terça-feira, 14 de abril de 2020

Sermão bloquista na montanha, mas que poderia ser no acampamento de Verão

por Paulo Sousa, em 14.04.20, via Delito de opinião

Bem aventurados os mansos, pois serão financiados.

Política figueirense em tempo de COVID-19

É tudo tão previsível...
Há um ano foi assim: «... “em breve” será colocado asfalto na estrada “Enforca cães”, provisoriamente interditada por razões de segurança. Em paralelo, mas mais perto do mar, será aberta uma via pedonal e ciclável, para ligar o concelho, pelo norte e pelo sul, ao resto do país, através de uma via europeia para peões e ciclistas. Incluída naquele via pedonal e ciclável, a autarquia pretende que na ponte que vai ser construída entre Vila Verde e Alqueidão possam também circular viaturas ligeiras. “Com esta ponte e a ligação da “Enforca cães”, estamos a unir mais o concelho”, defendeu Carlos Monteiro.
... o jardim municipal vai entrar em obras. Além do prometido coreto, terá um espaço de bebidas e biblioteca, na zona do parque infantil. Por outro lado, anunciou ainda o edil, o jardim da Quinta das Olaias será aberto ao público e haverá um corredor verde entre aquele espaço municipal e as Abadias. Por outro lado, Carlos Monteiro revelou que a autarquia poderá analisar uma solução que permita criar uma parceria com o Coliseu Figueirense, tendo em vista a cobertura e a remodelação da praça de touros. No entanto, defendeu, isso não implicará a desistência do Anel das Artes, que, afinal, também poderá levar cobertura. Entretanto, contudo, a construção do espaço multiusos foi adiada, sem data definida para ser iniciada.
“Em breve”, também deverá ser resolvido o dossier do Paço de Maiorca. As obras de reconversão do imóvel histórico em unidade hoteleira de charme, ao abrigo de uma falhada parceria público-privada, encontram-se paradas há vários anos. A solução passa por a autarquia pagar três milhões de euros à banca, podendo ter de concluir o projecto, se não houver um privado interessado em fazer as obras e explorar o negócio. Sendo certo, contudo, que a actividade será concessionada a privados.»
Entretanto, passou um ano. De palpável, "vai-se a ver e nada".

para ler melhor clicar na imagem
O presidente da câmara, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO AS BEIRAS, a propósito do seu primeiro ano no cargo, que será publicada amanhã, avança prioridades para os projetos da autarquia. 
"Não desistiu da piscina coberta". Mas esta é a segunda prioridade da lista de investimentos. A primeira, "é a requalificação do Estádio Municipal José Bento Pessoa, actualmente em curso". Depois, "há a piscina e  um pavilhão desportivo. Que poderá ser multiusos".  Todavia, a decisão ainda não foi tomada, podendo vir a ser construído um espaço dedicado a eventos e outro ao desporto. Entretanto, "o Anel das Artes deixou de ser prioridade: foi adiado, sem data definida para a discussão ser retomada."  "A cobertura do Coliseu Figueirense poderá ser uma alternativa."  "Os projectos da autarquia para a requalificação do Cabo Mondego não estão pendentes da candidatura a geoparque da UNESCO, entretanto reformulada, para abranger outros territórios da região." "O «Enforca Cães», entre a Murtinheira e Buarcos, interditada por razões de segurança, aguarda parecer do Laboratório Nacional de Engenharia
Civil". 

