domingo, 7 de junho de 2015

A ensinadela



"O que vive em nós mesmo irrealizado precisa nestes tempos dúbios da rijeza da pedra. Orgulho autêntico. Recusa da conivência, do arranjo disfarçado. Dignidade. Elementos de que se faz a vagarosa teimosia dos sonhos. E então a partida está ganha. Pode perdê-la o escritor (por outras razões, aliás) mas o homem vence-a de certeza."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira 

PEDRO AGOSTINHO CRUZ, em 2009, era este menino.
Os anos, entretanto, passaram e o Pedro Agostinho Cruz, já o assumido fotojornalista, cresceu e aperfeiçoou o seu profissionalismo e o sentido de cidadania: quem o conhece a nível profissional, sabe que trabalha sempre com grande ética, rigor e dedicação. Daí, que a qualidade daquilo que faz - a arte de trabalhar para o “boneco” - seja a que muitos já conhecem.

Sobre o rol de peripécias que teve de enfrentar para chegar a amanhã – o dia da apresentação pública da exposição ALERTA COSTEIRO 14/15, na Casa dos Pescadores da Costa de Lavos, pelas 11 horas -, muitas histórias haveria para contar. Mas, hoje, não é o dia...

O mais difícil, em tempos difíceis e de escassez, é viver com valores. É manter, contra todas as ignomínias, o espírito aberto ao diálogo e à diferença, para não nos tornarmos iguais a eles. 
O ar do tempo que vivemos apela ao salve-se quem puder. Os poucos que prezam e defendem, para viver, o espaço vivo da cidadania, em democracia e liberdade, resistem. Mesmo, quando resistir possa parecer não resistir.

Em todos os momentos deste processo, a meu ver, o Pedro Agostinho Cruz  surpreendeu pela positiva.
Nenhuma das suas figuras de referência (eu sou uma delas) o tinha conseguido preparar para a postura de emancipação que assumiu a partir de Fevereiro passado e, sem esmorecer, partir, por decisão própria, para a aventura que foi manter vivo o desejo de concretizar a 100% este ALERTA COSTEIRO 14/15. O que vai acontecer amanhã.
O Pedro vai sair deste processo mais forte, mais experiente  e mais preparado para enfrentar a vida. Gostava era de saber onde foi arranjar esta capacidade de resiliência!..

Ele sabe, porém, que nunca esteve só no seu destino. Ele sabe que nunca vai estar só no seu destino. Ele sabe que a família não deixou e nunca deixará.
O Pedro conhece o passado da família - e valores como honra,  carácter, a palavra  - e nunca vai esquecer de onde veio. 
Todos nós temos passado que nos marca. O Pedro também já começa a ter. Mas alguns têm mais passado do que outros. Os conservadores a sério - e o Pedro é  -  não brincam com o passado. Assumem o passado. Honram o passado. 
Os cidadãos decentes - e o Pedro é  -  respeitam a tradição. 
O Pedro tem a herança do passado familiar nas veias e sempre a respeitou. Uma família é uma sucessão de gerações. Entrelaçadas. Ele conhece as dificuldades e os dramas vividos pela sua família,  geração após geração,  e a forma enérgica, digna e honesta como sempre foram enfrentados os problemas para se conseguir dar a volta por cima.
Desta vez, coube ao Pedro apanhar no percurso com uma infinita dose de estupidez. Valeu-lhe  o poder da qualidade do seu trabalho e a maneira corajosa como enfrentou a realidade e os demónios.
Da família, ele sabe que pode contar sempre com o abrigo espiritual e o apoio que o hão-de ajudar, como aconteceu neste caso, a curar as muitas cicatrizes que ainda lhe  vão chagar o corpo e a alma pela vida fora. Este, foi só um desafio que enfrentou com inteligência e valentia. 

Este, está ultrapassado. Mas, muitos estão para chegar.
Nunca se pode esquecer, porém, do seguinte:  o carinho é a sobrevivência da alma.
O Pedro é um jovem. Tem  muito percurso ainda a percorrer.
O caminho não é este: mostrar o que não se  é. Ou fazer piruetas ou outras macacadas  para cativar os vivas da multidão ululante. 
O caminho é este - o que tenta percorrer: confiar nas suas capacidades e fazer o trabalho em silêncio, com profissionalismo, honestidade, rigor, dedicação e competência.

