segunda-feira, 7 de abril de 2014

Conceição Matos e Domingos Abrantes : Resistir, lutar, talvez sonhar

ANABELA MOTA RIBEIRO (Texto) e NUNO FERREIRA SANTOS (Fotografia)
"Casaram em 1969. Mas antes disso tiveram uma vida. E depois de 74 tiveram outra. E antes dessas tiveram vidas paupérrimas, onde crescia a revolta e, estranhamente, havia espaço para a felicidade. Conceição Matos e Domingos Abrantes usam nomes ternos para chamar o outro. Nomes que surpreenderiam quem os conheceu, de aço, na luta antifascista
Domingos Abrantes foi preso pela primeira vez em 1959. Participou na famosa fuga de Caxias em Dezembro de 61. Ligou-se a Conceição Matos em 1963, viveram uma vida clandestina. Funcionários do Partido Comunista (ele desde 54, ela desde 63), eram considerados subversivos pelo regime salazarista. Foram presos em 65. Domingos ficou preso até 73, Conceição ficou um ano e meio. Voltaria a ser presa em 68, por uns meses.

Foi na cadeia que Conceição comeu chocolates pela primeira vez. Conta isso enquanto oferece chocolates. Comeu-se uma caixa ao longo de três horas de entrevista. Falou-se de uma vida antiga que é importante que seja presente. Porquê? Porque há o dever de contar. O dever. O dever de não falar (na cadeia), o dever de falar (agora). O dever de estudar (evoluir). O dever de lutar (sempre) por um mundo melhor. A conversa diz respeito ao tempo em que foram revolucionários e termina em 1974. Nasceram em 1936. Nenhum deles chorou. Riram várias vezes. Parecem felizes."

Uma entrevista de Anabela Mota Ribeiro publicada no jornal Público, a não perder. Aqui.

Estes dias...

Irritam-me estes dias das mentiras.
Não consigo ler ou ouvir as notícias sem me questionar: será que isto está mesmo a acontecer?
Há algumas notícias que lemos e pensamos: isto não pode ser verdade!
E pensamos: amanhã  saberemos que foram inventadas...
O problema é que algumas são mesmo reais.
Pensando bem, estes dias das mentiras não são muito diferentes do outro dia...

domingo, 6 de abril de 2014

«O primeiro-ministro diz-se disponível para negociar o Salário Mínimo Nacional»

Leram bem, não para aumentar mas "para negociar".
O homem tem consciência de classe e preocupações sociais.
“Passos Coelho sabe que pode continuar a contar com a UGT para a sua dupla vitória: trocar o trunfo eleitoral de 10 ou 15 euros desactualização do salário mínimo, o contrário de "que se lixem as eleições",  pela machadada final na contratação colectiva de mais um "que se lixem os trabalhadores".Como todos os anteriores, voltará a não ser nada de tão grave assim, como denotam os mais de 60% de abstenção e os mais de 80% de intenções de voto nas europeias que todas as sondagens projectam para os três partidos do arco deste empobrecimento. O arco tem folga para continuar.”

A noite de Gala do bodyboard figueirense ontem à noite no CAE


Todos os pormenores aqui.

Com, ou sem troika, a recompensa nunca falha...


Em tempo.
Relembre-se o que o 1º ministro Passos Coelho disse em campanha eleitoral:

"Palavras"

O seu a seu dono...

BPN, o banco do PSD: "o maior escândalo financeiro do Portugal moderno, que custou (até agora) cinco mil milhões de euros aos contribuintes portugueses, nasceu no seio do PSD e só foi possível devido à cumplicidade dos mais importantes dirigentes deste partido, Cavaco Silva à cabeça."

Bom domingo

sábado, 5 de abril de 2014

Associação Bodyboard Foz do Mondego: 20 anos a promover o desporto

A Associação Bodyboard Foz do Mondego, que hoje comemora o seu 20 aniversário, começou o dia com uma "surfada de gerações". A imagem é de Pedro Agostinho Cruz.
O Grande Auditório do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz recebe hoje, sábado dia 5 de abril, pelas 21h30, a gala comemorativa do 20º aniversário da Associação de Bodyboard Foz do Mondego (ABFM).
Neste evento, de entrada livre, vão ser homenageados atletas e individualidades que contribuíram para o crescimento e desenvolvimento da Associação. Paralelamente, serão inauguradas duas exposições, uma na Sala Afonso Cruz (CAE) e outra na Casa Havenesa, alusivas às duas décadas da ABFM.
A música também vai estar em destaque nesta Gala, com a participação de Duarte Morgado, Rubi, The Flame, Lulas Belhas, Miura e Ana Ferreira.

