"Nos nossos hospitais, voltaram a aparecer doenças que tinham sumido: escorbuto, desidratação e hipotermia.
Lembro-me, como a maioria também se recordará, de estudar o escorbuto na escola, mas não numa disciplina de Biologia ou Saúde. Falava-se da patologia nas aulas de História: esse ataque às gengivas, provocado pela grave carência de vitamina C, era coisa de marinheiros que passavam meses a fio em alto-mar, durante os Descobrimentos, sem condições de salubridade nem vegetais ou frutas.
Era maleita longínqua, há muito erradicada, uma doença de museu. O escorbuto pertencia aos males dos trabalhadores explorados, à pobreza e à ignorância. No nosso imaginário infantil, ficou como um símbolo medieval.
Quando agora, num país europeu no século XXI, chegam aos hospitais casos de escorbuto e pessoas a morrer de fome, de sede ou de frio, fica claro que a austeridade é uma barbárie e que esta política só tem lugar na idade das trevas. Que é para onde deviam ir os criminosos que a praticam."
JOANA AMARAL DIAS
terça-feira, 7 de abril de 2015
Da série, as palavras que hei-de recordar um dia....
Em tempo.
Qual a diferença entre o Super-Homem e
o vereador Tavares?
Só um ainda não percebeu a cena de se
dar esmolas aos cegos.
Eles, algum dia, se lembram de nós
para retribuir o favor?..
Na Figueira, nada de novo...
Praia dos Tesos sobe a “5 estrelas” e vai ser vigiada...
Quem disse que os figueirenses não têm sentido de humor?..
«Chamavam-lhe “Praia dos Tesos” (entre outros nomes menos próprios), por ser próxima da cidade (e por isso, frequentada por quem não tinha viatura própria).
Mas essa fase tem os dias contados, já que, após a requalificação da envolvente do Forte de Santa Catarina, foram ali colocados passadiços, equipamento para actividades desportivas, espaços de estacionamento cobertos (130), e agora postos de iluminação, além da criação de dois bares com esplanada que irão ter a seu cargo a vigilância da praia no Verão, com nadadores-salvadores.»
Quem disse que os figueirenses não têm sentido de humor?..
«Chamavam-lhe “Praia dos Tesos” (entre outros nomes menos próprios), por ser próxima da cidade (e por isso, frequentada por quem não tinha viatura própria).
Mas essa fase tem os dias contados, já que, após a requalificação da envolvente do Forte de Santa Catarina, foram ali colocados passadiços, equipamento para actividades desportivas, espaços de estacionamento cobertos (130), e agora postos de iluminação, além da criação de dois bares com esplanada que irão ter a seu cargo a vigilância da praia no Verão, com nadadores-salvadores.»
Da série, as palavras que hei-de recordar um dia....
Recebi o mail que passo a transcrever:
"Tendo em conta o seu reiterado entusiasmo pela obra do escritor António Tavares, cumpre-me o dever de o informar que o autor foi seleccionado para participar num festival internacional de literatura, o 28º "Festival du Premier Roman", em Chambéry, França. Refira-se que, neste festival, os escritores participantes são seleccionados pelos próprios leitores, ou seja, milhares de leitores europeus votam no seu romance favorito, no caso, no primeiro romance editado pelos escritores. O romance de António Tavares, As Palavras Que Me Deverão Guiar um Dia, foi o mais votado entre todos os primeiros romances editados em Portugal em 2014, por grupos de leitores residentes em Oeiras, Paris - Fundação Calouste Gulbenkian - e Lyon - Instituto Camões.
Espero, sinceramente, que esta notícia contribua, em muito, para o seu regozijo e bem-estar...
Melhores cumprimentos,
Rui Beja"
Em tempo.
Este texto foi-me remetido pelo senhorito Rui Beja, outrora um amigo comum do escritor António Tavares.
Pouco tenho a acrescentar às palavras do meu bom, solícito e benevolente Rui Beja.
Limito-me, apenas, a dar publicidade ao evento e a registar a diferença entre o Super-Homem e
o vereador Tavares!..
