terça-feira, 5 de março de 2024

Figueira Champions Casino Figueira regressa em 2025 com uma novidade: um contra-relógio nocturno

«Rui Ramos Lopes, o director de prova de ciclismo Figueira Champions Casino Figueira, salientou na BTL (que hoje termina em Lisboa), que “tivemos dos comissários uma avaliação altamente positiva” e que “está garantida a edição de 2025”.

A prova profissional - world tour - será dia 9 de fevereiro, sendo a vertente amadora realizada um dia antes.
Para 2025 há já uma novidade, segundo revela Rui Ramos Lopes: “dia 8 vamos ter um conta-relógio nocturno, na marginal. É uma novidade a nível mundial, só na Figueira se pode ter um contra-relógio com esta beleza da praia”.
A Figueira Champions Casino Figueira é organizada pelo Município da Figueira da Foz e pelo clube desportivo Fullracing, com a chancela da UCI (Union Cycliste Internationale) e Federação Portuguesa de Ciclismo.»

Para ver e ouvir as declarações de Rui Ramos Lopes clicar aqui.

Vespa velutina uma ameaça que tem de ser de ser combatida

 Via Diário as Beiras

Sapadores da Figuiera da Foz reforça recursos humanos

 Via Diário as Beiras

Deem-lhe força deem e depois digam que "o toucinho tem bicho"...

Ventura descaiu-se e deu o nome de alguns históricos do PSD que querem Governo com Chega se PS vencer eleições.

Ontem "André Ventura insistiu que, mesmo que o Partido Socialista vença as eleições, o Chega e a Aliança Democrática vão coligar-se para governar Portugal. Em entrevista à RTP revela, pela primeira vez, quem são as forças vivas do Partido Social Democrata que garantem esse entendimento. Fala em Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e Ângelo Correia"...

O Passos Coelho, das "gorduras do Estado", da "subsidiodependência" e da "peste grisalha".  E o Ângelo Correia que em 24 de Outubro de 2011 aceitava o «"corte de 14% nas subvenções vitalícias de ex-políticos que trabalhem no sector privado" mas não a eliminação da sua sbvenção vitalícia, por se tratar de um "direito adquirido"

«É o que vos espera, todos os direitos são adquiridos mas há mais direitos adquiridos que direitos adquiridos na "limpeza de Portugal"

PCP, o partido do Trabant ou das formigas?

Uma crónica de Adriano Miranda, no jornal Público.

«Na terra de José Saramago, na Azinhaga, a noite era de frio. À luz dos candeeiros e sem holofotes mediáticos, na rua de casario térreo e modesto, João Oliveira e Bernardino Soares olhavam os imigrantes nos olhos. Parecia a velha praça da jorna cheia de explorados, ou os romances de luta de Manuel Tiago e Soeiro Pereira Gomes. Bernardino Soares falava em inglês e a plateia sentada em velhas cadeiras de sala ouvia atentamente. As palmas romperam efusivamente quando Bernardino disse a coisa mais simples deste mundo – “todos têm direito a uma vida melhor.” E é nesta simplicidade que o PCP conta. 
 O PCP é em quase tudo um partido diferente de todos os outros. Por isso, é quase sempre tão difícil de compreender. Cada vez mais. Numa época da “política de plástico”, os comunistas portugueses não se conseguem encaixar. São teimosos em afirmar a política pela nobreza da política. Uma arte e uma ciência ao serviço das pessoas. Cortam a direito. Não ficam em cima do muro. Ficam muitas vezes mal na fotografia. São incorruptíveis. Cumprem a palavra dada. Comunicam como se todos os portugueses tivessem lido o Capital de Karl Marx. Fica sempre a sensação de que estão fora de tempo. Não nos interrogamos – não há tempo para isso – se é este realmente o tempo que nós queremos e merecemos enquanto sociedade colectiva. Quem terá razão? Os teimosos comunistas portugueses ou os vendedores de ilusões?»

segunda-feira, 4 de março de 2024

Deem-lhes força que até privatizam o ar que respiramos...

 

Pedro Arroja, no Jornal Público

PSD...

