"Apoio uma solução que permita ao executivo tomar posse do espaço do Edifício O Trabalho e proceder à demolição daquele imóvel cujo projeto nunca deveria ter sido autorizado na configuração que conhecemos.
O Edifício O Trabalho não respeita a volumetria envolvente. Apesar de uma vaga chamada às cores do vizinho Centro de Diversões, não existiu um cuidado em edificar com uma proporcionalidade aceitável. O edifício em si era medíocre na componente de isolamento térmico e de gestão de humidade e infiltrações.
O licenciamento das frações habitacionais foi sempre problemático, indiciando práticas típicas dos anos 80 e 90 em que se tentavam esticar os textos da lei para obter lucros imediatos e fáceis. Demolir o Edifício O Trabalho é um serviço público que se irá prestar à comunidade e em particular ao Bairro Novo. O Edifício O Trabalho tomou o lugar do antigo Teatro Parque Cine. O Parque Cine juntamente com o Centro de Diversões, a Pensão Café Europa e as fachadas art-déco de várias moradias do Bairro Novo integravam um conjunto de belas obras da Arquitetura Modernista portuguesa.
A envolvente do edifício O Trabalho, engloba ainda o Mercado Engenheiro Silva e o Casino Peninsular. Por isso, a solução a adotar por concurso público deverá ter em conta esta envolvente com particular destaque para a concordância volumétrica e arquitetónica com o edifício do Centro de Diversões, que agora é um restaurante e se encontra registado como património de interesse municipal. Essa solução também deverá continuar a contar essa história singular da art-déco na Figueira da Foz.
Não através da cópia do que existiu, mas sim fazendo uma interpretação da nossa época daquele legado arquitetónico distintivo do Bairro Novo. Seria particularmente positivo que a nova solução pudesse servir de habitação para trazer mais pessoas e vida para o Bairro Novo. Seria uma marca de grande inteligência se um ou dois fogos fossem dedicados à habitação social e/ou a jovens, contribuindo para misturar gerações e classes sociais, contribuindo para combater a guetização de populações."
Via Diário as Beiras