Esteve mais de 57 anos em cima de palcos, com espectáculos por salas dos cinco continentes. Agora, aos 80 anos, Carlos do Carmo entende que é hora de terminar a carreira, mas não sem antes lançar um novo disco perto do final do ano e dois concertos nos Coliseus. OBRIGADO.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
2019 é o ano da despedida de CARLOS DO CARMO
Esteve mais de 57 anos em cima de palcos, com espectáculos por salas dos cinco continentes. Agora, aos 80 anos, Carlos do Carmo entende que é hora de terminar a carreira, mas não sem antes lançar um novo disco perto do final do ano e dois concertos nos Coliseus. OBRIGADO.
Que raio de democracia é esta?
Imagem sacadas do jornal AS BEIRAS |
Só que a partir de 14 Dezembro p.p. a exploração passou a reverter para um privado!
Por experiência própria, com o passar do tempo, fui dando conta que as virtudes da democracia estão inflacionadas. E os benefícios, para a maioria, idem, idem, aspas, aspas. Considero uma afronta e atitude vil a ingerência de certos países na vida de outros, procurando, à força de embargos, de bombas, ou de leis impostas pela força, torná-los democráticos.
A democracia não se impõe: cultiva-se e desenvolve-se. Como na conhecida história do ovo, a pressão tem de vir de dentro, para que sobreviva, não de fora, opressora e castradora.
Há países que não estão preparados para a democracia. Não reconhecer tal hipótese, é não somente ingénuo como perigoso.
Veja-se o caso de tantos países Africanos: de que lhes serviu a democracia até aqui?
E há ainda aqueles para quem a democracia pode não compensar o investimento. A democracia é cara...
A democracia, como podemos constatar pela maioria absolutíssima que detém o poder na Figueira, pode também significar o poder nas mãos de uma maioria democraticamente incompetente.
Reparem na imagem: um pequeno pormenor prova que uma foto diz mais do que mil palavras...
A Rua Voz da Justiça, na freguesia de Tavarede
Foto: Município da Figueira da Foz |
Uma obra considerada exemplar por parte do actual presidente de junta, Fernando Lopes, que veio dar resposta a problemas dos tavaredenses, ao nível do escoamento de águas pluviais e do saneamento.
O presidente da autarquia referiu tratar-se de mais uma obra que respeita o peão, em detrimento do trânsito automóvel, situação à qual o executivo é bastante sensível."
Confesso que, ao olhar para a foto, fiquei com muitas dúvidas
Eu sei que um dos problemas da Figueira de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certezas!..
Na Figueira é a mesma coisa: desde que se tenha "pilim", as portas abrem-se...
Isaltino Morais na festa da SIC...
Fotografia: Tiago Miranda@Expresso |
Quem também não faltou ao certame foi Isaltino Morais, autarca lá do sítio, que, após vários anos de azáfama, durante os quais esteve preso, 14 meses numa prisão a sério e, posteriormente, no confortável conforto do lar, por crimes que são sobejamente conhecidos e que não o impediram de ganhar as autárquicas de 2017 com uma esmagadora maioria absoluta, viu a sua vida regressar à normalidade, como se nada tivesse acontecido.
Portugal é um lugar estranho. Um lugar estranho onde o ecossistema político, com a raríssima excepção de um ou outro robalo, levita sobre o plano terrestre, onde se movem os comuns mortais, em bicos de pés para que ninguém repare o quão acima das suas possibilidades vivem. Mas tudo está bem, quando acaba bem, não é mesmo?"
Anda qualquer coisa no ar que não consigo entender...
Para ler melhor clicar na imagem |
No dia em que perder a confiança nas potencialidades da natureza humana, só me restará resignar-me a viver na hipocrisia.
Porém, notícias como esta, ontem publicada no DIÁRIO AS BEIRAS, conseguem levar aos limites a minha construída capacidade de acreditar que em todas as pessoas, em todas sem excepção, há uma centelha de humanidade.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
«Filho de pescador, é pescador. Filho de político, é doutor»...
