terça-feira, 8 de março de 2022
segunda-feira, 7 de março de 2022
Os alemães usam a cabeça para o que é natural: para pensar...
A cidade que fomos: a verdade histórica é esta - PRAIA DA SARDINHA
O excesso de roupa poderia, eventualmente, ofender os nudistas que viessem a frequentar a "praia da sardinha", como sabemos um local de excelência da nossa cidade.
Aliás, que se saiba - mas, na Figueira nunca sabemos onde está a verdade histórica!.. - as compradoras de peixe na "antiga praia da sardinha", não usavam biquini no exercício do seu trabalha quotidiano...
Depois da polémica em torno do nome do local, mais uma polémica em torno da indumentária a usar naquele local seria excessivo para uma pequena cidade de província como é a Figueira, pelo que acabou por ser criativo e extremamente útil ter tido a subtileza, a argúcia e a cartomancia, enfim, capacidade criativa de prever baptizar como "cais", um local que foi "praia".
Ouvida pelo OUTRA MARGEM, a única compradora de peixe da antiga "praia" onde funcionou uma "lota da sardinha", ainda viva, também se congratulou e recordou que, "na altura, não lhe permitiram usar biquini na «praia» e ninguém se importou".
"A concessão da água deve ser renovada?" Depende: se se está no poder ou na oposição...
"A privatização da água no concelho da Figueira da Foz"... Esta, é uma série que já vem longe... Mas que, curiosamente, andou arredada da campanha autárquicas 2021.
Segundo informações cedidas pela empresa Águas da Figueira, a tarifa de disponibilidade é uma taxa fixa paga pelos utilizadores, independentemente do seu consumo, que "substitui o aluguer do contador", além de permitir "repartir de forma equilibrada os custos de investimento e manutenção das redes de abastecimento e saneamento". O movimento cívico que apresentou a petição tem argumentado que a tarifa de disponibilidade não é mais do que "um consumo mínimo encapotado", defendendo, por isso, a sua ilegalidade.
No texto da petição, os subscritores invocam ainda o direito de saber "quais as razões que presidiram à eventual renegociação", e ainda se estão previstos mais aumentos para os próximos anos e em que percentagens para os vários tarifários. O vereador Ricardo Silva "não compreende estas dúvidas", afirmando que a Câmara Municipal da Figueira "já justificou os aumentos com a necessidade de proceder à modernização das estruturas de abastecimento de água e saneamento", confirmando ainda que estão previstos novos aumentos para 2007 e 2010.
Durante a entrega da petição, Carlos Monteiro considerou os preços de água na Figueira da Foz como "escandalosos", adiantando que, legalmente, o presidente da autarquia, Duarte Silva, tem um prazo de dez dias úteis para responder à petição.
Nota: em 2005 ainda não existia o blogue OUTRA MARGEM (foi fundado a 25 de Abril de 2006).
Na altura, para continuar "as rondas de negociação e o estudo e preparação do plano para a redução do tarifário da água."
Na altura, estávamos em campanha eleitoral...
Registe-se: "Foi o Partido Socialista quem privatizou os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento." Todavia, recorde-se, é também "verdade que o contrato de concessão foi assinado em 29 Março de 1999, já na gestão do PSD", já no consulado de Santana Lopes.
A desculpa foi a seguinte: "porque se entendeu que se devia dar preferência aos investimentos no saneamento, em prejuízo da renovação da rede de abastecimento de água, para mais rapidamente poder levar, nomeadamente às freguesias rurais, o saneamento básico que estas não tinham!"
Segundo o PSD/Figueira, "no período compreendido entre 1999 e 2004 foram investidos cerca de 30 milhões de euros!
No mesmo período, foram construídas 9 Etar´s, 70 estações elevatórias, cerca de 200 km de redes de emissários e colectores!"
Ou seja, "o dobro do que existia até 1999!".
Recorde-se, em abono da verdade. A revisão do contrato de 2012 teve o voto favorável dos vereadores do PSD, do PS e dos 100%. Mais uma vez, o centrão funcionou no seu pior...
Ontem, no comício do Campo pequeno, Jerónimo de Sousa acusou o PS de abrir caminho para as “políticas de direita”
“O PCP não tem nada a ver com a Rússia e com o seu presidente. E não apoia a guerra”
«O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, disse este domingo que o partido "não apoia a guerra" e classificou como "uma vergonhosa calúnia" a contestação que tem sido feita contra a posição do partido em relação ao conflito na Ucrânia, referindo que "tem servido para uma nova campanha anticomunista".