Partido das Surpresas Desagradáveis

"
O cenário macroeconómico da AD revela o ilusionismo que está em causa. Face às incertezas à escala internacional, a coligação de direita não se coíbe de prever, tal como a IL e o Chega, um crescimento da economia irrealista, que mais ninguém perspetiva, à boleia de medidas comprovadamente ineficazes. São, uma vez mais, contas à moda da PAF, apostadas num efeito miraculoso do «choque fiscal» que tudo pagaria, mas que só serve para distribuir recursos para os de cima, agravando as desigualdades e gerando recessão. Para depois, lá está, virem as surpresas desagradáveis."
Ainda não perceberam que "não é por acaso que Montenegro se recusa dizer o que fará a seguir às eleições, nomeadamente num cenário de vitória do PS, sem maioria à esquerda. E não dizendo, porque viabilizar um governo minoritário do PS significaria prescindir da maioria de direita, acaba por dizer: constituir-se-á certamente, com Montenegro ou sem ele, um governo maioritário à direita, com Chega incluído. A surpesa mais desagradável, reservada para quem ainda não percebeu o silêncio de Montenegro, se não houver maioria de esquerda. Mas vai haver maioria da esquerda, felizmente."
Só temos que estar gratos a Paúlo Núncio e a Passos Coellho: "tudo além da troika. O que era cinicamente apresentado como uma imposição externa, ao abrigo da fraude intelectual da bancarrota (para esconder o colapso do sistema financeiro global e a inação do BCE, verdadeiras causas da crise nacional), rapidamente foi assumido como desígnio da governação: «ir além da troika» na saúde, na educação e nas pensões (em que os cortes passariam aliás a ser permanentes, assim o Tribunal Constitucional o tivesse permitido). Tudo à socapa e ao arrepio do prometido, como se fosse uma inevitabilidade. Não era."

Demonstração de força da CDU nas ruas de Lisboa

O desfile da CDU em Lisboa teve este domingo milhares de pessoas na Baixa. 
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP detacou a grande mobilização e o crescimento até às eleições legislativas de dia 10.
"Esta é mais uma grande demonstração de força. Começámos a campanha com um grandioso comício no Porto e hoje estão as ruas cheias em Lisboa. Tenho dito que a CDU está a crescer, está a alargar. Dúvidas houvesse, está aqui a demonstração clara disso", afirmou Paulo Raimundo, à frente da arruada com destino ao Rossio, onde decorreu o comício de ontem. 
Marcaram presença os antigos líderes comunistas Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas. 
Paulo Raimundo considerou que o partido está a construir o resultado diariamente. “Hoje, estão aqui estes largos milhares, mas por esse país fora estão outros largos milhares a falar com toda a gente, a esclarecer, a mobilizar. E nós vamos conseguir não só alargar e crescer, como diminuir essa percentagem de indecisos para o nosso lado”. 

Primeira edição do Concurso Gastronómico do Arroz Doce teve como vencedora a freguesia de Moinhos da Gândara

A freguesia de Moinhos da Gândara conquistou a primeira edição do Concurso Gastronómico do Arroz Doce, promovido pelo Município da Figueira da Foz, no Mercado Municipal Engenheiro Silva, que se realizou no passado sábado dia 2.
Além de receber um prémio de 2500 euros em dinheiro, a freguesia vencedora participou ontem numa açãode promoção do arrozcarolino produzido noconcelho realizada nostand do Município daFigueira na Foz Bolsa deTurismo de Lisboa. O segundo lugar foi conquistado por São Pedro, o terceiro pelo Bom Sucesso, o quarto por Buarcos e São Julião e o quinto por Vila Verde. Participaram as 14 freguesias da Figueira da Foz, mas apenas os primeiros cinco tiveram direito a prémios, de acordo com o regulamento.

Figueira atribui medalha de mérito cultural a Ruy de Carvalho

O Município da Figueira da Foz distinguiu Ruy de Carvalho com a medalha de mérito cultural. O actor recebeu a distinção das mãos do presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, onde o homenageado subiu ao palco para o espetáculo “História devida”
A entrega da medalha e o espectáculo aconteceram no passado 1 de Março e coincidiram com o dia em que Ruy de Carvalho celebrou 97 anos de vida.

domingo, 3 de março de 2024

Não podemos esquecer a história...

A propósito de vergonha

António Costa, discursou este sábado num comício do PS no Porto, onde lamentou que a acção do Governo tenha sido interrompida a meio do mandato, mas disse acreditar que o PS vai ganhar as eleições.
Meu caro André Ventura: a propósito de vergonha...
E se fizesses uma autoavaliação e autocrítica. 
Lembra-te que, agora, a esmagadora maioria das pessoas que vão votar já te conhecem...

Quem vai salvar a democracia?

