
A demolição de uma arriba na praia Maria Luísa teve honras de directo nas nossas televisões e a presença e supervisão do próprio Ministro do Ambiente, Nunes Correia!...

“Desgraçadamente, cinco pacíficos cidadãos banhistas pagaram com as vidas o crime contra a natureza algarvia de que todos somos responsáveis, incluindo, naturalmente, as vítimas. Porque tolerámos e votámos os autarcas da rapina municipal que plantou, mandou plantar, deixou plantar, resorts, hotéis, apartamentos e vivendas em arribas, falésias e tudo quanto era meio palmo algarvio onde se pudesse espetar betão e tijolo. Porque, por solidariedade social, aceitámos que os algarvios e as algarvias se transformassem progressivamente numa população de empregados de hotelaria a pedirem mais hotéis e esplanadas e, é claro, mais turistas. Porque permitimos que o Pinho promovesse o All Garve sem que, antes disso, fizesse corninhos às falésias para confirmar que elas se aguentavam com a promoção. Porque os cientistas e técnicos da sismografia estão tão ocupados a estudarem e prevenirem os efeitos dos possíveis abalos telúricos sobre o Centro Cultural de Belém que não lhes sobra tempo para replicarem esses estudos sobre as esculturas feitas pelas artes caprichosas da natureza. Porque temos um ministro do ambiente que agora, no rescaldo, (só) diz que vai mandar fiscalizar as falésias que não ruíram. Porque um povo assim de um país assim devia estar inteirinho ao lado das cinco vítimas à sombra da falésia assassina em repouso de umas braçadas no “sol e mar algarvio” de que todos somos utentes e/ou cúmplices. Porque foram cinco as baixas mas todos sabíamos que a “falésia”, um dia, vinha abaixo.”
Na Câmara, e isso é que é verdadeiramente importante, é que os grandes interesses imobiliários se vão jogar.
A política figueirense, “é, desde sempre, assunto de umas quantas famílias e a respública uma espécie de “cosa nostra”.