"Mãos calejadas, mas que ganham leveza a atar (remendar) as redes, como se estivessem a fazer renda, aproveitando o sol de Inverno e as “birras” do mar. A companha do “Fijou” no Portinho da Gala é composta por quatro homens, mas só o mestre deixa que o cite. «A rapaziada não gosta de ser notada», asseguram. José Mário, 78 anos, com uma vida dedicada à pesca (do bacalhau e outras), agora reformado, continua para complementar a parca reforma, com a pesca da lampreia e do sável. Mas pouco dá. «Dantes, era até Maio que pescávamos, agora não chega a dois meses, mal dá para pagar a licença. É o que faz ter os políticos errados, no sítio errado». E para piorar a situação, a época está a ser fraca. «Abriram a barragem, é só poluição, a água cheira mal e o peixe foge», lamenta. «Está bom para os políticos. Filho de pescador, é pescador, filho de político, é doutor», diz o outro companheiro, enquanto que um terceiro fala no sacrifício para dar o curso à filha, mestre em engenharia biomédica «e é carteira. É para isso que o Costa anda a chamar os jovens no estrangeiro. É a vergonha deste país», diz com alguma revolta.Com consciência ambiental, este e outros pescadores, que dizem que, enquanto estão ali, se entretêm «e não gastamos dinheiro ao Estado em medicamentos», criticam que a pesca esteja «cada vez pior», fruto «da poluição. Há muita água estagnada, o rio cheio de jacintos, os arrozais com químicos, os lixos das pocilgas a escorrer, contaminam tudo. Sem poluição tínhamos aqui uma riqueza», asseguram. O «portinho assoreado» é outro problema, pois «as embarcações espetam na lama», e a falta de portões também. «A parte da pesca devia ser isolada e assim, não havia abusos», diz José Mário."
Bela Coutinho, via Diário de Coimbra
Bela Coutinho, via Diário de Coimbra
O caso do negócio da piscina mar e o PSD/Figueira (II)
Imagem sacada daqui |
Por seu lado, Carlos Tenreiro e Miguel Babo votaram contra."
Estranho?..
Como as coisas estão, um dia sem "armar barraca", no actual PSD/Figueira, deve ser recorde...
António Costa: «não troco Mário Centeno por Mariana Mortágua.»
Costa não deixou de fazer um elogio a Centeno. “Estou muito satisfeito com o actual ministro das Finanças e ele não me deu nenhum sinal de estar indisponível para continuar. Não o troco por Mariana Mortágua, obviamente que não”, respondeu a uma provocação do entrevistador.
O primeiro-ministro António Costa foi entrevistado ontem por José Gomes Ferreira. Os temas abordados foram a greve dos enfermeiros, a greve na Função Pública, o atraso nas obras públicas, a reorganização da Protecção Civil, as eleições legislativas e o estado da economia nacional e mundial. Veja aqui a entrevista na íntegra, clicando aqui.
O primeiro-ministro António Costa foi entrevistado ontem por José Gomes Ferreira. Os temas abordados foram a greve dos enfermeiros, a greve na Função Pública, o atraso nas obras públicas, a reorganização da Protecção Civil, as eleições legislativas e o estado da economia nacional e mundial. Veja aqui a entrevista na íntegra, clicando aqui.
O "negócio" da piscina mar e o PSD/Figueira
Imagem via DIÁRIO AS BEIRAS |
Em nota de imprensa enviada ao DIÁRIO AS BEIRAS, o autarca e líder da concelhia social-democrata vinca que as suas dúvidas foram esclarecidas e, por isso, “fazendo fé nos serviços da autarquia”, alinhou com a proposta da maioria socialista.
Por seu lado, Carlos Tenreiro e Miguel Babo votaram contra. Na nota de imprensa enviada ao DIÁRIO AS BEIRAS, os vereadores eleitos nas listas do PSD, a quem a Concelhia do partido retirou recentemente a confiança política, consideram que “são evidentes e graves as lacunas existentes no contrato de concessão aberto para um período temporal considerável de 50 anos”.
