António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sábado, 3 de outubro de 2020
Duas primeiras páginas de jornal que são um retrato de um País
O Tribunal de Contas considera que a proposta do Governo para alterar o Código dos Contratos Públicos (CCP) pode levar à distorção da concorrência e abrir a porta ao conluio e até à corrupção, avança o Público (acesso condicionado) esta sexta-feira. O objetivo do Governo é agilizar o processo das obras públicas, saltando várias etapas que agora são obrigatórias, num momento em que Portugal se prepara para receber dinheiro europeu que tem um curto período de execução.
Contudo, o Tribunal de Contas considera que as mudanças têm riscos: a “exceção passar a ser regra”, o que “aumenta as possibilidades de conluio na contratação pública e distorção de concorrência”. A entidade liderada por Vítor Caldeira vai mais ao longe ao dizer num parecer que as alterações são “suscetíveis de contribuir para o crescimento de práticas ilícitas de conluio, cartelização e até mesmo de corrupção na construção pública”, recordando que “a actividade da contratação pública é um campo fértil e de risco acrescido para esse tipo de atuação ilícita”.»
Já agora: sabem o que acabou de acontecer a Vítor Caldeira, Presidente do Tribunal de Contas?
Via Diário as Beiras
Nesta crónica Ana Carvalho está muito bem ao recordar a determinado passo: "lembro-me por exemplo de um que foi Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Hoteleira Paço de Maiorca SA e que depois passou a exercer funções no BPI, precisamente o Banco credor dessa mesma sociedade". Repito para que não fique qualquer duvida: esteve muito bem Ana Carvalho ao recordar este facto.
Espero, contudo, que os figueirenses se recordem para onde foram dois ex-chefes de gabinete do presidente da câmara que antecedeu Carlos Monteiro.
A Ana Carvalho, de certeza, sabe - e muito bem. E até deve saber com mais e melhores pormenores, pois estava - e está, no sítio e num cargo privilegiado para o saber.
Depois admiram-se de as pessoas dizerem: “os políticos só estão interessados nos votos das pessoas e não nas opiniões delas” ou que “os partidos criticam-se muito uns aos outros, mas no fundo são todos iguais”.
No chamado "arco do poder" (para mim, bloco central de interesses), quantos pensaram em aderir ao PS e PSD com o objectivo de mudar as coisas?
A questão é mesmo essa. Por muitos vícios que o actual sistema político tenha - e tem, por muitas resistências que o sistema tenha à mudança, a realidade é que muito boa gente não está para se maçar com minudências. Por isso, a política (já) não é vista como algo de nobre, antes pelo contrário. O drama todo é esse. O facto é que, diga-se o que se disser, as coisas ainda não estão suficientemente mal que forcem as pessoas a fazer, elas próprias, uma limpeza geral nos partidos do "arco do regime", leia-se PS e PSD.
Nos entretantos, como também está a acontecer neste momento na Figueira, a sociedade demite-se dos seus deveres cívicos, e delega no vácuo a condução da coisa pública.
Os políticos do PS e do PSD sabem isso. E, entretanto, umas vezes uns, outras vezes outros, vão-se aproveitando... Como vimos, neste século XXI, com o PSD no poder e com o PS no poder. Como diria o Povo: mudam-se as moscas...
Só 5,1 milhões? Bem feitas as contas deverá ir para próximo dos 6 milhões...
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Esta autarquia não acerta uma!..
Salazar está vivo e de boa saúde em 2020 na Figueira da Foz
Estes medos originais propiciam e incentivam o medo.
Mas, o medo combate-se activamente e não passivamente.
A História está cheia de exemplos de medo e intolerância face a ideias diferentes.
Numa Terra que se quer competitiva e moderna, não faz sentido a hostilização das ideias diferentes. Numa Terra que se quer moderna e competitiva, as ideias deveriam prevalecer pela sua pertinência intrínseca e não por outros factores secundários.
Isso, meus amigos é confundir o principal com o acessório.
Quem tem acompanhado com um mínimo de atenção os últimos 14 anos da vida autárquica local, não fica surpreendido com este conceito de democracia, pois o mesmo é parte genética da ideologia da força maioritária."
Existe, portanto, alguma razão para ceder ao medo?
Claro que não. Vivemos num Estado Democrático e de Direito.
Porreiro pá!.. Uma «comissão de trabalho sobre o designado processo "Paço de Maiorca"», controlada politicamente pela maioria absoluta PS!...
Imagem via Diário as Beiras |
Que o mesmo é dizer: "Auditoria política, feita e aprovada, pela Assembleia Municipal, órgão autárquico onde o PS tem a maioria absolutíssima".
