Via DGS
domingo, 26 de abril de 2020
Querem ver que o COVID-19 vai ser a salvação da Figueira!.. (2)
“Na Figueira da Foz há espaço, há dimensão, as pessoas podem desenvolver as suas actividades com as distâncias devidas”...
Via Diário de Coimbra, 26 de Abril de 2020.
Via Notícias de Coimbra, 24 de Abril de 2020.
"Câmara prepara campanha para divulgar as praias"
Via Diário de Coimbra, 26 de Abril de 2020.
sábado, 25 de abril de 2020
Quiaios – Uma bonita Terra com muita ilusão e pouca razão.
"Muitos ainda não notaram, mas já estamos a viver um tempo dolorosamente novo desde que a crise iniciou. Seria portanto expectável que os velhos hábitos da política – velhos dos últimos vinte ou trinta anos, porque para trás não era bem assim – perante uma crise tão avassaladora, tivessem ficado pelo caminho e recuperássemos rapidamente a ajuda ao próximo pelo próximo e não por oportunismos em torno da desgraça alheia.
Prometi, publicamente, fazer uma espécie de diário de crise onde vou registando as ocorrências que nos vão acompanhando e que farão a história destes tempos improváveis.
Por cá, tudo iniciou oficialmente no dia 26 de fevereiro de 2020. Recebemos o primeiro contacto da câmara no dia 23 de março, talvez para experimentar se ainda tínhamos força para atender o telemóvel. Da junta de freguesia, não sabemos se ainda tem telefones ou se perderam os contactos da Casa do Povo. Podíamos sempre comunicar por fumos; afinal, as duas sedes distam apenas 277 metros. Estamos a 25 de abril e nem sinal. Bem… com tanto comunicado “chapa cinco” e tanta partilha nas redes sociais a prometer o que não quantificaram antes e a Lei não permite, não houve ainda tempo para saber se estamos vivos, quais as nossas reais carências e se podem usar o nome da instituição para fazer publicidade ao que ainda não sabem se podem dar.
Materialmente - não sendo para a nós a questão mais relevante por agora, mesmo com pouco dinheiro - não podemos agradecer dádivas que não existem, nem sabemos se existirão, porque, insistimos: apesar dos constantes atropelos às Leis da República a que vamos assistindo, a democracia, embora mal tratada, ainda não foi de férias, o que imporia prudência e bom senso no que se anuncia.
Chegados aqui, 25 de abril de 2020, 60 dias depois da crise ter iniciado, já alguém fez alguma coisa de concreto que não fosse publicidade, replicada à exaustão nas redes socias, à custa da desgraça alheia? Sim, fizeram. A velha política da caridadezinha natalícia que tem sido a imagem de marca de uma parte significativa das autarquias portuguesas antes da crise, agora alargada também à páscoa.
Os que realmente precisam de ajuda sabem onde recorrer e sabem também que ninguém lhes pede votos em troca. Por isso não têm que se expor; já lhes chega o infortúnio de terem acordado sem rendimentos num qualquer dia do passado mês de março. A pobreza envergonhada está de volta pela segunda vez em dez anos e exige de nós ações concretas, proximidade e pouca ou nenhuma publicidade.
Portanto, desiludam-se se estão à espera de mudanças! Por cá é tudo à antiga...e, volvidos dois meses , “não poderá ser de outra maneira”.
25 de abril hoje… e o resto do ano!"
Via Jossé Augusto Marques
Prometi, publicamente, fazer uma espécie de diário de crise onde vou registando as ocorrências que nos vão acompanhando e que farão a história destes tempos improváveis.
Por cá, tudo iniciou oficialmente no dia 26 de fevereiro de 2020. Recebemos o primeiro contacto da câmara no dia 23 de março, talvez para experimentar se ainda tínhamos força para atender o telemóvel. Da junta de freguesia, não sabemos se ainda tem telefones ou se perderam os contactos da Casa do Povo. Podíamos sempre comunicar por fumos; afinal, as duas sedes distam apenas 277 metros. Estamos a 25 de abril e nem sinal. Bem… com tanto comunicado “chapa cinco” e tanta partilha nas redes sociais a prometer o que não quantificaram antes e a Lei não permite, não houve ainda tempo para saber se estamos vivos, quais as nossas reais carências e se podem usar o nome da instituição para fazer publicidade ao que ainda não sabem se podem dar.