"Nas próximas eleições legislativas, as mulheres grisalhas vão desempenhar em Portugal o mesmo papel que as mulheres negras do Nordeste desempenharam nas eleições presidenciais brasileiras: votando à esquerda, vão salvar o Estado de Direito Democrático e Social, derrotando as direitas cada vez mais extremadas. Consolidei esta convicção ao ver Luís Montenegro ser interpelado por uma reformada que trabalhou a vida inteira e que não se esqueceu da política de Passos Coelho em relação ao que os seus intelectuais chamavam de “peste grisalha”. O antigo líder parlamentar do PSD, que tinha, no dia anterior, pedido ajuda na campanha ao Primeiro-Ministro do Governo da Troika, embatucou perante a força política da memória."

João Rodrgues no jornal Público. Para continuar a ler clicar aqui.

sábado, 2 de março de 2024

Haverá um modo figueirense de estar no mundo?

«No Jardim Municipal da Figueira da Foz, a dois passos do coreto e do mercado, um grupo de velhos amigos lança o isco às memórias comuns depois de um almoço na Costa de Lavos.»

Para ouvir clicar aqui.

Requalificação do Mosteiro de Seiça não gerou consenso na AM

Via Diário as Beiras

«O movimento independente Figueira A Primeira (FAP) e o PSD apresentaram, na Assembleia Municipal (AM) da Figueira da Foz, moções de congratulação pela requalificação do Mosteiro de Seiça

O PS, com maioria neste órgão autárquico, só viabilizou a proposta dos independentes, apresentada por Edgar Gonçalves, depois destes incluírem uma referência ao ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz Carlos Monteiro.

O PSD, que ia votar a favor da versão original da moção da FAP, acabou por abster-se, devido à inclusão da referência ao ex-autarca do PS, frisou o líder na AM, Manuel Rascão Marques.

Todos votaram a favor da moção do PSD, exceto a CDU, que se absteve. A deputada comunista, Silvina Queiroz, justificou a opção de voto com o facto de a Associação dos Amigos do Convento de Seiça não ser mencionada. Por sua vez, a proposta da FAP obteve quatro abstenções (três do PSD, uma da CDU e outra do BE). O deputado bloquista, Pedro Jorge, absteve-se alegando que a redação não era clara.»

Descer mais o nível não vai ser fácil (IV): só Núncio surpreendeu líder do PSD

«Fogo amigo» sobre Montenegro
Líder do PSD tem desvalorizado intervenções dentro da Aliança Democrática em defesa de teses que a extrema-direita defende. As dissonâncias, afirma, são próprias de uma força “grande”

Para uma identificação dos partidos como forças de classe

 Manuel Raposo, arquitecto

«O jargão parlamentar e comunicacional impôs na opinião pública uma identificação das forças partidárias segundo critérios de tipo topográfico (esquerda, direita, centro) ou de tipo comportamental (extremista, radical, moderado) que na verdade pouco ou nada nos dizem sobre a sua natureza política. Importa lembrar que os partidos, todos eles, representam classes sociais, mesmo quando a ligação entre aqueles e estas se mostra obscura e difícil de estabelecer. Apagar esta matriz significa esconder os interesses de classe que se alinham nas políticas das diversas forças partidárias, não apenas no que por elas é proposto, mas também no que respeita à sua acção prática.

As ideias políticas avançadas por cada partido só parcialmente permitem identificar esses interesses, que se apresentam, na maior parte das vezes, revestidos por uma roupagem de “interesse geral” pretensamente dirigido a qualquer classe social. “O país”, “os cidadãos”, “os portugueses” são termos que identificam essa roupagem enganadora. O primeiro elemento de demagogia das campanhas de propaganda partidárias está exactamente aqui: no obscurecimento da raiz de classe de um partido, dos interesses que defende por debaixo das palavras que usa, das propostas que faz, ou do público a que se dirige.

De um modo geral, numa sociedade que não atravesse uma situação revolucionária, os partidos dominantes são os partidos das classes dominantes. As classes trabalhadoras, massacradas pela propaganda oficial, são convidadas a escolher entre eles sem alternativa. Torna-se difícil, nessas situações, que uma via política de classe, independente e radical, obtenha o apoio da maioria dos trabalhadores. Mas pode sempre mobilizar uma minoria significativa de trabalhadores combativos.

Como as campanhas eleitorais são terreno propício para o adensamento daquele tipo de nevoeiro, aqui se deixa uma contribuição para identificar, em cada força partidária do espectro parlamentar, a natureza de classe dos interesses que defende e que ligação isso tem com as formulações políticas que avança.