Em declarações no final do comício "Pela paz, a liberdade, democracia e o socialismo", que assinala os 101 anos do partido, o líder comunista aproveitou para se afastar, também, da Rússia e das políticas de Putin. "O PCP não tem nada a ver com a Rússia e com o seu presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia", disse.
Jerónimo de Sousa já tinha dito, no primeiro dia da ofensiva russa na Ucrânia, que as políticas da Rússia atual são de um país capitalista e um ataque à União Soviética.
"O posicionamento do PCP é de solidariedade com os povos e é por isso que condenamos a expansão da NATO para leste e a política imperialista dos Estados Unidos", disse o secretário-geral comunista, lançando de seguida o repto: "Reflitamos nem que seja durante dez segundos: a quem serve a guerra? Não aos ucranianos, nem aos russos, nem tão pouco aos restantes povos europeus".
Por isso, diz, "o PCP apela ao fim da escalada de confrontação", opondo-se "ao imperialismo, à ingerência e à política belicista protagonizada pela NATO e pelos Estados Unidos, bem como ao fim da militarização da União Europeia", manifestando-se também contra a "venda de armas que permite aos Estados Unidos lucrar "económica e militarmente" com um conflito "a milhares de quilómetros das suas fronteiras".»
Texto via Diário de Notícias
PORTINHO DA GALA, uma estrutura que custou mais de 2 milhões de euros, que é utilizada "sem rei nem roque" há 18 anos...
Desde 2018, há cerca de 4 anos, que o gabinete jurídico da Câmara da Figueira da Foz está a fazer um novo regulamento para o Portinho da Gala, contando com o contributo da Junta de Freguesia de São Pedro e da Capitania da Figueira da Foz.
“Temos de criar normas para o portinho poder funcionar melhor e adequar-se às necessidades dos pescadores”, defendia o anterior presidente da Junta de São Pedro, em Fevereiro de 2018, António Salgueiro, em declarações ao jornal AS BEIRAS.
Numa reportagem hoje publicada no jornal Diário as Beiras, fica feito o retrato. A situação que se vive no local “está próxima da anarquia.”.
No anterior mandato autárquico, estava previsto passar a gestão do Portinho da Câmara da Figueira da Foz para a Junta de São Pedro e a elaboração de um regulamento. Contudo, os planos não se concretizaram.
O Portinho da Gala, um espaço "que custou 2,0 milhões de euros", continua como sempre esteve desde a sua inauguração: a ser utilizado "sem rei nem roque".
Ao menos "que se explique para que serve realmente, para além de permitir a atracação de uns quantos botezitos de pesca artesanal ou de recreio, e servir, todo aquele enorme espaço, de tranquilo poiso a alguns pescadores à linha de um ou outro robalito que por ali apareça distraído".
A utilização sem regras do equipamento municipal foi recentemente debatida numa reunião de câmara. O vereador executivo Manuel Domingues, que já abordou o assunto com o novo presidente da junta de freguesia de S. Pedro, Jorge Aniceto, definiu assim o estado de coisas: “O Portinho da Gala é um espaço sem rei nem roque”.
O autarca visitou o local e constatou que “os pescadores é que são os organizadores do espaço”. Jorge Aniceto confirmou, afiançando que é o que se diz, à boca-cheia, na vila de São Pedro. “De um dia para o outro, mudavam-se os utilizadores dos armazéns, vendiam-se as embarcações e os armazéns”. O armazém está associado à embarcação. “Ainda assim, terá de haver uma comunicação à câmara”.
O assoreamento e a falta de manutenção dificultam a actividade das várias dezenas de pescadores de pesca artesanal que ali têm a sua base logística no Potinho da Gala.
Os armazéns, construídos para armazenamento de redes e outros utensílios relacionados com a actividade piscatória, estão a ser utilizados para diversos fins. Há quem faça deles arrecadações de objectos que já não cabem em casa, oficina, garagem, convívios e outras finalidades. Isto segundo pescadores afirmaram ao DIÁRIO AS BEIRAS, sob anonimato, “para não arranjar problemas”. Segundo as mesmas fontes, alguns dos armazéns estão a ser utilizados por quem já não tem embarcação de pesca, e houve, até, quem tivesse cobrado pelo trespasse. E há já vários anos que ninguém paga pela utilização dos espaços.
domingo, 6 de março de 2022
Memórias de Adriano, 80 anos depois
"Adriano Correia de Oliveira “cantou Abril antes de Abril”, mas tem sido muito esquecido. Se fosse vivo, Adriano Correia de Oliveira faria 80 anos a 9 de abril. Uma exposição alusiva à vida e obra do cantor - que vai percorrer o país - a edição de livros e concertos assinalam a data. Manuel Alegre, autor da maioria das canções por ele interpretadas, lembra-o como "o mais corajoso", e ainda assim, esquecido."