Materialmente - não sendo para a nós a questão mais relevante por agora, mesmo com pouco dinheiro - não podemos agradecer dádivas que não existem, nem sabemos se existirão, porque, insistimos: apesar dos constantes atropelos às Leis da República a que vamos assistindo, a democracia, embora mal tratada, ainda não foi de férias, o que imporia prudência e bom senso no que se anuncia.
Chegados aqui, 25 de abril de 2020, 60 dias depois da crise ter iniciado, já alguém fez alguma coisa de concreto que não fosse publicidade, replicada à exaustão nas redes socias, à custa da desgraça alheia? Sim, fizeram. A velha política da caridadezinha natalícia que tem sido a imagem de marca de uma parte significativa das autarquias portuguesas antes da crise, agora alargada também à páscoa.
Os que realmente precisam de ajuda sabem onde recorrer e sabem também que ninguém lhes pede votos em troca. Por isso não têm que se expor; já lhes chega o infortúnio de terem acordado sem rendimentos num qualquer dia do passado mês de março. A pobreza envergonhada está de volta pela segunda vez em dez anos e exige de nós ações concretas, proximidade e pouca ou nenhuma publicidade.
Portanto, desiludam-se se estão à espera de mudanças! Por cá é tudo à antiga...e, volvidos dois meses , “não poderá ser de outra maneira”.
25 de abril hoje… e o resto do ano!"
Via Jossé Augusto Marques
Salgueiro Maia
Salgueiro Maia morreu aos 47 anos. A História consagra-o como o maior exemplo de coragem da revolução de 25 de Abril de 1974. Salgueiro Maia, o capitão sem medo, desapareceu a 4 de abril de 1992.
No dia da Liberdade, aqui fica uma simples homenagem a Salgueiro Maia, homem modesto e honrado, militar íntegro, dotado de uma excepcional coragem moral e física, que «não devia ter morrido de um cancro qualquer, mas de pé, fulminado por um raio», como disse esse enorme jornalista deste País, também já desaparecido, de seu nome Fernando Assis Pacheco.
14 anos, não é muito, mas já é algum tempo...
Precisamente no dia 25 de Abril de 2006, o menino que esta foto mostra, começava este blogue...
Desde esse dia muita água passou, rumo ao mar, no rio da minha Aldeia.
Passados 14 anos, considero que em boa hora foi criado este espaço.
Ultrapassou todas as mais optimistas expectativas. A nível de visitantes, os números falam por si. O retorno – elogios, calúnias, tentativas de silenciamento e de descredibilização, pressões, e críticas, umas positivas, outras negativas - tem sido um desafio aliciante, que vem de longe e, felizmente, se mantém. Finalmente - e isso para mim é o mais importante, foi com o OUTRA MARGEM que mais aprendi sobre o que é e para que serve a blogosfera: um sítio onde há de tudo um pouco e é um espelho daquilo que somos como sociedade.
Com este blogue, aprendi igualmente algo que já sabia que havia em abundância na sociedade figueirense e que é uma coisa simplesmente execrável: cavalheiros que pensam que a vida deve ser deixada só aos políticos e aos aprendizes a candidatos a políticos. E que, igualmente, existem cavalheiros que reagem de forma primária, desmesurada, exagerada, desrespeitosa, mentirosa, caluniosa, torpe (fiquemos por aqui) em relação a quem apenas criou e mantém, com esforço e dedicação, um blogue de discussão, divulgação e promoção da sua Aldeia.
É triste e mesquinho, mas é verdade: apenas por termos criado e mantido este blogue, fomos alvo de reacções e boatos que me escuso aqui de pormenorizar.
Decidi, desde o início, passar à frente, pois há coisas com as quais não vale a pena perder o nosso tempo.
Contudo, tenho vindo a reflectir, até porque já cá cantam 66, sobre a minha condição de finito. Confesso: esteve, por isso, no propósito de quem nos últimos 14 anos, tem horas e horas de trabalho não remunerado, dar hoje por encerrada esta tarefa.
Todavia, o momento que passa exige outra postura. Por isso, o OUTRA MARGEM vai continuar.
Festejar um aniversário pode ser uma manifestação de saudade.
Pode ser também uma manifestação de esperança.
O tempo, sobretudo para os que como eu, têm menos tempo de esperança de vida do que aquele que já viveram, é um bem precioso.
Nada é irrevogável a não ser a morte.
Infelizmente para a Figueira, continua a haver boas razões para continuar.