Amanhã será publicada a entrevista política do presidente Monteiro em tempo de COVID-19. 
Carlos Monteiro, assume-se definitivamente como um político profissional e ambicioso. Só que Carlos Monteiro, presidente de Câmara há um ano, para já, é um produto do acaso. Claro que é apenas um começo. Uma coisa é certa, porém: em 2021, se a ambição ganhar eleições, Monteiro arrasa os outros candidatos.
Monteiro vai fazer o quê?  O mesmo de há um ano, quando se encontrava na fase de  deslumbramento por, finalmente, ter chegado a presidente.
Vai continuar a prometer aos figueirenses o óbvio. 
Não vai prometer virar a página, nem desenvolvimento planeado, nem criação de emprego para fixar população.
Carlos Monteiro, carreirista político, conhece bem o concelho onde vive...
Não sou a única pessoa que lamenta o deserto do pensamento e de exigência política que vigora na nossa Aldeia. Somos poucos, mas na Figueira há ainda quem pense e não desista de pensar. Mas, infelizmente, somos pérolas raras.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Onde é que estamos metidos?..

Covilhã comprou câmeras térmicas que não podem ser usadas em pessoas...

Via Revista Sábado
«A autarquia da covilhã terá gasto dinheiro em vão na compra de várias câmeras térmicas, distribuindo-as pelas principais instituições do concelho que estão "na linha da frente" ao combate à Covid-19, PSP, GNR, bombeiros, hospital e centro de saúde do concelho. É que, segundo denunciou o ex-deputado do CDS Adolfo Mesquita Nunes, no Facebook, e foi confirmado pela SÁBADO, o manual de instruções do modelo comprado, o GTC 400 C Professional, diz claramente quo mesmo "não pode ser usado para medir a temperatura em pessoas ou animais".
Ainda assim, a 6 de abril, a autarquia divulgou um comunicado e publicou várias fotos na sua página de Facebook, com o presidente, Vítor Pereira, a fazer a entrega dos aparelhos, com um preço de venda ao público de 1444 euros, por aquelas instituições. Segundo um comunicado de 6 de abril, aquelas instituições ficavam "na posse de um equipamento que permite, com grande precisão e rapidez, medir a temperatura corporal, podendo assim detetar casos de febre, um dos sintomas mais frequentes associados à infeção pelo covid-19".
O presidente da autarquia, Vítor Pereira, revelou que a "autarquia está a fazer um grande, mas indispensável, esforço, no sentido de contribuir para que as instituições e os profissionais que estão na linha da frente neste combate pela saúde pública, possam exercer as suas funções cada vez melhor e com cada vez mais meios"

Entretanto, em declarações à Rádio Cova da Beira, Vítor Pereira já reagiu à polémica, dizendo não ter tempo "para ler manuais de instruções" e que a compra da câmeras foi indicada por um técnico da autarquia.» 


Comportamento dos figueirenses...

"Os figueirenses em geral estão a mostrar civismo e capacidade de adaptação ao atual estado de emergência provocado pela pandemia covid-19.
Temos a sorte de ser o concelho com menos casos por 10.000 habitantes do Distrito de Coimbra, ou seja, não temos um problema grave. Não estamos numa situação de extrema ansiedade (como Ovar, por exemplo) e segundo um mapa elaborado pelo Instituto Superior Técnico (08.04) o concelho da Figueira apresenta um baixo risco de infeção.
Pela negativa nota-se que há pessoas a deitar máscaras e luvas para o chão nas imediações de espaços comerciais, um atentado à saúde pública. Tal como há gente que continua desrespeitar a deposição do lixo nos contentores, colocando-o a granel e causando problemas a quem recolhe. Desde uma palavra de apreço pelos trabalhadores dos setores essenciais, desde a manutenção da rede de abastecimento de água à higiene urbana, passando pela energia e serviços de telecomunicações que mantêm a sociedade funcional.
Relevante também é perceber que a comunicação da Câmara assenta no “Facebook”. Faltam canais mais diretos e dirigidos, não há um cartão de residente nem uma sistematização dos dados que permitam um apoio e informação individualizada.
O mesmo se passa com uma certa descoordenação entre entidades, havendo nitidamente falta de uma posição comum perante as contingências inerentes aos desafios da crise em que vivemos.
Destaco pela positiva o funcionamento dos espaços de abastecimento alimentar. O mercado municipal é provavelmente o sítio mais seguro para fazer compras. Arejado e controlado, onde as bancas proporcionam a distância de segurança entre vendedores e compradores.
Os supermercados e mercearias de proximidade tomaram medidas de proteção dos seus funcionários, que são os mais expostos a contaminação. Os clientes agem em conformidade, há respeito generalizado pela distância de segurança e naquilo que presenciei cortesia e bom senso. Votos de saúde para todos os leitores."
Via Diário as Beiras

Parabéns pelos 73 anos ...

