segunda-feira, 7 de março de 2022

Os alemães usam a cabeça para o que é natural: para pensar...

«O chanceler alemão Olaf Scholz rejeitou, esta segunda-feira, os pedidos realizados pelos Estados Unidos e da Ucrânia para a proibição das importações de gás e petróleo russos como parte das sanções internacionais a Moscovo. 
“A Europa isentou deliberadamente o fornecimento de energia da Rússia de sanções”, garantiu Scholz, em comunicado, acrescentando: “Neste momento, o fornecimento de energia da Europa para geração de calor, mobilidade, fornecimento de energia e indústria não pode ser garantido de outra forma. É por isso de fundamental importância para a prestação de serviços públicos e para o quotidiano dos nossos cidadãos.” 
O Governo ucraniano, com o apoio de vários políticos americanos e europeus, argumentou que o Ocidente devia acabar com as importações de energia russa para parar de ajudar a financiar o baú de guerra do presidente russo, Vladimir Putin.»

A cidade que fomos: a verdade histórica é esta - PRAIA DA SARDINHA

Nota de rodapé.
Via DO LARGO Á PRAÇA, uma publicação de DEZEMBRO DE 2007, que teve o apoio da Câmara Municipal da Figueira da Foz.  

Numa nota enviada ao Palhetas, em Novembro de 2016, o distinto, erudito, premiado e reconhecido intelectual, Sua Exa. o Dr. António Tavares, na altura também vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, e que já era vereador desde 2009, tenta justificar o que não tem justificação - o "porquê" da atribuição da designação "Cais da Sardinha", ao local que a foto mostra, respondeu o seguinte: «Não encontrámos nenhum documento onde o local em apreço seja designado por “praia” e muito menos por “Praia da Sardinha”. Poderá haver, mas desconhecemos.»
E não é que desconheciam mesmo!..
A Figueira merece...
As autoridades figueirenses, nomeadamente o vereador da cultura em 2016, soube OUTRA MARGEM, em rigoroso exclusivo, acabaram por congratular-se com o erro histórico de terem perpetuado no bronze, como "cais da sardinha", um local que teve, nos finais da década 50 do século passado, uma "praia", que funcionou como "lota de sardinha", pois assim evitou-se uma discussão na Figueira sobre indumentária de praia e as autoridades tinham muito mais do que fazer do que andar a abordar senhoras em biquíni numa zona nobre da nossa cidade.
O excesso de roupa poderia, eventualmente,  ofender os  nudistas que viessem a frequentar a "praia da sardinha", como sabemos um local de excelência da nossa cidade.
Aliás, que se saiba -  mas, na Figueira nunca sabemos onde está a verdade histórica!.. - as compradoras de peixe na "antiga praia da sardinha", não usavam biquini no exercício do seu trabalha quotidiano...
Depois da polémica em torno do nome do local, mais uma polémica em torno da indumentária a usar naquele local seria excessivo para uma pequena cidade de província como é a Figueira, pelo que acabou por ser criativo e extremamente útil ter tido a subtileza, a argúcia e a cartomancia, enfim, capacidade criativa de prever baptizar como "cais", um local que foi "praia".
Ouvida pelo OUTRA MARGEM, a única compradora de peixe da antiga "praia" onde funcionou uma "lota da sardinha", ainda viva, também se congratulou e recordou que, "na altura, não lhe permitiram usar biquini na «praia» e ninguém se importou".

Combustíveis...

 Via Aventar

"A concessão da água deve ser renovada?" Depende: se se está no poder ou na oposição...

"A privatização da água no concelho da Figueira da Foz"... Esta, é uma série que já vem longe... Mas que, curiosamente, andou arredada da campanha autárquicas 2021.

Via Diário as Beiras, que citou a agência Lusa Bernardo Reis, o candidato da CDU Figueira trouxe, em setembro de 2021, o assunto à colação. E foi claro.  