Nunca devemos utilizar a memória como uma arma de arremesso contra ninguém. A memória, quando cumprimos o nosso dever, perante os outros e nós próprios, serve simplesmente para nos apaziguar e nos fazer viver em paz connosco mesmos.  
Uma Aldeia, tal como uma família, sem memória é uma comunidade desarmada perante os desafios do futuro e os seus perigos. 
Seremos nós próprios mais autênticos perante a sociedade se assumirmos, em todas as suas facetas, o nosso passado. E tu, apesar da tua juventude, já começas a ter passado.
Numa altura em que as notícias se transformaram num espectáculo de divertimento, mais do que um exercício de cidadania relevante - que também é -, a notícia da inauguração deste ALERTA COSTEIRO 14/15, é uma excelente notícia.
Pedro Agostinho Cruz: a democracia - a verdadeira democracia - exige a coragem tranquila dos que querem ser livres e estão dispostos a correr o risco de lutar pela liberdade. 
"Há sempre uma filosofia para a falta de coragem", como escreveu um dia Albert Camus.

O Pedro ainda é muito jovem, mas já demonstrou o que é ser um Homem de carácter
Para que o carácter de um Homem revele qualidades verdadeiramente excepcionais, é preciso ter a sorte de poder observar os seus actos durante anos. Se esses actos forem desprovidos de todo o egoísmo, se o ideal que os conduz resulta de uma generosidade sem par, se for absolutamente certo que não procuram recompensa alguma e se, além disso, ainda deixam na sociedade marcas visíveis, estamos então, sem sombra de dúvida, perante um carácter de excepção. 
Quando se vê um “puto”, reduzido aos seus recursos morais, ser capaz de ultrapassar dificuldades sem conta e concretizar este ALERTA COSTEIRO 14/15, até nós ficamos mais optimistas ao verificar que, apesar de tudo que se vive neste momento em Portugal, a condição humana continua admirável e a produzir jovens fantásticos. 
Não foi fácil a tarefa, acreditem – foi necessária ao Pedro muita firmeza de princípios, grandeza de alma, persistência, generosidade e altruísmo, para concretizar este ALERTA COSTEIRO 14/15
Perante isto, independentemente de o Pedro Agostinho Cruz ser meu sobrinho, ao relembrar todo o esforço feito por um jovem para concretizar este objectivo, o ser humano que ele é, merece, do meu ponto de vista, um imenso respeito. 
Não podemos esquecer que, 41 anos depois de Abril de 1974, circulamos em piso escorregadio. E pouca gente se arrisca a andar à vontade num piso assim...
Pedro Agostinho Cruz: obrigado por teres provado que há sonhos que conseguem sobreviver e realizar a 100%.

Praia do Cabedelo

foto António Agostinho

sábado, 6 de junho de 2015

A tradição continua a ser o que era...

foto PAULO NOVAIS
"Portugal à frente" anda, desde 2011,  a deixar Portugal atrás!

ALERTA COSTEIRO 14/15 É NOTÍCIA EM ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO NACIONAL

O fotojornalista Pedro Cruz "transformou" uma exposição com fotografias da sua autoria sobre a erosão costeira nas praias a sul da Figueira da Foz num jornal de 16 páginas, que vai ser distribuído gratuitamente a partir de segunda-feira.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Cruz, 27 anos, fotojornalista há quatro anos, disse que a ideia de fazer a exposição em formato de jornal resultou de querer chegar "a mais pessoas" do que os eventuais visitantes de uma mostra estática.

"Vão ser 500 jornais distribuídos gratuitamente em quiosques e cafés. E junto deles vai estar uma caixa para donativos, porque a ideia é a de que os 500 jornais possam resultar em 500 árvores para reflorestar a duna que está a ser reconstruída", afirmou Pedro Cruz.

"Com o jornal, tenho a certeza que 500 pessoas vão ver o trabalho, porque é o tema [da erosão costeira] que me interessa. Não sei se 500 pessoas iriam a uma exposição", acrescentou.

A exposição Alerta Costeiro 14/15 chegou a estar agendada, em janeiro, para a freguesia de São Pedro, Figueira da Foz, de onde o fotojornalista é natural, mas foi cancelada depois de o presidente da junta se ter oposto a uma fotografia que mostrava diversos políticos, entre os quais o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, o presidente da Câmara local, João Ataíde, e o anterior autarca local que se demitiu na sequência de irregularidades detectadas na sua gestão.