Jerónimo de Sousa, ainda recentemente pediu aos jovens: “não se calem perante as injustiças” ...

«O Quiosque Praça 8 de Maio, na Baixa da cidade da Figueira da Foz, oferece fotocópias aos estudantes do concelho, incluindo os universitários. Em três semanas, ofereceu “mais de mil”.»

Uma ou outra eventual "violaçãozinha" das regras, mas continua tudo a correr bem na Figueira...

Imagem via Diário as Beiras

COLECTIVIDADES... (7)

Excelente análise de José Augusto Marques:

"Em jeito de comemoração de 42 anos de dirigismos associativo, feitos ontem, dia de páscoa, e numa altura que tanto se tem escrito sobre associações, porque não me furto a nenhuma discussão que mexa com a vida da nossa comunidade, aqui fica uma mera opinião:

Tem-se perguntado por aí se temos coletividades a mais. Ora, o que me parece que está a mais é a pergunta! O direito de associação é uma das bases de uma sociedade livre e democrática, logo, não é questionável. Portanto não há coletividades a mais ou a menos, há coletividades que se formaram ou formam pela necessidade de afirmação e satisfação de cada comunidade e deverão existir enquanto os propósitos fundadores se mantiverem, sem condicionalismos em função do credo religioso ou político dos seus associados. Já não estamos no tempo do condicionalismo industrial do Estado Novo…

Nos tempos que correm, na opinião de quem já anda por cá há muitos anos, as perguntas que devem ser formuladas em qualquer concelho e em especial na Figueira da Foz, são outras.

Para irritação de muita gente ando há anos a dizer, em vão, que não chega exibir nas sessões solenes de aniversário das nossas coletividades a façanha de sermos um concelho com muitas associações, até porque não é verdade, se tivermos em conta o número de habitantes por concelho. O nosso troféu deveria ser a qualidade do trabalho que as respetivas associações fazem. Só que, para falar da qualidade do que por aqui se vai fazendo, não podemos ignorar a mãe de todas as perguntas: Tem o concelho da Figueira POLITICA ASSOCIATIVA ao nível cultural, desportivo, recreativo e social? A resposta é clara: Nunca teve, não tem, e a avaliar pelo que vamos lendo, não terá tão depressa. É justo abrir um parenteses para dizer que num ou noutro momento tivemos responsáveis pelo pelouro com conhecimento do terreno e por isso com sensibilidade e critérios de apoio e incremento da atividade associativa, razoáveis em várias atividades. Mas foram mesmo exceções. A falta de política associativa clara é a principal razão do enfraquecimento, aparecimento ou desaparecimento de algumas associações, comparativamente com concelhos vizinhos. O resto é conversa para entreter.

Para ser concreto, pegando apenas no exemplo do futebol, que me parece simples e elucidativo, na década de oitenta, o concelho chegou a ter 12 equipas seniores nos campeonatos distritais. No ano 2002 da "Graça do Senhor", os poucos que teimam estoicamente em continuar, pisam bons sintéticos quando jogam em concelhos vizinhos e recebem os adversários em pelados miseráveis, fruto da inexistência de uma visão integral do que devem ser os equipamentos desportivos no concelho e como devem ser distribuídos no território. Há hoje menos equipas que havia na década de oitenta porque o futebol saiu de moda e os jovens não aderem? É claro que não. Há é menos parvos disponíveis para gastaram a gasolina dos seus carros e ainda serem desconsiderados pelos que tentam controlar as coletividades por razões políticas!