NOTA DE RODAPÉ

Os figueirenses ficaram a perder com a privatização da água.
Registe-se: "Foi o Partido Socialista quem privatizou os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento." Todavia, recorde-se, é também "verdade que o contrato de concessão foi assinado em 29 Março de 1999, já na gestão do PSD". Estava no poder Santana Lopes.
Os protagonistas principais têm sido mais ou menos os mesmos ao longo do tempo. Só que, quando estão no poder têm uma opinião. Quando estão na oposição, mudam de opinião. 

Recuemos a 2005. Na altura, o "protesto contra o preço da água na Figueira da Foz começou com pouca adesão". A coisa foi crescendo e uns dias depois o protesto engrossou. O PCP, entendia que a "água é um bem que não deve ser tratado unicamente como fonte de lucro" e que a autarquia da Figueira "está a prejudicar os interesses dos cidadãos ao entregar este tipo de serviços lucrativos a clientelas"Em declarações ao PÚBLICO, o vereador com o pelouro das Águas e Saneamento, Ricardo Silva, defendia que a autarquia da Figueira "explicou tudo o que tinha a explicar na devida altura", não compreendendo, por isso, a "oportunidade" dos protestos. Na petição, dirigida ao presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Duarte Silva, os subscritores exigem esclarecimentos sobre a renegociação dos preços da água acordados, em Dezembro de 2004, entre a autarquia e a empresa municipal Águas da Figueira. "Em reunião de câmara, foi aprovado um aumento de sete por cento, mas os aumentos nas facturas situam-se entre os 26 e os 44 por cento", referiu Carlos Monteiro, um dos promotores da iniciativa, em declarações à agência Lusa. O vereador Ricardo Silva argumentou que o executivo camarário "aprovou, de facto, aumentos de sete por cento, mas apenas no preço da água", não estando incluído nesse valor a tarifa de disponibilidade que entrou em vigor juntamente com os novos preços da água, e que encareceu ainda mais a factura dos consumidores.
Segundo informações cedidas pela empresa Águas da Figueira, a tarifa de disponibilidade é uma taxa fixa paga pelos utilizadores, independentemente do seu consumo, que "substitui o aluguer do contador", além de permitir "repartir de forma equilibrada os custos de investimento e manutenção das redes de abastecimento e saneamento". O movimento cívico que apresentou a petição tem argumentado que a tarifa de disponibilidade não é mais do que "um consumo mínimo encapotado", defendendo, por isso, a sua ilegalidade.
No texto da petição, os subscritores invocam ainda o direito de saber "quais as razões que presidiram à eventual renegociação", e ainda se estão previstos mais aumentos para os próximos anos e em que percentagens para os vários tarifários. O vereador Ricardo Silva "não compreende estas dúvidas", afirmando que a Câmara Municipal da Figueira "já justificou os aumentos com a necessidade de proceder à modernização das estruturas de abastecimento de água e saneamento", confirmando ainda que estão previstos novos aumentos para 2007 e 2010.
Durante a entrega da petição, Carlos Monteiro considerou os preços de água na Figueira da Foz como "escandalosos", adiantando que, legalmente, o presidente da autarquia, Duarte Silva, tem um prazo de dez dias úteis para responder à petição.
Desde que os preços da água aumentaram, em Janeiro de 2005, as acções de protesto não têm parado. O mesmo movimento que entregou ontem a petição, avançou, no início deste mês, com uma providência cautelar entregue no Tribunal da Figueira, com o intuito de suspender os aumentos dos preços da água. Sensivelmente na mesma altura, três blogs na Internet começaram a apelar aos consumidores para remeterem a Duarte Silva a cópia da última factura paga à Águas da Figueira."
Nota: em 2005 ainda não existia o blogue OUTRA MARGEM (foi fundado a 25 de Abril de 2006).

Nas eleições autárquicas que se realizaram em Outubro de 2017, a água foi tema de campanha eleitoral... Numa reunião realizada nas Águas da Figueira S.A., no dia 31 de Agosto de 2017, o Dr. Carlos Tenreiro, na companhia do Dr.Miguel Babo, foram amavelmente recebidos pelo Eng. João Damasceno. 
Na altura, para continuar "as rondas de negociação e o estudo e preparação do plano para a redução do tarifário da água."
Na altura, estávamos em campanha eleitoral... 
A ronda de negociações teve resultados?

