António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Continua mau tempo e a erosão continua ao ataque na Cova... (continuação)
i/Pitagórica
Custa-me dizê-lo, pois até me fica mal, mas confesso que, de quando em
quando, chego a ter pena do professor Marcelo...
Sobre o mundo e o país que ajudou a criar, ele não diz nada quando tinha a obrigação de
dizer - só fala a propósito de minudências...
Pelos vistos, tal como os maridos enganados, só aparece quando não é preciso...
Pobre país, desgraçado, de desgraçados...
imagem sacada daqui |
A saber:
3 -"Hotel vai ser construído em cima da praia de Labruge".
Pergunte-se-lhes: empreendedores, ignorantes, "requalificadores" e "valorizadores", e demais responsáveis de "governo", "justiça", "ciência", "ordenamento do território", etc, etc, etc., blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá: com que dinheiro se vai "defender" a orla costeira, num país do Atlântico Norte? É com o dinheiro pessoal (dos ordenados e reformas) de quem, no presente, governou e decidiu ou não decidiu seja o que for? Ou é com o dinheiro público (que, no futuro, não vai haver) de todos os cidadãos, do Estado, do país que vier a haver, chamado Portugal?
Pergunte-se-lhes: empreendedores, ignorantes, "requalificadores" e "valorizadores", e demais responsáveis de "governo", "justiça", "ciência", "ordenamento do território", etc, etc, etc., blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá: com que dinheiro se vai "defender" a orla costeira, num país do Atlântico Norte? É com o dinheiro pessoal (dos ordenados e reformas) de quem, no presente, governou e decidiu ou não decidiu seja o que for? Ou é com o dinheiro público (que, no futuro, não vai haver) de todos os cidadãos, do Estado, do país que vier a haver, chamado Portugal?
Pobre país, desgraçado, que nem sequer sabe o que é o Mar -
o seu Mar, o "Mar Português", no Atlântico Norte -, nem sabe do que é
que esse seu Mar é capaz, nem sabe como o conhecer e como o enfrentar (e ainda
têm que ser os estrangeiros a vir enfrentar as dificuldades típicas do
Atlântico Norte, aqui naturais, para aqui criarem alguma coisa de produtivo
como é a aquicultura, e não somente mais e mais especulações
"comerciais" e "turísticas", como os indígenas gostam).
Pobre país que chegou ao ponto de deixar os seus jovens andar a morrer nas
praias, à meia-dúzia, em rituais "universitários" bizantinos e
goliardescos, boçais, pseudo-feudais e pseudo-clericais, pretensamente típicos
de "tradições antigas" ("tradições" que, na verdade, foram
inventadas, há trinta anos atrás, por razões políticas [!] e que, na verdade, é
obvio que são somente [pseudo-]"tradições" de canalhice e de
pretensiosismo social, pseudo-elitista, dito "académico"), os mesmos
rituais e as mesmas (pseudo-)"tradições" - de "bullying"
colectivo e massificado (permitido, e impune, no interior das Escolas…!!) - que
o Estado, durante décadas (a partir de Coimbra e da sua universidade pública lá
existente), foi sempre permitindo, tolerando e incentivando, e alargando e
deixando alargar às outras "Escolas" todas (!!!), superiores, e
secundárias, e primárias... públicas e privadas (até aos
jardins-escola...!!!!), em vez de nessas Escolas ter ensinado aos jovens o que
é o Mar, e como o enfrentar...!!!!!
Pobre e triste país, de festas, e de futebóis, e de rituais,
e de labregos, e de doutores, e de oficiais e comendadores da Ordem do Infante
Dom Henrique que, no meio da desgraça inevitável, passam o tempo a encher a
boca com retóricas de "Regresso ao Mar" e de "História dos Descobrimentos
Henriquinos", etc, etc, etc., blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá (sem
sequer saberem o que é o Mar), e passam o (pouco) tempo que lhes resta a
"discutir" e a relativizar, "democraticamente", tudo aquilo
que é óbvio e evidente (para, assim, o postergarem). E passam o tempo,
"academicamente", a epistemologizar as "pós-modernidades",
de "Esquerda", etc, etc., etc., das suas "causas"
fracturantes, do sexo dos seus anjos pagos com dinheiro público, nas
universidades, ao mesmo tempo que deixam afundar, no caos, irreversível, a sua
terra, o seu mar, a sua demografia (o seu povo), a sua verdadeira paisagem
geográfica e humana.