Para o bem e para o mal, este tão acarinhado e tão atacado blogue (e quem tem de se aguentar à broca sou eu, seu único e exclusivo autor), tem uma história de serviço público, cívico e de defesa da liberdade e da democracia. O seu património, que está acessivel gratuitamente a todos, fala por si. Quem quiser fazer a história figueirense dos últimos 14 anos tem aqui muito material de estudo e de trabalho.
Esta OUTRA MARGEM veio ao mundo para questionar... Que o mesmo é escrever: para incomodar.
Desde esse dia muita água passou, rumo ao mar, no rio da minha Aldeia.
Passados 14 anos, considero que em boa hora foi criado este espaço.
Ultrapassou todas as mais optimistas expectativas. A nível de visitantes, os números falam por si. O retorno – elogios, calúnias, tentativas de silenciamento e de descredibilização, pressões, e críticas, umas positivas, outras negativas - tem sido um desafio aliciante, que vem de longe e, felizmente, se mantém. Finalmente - e isso para mim é o mais importante, foi com o OUTRA MARGEM que mais aprendi sobre o que é e para que serve a blogosfera: um sítio onde há de tudo um pouco e é um espelho daquilo que somos como sociedade.
Com este blogue, aprendi igualmente algo que já sabia que havia em abundância na sociedade figueirense e que é uma coisa simplesmente execrável: cavalheiros que pensam que a vida deve ser deixada só aos políticos e aos aprendizes a candidatos a políticos. E que, igualmente, existem cavalheiros que reagem de forma primária, desmesurada, exagerada, desrespeitosa, mentirosa, caluniosa, torpe (fiquemos por aqui) em relação a quem apenas criou e mantém, com esforço e dedicação, um blogue de discussão, divulgação e promoção da sua Aldeia.
É triste e mesquinho, mas é verdade: apenas por termos criado e mantido este blogue, fomos alvo de reacções e boatos que me escuso aqui de pormenorizar.
Decidi, desde o início, passar à frente, pois há coisas com as quais não vale a pena perder o nosso tempo.
Contudo, tenho vindo a reflectir, até porque já cá cantam 66, sobre a minha condição de finito. Confesso: esteve, por isso, no propósito de quem nos últimos 14 anos, tem horas e horas de trabalho não remunerado, dar hoje por encerrada esta tarefa.
Todavia, o momento que passa exige outra postura. Por isso, o OUTRA MARGEM vai continuar.
Festejar um aniversário pode ser uma manifestação de saudade.
Pode ser também uma manifestação de esperança.
O tempo, sobretudo para os que como eu, têm menos tempo de esperança de vida do que aquele que já viveram, é um bem precioso.
Nada é irrevogável a não ser a morte.
Infelizmente para a Figueira, continua a haver boas razões para continuar.
Para o bem e para o mal, este tão acarinhado e tão atacado blogue (e quem tem de se aguentar à broca sou eu, seu único e exclusivo autor), tem uma história de serviço público, cívico e de defesa da liberdade e da democracia. O seu património, que está acessivel gratuitamente a todos, fala por si. Quem quiser fazer a história figueirense dos últimos 14 anos tem aqui muito material de estudo e de trabalho.
Esta OUTRA MARGEM veio ao mundo para questionar... Que o mesmo é escrever: para incomodar.
Enquanto o seu autor mantiver a esperança de que há uma possibilidade de ser possível viver numa Aldeia, num Concelho e num País melhor do que isto que temos, vou continuar por aqui. Quando perder totalmente essa esperança, meto o teclado no saco...
Pode ser incómodo, difícil, duro e arriscado. Mas, continuo a não me esconder na cumplicidade, no silêncio, nas meias-tintas de conluio com o poder. Mas, sempre com rigor.
Já fui prejudicado na vida, na carreira profissional, na família e no bolso (mas, isso, é o menos importante). Até agora não desisti. A luta continua. Abril, Sempre! Saúde e um abraço para todos: aos que gostam e aos que gostam menos - e que apesar de estarem fartos de mim, continuam a vir cá espreitar...
Pode ser incómodo, difícil, duro e arriscado. Mas, continuo a não me esconder na cumplicidade, no silêncio, nas meias-tintas de conluio com o poder. Mas, sempre com rigor.
Já fui prejudicado na vida, na carreira profissional, na família e no bolso (mas, isso, é o menos importante). Até agora não desisti. A luta continua. Abril, Sempre! Saúde e um abraço para todos: aos que gostam e aos que gostam menos - e que apesar de estarem fartos de mim, continuam a vir cá espreitar...
Em tempo de pandemia...
sexta-feira, 24 de abril de 2020
Querem ver que o COVID-19 vai ser a salvação da Figueira!...