Ricardo Silva, número dois na lista de Pedro Machado nas autárquicas de 2021, numa conferência de imprensa, realizada no dia 21 de Novembro de 2018, foi explícito: “a Águas da Figueira não está a cumprir o serviço público”. 
Registe-se: "Foi o Partido Socialista quem privatizou os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento." Todavia, recorde-se, é também "verdade que o contrato de concessão foi assinado em 29 Março de 1999, já na gestão do PSD", já no consulado de Santana Lopes.
A desculpa foi a seguinte: "porque se entendeu que se devia dar preferência aos investimentos no saneamento, em prejuízo da renovação da rede de abastecimento de água, para mais rapidamente poder levar, nomeadamente às freguesias rurais, o saneamento básico que estas não tinham!"
Segundo o PSD/Figueira, "no período compreendido entre 1999 e 2004 foram investidos cerca de 30 milhões de euros!
No mesmo período, foram construídas 9 Etar´s, 70 estações elevatórias, cerca de 200 km de redes de emissários e colectores!"

Ou seja, "o dobro do que existia até 1999!".
Recorde-se, em abono da verdade. A revisão do contrato de 2012 teve o voto favorável dos vereadores do PSD, do PS e dos 100%. Mais uma vez, o centrão funcionou no seu pior... 

A última revisão aconteceu na sessão de câmara realizada no dia 18 de Fevereiro de 2019, estava no poder como vereadora, a Doutora Mafalda Azenha que hoje assina no Diário as Beiras a crónica que podem ler.

Ontem, no comício do Campo pequeno, Jerónimo de Sousa acusou o PS de abrir caminho para as “políticas de direita”

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, no comício de ontem, disse que o Partido Socialista, cuja maioria absoluta alcançada nas eleições legislativas de 30 de janeiro fez desaparecer, em Portugal, a “política patriótica e de esquerda”, abrindo agora caminho unicamente a “políticas de direita”
“São as suas orientações programáticas que o afirmam”, afirmou Jerónimo de Sousa, acusando o PS de ser “a favor dos grupos económicos e financeiros e de submissão à União Europeia e ao euro que condicionam e constrangem o desenvolvimento do país”
Num Campo Pequeno cheio de militantes comunistas, Jerónimo de Sousa falava entre ovações, antevendo “as exigências de uma maior flexibilização do mercado de trabalho” que aí vêm com o novo Governo, que ainda não tomou posse. Isto para além das “limitadas propostas de salário mínimo projetadas para as calendas, reduções de impostos sobre os lucros e mais dinheiro público para os seus negócios privados a pretexto da transição digital e energética”, elementos de uma ‘fatura’ que “os representantes do capital monopolista aí estão a apresentar”, acusou ainda o secretário-geral comunista.
Jerónimo de Sousa é, neste momento, o líder de um partido que ocupa no hemiciclo um total de seis lugares, após uma derrota histórica nas eleições legislativas, que fez à CDU perder seis dos doze lugares que conquistou em 2019. Um ‘quadro difícil’ que Jerónimo de Sousa reconhece, garantindo, ainda assim: “Este Partido Comunista Português nunca se quedou perante adversidades e dificuldades.” 

“O PCP não tem nada a ver com a Rússia e com o seu presidente. E não apoia a guerra”


«O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, disse este domingo que o partido "não apoia a guerra" e classificou como "uma vergonhosa calúnia" a contestação que tem sido feita contra a posição do partido em relação ao conflito na Ucrânia, referindo que "tem servido para uma nova campanha anticomunista".

Em declarações no final do comício "Pela paz, a liberdade, democracia e o socialismo", que assinala os 101 anos do partido, o líder comunista aproveitou para se afastar, também, da Rússia e das políticas de Putin. "O PCP não tem nada a ver com a Rússia e com o seu presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia", disse.

