Um democrata, encara a diferença de opinião, como algo que contribui para a riqueza da democracia.
Pode ser, digamos assim, o fermento para depertar e fazer crescer a agudeza do espírito crítico.
Há muitas décadas que tenho relações de amizade com pessoas das mais variadas opções ideológicas.
Gente civilizada, com quem convivo, tomo café e almoço, durante todo o tempo - mesmo em tempo de eleições.
Quem me conhece, sabe que sou de esquerda. Nunca o neguei. Posso destoar do registo dominante dos que têm posições extremadas, tanto à esquerda, como à direita, pois não tenho, penso eu, um estilo demasiado agressivo. Sempre preferi adoptar um discurso conciliador, mas enérgico; corajoso, mas positivo.
Sempre assumi, sem receios, a minha condição de homem de esquerda. Não sou como gente que conheço, que afirma não ser de esquerda nem direita, para não assumir que é de direita.
É indesmentível, que o facto de ser naturalmente assim tem ajudado no meu convívio com pessoas das mais variadas tendências ideológias.
Não faço isso por calculismo pessoal ou político. Sou naturalmente assim.
Por ironia do destino, sei que tenho críticas nos sectores que têm mais proximidade ideológica comigo.
Semprei lidei bem com isso. Há quem me considere demasiado brando. Esse, admito, poderá ser um problema para outros, que não para mim, pois não vejo nisso nenhuma contradição. A tolerância democrática, faz parte do meu adn.
Sou eu. Quem gosta, come. Quem não gosta, coloca à beira do prato.
Em democracia é assim: a divergência de opinião, não pode ser encarada como um obstáculo. Um democrata, encara a diferença de opinião, como algo que contribui para a riqueza da democracia.
Quererá isto dizer que, como democrata, não estou cansado de perder?
Claro que sim. Sobretudo, continuo empenhado em que a Figueira respire ar fresco.
O próximo dia 26 de Setembro promete – e de que maneira - ser mais do mesmo: vamos continuar a viver numa Figuiera e num concelho asfixiado no que à democracia diz respeito.
Quem já era vivo nos primeiros anos da década de 70 do século passado, e ainda tem memória, sente, na Figueira de hoje, um paralelismo entre o fim de Salazar e o fim próximo de Carlos Monteiro.
As semelhanças são gritantes.