quarta-feira, 18 de abril de 2007

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE SÃO PEDRO

"Um episódio ... no Dia da Libertação"



Uma crónica de GUIJE BALTAR, publicada no DIA 25 DE ABRIL DE 1980,
no jornal Barca Nova, edição número 116.

“Como recordo o dia 25 de Abril de 1974?
Cerca das 8 horas da manhã, saía de casa com a minha mulher, para a conquista do pão quotidiano, quando nos apareceu, lavada em lágrimas, a Mãe de um Capitão de Abril, colaborador eficientíssimo do MFA, para o eclodir da Revolução gloriosa, que numa voz embargada pela angústia e pelos soluços, quase a desmaiar, grita: “Há revolução em Lisboa e não sei nada do meu filho!”
Revolução?
Voltei para trás e entrei em casa. Liguei o aparelho de rádio. Marchas militares traduziam a existência de qualquer coisa. Procurei postos e mais postos e as irritantes marchas militares envenenavam-me o espírito como a recordar o passado recente da saída das Caldas...
Capto um comunicado em que se apela à calma e serenidade do povo. Na minha precipitação fiquei sem saber se...
Irrompe a GRÂNDOLA VILA MORENA!!!
Num gesto irreprimível, onde ia toda a Fé acumulada durante anos, gritei: SOMOS NÓS!!! A REVOLUÇÃO É NOSSA! A REVOLUÇÃO É NOSSA!!!
... Perdoem! Mas por um momento senti-me também Herói!”



A primeira vez que o aprendiz de repórter viu o velho Guige Baltar, foi na redacção do jornal. Abriu a porta e, depois da apresentação e dos cumprimentos da ordem, ouviu o visitante: “Está aqui mais uma croniqueta, faça-me o favor de pegar aí num saco de pontos e vírgulas e distribuí-los convenientemente, é que com a minha idade...”. Depois de conhecer o Guige, o jovem aprendiz desfez a ideia de falsa modéstia com que rotulou o velho. Um cronista de pura água, eram crónicas pequenas, despretensiosas, mas que tinham o condão de dizer muito, ocupavam o espaço superior direito do jornal, ao lado do cabeçalho, chegaram a ser uma imagem de marca do “Barca Nova”. E bem escritas. Aliás, o Agostinho com a publicação da crónica acima, faz o favor de exemplificar, com uma mesmo a propósito do acontecimento que se festeja este mês. E diga-se, fiquei com um saco de vírgulas e pontos, semanalmente, para as minhas notícias e reportagens, que me terão feito muito jeito, disso não terei muitas dúvidas.
No pouco tempo de convívio com este velho comerciante reformado, que conheceu o regime colonial por dentro, pois viveu em S. Tomé, fica-me a imagem de um homem culto que discutia História, Política ou fosse lá o que fosse, com uma abertura admirável, porque este militante do PCP, Guige Baltar, não fazia concessões à sua consciência. Discutia, é uma maneira de dizer, eu aprendia.
Fica na memória a saudade de um amigo e as lições que dele recebi.
Alexandre Campos

X&Q20

terça-feira, 17 de abril de 2007

Placas informativas?!...


Não sei se existem queixas por causa desta “barrigada” de informação!...
Todavia, coitados dos que nos visitam e não conheçam o terreno!.. A proliferação de placas indicativas - de tudo é mais alguma coisa - é uma confusão completa...
Será possível, circular a 30 ou 40 km, de carro ou de mota, próximo de um entroncamento e, com segurança, ler toda esta "montra de sinais"?...

Fantasma do terceiro...



A luta pelo terceiro lugar está mais acesa do que nunca.
Bola na trave, continua a ser bola mal chutada!...
Vocês, estão bem posicionados para alcançar tão honrosa classificação: vão na frente!