A concessão tem duração de 50 anos e está isenta de renda. A decisão de a autarquia não aplicar renda é sustentada pelo investimento de 3,6 milhões de euros, a fazer pelo privado na recuperação do imóvel municipal classificado...
Emoções
Já levantei muitas paredes.
Ainda o faço, embora não desconheça que até a parede mais sólida é impotente à brisa das emoções.
Conheço alguns, outrora considerei-os insensíveis, que nascem protegidos de todas as intempéries emocionais.
Esses, são os mais felizes. Não precisam de construir abrigos: eles próprios são sólidos como pedras.
É verdade que não voam.
Contudo, nunca lhes faltará o chão.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
Vias rodoviárias da Serra da Boa Viagem reabertas antes do verão
O acesso rodoviário ao miradouro da Bandeira, na Serra da Boa Viagem, deverá ficar desobstruído dentro de dois meses, segundo o plano de corte e remoção das árvores derrubadas e danificadas pela tempestade “Leslie”, no dia 13 de outubro do ano passado.
A hasta pública para venda do material lenhoso será feita no próximo dia 14. Se houver concorrentes, os trabalhos iniciar-se-ão no prazo de “uma ou duas semanas”, prolongando-se por “quatro ou cinco meses”. E será dada prioridade às áreas junto às vias rodoviárias, numa faixa mínima de 30 metros.
Via DIÁRIO AS BEIRAS
A hasta pública para venda do material lenhoso será feita no próximo dia 14. Se houver concorrentes, os trabalhos iniciar-se-ão no prazo de “uma ou duas semanas”, prolongando-se por “quatro ou cinco meses”. E será dada prioridade às áreas junto às vias rodoviárias, numa faixa mínima de 30 metros.
Via DIÁRIO AS BEIRAS
"O Serviço Postal"...
"A onda de privatizações e concessões durante os anos da Troika, quando o paradigma instalado era a onda liberal pois acreditavam que os privados faziam melhor “serviço publico”, resultou na privatização de um serviço universal por excelência, o serviço postal ou simplesmente os “correios”. Os Correios davam lucro. Em 1990, quando se autonomizaram das telecomunicações, pois até lá ajudava a pagar os investimentos nessas áreas, ficou claro que o serviço postal era plenamente sustentável e, era um serviço público de referência em toda a Europa.
Agora, 5 anos depois o assunto está na ordem do dia. Sem estações de correios há 33 Concelhos e a curto prazo, diz a Anacom (a ER), que é expectável encerrarem mais 15. Privam-se as franjas de populações que mais necessitam destes serviços de proximidade. Quanto à qualidade, hoje uma simples carta em território nacional demora cerca de 8 dias. Só com registo e correio azul, verde, etc, se consegue entregar em 24 horas. O serviço tornou-se pouco eficiente. Quem quiser eficiência tem que pagar mais do dobro!
O Estado terá que ponderar intervir, através do regulador ou da recompra de acções. Aliás é função do Estado corrigir situações em que ocorrem “falhas de mercado” ou quebras do serviço público. Analogamente, na Figueira temos também os nossos “probleminhas” com as concessões. É tempo de corrigir as “entorses” e as “malformações” de que padecem…claro como a água!"
Via DIÁRIO AS BEIRAS
Nota de rodapé.
Cinco anos após a privatização dos CTT, o serviço público degradou-se e os atrasos e falhas na entrega do correio avolumam-se. Os milhões de dividendos têm elevados custos: para os trabalhadores da empresa e para o País.
Durante cerca de 500 anos, o serviço de correios foi público, sob diversas designações, tal como em quase todo o mundo. O US Postal Service, os correios dos EUA, por exemplo, são uma agência do governo federal – como os Correos espanhóis, a La Poste francesa e a Poste italiana são empresas públicas.
Em 2011, o PS, o PSD e o CDS-PP assinaram o acordo com a troika onde constava a privatização dos CTT, que viria a ser concretizada em duas fases, em 2013 e 2014. Pelo caminho, foi nomeada uma equipa de gestão para a empresa, então ainda pública, com um mandato muito claro: torná-la atractiva para ser vendida.
