Há
duas ou três coisas em que pensava que era, realmente, especialista.
Uma
delas, pensava eu, era - admito - a dizer
mal de
quase tudo e mais alguma coisa.
Como escrevi há tempos neste blogue, sou
incapaz de me calar,
não tenho conceito de timing, etiqueta, conveniência
- está mal, não gosto - é na hora, logo, sem paninhos
quentes, pimba.
Aquilo
que eu prefiro entender
como frontalidade e
coerência, já me causou alguns dissabores.
Entre
outros mimos, já fui acusado de não
ser realista,
pouco razoável
e
esperar o impossível...
No
entanto, sempre houve meia dúzia de coisas de que eu me recuso a
dizer mal, como por exemplo falar do Poder Local figueirense como um todo.
Já
escrevi muita coisa, mas não me lembro de ter sido abrangente
sobre a degradação de um importante órgão do poder local
figueirense e a mediocratização e o abandalhamento das elites
locais .
Depois
de ler a crónica desta semana no jornal AS Beiras do vereador
António Tavares, passei a considerar-me um santinho. Reparem bem neste naco da prosa, que destaco da crónica que pode ser lida acima - "surpreendente foi a confissão de um deputado municipal que, sem peias, afirmou não ter lido o documento; e quando todos pensámos que, pela sua vergonhosa falta, se iria remeter ao silêncio, eis que o ilustre orador se empenhou num palanfrório, de forma demorada até, sobre o não lido. Disse generalidades e lugares comuns? Sim, claro. Mas, sem o ter lido, ousou galhardamente falar sobre ele! O pior, no entanto, estava para vir, quando o mesmo deputado referiu que 99,9% dos seus colegas também não lera o documento. Hilariante. É que à percentagem referida corresponde menos de um deputado. Ou seja: ninguém tinha lido!"
Confesso que, perante o que li escrito pelo senhor vereador, fiquei também preocupado comigo e com a minha
saúde mental, moral, cultural e cívica, pois sou um homem comum,
um homem da rua, um homem com quem os políticos de topo lidam,
evidentemente não no no dia a dia, mas, de que dependem na altura do
voto.
Ora,
para ter sido eleita tão degradada classe política figueirense, o
povo – de que eu faço parte - deve estar ao nível dela: impreparado, incivilizado, amoral, inculto, mandrião e boçal.
Será
que o povo – eu incluído -, não tem um ideal, um projecto, aposta
no efémero, cultiva o superficial e vai pelo caminho mais fácil?
Mais
preocupante ainda: também será interesseiro,
"chico-esperto" e egoísta?
Pronto: penso que já descobri porque temos, na Figueira, alguns políticos no
poder local...
Obrigado
pela lição senhor vereador. A escola de mestre Cavaco, pelos vistos, está a fazer o seu percurso por estas bandas, o que é sempre uma evolução - mas na continuidade: recentemente, Cavaco Silva afirmou ver “com muita apreensão o desprestígio da classe política”...
Aqui chegados, ninguém se pode admirar que a maioria dos figueirenses tenha deixado de acreditar no projecto camarário da equipa de que o senhor vereador é um dos elementos, há 5 anos.
O projecto do senhor vereador e da equipa que integra, ao não envolver os cidadãos na sua construção, desistiu de formar uma verdadeira comunidade figueirense interessada e atenta.
Não há projecto figueirense, em democracia, que resulte, sem que sejamos nós, figueirenses, as verdadeiras locomotivas.
Termino com uma constatação política, portanto, sem nada de pessoal.
Ao
longo da vida, tenho encontrado gente que se considera a si própria uma
referência ética e moral, culta e inteligente, embora não o
admita publicamente.
Esta
gente tem outras características: finge demonstrar muita
preocupação com o que a rodeia.
Contudo, para eles, os outros
não passam de carneiros, de preferência bem domesticados. Detestam ser questionados e, muito menos, contrariados.
O
que lhes agrada é a corte de bajuladores. Quando são contrariados
tentam disfarçar o incómodo, mas pensam logo em tácticas para se
livrarem de quem tem a ousadia de os contrariar.
Todavia,
entretanto, a máscara já caiu....
Dizem-se,
quase sempre de esquerda - e, isso, confesso, chateia-me pra
caraças...