sexta-feira, 25 de abril de 2014

Profetas da Figueira... (10)

"No dia 25 de Abril, o sonho concretizou-se, as conversas ficaram livres, os sorrisos abriram-se, passou-se a dizer sim, em vez de não, a festa teve os seus cravos vermelhos. A democratização traduziu-se na duplicação do salário mínimo, de pensões sociais para inválidos e para quem tivesse mais de 65 anos, as férias alargaram-se para 30 dias e passaram a ser pagas, aumentou-se o abono de família para mais de meio milhão de crianças, o serviço nacional de saúde nasceu universal e gratuito, a educação abriu-se para muitos, institui-se o subsídio de Natal pago, extinguiu-se a PIDE, a Legião Portuguesa, as mulheres puderam sair do país sem terem que pedir autorização aos maridos, congelaram-se os salário e ordenados mais elevados. Nascia uma realidade diferente daquela em que o país estiolava. Descolonizou-se, ressurgiram valores de comunidade, o povo afirmou ter direito à sua própria vida. Passaram-se 40 anos."
António Augusto Menano, escritor, no jornal AS BEIRAS.

Pulido Valente em todo o esplendor iconoclasta...


Vasco Pulido Valente, hoje, no jornal I:
 "Não devemos nada aos capitães de abril"!... 
Será que devemos a ti "bêbado de merda"?..

Oito anos...Hoje, é dia de fazer contas à vida


Desde já e para que conste: Outra Margem é um projecto que nunca teve nada de oculto ou inconfessável.
Oito anos depois por cá continuamos... 
Continuamos - mais por causa das derrotas, do que apesar das derrotas  - a tentar trazer uma voz livre da esquerda figueirense, democrática e pluralista, arredada das capelinhas e, por conseguinte, dos media, para a vida pública, para o debate político, para a batalha das ideias. 
Sei que pode  constituir ambição a mais para tão fracos recursos, todavia, como não está no meu horizonte endireitar a Figueira, muito menos o País e ainda menos a vila ou a aldeia, decorridos oito anos e 12214 postagens depois, sinto que dentro dos condicionalismos de que sou possuidor (falta de tempo e debilidades, carências e ignorância reais) tenho a consciência de ter “conseguido levar algumas cartas a «garcias»”.
Desde 25 de Abril de 2006, temos estado presentes, fomos lidos por largas centenas de milhar, fomos apoiados e criticados, houve quem gostasse de nós e quem se nos pudesse bater, batia. Ponto.
Seja qual for a opinião que tenham  deste espaço,  ele cá está feito e assumido, sem truques nem malabarismos,  à vista de todos e  disponível,  podendo cada um fazer o seu próprio  inventário de prós e contras.
Eu tenho-me divertido...

25 de Abril, Sempre!

foto Pedro Agostinho Cruz
40 anos depois, ainda me lembro daquele dia 25 de Abril de 1974!
Começou cinzento, mas foi ficando colorido. 
Depois, por nossa culpa, foi perdendo a cor. 
O Capitão Salgueiro Maia, um dos protagonistas maiores do 25 de Abril, numa entrevista dada em 1991, pouco antes de falecer, disse: 
“Os nossos políticos têm uma grande preocupação em serem bem reformados e uma preocupação nula em serem bem formados.”
Que pensar e dizer, ainda, ao fim de quatro décadas?
Que representa, ainda, a data mais importante da história moderna do nosso País?
Que representa, ainda, a  democracia política e a alternância do poder?
Sinceramente, lamento que no campo social tanto ainda esteja por fazer! 
Coisas práticas, no terreno, que continuam por realizar...
A paz. O pão. A saúde. O emprego. A habitação. A dignidade.
40 anos depois, ainda me lembro daquele dia 25 de Abril de 1974.
Começou cinzento, mas foi ficando colorido.
Depois, por nossa culpa, foi perdendo a cor.
Eu tinha 20 anos quando se deu o 25 de Abril.
Agora, anda por aí gente a fingir que antes do 25 de 1974 aquilo não era mau.
Eu estive lá e posso assegurar que era mesmo muito mau.
Depois veio o tal dia e tudo mudou. Foram tempos incríveis. 
O 25 de de Abril, tem de ser aquilo que sempre deveria ter sido: um ponto de partida...
Ainda estamos a  tempo. 
Dias a preto e branco, nunca mais!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

HUMBERTO DELGADO

"Que tristeza! Eu julgava o Parlamento uma assembleia de homens e fui deparar com uma súcia de garotos dizendo piadas de sol uns aos outros, num barulho indecente próprio de praça de touros ou de taberna".