Via Figueira na Hora

A realidade (II)...

A propósito desta postagem, fui alvo da ira de um anónimo... 
Recordo, apenas, que Oliveira Salazar foi considerado “o melhor português de sempre” !.. 
Esta é a realidade...

Nasceu em 1977...

O Lomba é um  malandreco... 
A realidade não é tão simples.

A realidade...

 “Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.” - Séneca

Uma das coisas que indicia claramente que não devemos ter grandes expectativas em relação à Figueira,  é o facto de Santana Lopes  ter chegado onde chegou.
Uma das coisas que indicia claramente que não devemos ter grandes expectativas em relação a Portugal, é o facto de Passos Coelho e Paulo Portas terem chegado onde chegaram.
Uma das coisas que indicia claramente que não devemos ter grandes expectativas em relação à Europa, é o facto de Durão Barroso e Vitor Constâncio terem chegado onde chegaram.
E  a causa é sempre a mesma:  o triunfo da mediocridade...

Daqui a pouco  temos eleições!
Desta vez, para escolher quem nos representará no Parlamento Europeu.
Há muito que se discute a qualidade dos nossos políticos e políticas e se critica a falta delas. É até um lugar comum, dizer que  os políticos são maus - como se a excelência fosse regra e essa guarda avançada da sociedade, a excepção triste!..

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Há "estórias" que merecem ser lidas

Esta, contada pela Andreia Gouveia, é uma delas: "Luis Carlos: sempre a subir".

Força Portugal... Estou curioso para ver o resultado no dia 25/05!..

Era assim que vivíamos ...

Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de Abril de 1968. Um mês depois, em 4 de Maio, devia ter tido lugar, no salão de uma igreja de Lisboa, uma sessão em sua homenagem. Estava planeada a projecção do filme «Marcha em Washington», seguida de um debate orientado, entre outros, por Luís Lindley Cintra e José Carlos Megre. Na véspera, a PIDE proibiu a sessão. Mas à hora marcada concentraram-se centenas de pessoas em frente da igreja de portas fechadas. Como em muitas outras ocasiões, tudo acabou com dispersão, à força, desta vez por agentes da polícia à paisana.

Via Entre as brumas da memória

O mau cheiro já se nota assim tanto?..

"Cheiro tóxico" afectou debate quinzenal na Assembleia da República!..

É isto que significa a União Europeia. Muito afastamento da realidade....


O princípio do fim da Internet como a conhecemos. 
O Parlamento Europeu (PE) aprovou hoje uma lei que podia ter sido escrita pelo Squealer, por significar o oposto do que realmente representa.

Via Aventar

José Traqueia Bracourt, 100 anos de vida e de dedicação à cultura

Nascido em Buarcos, dedicou toda a sua vida à música, ao Caras Direitas e ao Rancho das Cantarinhas, “paixões” que ainda hoje lhe fazem brilhar o olhar
Olhar vivo, penetrante, ar de “menino traquina”, José Traqueia Bracourt comemorou ontem o seu centenário, rodeado de amigos e muito carinho. À festa não faltou a música (a sua aliada de toda a vida), a Associação Viver em Alegria, o Rancho das Cantarinhas de Buarcos e elementos do Caras Direitas, também um amor de sempre. Na “Colina do Sol”, um lar residencial onde José Traqueia Bracourt tem passado os últimos 23 anos, está rodeado de “miminhos” e de memórias, muitas, que lhe brotam com facilidade, particularmente as da música.

