Em rigoroso exclusivo, Outra Margem conseguiu obter de fonte que prefere permanecer anónima, o programa das festas para a inauguração em 24 de junho próximo, dia feriado municipal na Figueira da Foz.
Programa:
10.00
Concentração dos convidados nas antigas freirinhas.
11.00
Partida para o edifício o trabalho onde será servido um porto de honra.
12.00
Visita ao jardim municipal para inauguração do coreto e nova florestação e limpeza.
13.00 Inauguração do Titanica.
14.00 Almoço volante servido no lago do oásis.
domingo, 27 de abril de 2014
Que é feito da nossa memória?..
Como
escrevi aqui, “eu estive lá”. Eu vivi lá, no antes do 25 de Abril de 1974.
Eu
tinha 20 anos quando se deu o 25 de Abril.
Agora, anda por aí gente a fingir que antes do 25 de 1974 aquilo não era mau.
Eu estive lá, eu vivi lá e posso assegurar que era mesmo muito mau.
Agora, anda por aí gente a fingir que antes do 25 de 1974 aquilo não era mau.
Eu estive lá, eu vivi lá e posso assegurar que era mesmo muito mau.
Na Cova e Gala, era
o tempo do pé descalço, da fome envergonhada ou às claras.
Era o tempo em que colegas da primária iam para a escola a correr pelo areal, para tentar aquecer os pés descalços e sem nada no estômago.
Era o tempo em que colegas da primária iam para a escola a correr pelo areal, para tentar aquecer os pés descalços e sem nada no estômago.
O
empobrecimento dos dias que passam, é um murro que incomoda e uma
má memória, para quem, como eu, por exemplo, é do tempo da miséria na Cova e Gala – miséria mesmo, com piolhos e tudo.
Estou
a referir-me à vida nas décadas de 50 e 60 do século passado, numa
pequena aldeia de 2.500 habitantes, localizada à beira do Atlântico,
perto da importante cidade balnear da Figueira da Foz, onde se vivia
pior que nas localidades vizinhas.
A ausência de esgotos, a corrente
eléctrica considerada uma excepção, a miséria material, as
condições de trabalho desumanas, a deterioração das células
familiares, a má nutrição era, lamentavelmente, a situação de
toda uma região economicamente desfavorecida.
Era o tempo em que a Cova era um lugar isolado, quase que perdido, onde ninguém se deslocava.Eu estive lá.
E continuo a ter memória.
Bom domingo
Em tempo.
Este vídeo é dedicado ao meu Amigo Olímpio Fernandes que, na noite do 25 de Abril, no Caras Direitas, ficou enfastiado com a dose Manuel Alegre...
sábado, 26 de abril de 2014
Sala cheia ontem nos Caras Direitas para "Respirar Abril - 40 anos" ...
foto António Agostinho |
Adriano cantou poucos anos antes de 25 de Abril, as canções de Manuel Alegre, no Canto e as Armas e é, sobretudo, a poesia de Alegre que remete para Adriano: “ Quem poderá domar os cavalos do vento/ quem poderá domar este tropel/ do pensamento à flor da pele? Quem poderá calar a voz do sino triste/ que diz por dentro do que não se diz/ da fúria em riste/ do meu país?"
Estas letras, como Trova do vento que passa, cantadas pela voz única de Adriano, soaram antes e depois de 25 de Abril de 1974.
Não eram proibidas, ouviam-se na rádio, embora pouco e no disco Gente de aqui e de agora. As músicas, na sua maioria, eram de José Niza. Este disco de 1972, será porventura o mais emblemático do “trovador militante”.
O trovador militante, nos anos setenta, cantava a liberdade, nas palavras de Poetas, como Manuel Alegre e Manuel da Fonseca.
Ontem nos Caras Direitas, 40 anos depois do 25 de Abril, onde parou a liberdade cantada por outros Poetas de Abril, como Ary dos Santos, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca ou Sidónio Muralha?