Nos artigos que temos lido, outros há que nos atiram com os regulamentos municipais. Mais uma ilusão. Serei insuspeito na defesa da existência de regulamentos. Afinal, ando desde 1992 a copiar e a enviar regulamentos de outras câmaras para serem adaptados pela nossa, convencido que a solução da equidade nos apoios passava por aí. Enganei-me e penitencio-me por isso. Afirmar que havia menos transparência na gestão dos apoios municipais às coletividades antes de haver regulamentos, é mais ou menos como dizer que deixou de haver corrupção no país com a redação de novas Leis. Sabemos todos que não é verdade. Nesta, como noutras matérias, a grande diferença, perante injustiças gritantes, é que, sem regulamentos, responsabilizávamos diretamente quem fazia as propostas de apoio em reunião de câmara; com regulamentos, feitos muitas vezes à medida de alguns, quando reclamamos, a culpa não tem rosto, é do regulamento. Se alguém quiser que concretize com exemplos, é só pedir.

Portanto, vamos lá assumir que em matéria de coletividades páramos no tempo e precisamos de um novo impulso reformador baseado no que de melhor se faz noutras paragens. E não precisamos de sair do distrito de Coimbra para ver como se faz bem. Aliás, para sermos justos devemos dizer que, numa das atividades culturais do concelho, não precisamos de sair da Figueira para termos um bom exemplo de incremento ao desenvolvimento da dita atividade e transparência nos apoios. Mas foi preciso trabalhar o assunto diretamente com o anterior Presidente de Câmara, se não, por vontade de alguns intelectuais, paladinos da transparência, continuava tudo na mesma."

Qual era a alternativa: onde é que o Costa conseguia arranjar "peixe com máscara"?..

Imagem via Edgar Canelas



Há duas espécies de peixes que nunca consegui encontrar: com máscara; e com óculos.
Presumo que seja por o peixe lavar a cara com água salgada.

Realidade

«A “ordem” é para ficar em casa»...

«Foi para ajudar os que atravessam mais dificuldades que nasceu o “Canções de Quarentena – Coimbra”. O projecto, que é também nome da página na rede social Facebook, consiste na transmissão online de concertos diários de diferentes artistas, sendo a noite de sábado mais longa, com actuações de todos os participantes. Arrecadar valores diversos que possam ajudar a subsidiar os artistas que neste momento estão sem outros rendimentos e oportunidades de trabalho é o objectivo.»
Via Diário de Coimbra

domingo, 12 de abril de 2020

COVID19: e agora Figueira da Foz?

IMAGINAÇÃO... SIM, IMAGINAÇÃO...

Uma pergunta pertinente...

Isto mudou... Bom domingo de Páscoa de 2020 para todos

A foto é de 18 Janeiro passado
Ainda não passaram 3 meses. Na altura, no Cabedelo até os gatos eram felizes...
O rosto do Cabedelo era isto, que as
 bestas que o continuam a alterar nunca conseguirão perceber: não o visível, mas o essencial.


Só passaram 3 meses!.. Alguém, mesmo um escritor de ficção cientifica, imaginaria então uma Lisboa com um bando de gaivotas a sobrevoar a área de movimento do aeroporto Humberto Delgado, metendo inveja às várias dezenas de aviões estacionados em terra, impedidos de voar durante a Páscoa?
O aeroporto por onde passavam milhões de pessoas por ano, tem os tapetes rolantes parados, as lojas  fechadas e os voos estão suspensos.  Neste Domingo de Páscoa de 2020, o frenesim de passageiros a circular com malas, a entrar e a sair do aeroporto, fazem parte do imaginário. Os ecrãs com as longas listas de voos estão apagados, não há check-in nem check-out, os terminais de bagagem estão suspensos. Como as vidas de todos nós.