Só um tem um livro pra aí com seiscentas
páginas para atirar à cara de quem o tente chatear...
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Tudo corria conforme o planeado...
Passos Coelho não sabe porque subiu esta taxa mas o Expresso perguntou ao INE e explica.
Não há volta a dar-lhe: o desemprego está mesmo a subir.
Não há volta a dar-lhe: o desemprego está mesmo a subir.
Isto, será sequela de quê?..
"Silva Lopes teve a felicidade de falecer no mesmo dia que Manoel de Oliveira"
- Aguiar Branco, ministro.
- Aguiar Branco, ministro.
Da série, as palavras que hei-de recordar um dia....
Depois de ler a crónica de hoje do vereador Miguel Almeida no jornal AS BEIRAS, "Um mortal imortal", especialmente a parte final (Devemos reconhecer que do
grande público o seu nome
estava mais associado a um
caso raro de longevidade, do
que o conhecimento da sua
obra.
No fundo, não estando
constante e detalhadamente
a par do seu estado de
saúde, talvez julgássemos
que esta passagem de Manoel
de Oliveira pelo mundo
ainda demoraria a terminar.
Partiu um dia depois de sabermos que aceitou ser padrinho da segunda edição do Figueira Film Art, o novo festival de cinema figueirense.
Uma coincidência triste. Porém, a homenagem ao Mestre será digna e a Figueira saberá honrar a memória de um homem que amou a vida como poucos.) ficou ainda mais claro que há mais uma diferença entre o Super-Homem e o vereador Tavares.
Só um, quando morrer, pode esperar que os jornais figueirenses, ao referirem-se ao acontecimento, façam referência ao desaparecimento de um oportuno político e "intelectual figueirense".
O senhor António tinha uma mais valia: a hiper audição.
Uma condição consequente, julgava ele, de todo o processo que o levou a tornar-se um dos homens mais importantes da terra onde morava...
Partiu um dia depois de sabermos que aceitou ser padrinho da segunda edição do Figueira Film Art, o novo festival de cinema figueirense.
Uma coincidência triste. Porém, a homenagem ao Mestre será digna e a Figueira saberá honrar a memória de um homem que amou a vida como poucos.) ficou ainda mais claro que há mais uma diferença entre o Super-Homem e o vereador Tavares.
Só um, quando morrer, pode esperar que os jornais figueirenses, ao referirem-se ao acontecimento, façam referência ao desaparecimento de um oportuno político e "intelectual figueirense".
O senhor António tinha uma mais valia: a hiper audição.
Uma condição consequente, julgava ele, de todo o processo que o levou a tornar-se um dos homens mais importantes da terra onde morava...
domingo, 5 de abril de 2015
Páscoa
"... a palavra Páscoa já tem um sentido diferente do inicial ...
De facto a palavra começa por ter no hebraico - p'hesachh - o significado de passagem, trânsito (cf. Morais). E a festa da p'hesachh comemorava jubilosamente a travessia do Mar Vermelho pelos Hebreus.
A coisa porém não principia aqui. Vem já de trás, dos pagãos que celebravam nos ágapes em que imolavam o carneiro, não a passagem do Mar Vermelho, mas a passagem do Inverno para a Primavera que se realiza no signo de Áries: trata-se pois inicialmente duma festa astrológica e é neste signo do Áries=Carneiro, que deve principiar a nossa história ..."
(Américo Cortez Pinto, in Meditações Filológicas em Volta do Termo «Páscoa», sep., 1965)
De facto a palavra começa por ter no hebraico - p'hesachh - o significado de passagem, trânsito (cf. Morais). E a festa da p'hesachh comemorava jubilosamente a travessia do Mar Vermelho pelos Hebreus.
A coisa porém não principia aqui. Vem já de trás, dos pagãos que celebravam nos ágapes em que imolavam o carneiro, não a passagem do Mar Vermelho, mas a passagem do Inverno para a Primavera que se realiza no signo de Áries: trata-se pois inicialmente duma festa astrológica e é neste signo do Áries=Carneiro, que deve principiar a nossa história ..."