O PS, do lado esquerdo, mantém Manuel Alegre, no lugar simbólico, onde continua a congregar todas as ilusões.
O PS, há muito, colocou o socialismo numa gaveta sem fundo e retomou ideias alheias, mesmo liberais que os desvirtuam, mas os idealistas, mesmo com protestos, ainda por lá andam, a cantar e a comemorar o passado.
Ainda por lá andam, mas sem futuro...
Vai valendo a memória poética e musical, aliás de grande riqueza e sentido, como se viu ontem nos Caras Direitas.
Termino como comecei: apesar da selecção poética ter sido pouco abrangente, gostei de ter estado ontem à noite nos Caras Direitas e ver uma sala cheia para "Respirar Abril - 40 anos" depois.
Profetas da Figueira … (11)
“A transformação do país foi
radical, brutal, até, seja no plano da democracia, seja no plano
económico e social.
A nova vida que Abril me trouxe sorvi-a
sofregamente, por isso não me demito hoje de ter opinião, de a
exprimir, de escrever e assinar a minha opinião. Foi também isto
que Abril me trouxe, e disso não desisto mantendo o grito «Viva o
25 de Abril»!”
Joaquim Gil, advogado, hoje no jornal
AS BEIRAS.
“A
revolução passa pela aproximação às coisas da terra, praticando
a frugalidade em oposição ao desperdício. Plantar árvores, criar
pequenas hortas, investir em painéis fotovoltaicos (em vez de
comprar um carro novo), consumir menos, comer menos carne, resistir
ao individualismo, andar mais a pé, partilhar e oferecer tempo à
comunidade…25 de Abril, sempre!”
João
Vaz,
consultor de ambiente e sustentabilidade, hoje no jornal AS BEIRAS.
Se tudo correr como o previsto, a "festa" poderá acontecer a 24 de junho, feriado municipal...
"A
unidade hoteleira não vai ser explorada sob a bandeira da
multinacional Holiday Inn, mas sim pela espanhola Hotusa, que em
Portugal opera com a marca Eurostars.
A
câmara municipal da Figueira da Foz já licenciou o que lhe
competia licenciar, aguardando-se que o Turismo de Portugal coloque o
carimbo nos documentos necessários para a abertura da unidade
hoteleira."
AS BEIRAS
AS BEIRAS
Poesia e poetas de Abril
Muitos foram os poetas que cantaram as ideias de Abril.
Antes e depois da Revolução dos Cravos, para além de Manuel Alegre, muitos poetas portugueses escreveram sobre as ideias de liberdade e solidariedade, contra a ditadura.
No ano em que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril ficam alguns poemas de Abril.
As Portas Que Abril Abriu - José Carlos Ary dos Santos
Eu Sou Português Aqui - José Fanha
Explicação do País de Abril - Manuel Alegre
Liberdade - Sérgio Godinho
Para Aquém de Abril - Francisco Duarte
Antes e depois da Revolução dos Cravos, para além de Manuel Alegre, muitos poetas portugueses escreveram sobre as ideias de liberdade e solidariedade, contra a ditadura.
No ano em que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril ficam alguns poemas de Abril.
As Portas Que Abril Abriu - José Carlos Ary dos Santos
Eu Sou Português Aqui - José Fanha
Explicação do País de Abril - Manuel Alegre
Liberdade - Sérgio Godinho
Para Aquém de Abril - Francisco Duarte
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Profetas da Figueira... (10)
"No dia 25 de Abril, o sonho concretizou-se, as conversas ficaram livres, os sorrisos abriram-se, passou-se a dizer sim, em vez de não, a festa teve os seus cravos vermelhos.
A democratização traduziu-se na duplicação do salário mínimo, de pensões sociais para inválidos e para quem tivesse
mais de 65 anos, as férias alargaram-se para 30 dias e passaram a ser pagas, aumentou-se o abono de família para mais de meio milhão de crianças, o serviço nacional de saúde nasceu universal e gratuito, a educação abriu-se para muitos, institui-se o subsídio de Natal pago, extinguiu-se a PIDE, a Legião Portuguesa, as mulheres puderam sair do país sem terem que pedir autorização aos maridos, congelaram-se os salário e ordenados mais elevados.
