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«Pinto Luz “completamente tranquilo” com buscas na Câmara de Cascais.
"O Governo pretende desacelerar o aumento do salário mínimo. Este ano aumentou apenas 60 euros, cifrando-se em 820 euros. Até 2028 aumentaria ainda menos: apenas 45 euros por ano, em média, até chegar aos 1000 euros no final teórico da legislatura. A direita nunca gostou do Salário Mínimo Nacional.
Jornal Público
E para quê, se é o próprio líder parlamentar do PSD que garante que vai «falar com o Chega também para viabilizar o Orçamento do Estado” e diz que o partido de André Ventura ainda está para demonstrar se é “confiável ou não”»!..
Não há nada de genial em Montenegro. Porém, já se percebeu que para o governo de Montenegro se manter não basta governar com expedientes tipo "pesca à linha nos programas dos outros sem qualquer conversa ou negociação", quando se tem menos de um terço dos votos dos eleitores.
A “esperteza saloia” vai encontrar limites...
Via Diário as Beiras: «O Município da Figueira da Foz deixou de pagar a parte correspondente ao forte aumento das tarifas dos resíduos sólidos urbanos, tendo ficado isolado na CIM-RC. Entretanto, os restantes municípios parceiros anunciaram que também ponderam fazer o mesmo, depois do acionista maioritário, detido pela Mota-Engil, ter aprovado a distribuição de dois milhões de euros de dividendos numa empresa “fortemente endividada”.»
A primeira Aliança Democrática (AD) existiu entre 1979 e 1983. Foi fundada por Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Telles.
O sonho de Sá Carneiro quando fez a AD, era ter “uma maioria, um Governo e um Presidente”. Tal, porém, só haveria de concretizar-se décadas mais tarde, com Passos Coelho em São Bento e Cavaco em Belém.
Em 2024, a Aliança Democrática (AD) é uma coligação política de centro-direita, formada pelo Partido Social Democrata (PPD/PSD), pelo CDS – Partido Popular (CDS–PP) e pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
Os protagonistas, Luís Montenegro, Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira, para pior, são muito diferentes.
Montenegro terá o mesmo sonho de Sá Carneiro - ter “uma maioria, um Governo e um Presidente”. Neste momento, porém, existe um Governo e um Presidente. Falta-lhe a maioria.
Tem um Governo frágil, entalado entre o PS e o Chega, obrigado a falar com ambos. Não basta prometer diálogo com “todos, todos, todos”. É preciso dar os passos certos para concretizar esse diálogo, com muito trabalho de bastidores e capacidade de abertura e flexibilidade. Pedro Nuno Santos, se o quisesse, podia explicar a Montenegro como isso se faz.
É neste cenário, que vindo de um silêncio prolongado, em cerca de um mês, Pedro Passos Coelho surge duas vezes perante as luzes da ribalta das televisões.
Num País onde pouco se lê jornais, para causar impacto o segredo é aparecer na televisão.
Não me lembro de ver o lançamento de um livro com tanto tempo de antena oferecido. De repente, o assunto do momento passou a ser Passos Coelho. A entrevista dada por Pedro Nuno Santos à CNN (pode ser vista clicando aqui) foi completamente silenciada pelos comentadores políticos.
Ontem o assunto foi Passos Coelho. Os problemas que interessam verdadeiramente ao País - por exemplo, o orçamento retificativo, o aeroporto, Costa na Europa, enfim tudo em que pouco mais de uma hora Pedro Nuno Santos falou sobre o futuro, incluindo as críticas à direita, ficou silenciado.
Mas falemos então de Passos Coelho.
Não sei se lembram, pois já longe vão os tempos. Em Janeiro de 2015, com a chegada de Marcelo a Belém, a «pressão sobre Passos crescia. Aos que pediam consensos para realinhar ao centro, o Passos Coelho respondia: "social-democracia sempre".»
Lia-se no Observador: «Críticos vão ao próximo congresso dizer tudo o que pensam. “A liderança de Pedro Passos Coelho está bem e recomenda-se“. A garantia era dada por Teresa Leal Coelho, então deputada social-democrata, ao jornal.
A vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais veio pressionar o líder do PSD a reposicionar-se e a rever (ou não) a forma como lidará com o PS. Marcelo avisou que, se falhar o bom entendimento entre o PS e os partidos de esquerda, vai tentar convencer Passos a sentar-se à mesa com António Costa. Em teoria, tal colocaria o líder social-democrata numa posição delicada em relação ao partido – sobretudo em vésperas de congresso. A linha dura do PSD reconhece as boas intenções de Marcelo, mas deixa dois avisos: Passos está bem onde está e o PSD também.»
Olhando para os dados que estavam em cima da mesa, as expectativas de entendimento não eram as melhores, «sublinhava António Leitão Amaro, deputado social-democrata. “Não digo que os eventuais esforços do professor Marcelo” no sentido de aproximar os dois blocos, “estejam condenados ao fracasso”. Mas “não me parece” que o PS consiga fazer esse caminho, atira o ex-secretário de Estrado da Administração Local. E não é o único a pensar assim.»
O PSD considerava que "o PS tinha tinha assumido um plano e teria de o levar até ao fim. Têm de assumir as responsabilidades. Agora, de uma coisa estou certo: o Governo só vai durar até quando o PCP quiser”, dizia Sérgio Azevedo, também ele deputado do PSD, em declarações ao Observador.
O social-democrata reconhecia como legítima a vontade de Marcelo Rebelo de Sousa de pôr um travão à crispação que tomou o Parlamento. Mas o PSD não pode, simplesmente, dar a mão ao PS e caminharem, juntos, para o abismo.”Este Governo está a conduzir o país ao desastre. É certo que era urgente repor rendimentos – e era isso a que se propunha Pedro Passos Coelho. Mas não a este ritmo e, sobretudo, sem medidas compensatórias. Não há medidas compensatórias. Além disso, este Governo está a reverter tudo o que anterior [Executivo] tinha posto em prática. O PSD não pode simplesmente alinhar nisso“, atira Sérgio Azevedo, antes de acrescentar: “Não diria que o esforço de Marcelo Rebelo de Sousa esteja condenado ao fracasso, mas é difícil esperar que o PSD dê mais passos do que já tem dado“.
Durante a campanha presidencial, em entrevista à SIC, Marcelo Rebelo de Sousa chegou mesmo a dizer que faria “tudo por tudo” para que o Orçamento do Estado de 2016 (OE2016) passasse na Assembleia da República. E se à esquerda falhasse, tudo seria “tratado com a oposição”, leia-se PSD. No mesmo dia, no entanto, Marcelo acabaria por corrigir: se entre os partidos que apoiam o Governo socialista “não for possível” aprovar o OE2016, o então candidato presidencial esperava que houvesse “uma predisposição da oposição no todo ou em parte”.
Entre sociais-democratas, no entanto, essa possibilidade era longínqua. Aliás, Pedro Passos Coelho deixou-o claro, no dia em que o Governo PSD/CDS caiu no Parlamento. “Quando precisarem [PS] da nossa ajuda, demitam-se”. E, sendo Passos como é, não era provável que acrescentasse uma vírgula ao que disse.
“Passos é muito teimoso”, lembrava na altura ao Observador, em off, fonte social-democrata.
Neste momento, citando o Diário de Notícias de hoje, "Passos Coelho agita PSD e Chega de olhos postos na corrida ao Palácio de Belém. Seis anos após renunciar ao seu mandato de deputado, sem nunca mais ser eleito para qualquer cargo, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho agitou a direita com declarações vistas como um apelo ao seu partido para se entender com o Chega. E alimentaram especulações sobre a sua entrada na corrida às presidenciais de 2026."
Montenegro, neste momento tem “uma minoria, um Governo e um Presidente”.
Com a deriva de Passos Coelho para a direita, em 9 de março de 2026, se Passos Coelho for o candidato presidencial apoiado pelo PSD, Montenegro, se anda for primeiro-ministro, arrisca-se a ficar apenas com “uma minoria e um Governo”...
"Uma velha glória do cavaquismo, antigo assessor de Cavaco. O abominável João César das Neves escreveu um livro, em 2016, garantindo que Portugal estava à beira de entrar em derrocada financeira por causa de coisas".
"... participa no livro reacionário a que Passos Coelho deu caução política. Neves tem a virtude de nos mostrar como está tudo ligado no neoliberalismo inevitavelmente autoritário: da violência laboral à violência doméstica, da exploração à opressão, da mentira à ocultação. Tem também a virtude de nos mostrar as monstruosidades intelectuais e morais que uma certa interpretação da economia convencional produz. Lembro que César das Neves foi um dos dezassete economistas do cortejo fúnebre da economia portuguesa promovido pelo PSD.
