Segue-se o momento mais dramático, mais melindroso e mais difícil para as forças que vão concorrer ao acto eleitoral: a escolha das listas.
Por cada escolha, o candidato perde, pelo menos, meia dúzia de votos.
Para quem tem ambições a um lugar, deixo uma ajuda desinteressada.
Não esquecer: entre a graxa e a lisonja, optem pela lisonja.Dir-me-ão: as duas são mais ao menos a mesma coisa.
Substantivamente até podem ser iguais. Porém, a lisonja é mais eficaz, porque joga com as inseguranças do artista a quem se pretende dar lustro.
Este é o momento de enaltecer e elogiar o raciocínio arguto do chefe e, sobretudo, o seu brilhantismo comparativamente com os seus pares.
Detectar a graxa é relativamente simples de tão óbvio que costuma ser.
Já a lisonja pode ser direccionada ao elevado estatuto ético ou à resiliência à adversidade do chefe visado.
Para ser eficaz, tem de ser subtil e abrangente.
Se for feita com todos os matadores, a lisonja pode levar até gente consideravelmente inteligente a cair na esparrela.
Com um chefe carente, inseguro, medroso, que não se ache merecedor do lugar que ocupa, a lisonja resulta na perfeição. Saber usar estas debilidades e inseguranças, afagar não só o ego, mas toda a envolvente da vida do candidato a chefe, é meio caminho andado para uma promoção na lista.
Para quem tem aspirações, este é o momento. Se não se chegarem à frente alguém o fará por vós.
E não esqueçam.
O tempo em que a ética e o carácter eram determinantes num percurso profissional ou político, ficou bem lá atrás: vítima e prisioneiro nos idos de 90 do século passado.