maio de 2016.
Depois dos alertas deste espaço e do combate ao encerramento do Posto Médico da Cova Gala, que teve OUTRA MARGEM, como era sua obrigação na primeira linha, ficámos assim.O posto médico da Cova e Gala ficou sem as seguintes consultas: Saúde Infantil, Saúde Maternal; e Planeamento Familiar.
Estas consultas passaram a ser feitas em Lavos.
Ficou por cumprir a promessa camarária do transporte a quem não o tiver e for carenciado.
Na Assembleia da República abordou o tema por diversas vezes.
Conforme se pode verificar pelo vídeo, Ana Oliveira questionou o então ministro Adalberto Campos Fernandes sobre o assunto, que lhe garantiu “fazer tudo para que não encerrem serviços”.
A então única deputada figueirense na Assembleia da República, na breve passagem como vereadora pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, questionou o presidente da câmara, João Ataíde sobre este assunto na reunião de Câmara realizada a 20 de Novembro de 2017.
O então presidente da câmara, João Ataíde, referiu que a política de saúde é da competência do respectivo ministério.
Nessa reunião de Câmara, a vereadora Olga Brás mostrou-se “chocada” com o estado do Centro de Saúde de Buarcos, na cidade, que tinha cinco casas de banho sem funcionar devido a problemas de esgotos, autoclaves inoperacionais e esterilização de roupas efetuada com água fria.
Sem apontar críticas ao antigo executivo, a autarca salientou que a lavagem de roupa naquela unidade é feita com água fria devido a uma avaria na máquina de lavar, quando as normas da Direção Geral da Saúde apontam para lavagens com água a 80 graus.
Por outro lado, no mesmo edifício funcionam quatro unidades, o que, segundo a vereadora, dificulta a sua gestão, pelo que em reunião com o diretor do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego ficou decidido que em Buarcos só vai funcionar uma Unidade de Cuidados Permanentes (UCP).
De acordo com a Olga Brás, só para recuperar o Centro de Saúde Buarcos são necessários 250 mil euros, embora o de São Julião necessite de 700 mil euros de investimento e o de Quiaios precise de resolver um problema de infiltrações.
Em Quiaios, existia também um “grande constrangimento” com a falta de médicos, que a vereadora responsável disse ter a garantia de ser resolvida nos próximos dias.
A autarca ordenou, entretanto, a realização de projetos para requalificação dos centros de saúde do concelho que necessitam de intervenção, de forma a apresentar candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência assim que abrirem os concursos.
Naquela altura, só a unidade de Maiorca tinha projeto apto a ser candidatado.»
Governo trata-nos (muito mal) da saúde
domingo, 19 de junho de 2022
É preciso sorrir ao futuro
Louvados sejam o Santo António, o São João, o São Pedro e as suas graças.
Determinam estes dias que a diversão e a alegria se unam, deitando para trás das costas a maldita pandemia.
Cabe-nos apagar memórias recentes menos agradáveis e sorrir sem tibiezas e descaradamente ao futuro.
A festa também serve para isso.
sábado, 18 de junho de 2022
Turismo figueirense
A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Maio de 2022.
Se nada for feito, dentro de poucos anos o turismo na Figueira poderá não passar de uma bela recordação. Neste momento, o produto turístico que a Figueira tem para vender não é único no mercado do sector: o sol nasce em todo o lado.
Por conseguinte, aquilo que a Figueira for capaz de oferecer, para além do sol, é que poderá atrair o turista. A praia, a não ser que um golpe de asa genial de Santana Lopes reverta a situação, há muito que deixou de ser aquela que Ramalho Ortigão viu em finais do século XIX: "a mais linda praia de Portugal!”
A praia da Figueira, já não é a primeira praia de banhos portuguesa. Uma praia bela, que caprichosamente se estendia entre o Forte de Santa Catarina e a baía de Buarcos, banhada pelas águas límpidas e despoluídas do frio Atlântico, visão que se espraiava para poente, até ao longe, lá no horizonte longínquo, até tocar e se confundir com o azul do céu.
A partir da década de 60, quando os turistas ingleses abastados descobriram o Algarve, estâncias balneares como a Figueira, começaram a perder importância.
Na altura, a Figueira tinha uma actividade pujante nas pescas, nos têxteis, na indústria conserveira, exploração das salinas, estaleiros, no vidro. Foi por essa época, que foi implantada na Leirosa a primeira fábrica de pasta de papel. No interior do concelho, a agricultura e a pecuária ajudavam a compor o orçamento familiar.
Quando os decisores políticos e o sector ligado à actividade turística, começaram a descobrir e a perceber que, na Figueira, o turismo era uma actividade com retorno económico, com base nesta percepção, tentaram adaptar-se.
O primeiro erro histórico veio a seguir: deixaram que fosse o turismo a ditar o desenvolvimento e não o desenvolvimento da região a potenciar a actividade turística.