“Na Figueira da Foz há espaço, há dimensão, as pessoas podem desenvolver as suas actividades com as distâncias devidas”...
«A Figueira da Foz, no litoral do distrito de Coimbra, está a preparar uma campanha de promoção das suas praias, face à pandemia da covid-19, apostando na dimensão dos areais, que inclui o maior areal urbano da Europa.
Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Câmara, Carlos Monteiro, disse que o município “está a preparar uma campanha” de promoção das praias do concelho, “porque, atendendo à dimensão que têm, mais facilmente se podem cumprir as normas” que vierem a ser instituídas sobre o afastamento entre banhistas devido ao novo coronavírus.
“Nós temos muitas praias e espaço para todos. E aquilo que, às vezes, era uma menor valia das nossas praias, por terem a distância que têm, hoje [por causa da pandemia de covid-19] é uma mais valia, quer em termos de época balnear, quer em termos de praia, quer em termos de surf”, observou Carlos Monteiro.
Na frente marítima da Figueira da Foz está localizado o maior areal urbano da Europa, com cerca de 90 hectares de areia – o equivalente a 130 campos relvados de futebol – dois quilómetros de comprimento entre aquela cidade e a vila piscatória de Buarcos e uma largura média de mais de 500 metros entre a avenida e o mar. Ao longo dos anos, precisamente devido à sua dimensão, esta praia tem vindo a ver reduzida a afluência de banhistas.»
Vai ser bonita a festa, pá
João Paulo Batalha |
Garantir a resiliência do país ao vírus é começar já a planear onde faremos ruturas estruturais para reequilibrar os poderes e garantir que saímos daqui uma democracia fortalecida, e não tutelada. Caso contrário, continuaremos a ter sessões parlamentares do 25 de Abril, e de tudo o resto, rodeadas ciclicamente de polémicas estéreis. Continuaremos a ter políticos a levantar controvérsias superficiais para nos distrair dos problemas profundos. Continuarmos a ter muito espalhafato na imprensa (que sobrar) e corporações a manifestarem-se. Teremos é uma democracia pouco merecedora de celebrações."
MULHERES DE AÇO/HOMENS DE BARBA RIJA…
Gosto do que é autêntico.
Gosto da concordância das emoções.
Porém, a verdade e a autenticidade nem sempre são a mesma coisa.
A verdade, por vezes, é o que convém.
A autenticidade, é a possibilidade de alguém ser capaz de revelar a realidade. O texto abaixo é isso mesmo: a revelação de uma realidade que existiu mesmo.
"Hoje tudo é diferente para melhor, e ainda bem, mas é sempre de justiça não esquecer o passado…"
Texto José Elísio Oliveira
Fotos_Arquivo pessoal de Décio Salema Neves
"Pelos meados do século passado, nos anos quarenta, cinquenta e sessenta; nesta altura do ano, O SALGADO DE LAVOS já fervilhava de grande actividade. Nas cerca de 300 SALINAS que nessa altura se encontravam activas, mais de mil trabalhadores, MARNOTOS, MOÇOS e SALINEIRAS, trabalhavam freneticamente na preparação das Salinas para as colocar em condições de produzirem o bom e se possível muito SAL LAVOENSE que haveria de ser utilizado em todo o País e até no Estrangeiro.
Procedia-se à limpeza das lamas, dos limos, dos cachelros (Salicórnia) e outros lixos que as tinham invadido desde a última “SAFRA”, durante o Outono e o Inverno. Os limos e as lamas a que os Marnotos davam respectivamente os nomes de “ESCOICE” e “TORRÃO”. Eram colocados em cima das “CILHAS” para secar e ficarem mais leves.
As mulheres transportavam à cabeça, primeiramente em “GIGAS DE VIME” e mais recentemente em “GAMELAS DE MADEIRA” para determinados locais aos quais os carros de bois, camionetas ou os barcos de sal tivessem acesso para serem vendidos principalmente para a Região das Gândaras onde eram muitos apreciados como fertilizante natural (ecológico) dos terrenos onde semeavam batatas, cebolas e outros produtos hortícolas. Idêntico tratamento era dado aos limos que eram retirados dos VIVEIROS antes de serem pescados. De seguida as Salinas eram levadas a seco.