A foto em causa ocupa as páginas centrais da publicação a que a agência Lusa teve acesso e junta-se a outras 22, todas a preto e branco, captadas por Pedro Cruz nos invernos de 2014 e 2015.

As fotografias, que retratam "a realidade costeira da freguesia de São Pedro nos últimos dois anos" são acompanhadas por frases como "Alerta Costeiro 14/15 é mais uma sensibilização a quem de direito" ou uma outra que lembra a exposição cancelada, depois de o fotojornalista "não ter cedido ao pedido do presidente da junta (...) para retirar uma fotografia da sua narrativa fotográfica".

Na última página, o autor apela à "missão" de reflorestar a zona afectada - que está a ser alvo de obras de recuperação promovidas pelo Ministério do Ambiente - pedindo o "contributo" dos leitores e alertando os mais jovens para a erosão costeira, "um problema actual que, dada a sua natureza, corre o risco de ser o mesmo no futuro".

O jornal Alerta Costeiro 14/15 vai ser apresentado publicamente na segunda-feira, às 11:00, na Casa dos Pescadores da Costa de Lavos, a sul da Figueira da Foz.

Está a aproximar-se o tempo do retorno ao filme "promessas do passado", rodado em 2011*...

Ontem no parlamento, Passos negou corte de 600 milhões de euros nas pensões.
 "Quem é que está a falar verdade entre os membros do governo?", perguntou Jerónimo de Sousa.

Em tempo. 
* O filme "promessas do passado", rodado em 2011, pode ser visto clicando aqui.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Continua a série, na Figueira é sempre carnaval ***…

Na nossa cidade, a vida só é dura para os fracos e moles.
Em 2015, temos “mais marchas, mais fogo, mais S. João.”
Este ano,  as Festas da Cidade da Figueira da Foz contam com um orçamento de cerca de 80 mil euros (mais 30 mil do que em 2014). "Já passámos o período mais difícil [de contenção financeira]", disse João Ataíde, explicando que a autarquia reforçou o investimento no espectáculo de fogo de artifício e na comparticipação às sete marchas a concurso, que recebem quatro mil euros cada.
As Festas da Cidade arrancam oficialmente dia 19 e terminam a 6 de Julho, este ano com novidades: desde logo dia 20, às 22h00, com José Cid, na Praça do Forte, espaço que, após obras de beneficiação, tem sido um “palco” privilegiado.

Em tempo:
Há muito que a  Figueira é uma cidade assim: ***.
Espero que este fim de semana não haja nenhuma festa por estes lados. 
É que tenho as minhas calças, digamos assim mais rockeiras, a corrigir a bainha...

Ainda sou do tempo em que para tocar guitarra era preciso ter unhas...

Hoje,  é dia de evitar noticiários e debates televisivos.
Já chega de Sporting, Marco Silva, debates mal conduzidos, discussões estéreis, perguntas mal estruturadas, perguntas por responder…
Quando muito, vou ficar pelos resumos na rádio.
Ontem, passei horas a ver debates e fiquei como o Marco Silva: não sei se se passa alguma coisa.
Até prova em contrário, o sportinguista mais ajuizado que escutei sobre este assunto foi Dias da Cunha...

O Pedro fotografou o que viu. A sua arte é filha da memória…

A exposição não tem cor política, é apenas um alerta e um retrato informativo sobre o estado da costa de São Pedro. O aproveitamento político que fizeram transcende-me totalmente”, declarou Pedro Agostinho Cruz ao DIÁRIO AS BEIRAS. E conclui: “Sou fotojornalista. Como tal, compete-me retratar a realidade. Sempre pensei que praticar a minha profissão de forma isenta, livre e responsável fosse um ato de coragem, mas assim não foi entendido por algumas pessoas”.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O entretenimento futebolístico lida com milhões, mas é desconcertante...

"A SIC conseguiu apurar que, na base do processo disciplinar movido a Marco Silva pelo Sporting, com vista ao despedimento, está a não utilização do fato oficial dos "leões" numa das eliminatórias da Taça de Portugal."

Em tempo.
Marco Silva tem agora 10 dias para apresentar a sua defesa.