Nascia uma realidade diferente daquela em que o país estiolava.
Descolonizou-se, ressurgiram valores de comunidade, o povo afirmou ter direito à sua própria vida.
Passaram-se 40 anos."
António Augusto Menano, escritor, no jornal AS BEIRAS.
António Augusto Menano, escritor, no jornal AS BEIRAS.
Pulido Valente em todo o esplendor iconoclasta...
Vasco Pulido Valente, hoje, no jornal I:
"Não devemos nada aos capitães de abril"!...
Será que devemos a ti "bêbado de merda"?..
Oito anos...Hoje, é dia de fazer contas à vida
Desde já e para que conste: Outra Margem é um projecto que nunca teve nada de oculto ou inconfessável.
Oito anos depois por cá continuamos...
Continuamos - mais por causa das derrotas, do que apesar das derrotas - a tentar trazer uma voz livre da esquerda figueirense, democrática e pluralista, arredada das capelinhas e, por conseguinte, dos media, para a vida pública, para o debate político, para a batalha das ideias.
Oito anos depois por cá continuamos...
Continuamos - mais por causa das derrotas, do que apesar das derrotas - a tentar trazer uma voz livre da esquerda figueirense, democrática e pluralista, arredada das capelinhas e, por conseguinte, dos media, para a vida pública, para o debate político, para a batalha das ideias.
Sei que pode constituir ambição a
mais para tão fracos recursos, todavia, como não está no meu horizonte endireitar a Figueira, muito
menos o País e ainda menos a vila ou a aldeia, decorridos oito
anos e 12214 postagens depois, sinto que dentro dos
condicionalismos de que sou possuidor (falta de tempo e debilidades, carências e ignorância reais) tenho a consciência de ter “conseguido levar algumas cartas a «garcias»”.
Desde 25 de Abril de 2006, temos estado presentes, fomos lidos por largas centenas de milhar, fomos apoiados e
criticados, houve quem gostasse de nós e quem se nos pudesse bater, batia. Ponto.
Seja qual for a opinião que tenham deste espaço,
ele cá está feito e assumido, sem truques nem malabarismos, à vista de todos e disponível,
podendo cada um fazer o seu próprio
inventário de prós e contras.
Eu tenho-me divertido...
Eu tenho-me divertido...
25 de Abril, Sempre!
foto Pedro Agostinho Cruz |
40 anos depois, ainda me lembro daquele dia 25 de Abril de 1974!
Começou cinzento, mas foi ficando colorido.
Depois, por nossa culpa, foi perdendo a cor.
O Capitão Salgueiro Maia, um dos protagonistas maiores do 25 de Abril, numa entrevista dada em 1991, pouco antes de falecer, disse:
Começou cinzento, mas foi ficando colorido.
Depois, por nossa culpa, foi perdendo a cor.
O Capitão Salgueiro Maia, um dos protagonistas maiores do 25 de Abril, numa entrevista dada em 1991, pouco antes de falecer, disse:
“Os nossos políticos têm uma grande preocupação em serem bem reformados e uma preocupação nula em serem bem formados.”
Que pensar e dizer, ainda, ao fim de quatro décadas?Que representa, ainda, a data mais importante da história moderna do nosso País?
Que representa, ainda, a democracia política e a alternância do poder?
Sinceramente, lamento que no campo social tanto ainda esteja por fazer!
Coisas práticas, no terreno, que continuam por realizar...
A paz. O pão. A saúde. O emprego. A habitação. A dignidade.
40 anos depois, ainda me lembro daquele dia 25 de Abril de 1974.
Começou cinzento, mas foi ficando colorido.
Depois, por nossa culpa, foi perdendo a cor.
Eu tinha 20 anos quando se deu o 25 de Abril.