Os TALHOS onde se iria produzir o sal ficava alguns dias ao sol, para “ESTURRAR” e para que o outro que disso necessitasse fosse reparado, nos “CANEIROS”, nas “MARACHAS” ou até mesmo de alguma nascente de água doce ou salobra que se verificasse no seu interior. O passo seguinte era consolidar o piso dos talhos pelo que o Marnoto e/ou os Moços os pisassem usando os “CIRCIOS” que mais não era de que um enorme rolo de madeira (um tronco grosso de árvore) que tinha em cada extremidade uma “MANGA” que se puxava. Terminado este trabalho, passo seguinte era o “ARIAR” que consistia em cobrir os talhos com uma camada fina de areia branca que era levado das serras de que já falei (Caldista, Castanho), e de outros locais, para que o sal não ficasse directamente em contacto com o fundo do talho e não se sujasse.
Era e ainda é muito importante que o sal fosse muito clarinho é sinal de qualidade. Este procedimento foi sendo posto gradualmente de lado e hoje nas poucas Salinas ainda em actividade já ninguém o pratica.
Estava-se já na fase final dos preparativos para que o sal começasse a brilhar. A última etapa consistia em alagar os talhos com uma camada de água bem salgada “LARGAR” com a altura que cada Marnoto sabia bem calcular, a que se “ESGOTAR”. Havia até um certo despique entre os Marnotos para ver qual esgotava primeiro e consequentemente produzia o primeiro sal e, sobretudo em Julho e Agosto era lindo de ver O SALGADO DE LAVOS coberto de milhares de pequenos montes de sal aos quais se dava e dá o nome de “RASA” e era a azafama das Salineiras , (cada Salina ocupava entre seis a dez Salineiras, consoante o seu tamanho e a distancia a que se encontrava do barracão) a transportarem o sal à cabeça, em “CESTA DE VIME” autênticos objectos de arte artesanal feitas pelos irmãos Grazina, numa correria “SILHA A CIMA SILHA A BAIXO” com desenvoltura e destreza, procurando concluir a tiragem da “REDURA” o mais rapidamente possível pois normalmente daquela tinham que partir para outra onde o Marnoto já as esperava.
Acrescente-se que cada “RASA” normalmente teria entre cinco a dez cestas de sal e havia Salineiras que “TIRAVAM" em três, quatro e cinco Salinas, além de que ainda integravam a equipa que carregava e descarregava os barcos de sal e havia certos dias em que cada barco levava mais do que uma “BARCADA”. Refiro aqui por me parecer muito curioso que as Salineiras nunca eram avisadas das horas a que deveriam estar na Salina para tirar o sal, os Marnotos diziam-lhe que a tiragem era “ CEDO, ou “ATRÁS DE CEDO”, ou “À TARDE”, ou “JANTAR E IR” ou “ATRÁS DE TARDE” ou “ SEAR E IR” e elas já sabiam a que horas correspondia cada uma daquelas designações. No caso das “BARCADAS”, já era indicada a hora a que deveriam estar em determinada Salina. A Barcada era mais dura que a redura, sobretudo quando o “ESTEIRO” que dava acesso do barco ao barracão era pouco profundo e as mulheres tinham que ir por cima das MOTAS” puxando o “O BARCO À CIRGA” para ajudar os “BARQUEIROS”.
E eram estas Mulheres que ainda tinham que tratar dos filhos, ir à “SEMENTEIRA”, buscar feixes de lenha, de caruma, de “ RUSSOS” para as camas do gado e para os pátios, fazer a comida, acartar também à cabeça feixes de erva e pasto, lavar a roupa nos lavadouros, passar a ferro, entre muitas mais coisas. Eram autênticas “MULHERES DE AÇO” e “HOMENS DE BARBA RIJA”...
Hoje tudo é diferente para melhor, e ainda bem, mas é sempre de justiça não esquecer o passado…"
Gosto da concordância das emoções.
Porém, a verdade e a autenticidade nem sempre são a mesma coisa.
A verdade, por vezes, é o que convém.
A autenticidade, é a possibilidade de alguém ser capaz de revelar a realidade. O texto abaixo é isso mesmo: a revelação de uma realidade que existiu mesmo.
"Hoje tudo é diferente para melhor, e ainda bem, mas é sempre de justiça não esquecer o passado…"
Texto José Elísio Oliveira
Fotos_Arquivo pessoal de Décio Salema Neves
"Pelos meados do século passado, nos anos quarenta, cinquenta e sessenta; nesta altura do ano, O SALGADO DE LAVOS já fervilhava de grande actividade. Nas cerca de 300 SALINAS que nessa altura se encontravam activas, mais de mil trabalhadores, MARNOTOS, MOÇOS e SALINEIRAS, trabalhavam freneticamente na preparação das Salinas para as colocar em condições de produzirem o bom e se possível muito SAL LAVOENSE que haveria de ser utilizado em todo o País e até no Estrangeiro.