José da Silva Ribeiro: um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo





Homem de Cultura, notabilizou-se no Teatro. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. Que não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”. Textualmente.
Encenador por excelência, também escreveu, adaptou inúmeras obras e, imagine-se, também pisou o palco. Representou na Filarmónica Figueirense e na Filarmónica Dez de Agosto.
Falamos de José da Silva Ribeiro, um humanista, para quem o centro era o Povo, a educação e a instrução das classes populares.
Foi com pesar que recordou o fecho do jornal que dirigiu, “A Voz da Justiça” (a tipografia foi roubada - palavras dele), numa entrevista que me concedeu em 1984, para o “Secção Cultural” da Associação Naval 1º de Maio. Não desarmou, ludibriou a PIDE e o regime, e no ano seguinte, decorria o ano de 1938, apareceu com outra publicação, desta vez com o nome de “Jornal da Figueira”, de que saíram 24 edições.
Considerava Gil Vicente seu padrinho e usava uma sua frase como ex-libris: “E eu ey nome ninguém e busco a consciência”. Tinha o Shakespeare completo em inglês, em francês e em português, além de admirar o Garrett, de achar o “Camões grande, mas é fora do teatro que o considero espantoso”. Pudera, o escriba também é dessa opinião. Entre outros dramaturgos da sua preferência encontra-se o Lorca, a quem ele se referiu assim: “o nosso grande Espanhol Federico Lorca”.Outra paixão do Mestre, que ele considerava genial, era Molière. Não sem razão, pois teve tempo de o ler convenientemente. Foi nos calabouços do anterior regime que Mestre José Ribeiro recebeu uma belíssima prenda: a obra completa daquele dramaturgo, oferecida por um outro figueirense ilustre, que a comprara num leilão - Maurício Pinto.

Alexandre Campos

O CAPITALISMO, COMO UM TIGRE RECICLADO

segunda-feira, 16 de abril de 2007

As contas da Câmara vão ser votadas hoje

Como pode ser lido hoje nas As Beiras, “a dívida de curto prazo da câmara sobe e a de médio/longo prazo desce. A oposição diz que o passivo total ronda os 90 milhões de euros, com as empresas municipais incluídas.”

“Em Dezembro do ano passado, no total, as dívidas directas da câmara rondavam os 62 milhões de euros. Isto sem contar com os cerca de sete milhões da Figueira Grande Turismo e os 22 da Figueira Domus, sublinha a oposição.”


Ao jornal, “apesar das tentativas, não foi possível recolher declarações de Duarte Silva.”

Luta estudantil de 1969


Nesta fotografia vê-se o Joaquim Cerqueira da Rocha, ao meio, numa manifestação estudantil, em Lisboa, nos anos 60 contra a ditadura.
Esta imagem foi digitalizada do Manual de História do 9º. Ano da “Lisboa Editora”.
Como comemoramos Abril, a divulgação de alguns documentos como este, é uma forma de homenagearmos os democratas figueirenses, alguns dos quais já falecidos.

Pedro Biscaia

Jogo sem cor

Campo da Vinha da Rainha
Arbitro: António Rocha
Auxiliares: Gois Cardoso e Mário Simões

Vinha da Rainha: Alan, João Santos, Ricardo Freitas ( Verde aos 75m), Barriga, Romeu, Bruno (cap.) ( Vilão aos 67m), Mário João, Marco, André Magalhães, João Filipe e Rui Gaspar ( Sousa aos 81m)
Suplentes não utilizados: Carlos, Mica, Ricardo Neto e Hugo
Treinador: Nuno Carvalho

Cova-Gala: Dias, Copinho, Lambreta, Hugo, Rato, Pedro Mota ( Dani aos 56m), Pedro Fernandes, Zézé, Tuka ( Ricardo aos 81m), Sérgio e Tó Jó ( Ivo aos 68m)
Suplentes não utilizados: Bolas, Luisito e Rui Camarão
Treinador: Rui Camarão

Resultado ao intervalo: 3 – 0
Resultado final: 4 – 0
Golos: Bruno aos 3m, André Magalhães (g.p) aos 41m, Rui Gaspar aos 43m e Marco aos 81m

Disciplina:
Amarelos: Pedro Mota aos 41m, Ricardo Neto aos 48m e Zézé aos 82m
Vermelhos: nada a registar

domingo, 15 de abril de 2007

AGORA, SIM!

Este é o tempo...

Por este ano, os pescadores da Cova-Gala vão despedir-se da pesca da lampreia.
Hoje, é o dia de encerramento da “época”.
Depois de Abril, por já ter desovado, a lampreia deixa de ter valor.
Agora, é o tempo de remendar, lavar e guardar as “branqueiras”. É o tempo de ver se a “albitana” tem buracos, se a tralha, a cortiça e o chumbo estão em condições para o próximo inverno.
Agora, é o tempo de parar e reflectir.
Esta foi uma “época má”: “pouca pesca e poucos ganhos”.
Este é o tempo de lembrar os dois camaradas que morreram...

sábado, 14 de abril de 2007

“E antes do 25 de Abril, como era?”