SALAZAR

"O jornal é o alimento espiritual do povo e deve ser fiscalizado como todos os alimentos".

Portugal, 1974

"A corporação militar, independentemente das armas em que se diversifica, constitui uma organização coerente e harmónica, pronta a cumprir a missão que lhe é determinada. A lealdade e a disciplina são atitudes fundamentais que o militar não poderá deixar de manifestar nas suas relações hierárquicas. São princípios universais de ética militar que, vale repeti-lo, sempre deveremos ter presentes.
Finalmente, move-nos como supremo objectivo, o bem da Pátria. Num momento em que o progresso da Nação e o bem-estar dos portugueses dependem da protecção que lhes é dada pelas forças militares é também oportuno dizer a Vossa Excelência que estamos unidos, firmes e cumpriremos o nosso dever sempre e onde quer que lho exija o interesse nacional".
General Paiva Brandão, representante dos oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas, na manifestação de solidariedade para com o regime, em 14 de Março, cujos participantes ficaram conhecidos como «brigada do reumático»

"O País está seguro de que conta com as suas Forças Armadas, e em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos. Pois vamos então continuar, cada um na sua esfera, dentro de um pensamento comum, trabalhar a bem da Nação."
Marcelo Caetano, em agradecimento aos militares que aderiram à manifestação de 14 de Março. 

"A existência de um amplo movimento que abrange centenas de oficiais do quadro permanente dos três ramos das Forças Armadas, assim como a eclosão da sublevação de 16 de Março, exprimem a crescente oposição das Forças Armadas às guerras coloniais e à política do governo de Marcelo Caetano."
Notícia do jornal Avante!, Abril. 

Portugal, 1973

63 por cento dos portugueses nunca votaram.
Primeira página do jornal Expresso, 6 de Janeiro.

"Eu não sou de direita nem de esquerda. Eu sou do caminho que convier ao povo."
Marcelo Caetano, no único congresso da Acção Nacional Popular, antiga União Nacional, em Tomar.

Portugal, 1968

"O País habituou-se, durante largo período, a ser conduzido por um homem de génio; de hoje para diante tem de adaptar-se ao governo de homens como os outros".
Marcelo Caetano, discurso na cerimónia de tomada de posse como presidente do Conselho, a 27 de Setembro.

- O que pensa do senhor Presidente do Conselho?
- Este «Salazar» parece mais simpático do que o outro...
Resposta de uma mulher no Alentejo, quando inquirida por um jornalista durante a primeira viagem de Marcelo Caetano como presidente do Conselho, em Outubro.

Portugal, 1959

Artº 72º. - O Chefe do Estado é o Presidente da República eleito pela Nação, por intermédio de um colégio eleitoral constituído pelos membros da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa em efectividade de funções e pelos representantes municipais de cada distrito ou de cada província ultramarina não dividida em distritos   e ainda pelos representantes dos conselhos legislativos e dos conselhos de governo das províncias do governo-geral e de governo simples, respectivamente.
Lei nº. 2100, 29 de Agosto.

Portugal, 1942

"Por felicidade o país, ao desempenhar-se do encargo constitucional da eleição, não tem que escolher: felizes as nações que nos momentos cruciais da sua vida não são obrigadas a escolher, e às quais a Providência com desvelado carinho dispõe os acontecimentos e suscita as pessoas de modo tão natural e a-propósito que só uma solução é boa e essa a vêem com nitidez no íntimo da sua consciência todos os homens de boa vontade! Felizes porque não se debatem em dúvidas angustiosas, porque não se arriscam em desmedidas contingências, felizes sobretudo porque não se dividem!"

Salazar, em 7 de Fevereiro, aquando da reeleição do Presidente da República Óscar Carmona, candidato único, com 90,7% dos votos.

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Profetas da Figueira... (9)

"O próprio Salazar redigiu o seu retrato psicológico difundido pela propaganda: humilde, honesto e um homem sem ambições políticas. Ainda hoje há quem o repita..."
Rui Curado da Silva, investigador, hoje no jornal AS BEIRAS.

