O maior génio musical e poético da Música Popular da segunda metade do século XX, na opinião de Alfredo Pinheiro Marques, é uma mulher.
A cantora compositora e instrumentista canadiana Joni Mitchell (Roberta Joan Anderson), em 1995 — após vinte e cinco anos sem querer aparecer em qualquer televisão… —, aceitou apresentar uma canção ("Sex Kills") e ser entrevistada na NBC em Los Angeles (no programa "The Tonight Show, with Jay Leno").
Fica, por gentileza do seu responsável máximo, um excerto conservado e transcrito na videoteca do ABCD-Arquivo Biblioteca e Centro de Documentação do CEMAR(Centro de Estudos do Mar), Figueira da Foz, Portugal.
Joni Mitchell, “Sex Kills”, in Turbulent Indigo, 1994 (trad. port. Alfredo Pinheiro Marques, 2012)
Esperando a luz verde do semáforo
Olhei a placa da matrícula
Dizia "Just Ice" (Só Gelo).
É a Justiça só gelo?
Governada pela ganância e a cobiça?
Somente quem é forte fazendo o que quer
E quem é fraco sofrendo o que deve?
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.
Sexo mata…!
As pílulas dos doutores dão-te novas doenças
E as contas submergem-te numa avalancha.
Os advogados já não eram tão requisitados
Desde que Robespierre chacinou metade de França.
E os chefes índios, com suas velhas crenças, sabiam
Que o equilíbrio está desfeito, com estes ions loucos.
Sente-se no trânsito automóvel
Toda a gente odeia toda a gente!
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.
Sexo mata…!
Todas essas masturbações nos escritórios
O violador na piscina.
E as tragédias nos jardins de infância
Crianças pequenas levando armas para a escola.
O ozono ferido
Estes cancros da pele
O sol hostil agredindo
Este caos massivo em que estamos!
E as fugas de gás
E os derrames de petróleo
E o sexo que vende tudo.
O sexo que mata.
Sexo mata…!