A Serra da Boa Viagem vista da outra margem

foto António Agostinho

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Lembrando Joaquim Namorado

“Eleito um grupo razoável da CDU para a Assembleia Municipal, o Joaquim sempre se disponibilizou e participou nas reuniões preparatórias das Assembleias, o que além do mais obrigou a que fossem melhor preparadas e mais exigentes.
Com frequência o Joaquim achava que se as propostas não venciam era porque não as sabiam explicar e convencer, rematando:
- Qualquer burro come palha, o que é preciso é saber dar-lha!
Numa das Assembleias coube ao Joaquim fazer a intervenção em nome do grupo dos eleitos da CDU, o que naturalmente fazia com brilhantismo.
Chega atrasado um dos eleitos do PS e como não tinha lugar junto do seu grupo, ou para não atravessar a sala toda, sentou-se ao lado do Joaquim.
Seguindo atentamente a intervenção, o homem abanava com a cabeça concordando com o que o Joaquim explicava e propunha. O Joaquim estava satisfeito, um já estava convencido. Na hora de votar levantou a cabeça e espreitou para ver como o seu grupo votava e assim o fez, votando contra a proposta da CDU apresentada pelo Joaquim.
Reboliço na Assembleia! O Joaquim berra, virado para o suposto troca-tintas:
- Mas isto é uma aula de ginástica? Está para aí a concordar e depois vota contra!... Você é algum palhaço ou não sabe o que é que faz aqui?
O eleito do PS indigna-se mas está embaraçado, encolhe-se com medo do Joaquim. Que quando abanava a cabeça não era por concordar era para seguir atentamente a intervenção.
- Se não concorda e abana a cabeça a dizer que sim, então é burro! Se não tem opinião própria, não tem nada que estar aqui, põe-se um cinzeiro em seu lugar que o deve representar melhor!
Na Assembleia falam todos ao mesmo tempo estupefactos com a situação, mas com respeitinho que o Joaquim Namorado ainda podia pregar umas chapadas a algum. O Joaquim não se cala e pede a intervenção do Presidente da Assembleia Municipal, que aquilo era um ultraje à democracia, o Presidente e a Mesa não sabem o que fazer, completamente desorientados, também não queriam afrontar o Joaquim Namorado.
O homem das votações contraditórias acabou por pedir desculpa por desrespeito à democracia e ter dado sinais errados, comprometendo-se a, de futuro, não voltar a abanar a cabeça!
Apesar de tudo, o Joaquim ficou satisfeito.”

Este episódio de uma Assembleia Municipal da Figueira da Foz, realizada nos anos 80 do século passado, contado pelo Vasco Paiva, trouxe-me outras recordações...
Vou relembrar ao  Vasco Paiva, na altura um alto quadro do PCP, portanto, profundo conhecedor do que vou relatar, um episódio que revela bem  o carácter  de Joaquim Namorado.
Estávamos em Outubro de 1982. A Comissão Política da Figueira da Aliança Povo Unido tinha acabado de aprontar as listas para as eleições autárquicas que se realizaram no final desse mesmo ano.
Para a Câmara Municipal, apresentou: António Augusto Menano, como cabeça de lista, logo seguido de João Paulo, operário e sindicalista.
Para a Assembleia Municipal, apresentou em primeiro Rui Frutuoso Alves, como cabeça de lista, Carlos Baptista, traçador naval, em segundo;  e,  em terceiro, uma figura prestigiosa do firmamento intelectual: o consagrado poeta e professor de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Joaquim Namorado.
Joaquim Namorado, na altura, era já um cidadão com uma vida inteira de entrega total à defesa dos interesses do nosso Povo, com um passado de resistência, que continua a ser um exemplo para todos  nós.
Por essa altura, as gerações que passaram por Coimbra,  e também as que na Figueira se preocuparam com o combate ao regime tenebroso de Salazar, tiveram sempre em Joaquim Namorado, não apenas o Amigo dedicado, esclarecido e compreensivo, mas também o conselheiro perspicaz.
Joaquim Namorado era um intelectual, mas não era nessa qualidade que as gentes das Alhadas e de Vila Verde o conheciam, estimavam e admiravam.
Conheciam-no e admiravam-no das sessões comemorativas dos aniversários das suas colectividades, conheciam-no das conversas que com ele mantiveram nas suas aldeias, e do ânimo, do entusiasmo e da coragem que as suas palavras lhes transmitiam.
Na Figueira, com o prof. Orlando de Carvalho, nunca deixou de comparecer a uma manifestação  antifascista, das que por aqui se realizaram antes de Abril de 1974.
Nem de comparecer, nem de subscrever, na maioria dos casos, a petição que era obrigatório fazer ao Governador Civil do regime opressor derrubado  pela Revolução do Cravos.
Lado a lado com gente de diferentes quadrantes políticos, mas todos irmanados por um sentimento de unidade antifascista pelo qual Joaquim Namorado sempre se bateu.
Na altura, era um profundo conhecedor e interessado pelos problemas da nossa cidade, do nosso concelho e dos figueirenses. Figueirense não apenas pelo coração mas também pela acção, em reuniões promovidas para debate dos assuntos locais, Joaquim Namorado era o figueirense que comparecia, fazendo ouvir a sua voz, como a voz da esquerda figueirense.
Foi este cidadão, na altura já um intelectual com prestígio a nivel internacional,  que aceitou,  em Outubro de 1982, ir em nº. 3, numa lista do seu Partido, na cidade da Figueira da Foz.
Lembras-te Vasco Paiva?..