Procedia-se à limpeza das lamas, dos limos, dos cachelros (Salicórnia) e outros lixos que as tinham invadido desde a última “SAFRA”, durante o Outono e o Inverno. Os limos e as lamas a que os Marnotos davam respectivamente os nomes de “ESCOICE” e “TORRÃO”. Eram colocados em cima das “CILHAS” para secar e ficarem mais leves.
Salina das Craveias... |
As mulheres transportavam à cabeça, primeiramente em “GIGAS DE VIME” e mais recentemente em “GAMELAS DE MADEIRA” para determinados locais aos quais os carros de bois, camionetas ou os barcos de sal tivessem acesso para serem vendidos principalmente para a Região das Gândaras onde eram muitos apreciados como fertilizante natural (ecológico) dos terrenos onde semeavam batatas, cebolas e outros produtos hortícolas. Idêntico tratamento era dado aos limos que eram retirados dos VIVEIROS antes de serem pescados. De seguida as Salinas eram levadas a seco.
Os TALHOS onde se iria produzir o sal ficava alguns dias ao sol, para “ESTURRAR” e para que o outro que disso necessitasse fosse reparado, nos “CANEIROS”, nas “MARACHAS” ou até mesmo de alguma nascente de água doce ou salobra que se verificasse no seu interior. O passo seguinte era consolidar o piso dos talhos pelo que o Marnoto e/ou os Moços os pisassem usando os “CIRCIOS” que mais não era de que um enorme rolo de madeira (um tronco grosso de árvore) que tinha em cada extremidade uma “MANGA” que se puxava. Terminado este trabalho, passo seguinte era o “ARIAR” que consistia em cobrir os talhos com uma camada fina de areia branca que era levado das serras de que já falei (Caldista, Castanho), e de outros locais, para que o sal não ficasse directamente em contacto com o fundo do talho e não se sujasse.
Era e ainda é muito importante que o sal fosse muito clarinho é sinal de qualidade. Este procedimento foi sendo posto gradualmente de lado e hoje nas poucas Salinas ainda em actividade já ninguém o pratica.
Salina das Craveias... |
Acrescente-se que cada “RASA” normalmente teria entre cinco a dez cestas de sal e havia Salineiras que “TIRAVAM" em três, quatro e cinco Salinas, além de que ainda integravam a equipa que carregava e descarregava os barcos de sal e havia certos dias em que cada barco levava mais do que uma “BARCADA”. Refiro aqui por me parecer muito curioso que as Salineiras nunca eram avisadas das horas a que deveriam estar na Salina para tirar o sal, os Marnotos diziam-lhe que a tiragem era “ CEDO, ou “ATRÁS DE CEDO”, ou “À TARDE”, ou “JANTAR E IR” ou “ATRÁS DE TARDE” ou “ SEAR E IR” e elas já sabiam a que horas correspondia cada uma daquelas designações. No caso das “BARCADAS”, já era indicada a hora a que deveriam estar em determinada Salina. A Barcada era mais dura que a redura, sobretudo quando o “ESTEIRO” que dava acesso do barco ao barracão era pouco profundo e as mulheres tinham que ir por cima das MOTAS” puxando o “O BARCO À CIRGA” para ajudar os “BARQUEIROS”.
E eram estas Mulheres que ainda tinham que tratar dos filhos, ir à “SEMENTEIRA”, buscar feixes de lenha, de caruma, de “ RUSSOS” para as camas do gado e para os pátios, fazer a comida, acartar também à cabeça feixes de erva e pasto, lavar a roupa nos lavadouros, passar a ferro, entre muitas mais coisas. Eram autênticas “MULHERES DE AÇO” e “HOMENS DE BARBA RIJA”...
Hoje tudo é diferente para melhor, e ainda bem, mas é sempre de justiça não esquecer o passado…"
Este ano, até os "Capitães de Abril" ficam em casa...
"As flores símbolo da Revolução de Abril estão murchas, a morrer nas estufas, por falta de procura. Haverá melhor imagem para aquilo que está a acontecer à nossa liberdade?"
Fica um abraço que veio de Macau em jeito de homenagem ao 25 de Abril e ao cantor de Grândola, Vila Morena Zeca Afonso...
Fica um abraço que veio de Macau em jeito de homenagem ao 25 de Abril e ao cantor de Grândola, Vila Morena Zeca Afonso...
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