Investir na cultura
"A cidade e o país precisam de mais investimento na cultura e não a duplicação de equipamentos onde já existem bons espaços culturais. A Figueira tem salas com muito boa qualidade como as do Centro de Artes e Espetáculos (CAE) e salas com valor histórico e sentimental, como o Teatro Caras Direitas, a necessitar de serem reabilitadas. A cidade não necessita de um novo teatro. O que necessita é que as salas existentes sejam devidamente utilizadas e frequentadas, através de decisões que valorizem devidamente a cultura e o teatro, em particular. Na minha opinião, deveríamos implementar aulas de teatro nos currículos escolares, como acho que deveríamos ter mais atividade física e mais ensino da cultura científica (método científico), entre outras matérias deficientemente dadas ou ausentes do ensino. O teatro não é telenovela, não é entretenimento. Aprender teatro é ler os clássicos da literatura, é estudar autores da Grécia Antiga até aos dramaturgos modernos, como Dário Fo. Fazer teatro é aprender a comunicar, uma atividade essencial nos tempos que correm. O próprio cinema, tão caro à nossa cidade, é tanto melhor quanto melhor for a qualidade do teatro. Apesar de o concurso de adjudicação do CAE ter levantado imensas dúvidas, a qualidade deste espaço está a ser claramente subaproveitada pela cidade e poderia estar ao serviço das companhias de teatro locais mais ativas. Poderia ser também utilizado pelas escolas secundárias, caso o teatro fizesse parte da cultura escolar, como propus. Mais inteligente do que mostrar obra feita através de um novo equipamento, seria recuperar as salas de espetáculos que existem nas nossas freguesias e apoiar as associações a fomentar a prática do teatro descentralizada no nosso município. Muitas dessas salas estão vetustas, com más condições de segurança e sem condições para atrair os jovens. Se se quer mostrar obra feita, é mais avisado descentralizar e difundir a cultura do teatro do que centralizar tudo em mais uma obra de betão."
Via Diário as Beiras