Jerónimo de Sousa já tinha dito, no primeiro dia da ofensiva russa na Ucrânia, que as políticas da Rússia atual são de um país capitalista e um ataque à União Soviética.

"O posicionamento do PCP é de solidariedade com os povos e é por isso que condenamos a expansão da NATO para leste e a política imperialista dos Estados Unidos", disse o secretário-geral comunista, lançando de seguida o repto: "Reflitamos nem que seja durante dez segundos: a quem serve a guerra? Não aos ucranianos, nem aos russos, nem tão pouco aos restantes povos europeus".

Por isso, diz, "o PCP apela ao fim da escalada de confrontação", opondo-se "ao imperialismo, à ingerência e à política belicista protagonizada pela NATO e pelos Estados Unidos, bem como ao fim da militarização da União Europeia", manifestando-se também contra a "venda de armas que permite aos Estados Unidos lucrar "económica e militarmente" com um conflito "a milhares de quilómetros das suas fronteiras"

Texto via Diário de Notícias

PORTINHO DA GALA, uma estrutura que custou mais de 2 milhões de euros, que é utilizada "sem rei nem roque" há 18 anos...

O Portinho da Gala foi inaugurado em 2004. Cerca de 10 anos depois, a autarquia inaugurou um centro cultural e de convívio, que custou cerca de 120 mil euros,  para a comunidade piscatória. Pelo meio, foram construídos os 80 armazéns. 
Desde 2018, há cerca de 4 anos, que o gabinete jurídico da Câmara da Figueira da Foz está a fazer um novo regulamento para o Portinho da Gala, contando com o contributo da Junta de Freguesia de São Pedro e da Capitania da Figueira da Foz.
“Temos de criar normas para o portinho poder funcionar melhor e adequar-se às necessidades dos pescadores”, defendia o anterior presidente da Junta de São Pedro, em Fevereiro de 2018, António Salgueiro, em declarações ao jornal AS BEIRAS.
Para um futuro próximo, estava também prevista uma ligação directa da EN109 à infraestrutura, cujos acessos actuais limitam a actuação dos bombeiros em caso de incêndio, o que também ainda não aconteceu. 
18 anos depois da inauguração desta estrutura de apoio aos pescadores, o Portinho da Gala ainda não tem regulamento, em particular, para a utilização dos armazéns. 
Numa reportagem hoje publicada no jornal Diário as Beiras, fica feito o retrato. A situação que se vive no local “está próxima da anarquia.”
No anterior mandato autárquico, estava previsto passar a gestão do Portinho da Câmara da Figueira da Foz para a Junta de São Pedro e a elaboração de um regulamento. Contudo, os planos não se concretizaram.
O novo executivo camarário, que tomou posse no último trimestre de 2021, está a trabalhar no modelo de gestão e a fazer um levantamento do que é necessário fazer.
O Portinho da Gala, um espaço "que custou 2,0 milhões de euros", continua como sempre esteve desde a sua inauguração: a ser utilizado "sem rei nem roque".
Ao menos "que se explique para que serve realmente, para além de permitir a atracação de uns quantos botezitos de pesca artesanal ou de recreio, e servir, todo aquele enorme espaço, de tranquilo poiso a alguns pescadores à linha de um ou outro robalito que por ali apareça distraído".
A utilização sem regras do equipamento municipal foi recentemente debatida numa reunião de câmara. O vereador executivo Manuel Domingues, que já abordou o assunto com o novo presidente da junta de freguesia de S. Pedro, Jorge Aniceto, definiu assim o estado de coisas: “O Portinho da Gala é um espaço sem rei nem roque”
O autarca visitou o local e constatou que “os pescadores é que são os organizadores do espaço”Jorge Aniceto confirmou, afiançando que é o que se diz, à boca-cheia, na vila de São Pedro. “De um dia para o outro, mudavam-se os utilizadores dos armazéns, vendiam-se as embarcações e os armazéns”.  O armazém está associado à embarcação. “Ainda assim, terá de haver uma comunicação à câmara”.
O assoreamento e a falta de manutenção dificultam a actividade das várias dezenas de pescadores de pesca artesanal que ali têm a sua base logística no Potinho da Gala.
Os armazéns, construídos para armazenamento de redes e outros utensílios relacionados com a actividade piscatória, estão a ser utilizados para diversos fins. Há quem faça deles arrecadações de objectos que já não cabem em casa, oficina, garagem, convívios e outras finalidades. Isto segundo pescadores afirmaram ao DIÁRIO AS BEIRAS, sob anonimato, “para não arranjar problemas”. Segundo as mesmas fontes, alguns dos armazéns estão a ser utilizados por quem já não tem embarcação de pesca, e houve, até, quem tivesse cobrado pelo trespasse. E há já vários anos que ninguém paga pela utilização dos espaços. 