Na primeira fase, nos finais de 2013, o Estado vendeu 70% do capital da empresa. Na lista dos principais compradores constavam dois grandes bancos internacionais, o Deutsche Bank, com 2%, e o Goldman Sachs, com 5%.
Os CTT eram uma empresa lucrativa, das mais lucrativas das empresas públicas. Nos sete anos anteriores à privatização (entre 2007 e 2013) apresentou, em média, lucros superiores a 50 milhões de euros.
No mesmo período, a preparação da privatização impôs a saída de quase 3 mil trabalhadores, o encerramento de mais de 300 estações e 85 centros de distribuição postal, e o fim de mais de 1500 giros.
Os CTT encolheram e o serviço público que prestava degradou-se, particularmente a partir de 2011. No ano seguinte, entra para a presidência do conselho de administração Francisco Lacerda, nomeado pelo governo do PSD e do CDS-PP. A estratégia é, então, intensificada.
Para a sua missão, Lacerda contava com a experiência noutras empresas privatizadas, como a Cimpor, a que presidiu entre 2010 e 2011, e a Portugal Telecom, onde foi presidente da comissão de remunerações a partir de 2009.
Mesmo depois da privatização, Francisco Lacerda foi mantido pelos accionistas privados na gestão dos CTT, tendo sido reconduzido no cargo até 2019.
A partir de 2013, a mesma administração nomeada pelo poder público fez prosseguir o caminho encetado até então, já sob orientações de grandes fundos de investimento nacionais e, particularmente, internacionais.
A rede de estações de correios, entretanto transformadas em lojas CTT, continuou a ser reduzida, o número de trabalhadores a descer e, até ao final de 2016, foram encerrados mais 43 centros de distribuição postal.
Ao todo, na última década, foram encerradas mais de 500 estações e postos dos CTT. A degradação do serviço público prestado intensificou-se, havendo zonas do País onde o correio passou a ser distribuído uma vez por semana e registo de atrasos que já chegaram a duas semanas na entrega dos vales postais com as pensões de reforma.
Uma das possibilidades que o anterior governo deu aos donos privados dos CTT, quando alteraram as bases da concessão do serviço público postal, foi a de subcontratar a terceiros parte desse serviço, nomeadamente a distribuição postal. Os trabalhadores têm vindo a denunciar o recurso sistemático a empresas de trabalho temporário e a prestadores de serviços para assegurar a função social da empresa que se chama CTT – Correios de Portugal: o tratamento e a entrega do correio no nosso país em condições que assegurem a celeridade, a segurança e a privacidade da correspondência.
Os CTT, enquanto empresa que recebeu do Estado a concessão do serviço postal universal, está sujeita à supervisão da Anacom. Esta fixa, anualmente, indicadores de qualidade que a empresa tem de cumprir e que devem ser aferidos por uma entidade «independente».
Até ao último trimestre de 2016, a empresa nunca o fez – comunicava esses indicadores recolhidos e tratados por si própria. Nessa altura, contratou uma consultora para o fazer e surgiram os problemas.
Pela primeira vez, os CTT não cumpriram com um dos 11 indicadores de qualidade, e as disparidades face aos dados anteriores, produzidos internamente, são evidentes – em todos os indicadores.
Em seis dos critérios, foram falhados os objectivos e em um, «correio normal não entregue até 15 dias úteis», a empresa falhou mesmo o mínimo fixado pela Anacom. Tomando apenas como referência os dados da consultora, referentes aos últimos três meses de 2016, o desvio seria muito superior e os CTT falhariam ainda noutro indicador, «correio zul não entregue até dez dias úteis».
A Anacom já impôs o mecanismo de compensação previsto, que passa pela redução da tarifa em causa na falha – no caso do correio normal. No entanto, a redução imposta é de 0,03%, quando esta subiu 47% desde a privatização.