Isto de escrever em jornais não devia ser para todos...

O artigo de opinião de António Ribeiro FerreiraREDACTOR PRINCIPAL, no jornal i,  só pode ser explicado por uma das seguintes razões: estar completamente doente; ou ser completamente um porco hediondo, nojento, repulsivo e insensível.

Em tempo

1. Mesmo que este "senhor" fosse o único ocupante da aeronave a despenhar, esta seria mal empregue.
2.  É do conhecimento público que este "senhor" deve favores à tutela, nomeadamente ao Ministro Pedro Mota Soares, na qualidade de pai da menina Mariana Ribeiro Ferreira Costa Cabral, presidente do Instituto de Segurança Social, que também foi vice do CDS-PP.

"A melhor solução para a defesa da orla costeira é repor a praia"

"As conclusões do relatório do Grupo de Trabalho para o Litoral são claras e vale a pena repeti-las: a melhor defesa da costa é a praia. Para que seja atingido esse objectivo no nosso concelho, o relatório aponta para a transferência de areia da margem norte para as praias da margem sul do Mondego. Se este objectivo for atingido, a extensão do areal da Praia da Claridade será consideravelmente reduzido e haverá pouca margem para despejar betão em obras sobre o areal. Por muito que isto custe ao executivo, os projectos previstos para a praia estão fortemente comprometidos. Por isso, percebe-se pouco a teimosia e a insistência em soluções sem futuro. É lamentável o pingue-pongue público entre quem esteja mortinho por mais construção na praia e quem tem horror à vegetação espontânea. De maneiras diferentes, ambas as partes demonstram um desprezo pelo estado natural das praias. No seu estado natural, sem os efeitos negativos dos molhes e da poluição, as nossas praias estão entre as mais bonitas e confortáveis do mundo. Muitas das fotogénicas praias mediterrânicas são artificiais, cuja areia mal polida e cheia de pó está longe de oferecer o conforto da areia das praias que conhecemos. Por exemplo, a famosa Waikiki, em Honolulu, é resultado de despejo de areia sobre uma costa pantanosa. É um engano frequente que encontramos no Havai, tal como em muitas outras partes do mundo."
foto António Agostinho


Em tempo.
A crónica de hoje de Rui Curado da Silva, recorda-me duas perguntas:
Isto é gestão integrada e sustentável da zona costeira entre as diversas entidades públicas?
Por outro lado, que ideia peregrina é essa da municipalização do areal da praia que está na mente dos responsáveis pela autarquia figueirense?
Tal como andávamos a alertar neste espaço, desde  11 de dezembro de 2006,  o processo de erosão da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, deveria ser uma uma prioridade para quem de direito. 
Entretanto,  passaram 9 anos e nada se fez.
No final do ano passado, como as fotos, que podem ser vistas clicando aqui, documentam, o mar invadiu a freguesia de S. Pedro.
O povo baptizou o local por onde o mar entrava com facilidade como a “barrinha do sul”...
Depois de muitos alertas, a duna está a ser reposta com areia retirada da praia em frente...

Ainda estamos na primavera, mas está encontrado o campeão de verão 2015/2016: Bruno do Carvalho!..


Em tempo.
Para sossegar algumas aves agoirentas, penso que Jorge Jesus e Bruno do Carvalho  vão dar-se bem.
Nos primeiros dias…

ALERTA COSTEIRO 14/15: amanhã, sexta-feira, há novidades...

daqui

João Portugal, deputado do PS, foi a Évora…

“Hoje, vim visitar uma pessoa que considero muito e admiro. Vive hoje um momento difícil da vida, as acredito que o vai ultrapassar rapidamente. Além de um abraço de solidariedade, vim também dizer que acredito na sua inocência. Independentemente do caso ou da pessoa em causa, ninguém deve estar sujeito a um sofrimento de 6 meses de detenção sem saber do que está acusado. Em 2005 fui eleito deputado na primeira maioria de José Sócrates, sendo o seu parlamentar mais jovem. Hoje, como em 2005, quero afirmar que o admiro e anseio que volte rapidamente à política activa, depois de esclarecer todo este equívoco.” - João Portugal, no facebook.
Nada tenho a ver com as visitas que João Portugal faz, ou não faz, aos amigos. 
Porém, como foi João Portugal, deputado do PS, que com uma escrita de uma transparência enganadora e um enredo que não dá tréguas ao leitor, tornou publica a visita que fez ao seu Amigo José Sócrates, apenas tenho a comentar publicamente isto: a solidariedade é uma reacção espontânea e discreta. Seis meses é muito tempo… 
Os políticos não são pessoas simples, porque todos querem a cadeira do poder. Para os políticos, que não são pessoas simples, a amizade é o vento de feição. Navegar à bolina, não é com eles…