domingo, 6 de março de 2022

Memórias de Adriano, 80 anos depois

Via Diário de Notícias

"Adriano Correia de Oliveira “cantou Abril antes de Abril”, mas tem sido muito esquecido. Se fosse vivo, Adriano Correia de Oliveira faria 80 anos a 9 de abril. Uma exposição alusiva à vida e obra do cantor - que vai percorrer o país - a edição de livros e concertos assinalam a data. Manuel Alegre, autor da maioria das canções por ele interpretadas, lembra-o como "o mais corajoso", e ainda assim, esquecido."

2009/2021: resumo, "breve", de 12 anos de governação socialista na Figueira

Nuno Moita, recandidato a presidente da distrital da federação de Coimbra, deu uma entrevista ao Diário as Beiras que saiu na edição de ontem, sábado.  
O líder distrital do PS/Coimbra faz um balanço positivo do seu mandato e anuncia que volta a candidatar-se.
O jornalista Paulo Marques, a dado momento, coloca-lhe a seguinte questão: "O seu mandato, na Federação, tinha o foco nas eleições autárquicas…"
Nuno Moita, entre outras coisas responde: "É verdade. Hoje, tenho de reconhecer que não correu tão bem quanto queria mas mantivemos a maioria das câmaras do distrito. É claro que perdemos as duas maiores cidades, o que nos deixou triste e a pensar como trabalhar de forma diferente, no futuro.
Em Coimbra, achamos que o Manuel Machado fez um bom mandato e não merecia perder. Já na Figueira da Foz, a situação é diferente, com uma figura mediática a vir de fora e a ganhar por escassos 600 votos"...

Em Coimbra, não conheço em pormenor as razões da derrota de Manuel Monteiro.
Na Figueira, porém, para além do factor Santana, sei o que aconteceu ao longo de 12 anos.
Tivemos políticos fracos, com fortes cabeças, incompetência pura, teimosia dura, que conseguiram fazer brotar algumas ideias. 
Mas, pode-se perguntar: governou-se assim tão mal?
Buarcos, o Jardim Municipal, a Rua dos Combatentes, o Cabedelo, o Bento Pessoa, por exemplo, falam por si...
Todavia, tudo isso e muito mais não foi o verdadeiro problema.
A meu ver, o verdadeiro problema foi terem-se tornado arrogantes. 
E muitos figueirenses (a começar por mim...) não gostam de gente arrogante.

A concessão da piscina-mar deve ser anulada? (3)

 Via Diário as Beiras

Guerra e Paz, 1869

(...) Nevava, mas o tempo estava muito claro. Ao alto das ruas sujas e quase em trevas, por cima dos telhados negros, alastrava um céu escuro salpicado de estrelas.  Só a contemplação dessas altas esferas permitia (...) evadir-se do aflitivo contraste entre a baixeza do que é humano e os nobres sentimentos que lhe enchiam a alma (...)

LEV NIKOLAYEVICH TOLSTOY

sexta-feira, 4 de março de 2022

"Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhe sua"...

