“Não há generosidade na esmola: há interesse. Os pecadores dão para aliviar seus pecados; os políticos para merecerem os votos dos eleitores.”
Na Figueira, falar em qualidade da democracia, em finais de Novembro do ano da graça de 2017, é uma desafinação de juízo. Quando se apregoa a qualidade de algo, é porque há motivos, pelo menos razoáveis, para duvidar do seu estado de conservação.
Tudo começa e acaba no povo.
Sim o povo, essa mole amorfa e quase sempre inerte, que na sua acção diária exerce já suficientemente a sua capacidade de destruição.
Conceder-lhe, de 4 em 4 anos, o direito de voto e tornar equivalente qualquer voto tem sido um erro!..
De 4 em 4 anos, tem-se acentuado a propensão ao colapso das composições sociais, no sentido em que, ao massificar o voto, se potenciou e estendeu o poder popular e ecológico de destruição.
Na Figueira, pretensa e maioritariamente, o povo tem a mania que é de esquerda e vota na esquerda!..
Porém, o nosso concelho foi sempre governado à direita (veja-se, para não cansarmos a memória, por exemplo, nos mandatos de João Ataíde, quem foram os melhores defensores dos interesses da Lusiaves...) defraudando os seus eleitores.
A punição, que durou até 2009, em 1997, foi o voto massivo na direita!
Foi sempre assim em Portugal: o eleitorado, depois dos socialistas fazerem tábua rasa do que apregoam em campanha, costuma votar à direita.
A seguir queixa-se!..
Só um povo esclarecido me convenceria que, afinal, os figueirenses, tal como os outros portugueses estavam certos...
Em última instância, entenda-se, o povo é uma arma de destruição em massa.
E os oportunistas, foram sempre rindo-se dos idealistas!
Não quero ser fatalista, mas este povo é uma uma desgraça.
Longe vão os tempos, em que as palavras de Abraham Lincoln, "a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo", tinham algum significado!
Hoje, para quem está no poder executivo na Figueira, se a conhecerem, não passa de uma frase bonita para que olham com indiferença...
Na Figueira, o povo gosta de circo e carnaval.
Portanto, se o povo quer circo e carnaval, o Imperador, neste caso Ataíde, dá circo e carnaval ao povo!
Citando Eça.
“O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”.
"Talqualmente", como diria Odorico Paraguaçu, “a sem-vergonhice” é isto.