É certo que o urinol, esse confidente dos momentos mortos e
pensamentos dispersos da humanidade masculina, reluzente na sua celestial
brancura de porcelana, nota-se bem na foto, preso
aos azulejos húmidos.
Mas, era o urinol – e
não tu Pedro - que merecia estar em
primeiro plano na foto.
O urinol é o expoente máximo do design.
O urinol é um grito de
libertação masculina - nem o cinto de castidade, nem a burqa, nem qualquer outro
objecto alguma vez concebido pelo génio humano algum dia causou nas mulheres
tamanho pavor e choque como o vulgar urinol.
Tudo isto, porque elas sabem que o urinol é o nosso sagrado altar do
ethos masculino e da nossa virilidade.
Numa época em que as mulheres
nos roubaram as faculdades, os carros, o futebol, as calças, a cerveja, os palavrões, o
urinol mantém-se como bastião inacessível de tudo aquilo que faz de nós o sexo
forte.
O urinol é nosso, nunca será delas, pois é impossível domesticá-lo, civilizá-lo,
feminizá-lo.
O urinol é o nosso amigo franco e transparente.
O urinol é, enfim, um direito fundamental do homem, desde o
dia em que a sua estatura lhe permite alcançá-lo até à algália.
Pedro, para a outra vez tem mais respeito - não tomes o lugar do urinol.
Essa maravilha da civilização tem de ser defendida e
valorizada por nós, os homens - é nosso amigo e estandarte de masculinidade!