 


Via Jornal i
"A União Europeia decidiu suspender as transmissões da cadeia televisiva russa RT (Russia Today) e da agência Sputnik. Também os canais do YouTube destes meios foram bloqueados. Há quem aponte o dedo à UE por esta medida."

Escassez de lampreia e sável e interdição da pesca do berbigão dificultam vida aos pescadores artesanais na Figueira

 Via Diário as Beiras

A inutilidade da moral para ler a guerra

Carlos de Matos Gomes: Coronel do Exército reformado, autor e coautor de vários livros sobre a Guerra Colonial/ Original aqui

"Todas as guerras são condenáveis, a paz é um bem inestimável, todos os povos têm direito a escolher os seus destinos, todos os combates causam sofrimento, mortes, destruições e deslocações. A guerra é sempre uma amálgama de corpos, de sangue e de ruínas. Todos os seres humanos dotados de um mínimo de humanidade são contra a guerra. Contudo, a guerra é a mais antiga e continuada ação humana. A condenação moral da guerra nunca evitou a guerra, nem construiu a paz.

O primeiro dado de partida para a análise de qualquer guerra é não haver moral, mas apenas interesses. Os direitos dos povos e a moral não são elementos do jogo. Nunca são. Na Ucrânia não se defende a liberdade, nem o direito, como não se defenderam esses valores noutras invasões próximas de nós no tempo, a do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, da Síria. Como não foram para os defender que se desencadearam as guerras no Vietname ou, mais atrás, as invasões da Hungria e da Checoslováquia. Como, ainda mais atrás, não foi pela defesa de valores morais que ocorreu a divisão da península da Coreia.

O segundo dado é o de a guerra ter como motivo a conquista de vantagens, ou a defesa de situações e de os pretendentes à conquista desses dois objetivos estarem dispostos a utilizar a violência para os alcançar. Não há guerra sem violência.

O terceiro: a guerra é um fenómeno político e social total. Isto é, envolve não só as sociedades organizadas, os estados contendores, mas os que com eles se relacionam. A guerra nunca é uma luta de um contra um. Atrás de cada contendor posicionam-se os seus apoiantes e, muitas vezes, os seus mentores. Como nas lutas de galos, os verdadeiros contendores são aqueles que os criam e lhes colocam espigões de aço nas pernas!

Uma arena – um palco

O conflito na Ucrânia deve ser entendido vendo a Ucrânia como uma arena onde se defrontam os dois contendores reais: os Estados Unidos e a Rússia. A Ucrânia desempenha hoje, em 2022, o mesmo papel que o Vietname desempenhou nos anos 60 do século passado: um palco, ou uma arena onde uma superpotência utiliza um território exterior para defrontar de forma indireta outra superpotência. Angola pós independência (1975) é outro exemplo deste tipo de conflitos indiretos jogados em territórios exteriores.

O que está em jogo na Ucrânia é uma disputa por zonas de influência e por estatuto de potência planetária entre os Estados Unidos e a Rússia, além de apropriação de recursos por parte dos grupos dominantes. Todos os Estados, embora independentes, detêm apenas uma soberania limitada. O Ultimato Inglês a Portugal no século dezanove é um exemplo. A utilização da Base das Lages na Guerra dos 6 Dias. Outro ainda, mais recente, foi o 25 de Novembro de 1975, quando os EUA e os Estados Europeus impuseram a Portugal um regime padronizado pelas democracias europeias, sem qualquer veleidade de inovações resultantes da revolução do 25 de Abril de 1974.

Restos da II Guerra Mundial e da Guerra Fria

O conflito na Ucrânia é ainda o resultado da divisão do mundo em duas áreas dominadas pelas potências vencedoras da II Guerra Mundial: os EUA e a URSS.

Entretanto ocorreram tentativas de criar espaços alternativos, caso do Terceiro Mundo e do Movimento dos Não-alinhados, que não se impuseram, e a China começou a emergir como uma superpotência desafiante das outras duas, com o sucesso visível. Nixon insuflou a estratégia da China no processo de conquista do estatuto de superpotência, seguindo o princípio de que o inimigo do meu inimigo (URSS) é meu amigo. A promoção e o êxito do maoismo nos anos 60 e 70 do século passado como fenómeno de moda nas juventudes ocidentais não foram inocentes. Foram atos de manipulação política.