Agora, anda por aí gente a fingir que antes do 25 de 1974 aquilo não era mau.
Eu estive lá e posso assegurar que era mesmo muito mau.
Depois veio o tal dia e tudo mudou. Foram tempos incríveis.
O 25 de de Abril, tem de ser aquilo que sempre deveria ter sido: um ponto de partida...
Ainda estamos a tempo.
Dias a preto e branco, nunca mais!
quinta-feira, 24 de abril de 2014
HUMBERTO DELGADO
"Que tristeza! Eu julgava o Parlamento uma assembleia de homens e fui deparar com uma súcia de garotos dizendo piadas de sol uns aos outros, num barulho indecente próprio de praça de touros ou de taberna".
Portugal, 1974
"A corporação militar, independentemente das armas em que se diversifica, constitui uma organização coerente e harmónica, pronta a cumprir a missão que lhe é determinada. A lealdade e a disciplina são atitudes fundamentais que o militar não poderá deixar de manifestar nas suas relações hierárquicas. São princípios universais de ética militar que, vale repeti-lo, sempre deveremos ter presentes.
Finalmente, move-nos como supremo objectivo, o bem da Pátria. Num momento em que o progresso da Nação e o bem-estar dos portugueses dependem da protecção que lhes é dada pelas forças militares é também oportuno dizer a Vossa Excelência que estamos unidos, firmes e cumpriremos o nosso dever sempre e onde quer que lho exija o interesse nacional".
General Paiva Brandão, representante dos oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas, na manifestação de solidariedade para com o regime, em 14 de Março, cujos participantes ficaram conhecidos como «brigada do reumático»
"O País está seguro de que conta com as suas Forças Armadas, e em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos. Pois vamos então continuar, cada um na sua esfera, dentro de um pensamento comum, trabalhar a bem da Nação."
Marcelo Caetano, em agradecimento aos militares que aderiram à manifestação de 14 de Março.
"A existência de um amplo movimento que abrange centenas de oficiais do quadro permanente dos três ramos das Forças Armadas, assim como a eclosão da sublevação de 16 de Março, exprimem a crescente oposição das Forças Armadas às guerras coloniais e à política do governo de Marcelo Caetano."
Notícia do jornal Avante!, Abril.
Finalmente, move-nos como supremo objectivo, o bem da Pátria. Num momento em que o progresso da Nação e o bem-estar dos portugueses dependem da protecção que lhes é dada pelas forças militares é também oportuno dizer a Vossa Excelência que estamos unidos, firmes e cumpriremos o nosso dever sempre e onde quer que lho exija o interesse nacional".
General Paiva Brandão, representante dos oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas, na manifestação de solidariedade para com o regime, em 14 de Março, cujos participantes ficaram conhecidos como «brigada do reumático»
"O País está seguro de que conta com as suas Forças Armadas, e em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos. Pois vamos então continuar, cada um na sua esfera, dentro de um pensamento comum, trabalhar a bem da Nação."
Marcelo Caetano, em agradecimento aos militares que aderiram à manifestação de 14 de Março.
"A existência de um amplo movimento que abrange centenas de oficiais do quadro permanente dos três ramos das Forças Armadas, assim como a eclosão da sublevação de 16 de Março, exprimem a crescente oposição das Forças Armadas às guerras coloniais e à política do governo de Marcelo Caetano."
Notícia do jornal Avante!, Abril.
Portugal, 1973
63 por cento dos portugueses nunca votaram.
Primeira página do jornal Expresso, 6 de Janeiro.
"Eu não sou de direita nem de esquerda. Eu sou do caminho que convier ao povo."
Marcelo Caetano, no único congresso da Acção Nacional Popular, antiga União Nacional, em Tomar.
Primeira página do jornal Expresso, 6 de Janeiro.
"Eu não sou de direita nem de esquerda. Eu sou do caminho que convier ao povo."
Marcelo Caetano, no único congresso da Acção Nacional Popular, antiga União Nacional, em Tomar.
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