Em tempo
Como político, João Portugal irrita-me. 
Porém, não é assim uma irritação lá muito grande. 
Como pessoa até nem deve ser dos piores. 
Bem vistas as coisa, até deve ser um gajo fixe.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

"Cada vez que oiço um discurso político ou que leio os que nos dirigem, há anos que me sinto apavorado por não ouvir nada que emita um som humano..." *

Em nome da competitividade e do investimento e da criação de emprego. A juntar à baixa da taxa de IRC. E a nunca esquecida baixa da TSU, para o empregador, em standby. Podia ter acrescentado, mas não. Decerto por esquecimento. Para já "a ideia" do executivo é proteger as empresas. Até 2018. Porque "o roaming com turistas gera uma receita anual de 100 milhões de euros". A repartir no final do ano pelos accionistas. Depois de pagos os salários milionários aos CEO e sortido rico de administradores. Para quem se governa.

* Albert Camus, in Cadernos, "Caderno n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) - Edição Livros do Brasil 

daqui

Era para começar amanhã...

Hoje, no DIÁRIO AS BEIRAS, Carlos Baptista, presidente da Associação da Malta do Viso, esclarece as razões que levaram ao cancelamento do evento.
Tudo deverá ter começado com o desaparecimento de uma ferramenta eléctrica e um  tampo de mesa. 
Estes dois episódios originaram um clima de desconfiança. Segundo Carlos Baptista, o gestor terá levantado suspeitas sobre um sócio da Malta do Viso que também tinha a chave do espaço.
“Miguel Amaral disse que metia tudo na rua”“Tudo”, implicava, também, a Malta do Viso, que tinha a sede no Coliseu. Carlos Baptista afiança que não contou nada aos restantes membros da direcção, “para não incendiar os ânimos”, a cerca de uma semana da festa da sardinha. 
Entretanto, abriu um e-mail enviado por Miguel Amaral com o regulamento para a utilização da praça de touros pela Malta do Viso, que a associação considerou hostil. Esta foi a gota que fez transbordar o copo. 
Na sequência do e-mail, assevera Baptista, “a decisão de cancelar a Festa da Sardinha foi tomada por unanimidade”
E não havia margem para tréguas, evitando, deste modo, cancelar a festa? - pergunta o jornalista.
“Não admitimos que nos queiram pôr a pata em cima. É uma questão de dignidade e verticalidade. Não havia condições para ultrapassar o ambiente que se criou”, respondeu o dirigente da Malta da Viso, afirmando que Miguel Amaral foi a primeira pessoa a ter conhecimento da decisão. 
Os prejuízos ascendem a 1.500 euros. Mas nem tudo está perdido, porque a quermesse deverá realizar-se na Feira das Freguesias, com as receitas a reverterem para instituições sociais do concelho. Entretanto, a Malta do Viso já se retirou do coliseu e, este ano, o seu tradicional convívio de 15 de agosto será realizado “num local a anunciar oportunamente”.
Miguel Amaral, abordado pelo DIÁRIO AS BEIRAS disse que “o coliseu não tem mais nada a dizer”, remetendo para o comunicado da administração do Coliseu Figueirense:“foi com grande surpresa que tomou conhecimento da decisão da Associação Malta do Viso, a quatro dias do início da Festa da Sardinha, através de informação por esta dirigida à comunicação social”Sem pormenorizar, informa ainda que “é exactamente devido ao bom relacionamento que sempre foi mantido” entre as duas partes que “tem sido possível assegurar a continuidade da realização desse grande evento figueirense, não obstante o facto de surgirem algumas tentativas, vindas do exterior, de quebrar a tradição”A terminar,  lamentou “profundamente” a decisão, “face ao grave prejuízo que tal medida provoca na cidade e na região”, e disponibiliza o espaço para o regresso do evento.