LIBERDADE!

Neste dia, há 40 anos ainda não era assim.
Agora, o Povo é livre. Não tem que ter medo de falar. 
Antes do 25 de Abril de 1974 falava-se baixinho. Agora, pode dizer-se alto o que se pensa.
25 de Abril de 1974, recordo-te como a vontade de um Povo que quis ser livre e numa manhã veio para a rua gritar:
LIBERDADE! LIBERDADE!

O 25 de Abril de 1974 foi o maior acontecimento, de que tenho memória, que houve em Portugal.
Foi com ele que a LIBERDADE veio para as ruas de braços abertos.

Havia um sonho na véspera do tempo, um grito na boca cerrada por inúmeras outras palavras.
Neste dia, há 40 anos, ainda havia o medo e o desejo de uma palavra virgem: LIBERDADE.

LIBERDADE que é que tu ainda podes fazer?
Eu espero que tu combatas os homens maus, e que ajudes o mundo e Portugal.

LIBERDADE não é só para vós. Todos queremos. Também tem de ser  para todos nós!

LIBERDADE é vossa, mas nós também a queremos. E,  assim, a LIBERDADE será vossa e nossa.

LIBERDADE é uma criança. Criança que voa ao vento. Vento que é livre. Livre como o tempo.
Ó Portugal, Portugal! Porque choras de saudade, o que passou, passou. Hoje existe a LIBERDADE.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Austeridade – sinais exteriores (3)...

Como diria Durão Barroso, no tempo da outra senhora havia uma preocupação sincera pelos pobrezinhos.

Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal comemorativa do 40.º aniversário do 25 de abril

Sexta, 25 Abril, 10:00 
-  Sessão solene
Inicia-se com a concentração junto ao Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, seguida da cerimónia do hastear da bandeira. 
Será orador convidado o cidadão António Augusto Menano, e intervindo para além do Representante da Associação 25 de Abril, Representantes de todos os partidos e Coligação de Cidadãos com assento na Assembleia Municipal. 
Estas cerimónias serão abrilhantadas pelas actuações da Filarmónica da Sociedade Filarmónica Quiaense e do Coral David de Sousa.

Preço da aquisição disparou com swaps


Uma estória de Abril

Celeste Caeiro, de 79 anos, foi a mulher que fez do cravo o símbolo do 25 de abril de 1974. Trinta e nove anos depois, "Celeste dos cravos" - como é conhecida - recorda um dos momentos mais marcantes da sua vida.

Mistério!..

daqui
Lido hoje no jornal AS Beiras
"A apresentação da obra “Antologia de Poesia País de Abril”, de Manuel Alegre, ontem ao fim da tarde em Coimbra, foi motivo para fazer crítica à política actual, com o poeta a mostrar preocupação por “um país em que os mercados estão acima do Estado”. Todavia, na Casa da Escrita, estando entre amigos – alguns deles anteriores ao 25 de Abril de 1974 – Manuel Alegre não deixou de revelar um olhar mais descontraído sobre os fenómenos sociais, constatando que, nos últimos tempos, “nunca se viu um mar de gente na rua como na celebração do Benfica, de que gostei, mas que também me deixou preocupado”. Para o antigo candidato à Presidência da República, “isto também revela a necessidade das pessoas se libertarem de um vazio que existe”." 
Ora cá está um mistério!..
Os portugueses, por norma, pelam-se por estar  ao lado dos vencedores
É assim na política e no futebol. 
A recente vitória do Benfica trouxe à tona um mistério...
Mais do que um mistério, penso mesmo que é  um fenómeno em Portugal: o benfiquismo
Vejamos: nos últimos 30 anos, se a memória não me atraiçoa o Benfica venceu 7 campeonatos. O Porto ganhou quase o triplo – 20
A diferença é substancial. 
Seria de esperar que os adeptos do Porto tivessem aumentado de forma clara... 
Todavia, como se viu no domingo, este país é de benfiquistas!..

Lembram-se de "um campo chamado Tarrafal?"

23 de Abril de 1936: abertura do campo de concentração português do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Três anos depois chegavam os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam participantes do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande. 
daqui