Aos poucos foram copiando alguns dos piores exemplos em matéria de urbanismo e ordenamento do território, aumentando a capacidade hoteleira e de restauração, mas começando a diminuir os padrões de qualidade que caracterizaram o concelho nos anos 40 e 50 do século passado. Foi aí que teve início a transformação na urbe sem qualidade e esteticamente pouco harmoniosa em que nos tornámos. Que o último executivo PS agravou, por exemplo, com as obras em Buarcos e a trapalhada que implantaram no Cabedelo.
Registe-se, porém, que foi na década de 80 que se cometeram os maiores atentados à sustentabilidade do meio ambiente. A Torre Jota Pimenta e o edifício Atlântico, são disso exemplo. Depois, para compor o ramalhete, veio o Galante.
O termo sazonalidade faz parte do dia a dia de quem vive de e para o turismo na Figueira da Foz. Se, por um lado, recebemos milhares de turistas em determinados períodos, por outro lado, não criámos as infra estruturas de base consentâneas com uma actividade motor de toda uma região.
Ao turismo na Figueira, resta-lhe funcionar paralelamente com as outras actividades económicas. A Figueira é, hoje, uma urbe desorganizada e carenciada ambientalmente, sem sustentabilidade e com fracas noções de estratégia de desenvolvimento.
O Turismo figueirense sofre uma concorrência feroz de mercados mais atraentes.
Pensar o futuro do turismo na Figueira, é definir se queremos continuar a apostar no turismo da forma que temos feito até aqui, ou se queremos introduzir algo inovador que passe pelo planeamento e sustentabilidade.
A meu ver, continua por definir o que precisa a Figueira da Foz em termos turísticos.
Continuamos "a viver um claro momento de impasse". O "concelho continua doente. As aspirinas não resolvem nada". Continuamos "a precisar de antibióticos"...
O desígnio turístico figueirense está claro: "tornou-se um concelho organizador de eventos".
Organizar ou patrocinar alguns eventos, foi a grande ambição do turismo figueirense nos últimos anos.
Até ao momento, o desígnio da actividade avulsa promovida neste sector nos úíltimos tempos continua. A verdade, porém, é que não existe qualquer lógica económica. A máquina de agitação e propaganda da autarquia atira para cima das pessoas uns números medidos a "olho".
No turismo, como em qualquer negócio, custa muito criar uma marca. E a Figueira da Foz, que já foi uma marca no turismo nacional – e muito importante –, hoje é um destino banal. Sem essa imagem de marca de qualidade, não é capaz de atrair alguns segmentos de clientes mais exigentes e com maiores recursos financeiros. É nos consumos dos que nos visitam, que vemos o poder de compra dos turistas que escolhem a Figueira da Foz.
sexta-feira, 17 de junho de 2022
A dignidade escasseia
"Há sectores do patronato, do turismo à agricultura intensiva, que querem uma força de trabalho barata e descartável, temporariamente importada se necessário for. Fazem de tudo para não ter de aumentar salários e melhorar as condições de trabalho. E têm cada vez mais poder.
Ao aprovar um visto de trabalho temporário para imigrantes, o Governo, pela voz de Ana Catarina Mendes, fala de “combate à escassez de mão-de-obra”. Até parece que estamos numa situação de pleno emprego. E mais parece gestora de uma empresa de trabalho temporário.
A social-democracia é isto? E o trabalho digno?"
João Rodrigues via Ladrões de Bicicletas
SNS: o cerne da questão é este
Aboborar
“(...) Sabe o sr. uma coisa que nós desconfiamos? Sabe o que nos parece que o sr. tem? Sabe? Pois olhe com franqueza: essa tristeza, esse azedume... O sr. tem a ténia!
Ennes, o sr. tem a ténia! Aí é que está! É o que é! O sr. positivamente tem a ténia. Eis aí. É a ténia.
Esses ódios sem razão, esses rancores, injustificados, essas invejas acres, esse azedume afiado – é a bicha!
Agora percebemos: todo o seu modo de pensar, de dizer, de criticar, de atacar –não é uma filosofia, é um verme! O seu mal, o mal do seu espírito, não se cura com princípios, com conselhos, com reflexões. Sabe com que se cura? É com pevide de abóbora.
Agora pode-se vituperar, apedrejar, morder, babar, rasgar; enodoar-nos de chalaças, sujar-nos de pilherias, mandar a falsidade ferir-nos pelas costas:
nós diremos na nossa sinceridade: Ennes, pevide de abóbora! O sr. critica-nos, pevide de abóbora! Conta os nossos plagiatos? Pevide de abóbora! Revela os nossos crimes? Pevide de abóbora!
E se o sr. se tornar importuno, repetido, assomant, erguê-lo-emos por uma ponta do frak, e pondo-o a pernear, diante da multidão absorta, gritaremos:
- Ennes, o filósofo, precisa de pevide de abóbora. Há aí alguém que dê pevide de abóbora ao filósofo Ennes? (...)”.
in João C. Reis, “Polémicas de Eça de Queiroz”, vol. II, p. 84.