2009/2021: resumo, "breve", de 12 anos de governação socialista na Figueira
O líder distrital do PS/Coimbra faz um balanço positivo do seu mandato e anuncia que volta a candidatar-se.
O jornalista Paulo Marques, a dado momento, coloca-lhe a seguinte questão: "O seu mandato, na Federação, tinha o foco nas eleições autárquicas…"
Nuno Moita, entre outras coisas responde: "É verdade. Hoje, tenho de reconhecer que não correu tão bem quanto queria mas mantivemos a maioria das câmaras do distrito. É claro que perdemos as duas maiores cidades, o que nos deixou triste e a pensar como trabalhar de forma diferente, no futuro.
Em Coimbra, achamos que o Manuel Machado fez um bom mandato e não merecia perder. Já na Figueira da Foz, a situação é diferente, com uma figura mediática a vir de fora e a ganhar por escassos 600 votos"...
Em Coimbra, não conheço em pormenor as razões da derrota de Manuel Monteiro.
Na Figueira, porém, para além do factor Santana, sei o que aconteceu ao longo de 12 anos.
Tivemos políticos fracos, com fortes cabeças, incompetência pura, teimosia dura, que conseguiram fazer brotar algumas ideias.
Mas, pode-se perguntar: governou-se assim tão mal?
Buarcos, o Jardim Municipal, a Rua dos Combatentes, o Cabedelo, o Bento Pessoa, por exemplo, falam por si...
Todavia, tudo isso e muito mais não foi o verdadeiro problema.
A meu ver, o verdadeiro problema foi terem-se tornado arrogantes.
E muitos figueirenses (a começar por mim...) não gostam de gente arrogante.
Guerra e Paz, 1869
(...) Nevava, mas o tempo estava muito claro. Ao alto das ruas sujas e quase em trevas, por cima dos telhados negros, alastrava um céu escuro salpicado de estrelas. Só a contemplação dessas altas esferas permitia (...) evadir-se do aflitivo contraste entre a baixeza do que é humano e os nobres sentimentos que lhe enchiam a alma (...)
sábado, 5 de março de 2022
sexta-feira, 4 de março de 2022
"Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhe sua"...
Via Jornal i
A inutilidade da moral para ler a guerra
"Todas as guerras são condenáveis, a paz é um bem inestimável, todos os povos têm direito a escolher os seus destinos, todos os combates causam sofrimento, mortes, destruições e deslocações. A guerra é sempre uma amálgama de corpos, de sangue e de ruínas. Todos os seres humanos dotados de um mínimo de humanidade são contra a guerra. Contudo, a guerra é a mais antiga e continuada ação humana. A condenação moral da guerra nunca evitou a guerra, nem construiu a paz.
O primeiro dado de partida para a análise de qualquer guerra é não haver moral, mas apenas interesses. Os direitos dos povos e a moral não são elementos do jogo. Nunca são. Na Ucrânia não se defende a liberdade, nem o direito, como não se defenderam esses valores noutras invasões próximas de nós no tempo, a do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, da Síria. Como não foram para os defender que se desencadearam as guerras no Vietname ou, mais atrás, as invasões da Hungria e da Checoslováquia. Como, ainda mais atrás, não foi pela defesa de valores morais que ocorreu a divisão da península da Coreia.
O segundo dado é o de a guerra ter como motivo a conquista de vantagens, ou a defesa de situações e de os pretendentes à conquista desses dois objetivos estarem dispostos a utilizar a violência para os alcançar. Não há guerra sem violência.
O terceiro: a guerra é um fenómeno político e social total. Isto é, envolve não só as sociedades organizadas, os estados contendores, mas os que com eles se relacionam. A guerra nunca é uma luta de um contra um. Atrás de cada contendor posicionam-se os seus apoiantes e, muitas vezes, os seus mentores. Como nas lutas de galos, os verdadeiros contendores são aqueles que os criam e lhes colocam espigões de aço nas pernas!
Uma arena – um palco
O conflito na Ucrânia deve ser entendido vendo a Ucrânia como uma arena onde se defrontam os dois contendores reais: os Estados Unidos e a Rússia. A Ucrânia desempenha hoje, em 2022, o mesmo papel que o Vietname desempenhou nos anos 60 do século passado: um palco, ou uma arena onde uma superpotência utiliza um território exterior para defrontar de forma indireta outra superpotência. Angola pós independência (1975) é outro exemplo deste tipo de conflitos indiretos jogados em territórios exteriores.