Hoje é Domingo de Páscoa, o dia mais importante do Catolicismo.
Este dia resume o maior mistério da Fé: a esperança da Ressurreição. 
Para os que acreditam, o Domingo de Páscoa é o dia da Ressurreição de Jesus, e celebra a vida, o amor e a misericórdia de Deus. Ao terceiro dia, Jesus levantou-se da sua sepultura, vencendo a morte e trazendo aos fiéis o tão aguardado milagre. 
Depois da morte, da terra renasce a vida: Maria Madalena foi ao sepulcro onde Jesus se encontrava e viu que a pedra que o fechava fora retirada. O sepulcro tornou-se um lugar de esperança, de vida e de fé.

Este, porém, é um Dia de Páscoa diferente. Para todos. Os que acreditam e para os que não acreditam.
Em poucos dias o Mundo mudou. Ninguém sabe o que será o futuro a curto prazo.
Todavia, quem estava atento às inovações e alertas das ciências "sabia" que um dia teríamos uma pandemia. Mas o que fizeram os poderosos? O mesmo de sempre: nada. Ignoraram os avisos, não se preocuparam com a prevenção e continuaram a sua vidinha: prosseguiram com as  coisas mais populares - aquelas que, no imediato, rendem votos. 
Tal como continuam a fazer as bestas que estão a alterar o Cabedelo, pois ainda não perceberam que o mundo mudou.

De um momento para o outro, porém, a ficção tornou-se a realidade. Algumas profissões pouco valorizadas e mal pagas, revelaram-se essenciais ao funcionamento da sociedade e sem poder entrar em isolamento social.
Por exemplo: as equipas de higiene, limpeza e saúde. O apoio à terceira idade. Os funcionários dos supermercados e das farmácias. Os motoristas. O empregado da bomba de gasolina. Os pescadores. Para esta gente não há teletrabalho que os proteja do COVID19.
Por outro lado, o desporto profissional, em Portugal o futebol,  a louca paixão de muitos, alimentada quase em permanência pelas TV e jornais, onde giram milhões, silenciou-se.  

As  mudanças económicas estão aí, o que pode trazer, por arrasto,  instabilidade política e social.
Portugal (e o Mundo) assenta em muitas fragilidades. Bastou um coronavírus, uma coisa que ninguém consegue entender o que é, para dar origem a uma catástrofe mundial - não de todo inesperada para quem andava atento aos sinais.
Os Trump´s deste mundo viram o quanto, também eles, são frágeis, vulneráveis e impotentes. Para quê o armamento nuclear, os misseis, os aviões, os porta-aviões, os submarinos, os tanques, os blindados, as metralhadoras, os revólveres ou as pistolas de pressão de ar? Para nada. Não protegem, nem evitam que se morra da forma mais miserável, sem sequer se ter direito à dignidade na despedida.

Em todas as crises, porém, o principal é ultrapassar os problemas para conseguir ir para além dos obstáculos. Só assim, será possível o aproveitamento das oportunidades que vão surgir a seguir a este período negro que estamos a atravessar.
A Figueira, Portugal e o Mundo ainda um dia vão ser a Aldeia onde dará gosto viver. 
As bestas que estão a alterar o Cabedelo, como se o mundo não tivesse mudado, um dia irão também perceber isso.
Boa Páscoa de 2020. A Páscoa de 2021 está à nossa espera... Se querem lá chegar, entretanto, #FIQUEM EM CASA.

Bom domingo de Páscoa

COLECTIVIDADES... (6)

Há coletividades a mais no concelho?