"O convidado principal do segundo episódio desta 6.ª temporada é o atual líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, Manuel Rascão Marques. O convidado especial é o realizador e surfista figueirense, João Traveira. Com um e com outro vamos falar de ondas mais ou menos direitas. Que dirá o deputado municipal sobre o impacto da onda de direita que atravessa o país nas autárquicas do próximo ano? E para João Traveira porque será tão pouco explorada a onda direita mais comprida da Europa que corre em Buarcos?"
"À justa, lá conseguiu a direita subir ao poder para revigorar as furadas receitas neoliberais que, por via dos serviçais mídia e de um dedo indicador apontado para o INTA (There is no Alternative), continua a propagar o afamado “trickle-down effect” – o mesmo que, comprovadamente, vem aumentando a concentração da riqueza e a desigualdade no mundo inteiro.
Aquilo que o PS (que finge ser de esquerda) já vinha praticando há 8 anos, que levou a aumentos de PIB e a maior pobreza, será agora aplicado a fundo e descaradamente. Lucros privados, custos públicos, privatizações, Portugal vendido ao desbarato, o mercado em roda livre.
Logicamente, a escolha dos membros do governo faz jus ao que aí vem. Mas mesmo assim, custa a encaixar esta ministra da Justiça, uma advogada especialista em imobiliário no mega escritório fundado pelo seu pai, onde trabalhou 25 anos.
Na pasta da Justiça- a tal que é sonegada aos portugueses, já por via da morosidade – temos pois Rita Alarcão Júdice, filha e colaboradora de José Miguel Júdice, advogado e árbitro, inclusive em casos ISDS – ou seja, de arbitragem internacional. Para quem não saiba, o mecanismo ISDS é a alavanca a que só as multinacionais têm direito e que só por elas pode ser usado para processar Estados. Para quem não saiba, o ISDS providencia aos investidores estrangeiros uma “justiça” de tapete vermelho, para seu exclusivo uso. Para quem não saiba, essa “justiça” está acima das nacionais e refere-se unicamente a direitos especiais dos investidores (como “as suas legítimas expectativas de negócio”), consagrados em tratados internacionais de investimento e comércio; para quem não saiba, o ISDS restringe o direito dos governos a regulamentarem em nome do interesse público. Para quem não saiba, esta “justiça” não tem lugar perante tribunais institucionais; todo o processo está nas mãos de três advogados, um de acusação, outro de defesa e um terceiro que faz de ”juiz” e é escolhido pelos outros dois. Para quem não saiba, estas 3 pessoas podem rodar de função nos diferentes casos ISDS, abrindo a porta a conflitos de interesse; para quem não saiba, as indemnizações resultantes destes casos – e a serem pagas pelos contribuintes do país contra o qual o processo é intentado – são milionárias, e os próprios processos podem custar muitos milhares; para quem não saiba, está a decorrer um processo ISDS contra Portugal devido ao caso BES – ao abrigo de um acordo bilateral que Portugal assinou com as Maurícias em 1997, apesar de os queixantes serem dois fundos americanos; para quem não saiba, segundo o jornal Dinheiro Vivo, a acusação está nas mãos das firmas de advogados Fietta e PLMJ (da qual Júdice é fundador e os ex-governantes Pedro Siza Vieira (PS), e Nuno Morais Sarmento (PSD) são sócios.
O que todos nós, simples mortais, não sabemos, é o montante exigido a Portugal pelos fundos de investimento: estes casos são, muitas vezes, secretos. Mas uma coisa sabemos, já estamos todos a pagar os altos custos da “defesa de Portugal”.
A nova ministra até pode ser altamente qualificada e até pode vir a fazer um bom trabalho nesse bicho de sete cabeças que é a Justiça em Portugal. Dê-se-lhe o benefício da dúvida. Mas uma coisa é certa: é conivente com uma “justiça” toda especial para os ricos e poderosos, os tribunais VIP , e fez carreira a ajudar os ricaços a fazerem negócios imobiliários. A arraia miúda que continue na bicha para ter acesso à Justiça e para viver numa sociedade mais justa. Imagino que muitos considerem isto muito normal, mas é esta normalidade que está a estoirar a humanidade. Os efeitos estão à vista."