O que está em jogo na Ucrânia é uma disputa por zonas de influência e por estatuto de potência planetária entre os Estados Unidos e a Rússia, além de apropriação de recursos por parte dos grupos dominantes. Todos os Estados, embora independentes, detêm apenas uma soberania limitada. O Ultimato Inglês a Portugal no século dezanove é um exemplo. A utilização da Base das Lages na Guerra dos 6 Dias. Outro ainda, mais recente, foi o 25 de Novembro de 1975, quando os EUA e os Estados Europeus impuseram a Portugal um regime padronizado pelas democracias europeias, sem qualquer veleidade de inovações resultantes da revolução do 25 de Abril de 1974.
Restos da II Guerra Mundial e da Guerra Fria
O conflito na Ucrânia é ainda o resultado da divisão do mundo em duas áreas dominadas pelas potências vencedoras da II Guerra Mundial: os EUA e a URSS.
Entretanto ocorreram tentativas de criar espaços alternativos, caso do Terceiro Mundo e do Movimento dos Não-alinhados, que não se impuseram, e a China começou a emergir como uma superpotência desafiante das outras duas, com o sucesso visível. Nixon insuflou a estratégia da China no processo de conquista do estatuto de superpotência, seguindo o princípio de que o inimigo do meu inimigo (URSS) é meu amigo. A promoção e o êxito do maoismo nos anos 60 e 70 do século passado como fenómeno de moda nas juventudes ocidentais não foram inocentes. Foram atos de manipulação política.
A CEE, que deu origem à atual União Europeia, é um espaço secundário, como o foi o Terceiro Mundo, mas por razões várias optou pelo alinhamento com os Estados Unidos, abdicou de ser um espaço autónomo e os ingleses encarregaram-se de sabotar qualquer tentativa de autonomia, isto é, que a União Europeia fosse uma aliança estratégica com uma estrutura e um projeto. De Tatcher a Blair os chefes de governo do Reino Unido recusaram aceitar que o projeto europeu fosse mais do que uma mera zona de comércio. Era assim que Boris Johnson pensava em 2016, quando o Reino Unido estava na União Europeia e a Ucrânia manifestou interesse em aderir. Boris Johnson opôs-se à entrada da Ucrânia na União Europeia porque isso fortaleceria a UE num tempo em que os Estados Unidos ainda não estavam interessados em afrontar a Rússia. Entretanto ocorreu o Brexit e Trump foi substituído por Biden. Este defende outras abordagens para garantir os interesses da oligarquia americana e Johnson agora é favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia. Meros interesses e jogadas oportunistas de poder. Nada de moral, nem de luta pela liberdade.
A China
O fim da URSS pareceu dar vantagem aos Estados Unidos e à China. Os EUA elegeram então a China como inimigo principal e o Pacífico como a sua zona vital. Esta mudança de inimigo principal e de zona vital não podia, contudo, ser feita descurando a frente Ocidental (Europa).
O alargamento da UE e da NATO aos países saídos da órbita da URSS, caso das repúblicas bálticas, da Polónia, Hungria, República Checa, Roménia, Bulgária, dos que resultaram do desmembramento da Jugoslávia e a reunificação alemã serviram esse propósito. A instalação de bases militares americanas (ditas NATO) à volta da Rússia foi evidente. Mas a manobra de cerco à Rússia teria a sua pedra de fecho decisivo com a tomada da Ucrânia, o maior país e o território que dá acesso direto a Moscovo.
Desde o início do século a Ucrânia foi palco de várias manobras de desestabilização que tiveram um ponto culminante em 2014 com as convulsões da Praça de Maidan, eleições fraudulentas, golpes mais ou menos explícitos conduzidos pelos Estados Unidos. A Rússia entendeu agora que estava em condições de parar os Estados Unidos, antes de estes absorverem a Ucrânia através da UE e da NATO.
Em primeiro lugar a Rússia conta com o apoio da China, a quem interessa que os EUA tenham de se dispersar por duas frentes, uma na Europa e outra no Pacífico, a quem interessa, por isso, uma Rússia forte. Por outro lado, a Rússia contava com a forte e complexa teia de relações comerciais com a União Europeia e com a sua dependência do gás e da ligação na área do aeroespacial para evitar grande contestação à sua operação de retoma do controlo da Ucrânia (uma análise que saiu errada). Contava ainda com as dificuldades de Biden na frente interna americana, com as próximas eleições, os conflitos étnicos e a monstruosa dívida que limitam o bem-estar das populações.