Desde a privatização, o serviço piorou mas os preços subiram todos os anos. Na média de todos os produtos dos CTT, a subida é de cerca de 27% em cinco anos. Ficou muito mais caro mandar uma carta e esta demora muito mais a chegar ao destino.
Ao fim destes anos, o Estado já perdeu centenas de milhões de euros em dividendos e o País deixou de ter um serviço de correios público, fiável e seguro.
Em contrapartida, entre 2013 e 2016, foram distribuídos mais de 270 milhões de euros em dividendos, cerca de um terço da receita total da privatização.
Actualmente, a empresa tem como principal accionista um dos herdeiros de duas das famílias que dominaram a economia portuguesa sob o regime fascista e que mais lucraram com as privatizações: Manuel de Mello Champalimaud, com 10% do capital.
Com participações até aos 2%, as que obrigam à comunicação pública da propriedade do capital da empresa, contam-se bancos internacionais (BNP Paribas e Norges Bank), fundos de investimento especulativos (Wellington e Kairos) e o multimilionário espanhol Rafael Domínguez de Gor, dono de marcas de roupa infantil (Mayoral) e de participações em diversos sectores, da moda às telecomunicações móveis.
Agora, 5 anos depois o assunto está na ordem do dia. Sem estações de correios há 33 Concelhos e a curto prazo, diz a Anacom (a ER), que é expectável encerrarem mais 15. Privam-se as franjas de populações que mais necessitam destes serviços de proximidade. Quanto à qualidade, hoje uma simples carta em território nacional demora cerca de 8 dias. Só com registo e correio azul, verde, etc, se consegue entregar em 24 horas. O serviço tornou-se pouco eficiente. Quem quiser eficiência tem que pagar mais do dobro!
O Estado terá que ponderar intervir, através do regulador ou da recompra de acções. Aliás é função do Estado corrigir situações em que ocorrem “falhas de mercado” ou quebras do serviço público. Analogamente, na Figueira temos também os nossos “probleminhas” com as concessões. É tempo de corrigir as “entorses” e as “malformações” de que padecem…claro como a água!"
Via DIÁRIO AS BEIRAS
Nota de rodapé.
Cinco anos após a privatização dos CTT, o serviço público degradou-se e os atrasos e falhas na entrega do correio avolumam-se. Os milhões de dividendos têm elevados custos: para os trabalhadores da empresa e para o País.
Durante cerca de 500 anos, o serviço de correios foi público, sob diversas designações, tal como em quase todo o mundo. O US Postal Service, os correios dos EUA, por exemplo, são uma agência do governo federal – como os Correos espanhóis, a La Poste francesa e a Poste italiana são empresas públicas.
Em 2011, o PS, o PSD e o CDS-PP assinaram o acordo com a troika onde constava a privatização dos CTT, que viria a ser concretizada em duas fases, em 2013 e 2014. Pelo caminho, foi nomeada uma equipa de gestão para a empresa, então ainda pública, com um mandato muito claro: torná-la atractiva para ser vendida.
Na primeira fase, nos finais de 2013, o Estado vendeu 70% do capital da empresa. Na lista dos principais compradores constavam dois grandes bancos internacionais, o Deutsche Bank, com 2%, e o Goldman Sachs, com 5%.
Os CTT eram uma empresa lucrativa, das mais lucrativas das empresas públicas. Nos sete anos anteriores à privatização (entre 2007 e 2013) apresentou, em média, lucros superiores a 50 milhões de euros.
No mesmo período, a preparação da privatização impôs a saída de quase 3 mil trabalhadores, o encerramento de mais de 300 estações e 85 centros de distribuição postal, e o fim de mais de 1500 giros.
Os CTT encolheram e o serviço público que prestava degradou-se, particularmente a partir de 2011. No ano seguinte, entra para a presidência do conselho de administração Francisco Lacerda, nomeado pelo governo do PSD e do CDS-PP. A estratégia é, então, intensificada.
Para a sua missão, Lacerda contava com a experiência noutras empresas privatizadas, como a Cimpor, a que presidiu entre 2010 e 2011, e a Portugal Telecom, onde foi presidente da comissão de remunerações a partir de 2009.