(Américo Cortez Pinto, in Meditações Filológicas em Volta do Termo «Páscoa», sep., 1965)
sábado, 4 de abril de 2015
Da série, as palavras que hei-de recordar um dia....
Qual a diferença entre o Super-Homem e
o vereador Tavares?
Apenas um se aguentou em cima do
cavalo...
O salvador
“O menos que se pode dizer da
operação que levou António Costa a secretário-geral do PS e a
candidato a primeiro-ministro é que não foi “elegante”.
Nessa altura, muita gente desculpou ou
justificou a grosseria e a brutalidade da coisa, porque esperava de
António Costa uma nova oposição ao governo lúcida e compreensível
e, sobretudo, com princípio, meio e fim. A discrição e as
meias-frases na Quadratura do Círculo davam a impressão de esconder
um pensamento sólido e um plano político original, que nos tirasse
do lugar-comum e da pura irrelevância do debate instituído.
Infelizmente, não aconteceu nada disso. Nem nos rituais do Congresso
Socialista, nem a seguir em meia dúzia de entrevistas de uma
“prudência” claramente exagerada e de uma ambiguidade extrema,
António Costa saiu da mastigação das velhas lamúrias da esquerda
e da extrema-esquerda.
Esperança não trouxe nenhuma; e
extinguiu depressa o entusiasmo das “primárias” do PS, em que
não se sabe ao certo quem votou. Apareceu então um putativo
salvador que se calava ou, quando se mexia, era como se andasse a
pisar ovos. O que, de resto, não o salvou de erros sem desculpa.
Prometeu baixar o IVA da restauração para 13% (como se os 23% não
tivessem também o objectivo de melhorar a qualidade dos serviços
prestados); prometeu a “reposição total” dos salários (do
Estado, claro) e das pensões, sem explicar onde iria buscar o
dinheiro para essa extravagância; prometeu que os municípios
passariam a reter uma indeterminada percentagem do IVA, gerado
localmente; e prometeu um “programa nacional” de “requalificação
urbana”, aparentemente financiado pela “Europa”. Ora isto por
um lado é muito, e por outro lado muito pouco. Meia dúzia de
medidas não faz um plano estratégico; e um plano estratégico
precisa de uma inspiração unificadora, capaz de ser adoptada e
compreendida pelo cidadão comum.
Mas, para nossa desgraça, António
Costa, talvez por falta de inspiração própria, não mostrou até
agora capacidade para inspirar ninguém. No governo foi um razoável
ministro; na câmara um administrador sofrível; e no partido um
ambicioso hábil. O que não chega para um país sem futuro certo ou
destino visível. Tropeçando de papel em papel e de comissão em
comissão, António Costa vai fatalmente desaparecer, já
desapareceu, no cansaço e no desespero dos portugueses.”
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Cavaco Silva - e bem - foi ao funeral de Manoel de Oliveira...
Estou a ver em directo na televisão a
chegada de Cavaco Silva ao funeral de Manuel de Oliveira...
No facebook tenho vindo a deparar-me
com indignações várias ao facto de Cavaco ter ignorado a morte de
Saramago...
Por uma vez, vou tomar partido pro
Cavaco!..
Já imaginaram: “se ele
tivesse de ir ao funeral de todos os portugueses que ganharam um
Nobel não tinha feito mais nada na vida.”
E, para além do mais, “Saramago era
comunista. E ateu”...
Zé - 15 anos depois continuas vivo na memória de alguns...
Morreu em 28 de Abril de 2000.
Tinha nascido a 17 de Fevereiro de 1941.
Nome completo: José Alberto de Castro Fernandes Martins.
Para os Amigos, continua a ser simplesmente o ZÉ.
Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto. Não a visível, mas a essencial.
Andarilho e contador de histórias vividas, o Zé Martins passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste.
Como escreveu Hamlet, “o mundo está fora dos eixos. Oh! ... Maldita sorte! ... Porque nasci para colocá-lo em ordem! ...”.