Imagem via Concelhia do PS |
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
«O combate pela transparência na política deve ser realizado em todas as frentes. De pouco serve criticar a Europa ou o poder de Lisboa, quando na nossa freguesia não há transparência na execução de políticas locais.» *
* - o título desta postagem é da autoria de Rui Curado da Silva. Presumo, para não afirmar que tenho a certeza, que esta crónica tenha sido entregue na redacção do jornal, antes da realização da Assembleia Municipal de ontem à tarde. Sublinhe-se, a sagacidade, a argúcia e a cartomancia do autor ao conseguir prever o que veio a acontecer no decorrer da AM...
Na Figueira, temos mais do mesmo.
Uns, pensam que mandam no Mundo. Outros, pensam que são o Mundo...
Imagem via Diário as Beiras |
Estamos perante o novo DNA dos DDT figueirenses?..
... afinal, o código genético novo, não tem grande novidade ...
... faz lembrar aquela substância que, no verão, se for pisada, deixa um cheiro incomodativo nos sapatos ...
A vida. E o futebol...
Segundo a opinião de alguns, o carácter apático, subserviente e mole dos portugueses, ficou-lhe dessa página negra, festejada com pompa e circunstância, que são os Descobrimentos.
O grande Almada Negreiros, soube traçar, como ninguém, a estrutura essencial da terra onde nascemos...
"Um Povo só é verdadeiramente um povo quando reúne em si todos os defeitos e todas as virtudes; alegrai-vos, portugueses, só vos faltam as virtudes."
Almada Negreiros, apesar de toda a sua genialidade, não conseguiu prever o nosso futuro grandioso.
Imaginou ele, alguma vez, que, neste país tão escasso de virtudes, se iria ter a virtude de ter futebol campeão europeu?
É isso que interessa, em Portugal e na Figueira: uma bola, para ocupar tudo quanto é cabeça...
Ninguém é bruxo. Almada era, "apenas", artista.
Neste momento, na Figueira, quem está em dificuldades sou eu: ainda vou ser acusado de mau figueirense, pois não gosto de futebol.
Apesar de tudo, em dias como o de hoje, ainda bem que existe o futebol para apagar a triste realidade e permitir que os jornais que falam sobre a Figueira, não tenham de falar, hoje, da miséria que se passa nos órgãos políticos figueirenses...
Como, por exemplo, da reunião da Assembleia Municipal realizada ontem.
Contudo, amanhã é outro dia.
Na política nem todos são "marionetas amestradas"...
Via Expresso
«Pedro Nuno Santos contraria "recato" pedido por Costa e defende Ana Gomes: "As pessoas não podem ser vilipendiadas".
O debate está ao rubro no PS, mas nem todos têm falado sobre o que querem fazer sobre as eleições presidenciais. Pedro Nuno Santos tem dito que deixará a sua posição para quando o partido debater o tema, mas não se coibiu, ontem, de defender a candidatura de Ana Gomes em toda a linha contra aqueles, leia-se dirigentes socialistas, que a têm "vilipendiado".
Com isto, entra de novo em choque com o primeiro-ministro e dá o tiro de partida entre os socialistas que não querem apoiar implicitamente Marcelo Rebelo de Sousa. "As pessoas não servem para o PS fazer umas coisas de vez em quando, para serem eurodeputados, para serem candidatos a câmaras municipais, membros do secretariado nacional e depois de um momento para o outro passarem a ser vilipendiados por que não lhes dá jeito", disse em Sines, referindo-se a Ana Gomes.
A resposta foi directa a Augusto Santos Silva que, na terça-feira, disse em entrevista à TVI que a socialista enriquecia o debate mas não deveria ser apoiada pelo PS. "Quem apoia são os órgãos do partido, não é o Governo nem são os membros do Governo que decidem quem apoia ou deixa de apoiar. É mesmo o PS que decide", afirmou Pedro Nuno Santos.
Para Pedro Nuno Santos, o não apoio a um candidato não prejudica relações institucionais futuras: "Vivemos numa democracia madura e era só o que faltava que os políticos ficassem chateados uns com os outros porque não tiveram o apoio deste ou daquele. A democracia é mesmo assim", acrescentou.
Numa coisa, Pedro Nuno Santos e António Costa estão em sintonia: será o PS a definir e o partido deverá dar liberdade de voto aos militantes, acrescentando no entanto uma alínea, de que devem ter em consideração o que é melhor para o Governo.
O PS irá debater o tema no dia 24 de Outubro, numa comissão nacional e é aí que o ministro irá dizer o que vai fazer, apesar de, depois de hoje, restarem poucas dúvidas do seu apoio a Ana Gomes. "O meu sentido de voto será dito no momento que o partido se reunir para discutir as presidenciais porque é aí que se vai decidir não é em mais lado nenhum", afirmou Pedro Nuno Santos.»