Mesmo depois da privatização, Francisco Lacerda foi mantido pelos accionistas privados na gestão dos CTT, tendo sido reconduzido no cargo até 2019.
A partir de 2013, a mesma administração nomeada pelo poder público fez prosseguir o caminho encetado até então, já sob orientações de grandes fundos de investimento nacionais e, particularmente, internacionais.
A rede de estações de correios, entretanto transformadas em lojas CTT, continuou a ser reduzida, o número de trabalhadores a descer e, até ao final de 2016, foram encerrados mais 43 centros de distribuição postal.
Ao todo, na última década, foram encerradas mais de 500 estações e postos dos CTT. A degradação do serviço público prestado intensificou-se, havendo zonas do País onde o correio passou a ser distribuído uma vez por semana e registo de atrasos que já chegaram a duas semanas na entrega dos vales postais com as pensões de reforma.
Uma das possibilidades que o anterior governo deu aos donos privados dos CTT, quando alteraram as bases da concessão do serviço público postal, foi a de subcontratar a terceiros parte desse serviço, nomeadamente a distribuição postal. Os trabalhadores têm vindo a denunciar o recurso sistemático a empresas de trabalho temporário e a prestadores de serviços para assegurar a função social da empresa que se chama CTT – Correios de Portugal: o tratamento e a entrega do correio no nosso país em condições que assegurem a celeridade, a segurança e a privacidade da correspondência.
Os CTT, enquanto empresa que recebeu do Estado a concessão do serviço postal universal, está sujeita à supervisão da Anacom. Esta fixa, anualmente, indicadores de qualidade que a empresa tem de cumprir e que devem ser aferidos por uma entidade «independente».
Até ao último trimestre de 2016, a empresa nunca o fez – comunicava esses indicadores recolhidos e tratados por si própria. Nessa altura, contratou uma consultora para o fazer e surgiram os problemas.
Pela primeira vez, os CTT não cumpriram com um dos 11 indicadores de qualidade, e as disparidades face aos dados anteriores, produzidos internamente, são evidentes – em todos os indicadores.
Em seis dos critérios, foram falhados os objectivos e em um, «correio normal não entregue até 15 dias úteis», a empresa falhou mesmo o mínimo fixado pela Anacom. Tomando apenas como referência os dados da consultora, referentes aos últimos três meses de 2016, o desvio seria muito superior e os CTT falhariam ainda noutro indicador, «correio zul não entregue até dez dias úteis».
A Anacom já impôs o mecanismo de compensação previsto, que passa pela redução da tarifa em causa na falha – no caso do correio normal. No entanto, a redução imposta é de 0,03%, quando esta subiu 47% desde a privatização.
Desde a privatização, o serviço piorou mas os preços subiram todos os anos. Na média de todos os produtos dos CTT, a subida é de cerca de 27% em cinco anos. Ficou muito mais caro mandar uma carta e esta demora muito mais a chegar ao destino.
Ao fim destes anos, o Estado já perdeu centenas de milhões de euros em dividendos e o País deixou de ter um serviço de correios público, fiável e seguro.
Em contrapartida, entre 2013 e 2016, foram distribuídos mais de 270 milhões de euros em dividendos, cerca de um terço da receita total da privatização.
Actualmente, a empresa tem como principal accionista um dos herdeiros de duas das famílias que dominaram a economia portuguesa sob o regime fascista e que mais lucraram com as privatizações: Manuel de Mello Champalimaud, com 10% do capital.
Com participações até aos 2%, as que obrigam à comunicação pública da propriedade do capital da empresa, contam-se bancos internacionais (BNP Paribas e Norges Bank), fundos de investimento especulativos (Wellington e Kairos) e o multimilionário espanhol Rafael Domínguez de Gor, dono de marcas de roupa infantil (Mayoral) e de participações em diversos sectores, da moda às telecomunicações móveis.
Foi bom...
A revolucionária aplicação MB Way morreu: maiores bancos já têm comissões para o MB Way mas só um vai cobrá-las. Para já...
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