Pobre país.CEMAR (Recebido por mail)
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Deve ser um sábio muito irritante...
Mas, porque é que, eu, figueirense, encontrei há pouco o sábio e lhe perguntei onde
estava a “herança” da felicidade e o sábio fingiu, procurou nos bolsos das
calças e respondeu-me: "aqui não está!"?
Continua mau tempo e a erosão continua ao ataque na Cova... (continuação)
foto António Agostinho |
De ontem para hoje, a situação agravou-se.
Veja a evolução: compare clicando aqui, aqui, e aqui.
E para o próximo dia 1 de Fevereiro parece que vamos ter uma espécie da ressaca do Hércules...
Veja a evolução: compare clicando aqui, aqui, e aqui.
E para o próximo dia 1 de Fevereiro parece que vamos ter uma espécie da ressaca do Hércules...
“Depois da casa roubada, colocaram trancas à porta”
A morte dos dois pescadores alegadamente provocadas pelas obras
de construção da nova Ponte dos Arcos, aconteceu na manhã de 19 de março de 2007.
Porém, muito antes, mais de um mês antes, os pescadores da pesca
artesanal da Cova-Gala já andavam preocupados e descontentes com as obras que então estavam em curso na zona da Ponte dos Arcos.
Segundo quem se dedica a este tipo de pesca, o canal de
navegação tinha ficado demasiado estreito, o que pôs em risco a segurança das
embarcações e dos homens no decorrer da navegação naquele troço do rio.
O “canal da morte” deveria ter sido encerrado à navegação,
como, aliás, aconteceu logo a seguir ao acidente.
Isso, sabe-se hoje, teria
evitado a morte dos dois pescadores.
Depois da “casa roubada, colocaram trancas à porta”, pois alguém
interditou depois do acidente que
vitimou duas vidas a “boca do inferno”.
Alguém teve “poder” para o fazer à posteriori. Portanto,
alguém falhou.
Sabe-se que houve reuniões, antes do acidente, numa das
quais foram ouvidas as preocupações dos pescadores, que devido às obras se
queixavam das dificuldades em navegar pelo canal.
Louro Alves, Capitão do Porto na altura dos acontecimentos, afirmou na sessão de julgamento em que foi
ouvido que ninguém (entidades que participaram - Estradas de Portugal, IPTM,
câmara, construtora, entre outras) levantou a “questão de interdição do tráfego
no canal”.
Não obstante, já era equacionada, antes do acidente, a
passagem das embarcações do Portinho da Gala, para o porto de Pesca, uma das
soluções que Louro Alves defendeu e que poderia ter evitado o acidente.
A outra teria sido a interdição total do canal de navegação.
Antes da morte de Clemente Imaginário e de Manuel Pata, porém, nenhuma das duas hipóteses aconteceram. A seguir, fechou-se o canal à navegação
e passaram-se as embarcações do Portinho da Gala para o Porto de Pesca.
À boa maneira portuguesa, “depois da casa roubada, colocaram-se as trancas à porta”...
Em tempo.
A próxima sessão do julgamento está marcada para 26 de fevereiro, às 09H00.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Continua mau tempo e a erosão continua ao ataque na Cova...
Entre o 4º e o 5º. molhes a duna está a desaparecer perigosamente.
Entre o 3º. e o 4º. molhes, a protecção em pedra está a ser atacada perigosamente.
fotos António Agostinho
fotos António Agostinho
Houve alguém que disse que "todos os direitos das pessoas podem ser referendados"...
imagem sacada daqui |
Foi o deputado Hugo Soares, do PSD, eleito no século XXI num Estado que, presume-se, é de direito democrático e uma democracia constitucional.