A CEE, que deu origem à atual União Europeia, é um espaço secundário, como o foi o Terceiro Mundo, mas por razões várias optou pelo alinhamento com os Estados Unidos, abdicou de ser um espaço autónomo e os ingleses encarregaram-se de sabotar qualquer tentativa de autonomia, isto é, que a União Europeia fosse uma aliança estratégica com uma estrutura e um projeto. De Tatcher a Blair os chefes de governo do Reino Unido recusaram aceitar que o projeto europeu fosse mais do que uma mera zona de comércio. Era assim que Boris Johnson pensava em 2016, quando o Reino Unido estava na União Europeia e a Ucrânia manifestou interesse em aderir. Boris Johnson opôs-se à entrada da Ucrânia na União Europeia porque isso fortaleceria a UE num tempo em que os Estados Unidos ainda não estavam interessados em afrontar a Rússia. Entretanto ocorreu o Brexit e Trump foi substituído por Biden. Este defende outras abordagens para garantir os interesses da oligarquia americana e Johnson agora é favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia. Meros interesses e jogadas oportunistas de poder. Nada de moral, nem de luta pela liberdade.

A China

O fim da URSS pareceu dar vantagem aos Estados Unidos e à China. Os EUA elegeram então a China como inimigo principal e o Pacífico como a sua zona vital. Esta mudança de inimigo principal e de zona vital não podia, contudo, ser feita descurando a frente Ocidental (Europa).

O alargamento da UE e da NATO aos países saídos da órbita da URSS, caso das repúblicas bálticas, da Polónia, Hungria, República Checa, Roménia, Bulgária, dos que resultaram do desmembramento da Jugoslávia e a reunificação alemã serviram esse propósito. A instalação de bases militares americanas (ditas NATO) à volta da Rússia foi evidente. Mas a manobra de cerco à Rússia teria a sua pedra de fecho decisivo com a tomada da Ucrânia, o maior país e o território que dá acesso direto a Moscovo.

Desde o início do século a Ucrânia foi palco de várias manobras de desestabilização que tiveram um ponto culminante em 2014 com as convulsões da Praça de Maidan, eleições fraudulentas, golpes mais ou menos explícitos conduzidos pelos Estados Unidos. A Rússia entendeu agora que estava em condições de parar os Estados Unidos, antes de estes absorverem a Ucrânia através da UE e da NATO

Em primeiro lugar a Rússia conta com o apoio da China, a quem interessa que os EUA tenham de se dispersar por duas frentes, uma na Europa e outra no Pacífico, a quem interessa, por isso, uma Rússia forte. Por outro lado, a Rússia contava com a forte e complexa teia de relações comerciais com a União Europeia e com a sua dependência do gás e da ligação na área do aeroespacial para evitar grande contestação à sua operação de retoma do controlo da Ucrânia (uma análise que saiu errada). Contava ainda com as dificuldades de Biden na frente interna americana, com as próximas eleições, os conflitos étnicos e a monstruosa dívida que limitam o bem-estar das populações.

Com estes dados, a Rússia jogou a sua cartada e tomou a iniciativa de atacar a Ucrânia e repor as fronteiras dos Estados Unidos onde elas estavam em 2014.

A desistência da União Europeia

O Terceiro Mundo e o Movimento dos Não-alinhados dos anos 60 e 70 do século passado falharam a sua tentativa de desempenhar um papel de relevo na definição de políticas mundiais, acabando os seus elementos integrados na ordem imposta pelas superpotências. O conflito na Ucrânia revelou a mesma falência da União Europeia.