Estratégia e equidade

"O associativismo faz parte das nossas tradições e é uma marca de identidade daquilo que somos enquanto figueirenses. Nunca poderia achar que existem demasiadas coletividades na Figueira da Foz, já que estas instituições são indispensáveis para uma participação ativa na sociedade, para reforçar valores como o espírito de união e de solidariedade.
Ainda, nos dias de hoje, são as coletividades que existem na nossa rua, no nosso bairro ou na nossa freguesia que apoiam quem mais precisa, sendo o conforto de muitas famílias. Agora o que devíamos salientar não é a quantidade, mas os desafios que atravessam, sendo que muitas delas têm em causa a sua sobrevivência.
Os obstáculos são muitos, a diminuição do número de habitantes do nosso concelho, a falta de captação de jovens para estas atividades, muitas vezes pelo motivo de realizarem a sua vida fora da nossa terra, a falta de investimentos e apoios para manter ou renovar as suas estruturas físicas ou até mesmo para avançarem com novas atividades mais atrativas para a comunidade.
Promover um associativismo popular dinâmico e até mesmo empreendedor é uma alavanca de desenvolvimento para a Figueira. São inúmeros os exemplos, em câmaras municipais, que adotaram projetos que apoiam, de forma sustentável, as suas coletividades através da criação de gabinetes de apoio ou de fundos municipais direcionados para o associativismo, onde é definido também parâmetros equitativos na atribuição de apoios a eventos ou atividades que vão para além do subsídio assumido pelos objetivos anuais.
Claramente que não se verifica esta planificação e estratégia por parte dos agentes políticos que comandam os destinos do nosso concelho. Verifica-se é uma discrepância de apoios atribuídos, sem se perceber quais os critérios. Na maioria das vezes prejudicando as instituições mais antigas e fragilizadas.
As coletividades são peças fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais humana e hoje, mais do que nunca, são valores fundamentais que nos alentam e que nos fazem sentir mais seguros."
Há coletividades a mais no concelho?

Unificação

"Respondendo diretamente, diria que sim! Sei que esta resposta poderá ferir muitas suscetibilidades e que pode não ser politicamente correta. Contudo, uma garantia que posso dar aos leitores desta coluna semanal é a de que darei sempre a minha opinião pessoal acerca dos assuntos aqui colocados. Atenção que nesta abordagem não está em causa a enorme e indiscutível importância cultural, desportiva ou social das coletividades para o nosso concelho, nem a bondade da sua criação, está em causa discutir a sua sobrevivência!
Sei que muitas coletividades, cujos estatutos têm objetivos semelhantes, se duplicam e triplicam nos mesmos lugares. As suas sedes, muitas vezes a curtas distâncias umas das outras, anseiam pela sua ocupação e dinamização, pois muitos dias encontram-se vazias. Aspiram por manutenção, e adaptação às medidas de segurança, dependendo muito de apoios para conseguirem garantir os mínimos exigíveis ou até pagar as contas da água e da luz. Angustiam-se por não terem sócios ou mecenas suficientes que lhes permitam sobreviver. Desesperam por falta de voluntários que assegurem todo o trabalho da direção, que acaba por ser feito quase sempre pelos mesmos. Muitas vezes, várias gerações da mesma família. Sonham com a sua modernização e com a atração de jovens…
Muitas destas duplicações a que me refiro surgiram no âmbito de roturas entre sócios de uma primeira coletividade. Sendo as segundas e terceiras criadas por ex-sócios desavindos. O problema é que, passados muitos anos, tudo se esvanece e percebe-se que não existem pessoas suficientes para as manter em pleno funcionamento.
No entanto, existe uma esperança, e há bons exemplos no nosso concelho. Refiro-me às coletividades de S. Pedro, o Desportivo Clube Marítimo da Gala, o Clube Mocidade Covense e o Grupo Desportivo Cova-Gala, que, percebendo as vantagens óbvias, têm tentado a sua unificação. À semelhança do caso de sucesso de Viana do Castelo, em que o C.N.V e a A.R.CO se unificaram e fundaram o VRL, transformando-se num dos mais fortes clubes de remo do país. Julgo que, através de consensos, é esta a solução sustentável e que garante a perpetuidade de todas as coletividades, a unificação!"