Com estes dados, a Rússia jogou a sua cartada e tomou a iniciativa de atacar a Ucrânia e repor as fronteiras dos Estados Unidos onde elas estavam em 2014.
A desistência da União Europeia
O Terceiro Mundo e o Movimento dos Não-alinhados dos anos 60 e 70 do século passado falharam a sua tentativa de desempenhar um papel de relevo na definição de políticas mundiais, acabando os seus elementos integrados na ordem imposta pelas superpotências. O conflito na Ucrânia revelou a mesma falência da União Europeia.
Os líderes europeus têm afirmado que este conflito revelou união, o falar a uma só voz, é verdade, mas é falso que tenha demonstrado força. Pelo contrário, demonstrou a submissão da União Europeia aos Estados Unidos e, com essa submissão, perdeu autonomia para agir, para escolher parceiros, para servir de ponte entre contendores, para impor os seus interesses, para intervir em áreas tão importantes como o domínio do espaço, das novas tecnologias, as energias, ou as políticas ambientais, por exemplo. A UE passou a ser um apêndice dos EUA, uma extensão. Um estado vassalo.
Fuck the EU
A expressão foi proferida por Vitoria Nuland (filha de um médico ucraniano, atual Subsecretária de Estado para os Assuntos Políticos), enquanto quadro superior do Departamento de Estado no tempo da administração Obama – Biden, envolvida nesse tempo (2014) diretamente na formação dos primeiros governos do regime ucraniano numa conversa com o então embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey E. Pyatt, agora em Atenas. Um escândalo diplomático entre «aliados» que demonstra a consideração dos EUA pela União Europeia neste como noutros processos políticos e que Bruxelas, fiel à sua subserviência em relação a Washington, reduziu a um não-acontecimento. Acresce que Biden tem uma forte ligação à Ucrânia, utilizando o filho Hunter Biden como testa de ferro nos negócios de petróleo e gás do país. A Ucrânia é um negócio dos EUA!
O rearmamento da União Europeia
O rearmamento da «Europa», que surge no discurso político dominante como uma necessidade imperiosa na defesa dos «valores europeus» é uma falácia. O rearmamento europeu será feito com tecnologia e meios dos Estados Unidos, para servir os interesses estratégicos destes e animar o complexo militar industrial americano. Os Estados Unidos (e também a Rússia, como se vê) não permitirão que a Europa seja uma potência nuclear credível, nem uma potência espacial credível, nem uma potência naval credível. Sem domínio nuclear, sem o espaço e sem os mares, sem ciência e sem vontade de afirmação não há poder militar credível. Há despesa!
A guerra com a sua procissão de mortos, destruição e sofrimento apenas terminará quando a Rússia atingir os seus objetivos e responder ao desafio que lhe foi lançado pelos Estados Unidos. Os europeus e os ucranianos serão os grandes vencidos. Serão eles, seremos nós, os sujeitos aos grandes poderes, os indefesos, a pagar os custos da guerra e da fraqueza dos dirigentes.
O populismo
A fraqueza da União Europeia, os custos da guerra, com a inevitável degradação de segurança e de condições de vida na Europa resultantes das vagas de refugiados e do aumento do custo dos bens essenciais, constituem a tempestade perfeita para o desenvolvimento de movimentos populistas e fascizantes, que já se manifestam. Será mais uma das consequências das opções dos dirigentes europeus, da sua unanimidade, do seu oportunismo e da sua curteza de vistas, da sua pequenez.
O butim desta guerra – quem ficará com ele?
O butim de guerra é o conjunto dos bens que são retirados aos inimigos na sequência de um ataque ou conflito. O day after desta guerra responderá à pergunta que dificulta ainda mais uma resolução do conflito: quem vai fazer fortuna com a reconstrução da Ucrânia? O vencedor ficará com o resultado do saque, com o butim, como ficou com as obras no Iraque. Os oligarcas da paz e do saque da Ucrânia serão americanos ou russos? Esta é a questão!"
quinta-feira, 3 de março de 2022
O PCP vai ser proibido?
"Talvez com todo este ódio um dia consigam, finalmente, ilegalizar o PCP. Porém, deixo esta pergunta: se, hipoteticamente, as tropas do senhor Putin um dia invadissem Portugal, quem de entre estes acusadores do PCP estaria disposto a organizar-se para resistir ao invasor?... E quantos militantes do Partido Comunista Português o fariam?...
Eu, que sou militante do PCP e conheço muitas das pessoas que lá militam, não tenho dúvidas que, nessa hipotética e derradeira contabilidade do patriotismo, o PCP ganharia a grande parte dos seus críticos atuais. Mesmo na ilegalidade."