Os líderes europeus têm afirmado que este conflito revelou união, o falar a uma só voz, é verdade, mas é falso que tenha demonstrado força. Pelo contrário, demonstrou a submissão da União Europeia aos Estados Unidos e, com essa submissão, perdeu autonomia para agir, para escolher parceiros, para servir de ponte entre contendores, para impor os seus interesses, para intervir em áreas tão importantes como o domínio do espaço, das novas tecnologias, as energias, ou as políticas ambientais, por exemplo. A UE passou a ser um apêndice dos EUA, uma extensão. Um estado vassalo. 

Fuck the EU

A expressão foi proferida por Vitoria Nuland (filha de um médico ucraniano, atual Subsecretária de Estado para os Assuntos Políticos), enquanto quadro superior do Departamento de Estado no tempo da administração Obama – Biden, envolvida nesse tempo (2014) diretamente na formação dos primeiros governos do regime ucraniano numa conversa com o então embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey E. Pyatt, agora em Atenas. Um escândalo diplomático entre «aliados» que demonstra a consideração dos EUA pela União Europeia neste como noutros processos políticos e que Bruxelas, fiel à sua subserviência em relação a Washington, reduziu a um não-acontecimentoAcresce que Biden tem uma forte ligação à Ucrânia, utilizando o filho Hunter Biden como testa de ferro nos negócios de petróleo e gás do país. A Ucrânia é um negócio dos EUA!

O rearmamento da União Europeia

O rearmamento da «Europa», que surge no discurso político dominante como uma necessidade imperiosa na defesa dos «valores europeus» é uma faláciaO rearmamento europeu será feito com tecnologia e meios dos Estados Unidos, para servir os interesses estratégicos destes e animar o complexo militar industrial americano. Os Estados Unidos (e também a Rússia, como se vê) não permitirão que a Europa seja uma potência nuclear credível, nem uma potência espacial credível, nem uma potência naval credível. Sem domínio nuclear, sem o espaço e sem os mares, sem ciência e sem vontade de afirmação não há poder militar credível. Há despesa!

A guerra com a sua procissão de mortos, destruição e sofrimento apenas terminará quando a Rússia atingir os seus objetivos e responder ao desafio que lhe foi lançado pelos Estados Unidos. Os europeus e os ucranianos serão os grandes vencidos. Serão eles, seremos nós, os sujeitos aos grandes poderes, os indefesos, a pagar os custos da guerra e da fraqueza dos dirigentes.

O populismo

A fraqueza da União Europeia, os custos da guerra, com a inevitável degradação de segurança e de condições de vida na Europa resultantes das vagas de refugiados e do aumento do custo dos bens essenciais, constituem a tempestade perfeita para o desenvolvimento de movimentos populistas e fascizantes, que já se manifestam. Será mais uma das consequências das opções dos dirigentes europeus, da sua unanimidade, do seu oportunismo e da sua curteza de vistas, da sua pequenez.

O butim desta guerra – quem ficará com ele?

O butim de guerra é o conjunto dos bens que são retirados aos inimigos na sequência de um ataque ou conflito. O day after desta guerra responderá à pergunta que dificulta ainda mais uma resolução do conflito: quem vai fazer fortuna com a reconstrução da Ucrânia? O vencedor ficará com o resultado do saque, com o butim, como ficou com as obras no Iraque. Os oligarcas da paz e do saque da Ucrânia serão americanos ou russos? Esta é a questão!"

quinta-feira, 3 de março de 2022

O PCP vai ser proibido?

Pedro Tadeu, jornalista

"Talvez com todo este ódio um dia consigam, finalmente, ilegalizar o PCP. Porém, deixo esta pergunta: se, hipoteticamente, as tropas do senhor Putin um dia invadissem Portugal, quem de entre estes acusadores do PCP estaria disposto a organizar-se para resistir ao invasor?... E quantos militantes do Partido Comunista Português o fariam?...

Eu, que sou militante do PCP e conheço muitas das pessoas que lá militam, não tenho dúvidas que, nessa hipotética e derradeira contabilidade do patriotismo, o PCP ganharia a grande parte dos seus críticos atuais. Mesmo na ilegalidade."