D. Quixote considerou que “era o seu ofício e exercício andar pelo mundo endireitando tortos, desfazendo agravos”.
O Zé considerava essa também a sua principal missão: “também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Hoje, António Augusto Menano, na sua crónica habitual das sextas-feiras no jornal AS BEIRAS, ao escrever “Sobre o esquecimento” lembra a determinado passo o ZÉ: “Os deveres, sim, isso é coisa de somenos. E quase fico a pensar que tudo é esquecível. Mas há coisas que não se esquecem. Recordarei pessoas, a maior parte delas humildes: o sr. Santos, que na biblioteca, à época situada por cima de onde hoje estão os Bombeiros Municipais, me ia “recomendando” livros, muitos dos quais eram mesmo maus, mas a verdade era que se interessava por mim. Recordarei os meus amigos Sousa Cardoso e António Jorge da Silva, obreiros, com outros, do Mar Alto, do Zé Martins, um grande esquecido (embora não pareça) desta terra; do Catitinha, que alguns “terrores” me provocou; do Mário, que me salvou de ser levado pelo temporal arrastado por cima do muro da Santa Casa da Misericórdia, democrata, antifascista, para mim, por essa altura, um amigo da família que era carteiro.”
Meu caro e irreverente Zé - Amigo e Mestre: confesso que por vezes me assola a maldita sensação de que se a pena é uma arma – e é, também é pouco para o combate desigual contra quem, sem pudores ou escrúpulos de qualquer espécie, nos combate com as mãos enfiadas nos nossos bolsos agredindo-nos até às entranhas.
Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto. Não a visível, mas a essencial.
Andarilho e contador de histórias vividas, o Zé Martins passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste.
Como escreveu Hamlet, “o mundo está fora dos eixos. Oh! ... Maldita sorte! ... Porque nasci para colocá-lo em ordem! ...”.
D. Quixote considerou que “era o seu ofício e exercício andar pelo mundo endireitando tortos, desfazendo agravos”.
O Zé considerava essa também a sua principal missão: “também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Hoje, António Augusto Menano, na sua crónica habitual das sextas-feiras no jornal AS BEIRAS, ao escrever “Sobre o esquecimento” lembra a determinado passo o ZÉ: “Os deveres, sim, isso é coisa de somenos. E quase fico a pensar que tudo é esquecível. Mas há coisas que não se esquecem. Recordarei pessoas, a maior parte delas humildes: o sr. Santos, que na biblioteca, à época situada por cima de onde hoje estão os Bombeiros Municipais, me ia “recomendando” livros, muitos dos quais eram mesmo maus, mas a verdade era que se interessava por mim. Recordarei os meus amigos Sousa Cardoso e António Jorge da Silva, obreiros, com outros, do Mar Alto, do Zé Martins, um grande esquecido (embora não pareça) desta terra; do Catitinha, que alguns “terrores” me provocou; do Mário, que me salvou de ser levado pelo temporal arrastado por cima do muro da Santa Casa da Misericórdia, democrata, antifascista, para mim, por essa altura, um amigo da família que era carteiro.”
Meu caro e irreverente Zé - Amigo e Mestre: confesso que por vezes me assola a maldita sensação de que se a pena é uma arma – e é, também é pouco para o combate desigual contra quem, sem pudores ou escrúpulos de qualquer espécie, nos combate com as mãos enfiadas nos nossos bolsos agredindo-nos até às entranhas.
Brincadeira do 1 de abril
Estive para não escrever nada.
Porém, pensando melhor, por rigor, fica o registo: a nossa brincadeira do 1 de Abril,
este ano, foi esta.
Como isto vai neste cantinho à beira
mar plantado, nada adianta a explicação, pois a “postagem em
causa” poderia perfeitamente ser verdadeira.
Quase 41 anos depois do 25 de Abril, conquistámos direito a um novo lema, graças aos sucessivos governos dos últimos anos – mas, por uma questão de justiça democrática, convém sublinhá-lo bem: sobretudo, graças à actuação decisiva e determinada deste.
Quase 41 anos depois do 25 de Abril, conquistámos direito a um novo lema, graças aos sucessivos governos dos últimos anos – mas, por uma questão de justiça democrática, convém sublinhá-lo bem: sobretudo, graças à actuação decisiva e determinada deste.
- Um de Abril sempre, verdade nunca
mais.
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