Das colectividades às coletividades...
“A Figueira da Foz tem motivos para se orgulhar do seu movimento associativo popular, sobretudo porque a sua qualidade e quantidade denotam a existência de uma sociedade civil forte e ancorada
na cultura. As coletividades são uma emanação do poder das populações e visam satisfazer os seus interesses; devem procurar, pois, nesse terreno, os seus meios e recursos, o que não significa que, de uma forma transparente e objetiva, a administração pública não as apoie.
Felizmente passaram os tempos em que o associativismo era campo de manobra política e em que o cheque levado no bolso ditava preferências e oportunismos. As associações estão a descobrir a sua força e as que sobreviverem a estes tempos ficarão como faróis a iluminar as que vierem.”
Vereador António Tavares, na sua já habitual crónica das terças-feiras no jornal AS BEIRAS.
"Não calcula o tempo que demoro a escrever aquela merda com 1400 caracteres. Leio aquilo tantas vezes... Volto atrás e vou para a frente. Só a trabalheira de arranjar assunto. Eu espontaneamente só tenho opinião uma vez por ano, agora tenho de ter todos os dias porque ganho a vida assim", disse um dia Manuel António Pina ao jornal i.
Ao contrário de Manuel António Pina, não tenho opinião apenas uma vez por ano. Todavia, também não a tenho todos os dias.
Diga-se, em abono da verdade, quando se tem um blogue, onde é suposto ter opinião, que tal pode constituir uma atrapalhação...
Conheci, em tempos recuados, a opinião do António Tavares sobre as colectividades. Fiquei a conhecer, a partir de ontem, a opinião do vereador Tavares sobre as coletividades...
Vereador António Tavares, na sua já habitual crónica das terças-feiras no jornal AS BEIRAS.
"Não calcula o tempo que demoro a escrever aquela merda com 1400 caracteres. Leio aquilo tantas vezes... Volto atrás e vou para a frente. Só a trabalheira de arranjar assunto. Eu espontaneamente só tenho opinião uma vez por ano, agora tenho de ter todos os dias porque ganho a vida assim", disse um dia Manuel António Pina ao jornal i.
Ao contrário de Manuel António Pina, não tenho opinião apenas uma vez por ano. Todavia, também não a tenho todos os dias.
Diga-se, em abono da verdade, quando se tem um blogue, onde é suposto ter opinião, que tal pode constituir uma atrapalhação...
Conheci, em tempos recuados, a opinião do António Tavares sobre as colectividades. Fiquei a conhecer, a partir de ontem, a opinião do vereador Tavares sobre as coletividades...
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Continua o mau tempo...
Praxe
A tragédia do Meco, que aconteceu há mais de um mês, tem
sido o assunto do momento, nas últimas semanas. Infelizmente, o mediatismo à
volta deste caso não se deve a estarem agora finalmente apuradas as
circunstâncias em que os 6 jovens morreram, mas sim à insistência dos pais,
mães e avós em não deixarem o assunto cair no esquecimento. Seis pessoas
morreram em circunstâncias ainda por apurar, com a forte suspeita de que a
morte possa ter ocorrido no contexto de praxe.
Assistiu-se a um triste espectáculo: silêncio, inércia e
impassividade por parte das autoridades responsáveis pela investigação do caso.
Os jovens faleceram a 15 de dezembro e só a 21 de janeiro a Procuradoria-Geral
da República determinou a aplicação do segredo de justiça, chamando a si o inquérito.
O que aconteceu foi uma verdadeira tragédia. Crime ou não
crime, a morte de 6 pessoas não pode ficar por investigar.
(daqui)
Adeus Pete Seeger
Com 94 anos, foi-se embora ontem.
Há pessoas que nos ajudam a acreditar que o mundo um dia será muito melhor.
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