Um grupo de figueirenses de vários quadrantes políticos, sensibilidades e diferentes sectores de actividade, organizou-se num movimento que tem como objectivo manter viva a memória e a importância do 25 de Abril.

Este movimento preparou uma série de actividades e eventos dirigidos não só - mas particularmente - às gerações mais novas, sob o tema “E antes do 25 de Abril, como era?”.

Abrangendo mais do que a própria data de celebração, o programa abre no dia 24 de Abril com a queima simbólica do fascismo, e uma exposição no Tubo d'Ensaio, dedicada à vida política, económica e social vigentes no Estado Novo, e prolongar-se-á noutros eventos que incluem projecções de filmes relacionados com o tema, concertos e tertúlias. Estas tertúlias têm como finalidade pôr à conversa pessoas que viveram activamente esse período com os jovens.

Mais do que uma celebração, é um momento de história viva.

X&Q34

Mais uma etapa cumprida rumo ao sonho

Complexo Desportivo do Cabedelo
Arbitro: Alberto Caixeiro

5 ....................3

Cova- Gala: Pedro Duarte, João Carlos, Ruben, Pedro (cap.), João Pedro, Paulito, Carlos Daniel, Zé Pedro, Fredy, Carlitos, André e Rui
Treinadores: João Camarão e Rui Camarão

Naval: Nini, Marcelo C., Paganini, Pedro Nuno , João Paulo, Mota, David, Marcelo, Rodolfo (cap.), Patrick, Nelson e Ruben
Treinador: Alexandre Paredes

Resultado ao intervalo: 3 – 0
Resultado Final: 5 – 3

Golos: Paulito aos 15m, Carlos Daniel aos 23m, Zé Pedro aos 30m, Carlitos aos 42m, Fredy aos 45m, Pedro Nuno aos 53m e 63m e Pedro (p.b) aos 55m

João Cenáculo Vilela, um resistente


“Companheiros, se eu não voltar, é porque deram cabo de mim”.
Foi com esta frase que João Cenáculo Vilela se despediu dos seus camaradas de presídio, numa das vezes em que foi chamado para mais uma sessão de tortura, nos calabouços da PIDE/DGS.
Mas voltou. E a prova que voltou é que está agora connosco para nos contar que foi preso em cinco ocasiões, nas quais somou nove anos de prisão.
Militante do PCP desde 1933, este familiar de António José de Almeida, o ex-presidente da República, e filho de um militar salazarista, operário vidreiro reformado, lembra-se da primeira vez em que foi transformado em preso político: estava num café em S. João da Madeira, “Café Santos”, a festejar o 1º de Maio com outros colegas de trabalho e, bem entendido, de ideologia.
As prisões sucederam-se por vários motivos, entre 1948 e 1960, ora por denúncia de ser comunista, ora por actividade política descoberta pelo “inimigo”. Conheceu as prisões de Coimbra, de onde é natural, Aljube e Caxias. 33 meses de uma vez, 7 meses de outra, 2 anos, e por aí fora, tudo somado dá 9 anos, e sem qualquer julgamento.
Hás muitos anos que reside na Figueira da Foz.
Com 86 anos de idade, João tem ainda a memória em grande forma, e conta-nos que trabalhou um mês de borla, porque não voltou ao trabalho, depois de dois responsáveis da empresa onde estava o terem convidado para integrar a Legião Portuguesa. Decididamente, uma marca que ele não fumava.
Nem no seu olhar, nem em qualquer expressão do seu rosto, deixa que se note qualquer sintoma de ódio ou de revolta. Nele, que foi um revoltado, mas que, em pleno fascismo, explicou a revolta a um chefe de uma empresa vidreira onde trabalhou: “Sou eu que sou revoltado ou são vocês que não cumprem a lei?”.
Pergunta de um combatente da Liberdade, que a pagou com 9 anos nas prisões fascistas, que ficou sem resposta.
João sorri. Tem a consciência tranquila e está bem com a vida. Como qualquer revolucionário.

Alexandre Campos