Chega

É o partido dos despolitizados. Capta abstencionistas de longa data, gente que está farta de viver mal e de ser ignorada, que nutre justo desprezo pelo sistema dominante (político, social, económico, cultural) mas que não tem visão política de como sair da situação, e decide apostar às cegas.

As opiniões políticas e outras destas camadas sociais não resultam de uma análise racional da realidade, mas sim de sentimentos de raiva e inveja. Raiva contra os responsáveis pela sua má vida e inveja dos bem-sucedidos cujo nível sentem nunca poder atingir. Por ignorância, são facilmente levadas a identificar erradamente os culpados dos seus males: viram-se contra os imigrantes que acusam de “roubar o nosso trabalho” e de viverem “à pala do subsídio”, ou contra “os comunas” e “os xuxas” que acusam de destruir a economia e os bons costumes, ou contra os grevistas que acusam de “querer ganhar sem fazer nenhum”.

O Chega cumpre o papel histórico de todo o fascismo: arrastar para o campo da burguesia a pequena burguesia arruinada, amedrontada e desorientada, procurando colmatar a brecha que a decadência do capitalismo abriu entre uma e outra. Atrás desta, seguem franjas das classes populares. As promessas de “mudança”, com demagogia a rodos, procuram colocar os que pouco ou nada têm a reboque dos que estão bem na vida.

A despolitização da população trabalhadora abre campo e fornece apoios a este novo fascismo. A sua política é uma amálgama de estatismo para atrair a massa empobrecida e de liberalismo para contentar o capital e suscitar o seu apoio. Os seus líderes vociferam contra “o sistema” para ganharem um lugar no sistema. Os apoios financeiros que vão recebendo mostram a quem servem. A crise da democracia burguesa parlamentar que acompanha  a falência do capitalismo fornece-lhes espaço de manobra e argumentos.

O seu campo de recrutamento é a pequena burguesia desesperada, as forças repressivas (às quais um poder “forte” beneficia), o proletariado mais miserável empurrado para fora do regime do salariado, franjas dos trabalhadores que não vêem ou desesperaram de ver soluções próprias da sua classe. Cativa ainda faixas da população jovem que não se encaixam numa única classe social – “a malta nova”, igualmente despolitizada, atraída pela vozearia “anti-sistema” e pela rebeldia teatral do líder do partido. Tem pés assentes em sectores da alta burguesia, bem identificáveis pelos resultados obtidos em mesas eleitorais das freguesias mais ricas.  

O capital espera para ver o êxito da manobra. Entretanto, financia-a. A burguesia acolhe sempre as organizações fascistas e de extrema-direita como forças políticas de reserva.

Iniciativa Liberal

São os apóstolos da liberdade total para o capital. Representam os interesses monopolistas arvorando a “iniciativa individual” como bandeira. Defendem (com atraso de 40 anos) a ideia de que quanto mais ricos forem os de cima, mais poderá sobrar para os de baixo. A prática já mostrou que, por tal via, nem crescimento económico, nem diminuição da pobreza – mas isso não lhes interessa. São os paladinos da desigualdade de classes como motor da economia. 

Constituem a resposta extremada da direita e do capital ao marasmo dos negócios capitalistas: privatizar tudo o que possa dar lucro para que o capital tenha mais pasto. Daí, transferir as verbas sociais do Estado para bolsos privados. Daí, o favorecimento do negócio privado da saúde à custa do SNS. Daí, a privatização da CGD, para as mãos da banca espanhola e europeia. Daí, a privatização da TAP, para as mãos das grandes transportadoras europeias.

Apoiam-se numa média burguesia urbana (universitários, quadros qualificados de empresas privadas). A IL faz junto das classes altas e dos quadros do capital politizados aquilo que o Chega faz junto das camadas populares despolitizadas e desesperadas. Completam-se.

PS e PSD

São os dois grandes partidos da burguesia. Separa-os a forma de conduzir a política do capital, particularmente difícil numa situação de crise geral dos negócios que se prolonga sem fim à vista. A alternância de um e outro no poder, sem que nada de essencial mude, prova o serviço comum que prestam ao capitalismo e às classes dominantes. 

São, por igual, serventuários do poder imperialista, sejam os monopólios da UE, sejam os monopólios mundiais liderados pelos EUA. São responsáveis por amarrarem o país aos propósitos bélicos dos EUA, da NATO e da UE. As garantias que ambos dão de aumentar os gastos militares vão traduzir-se num ataque ruinoso às políticas de apoio social.

O PS baseou a sua política dos últimos nove anos num tripé: 1) pagar a dívida do Estado (na maioria, dívida do capital privado assumida pelo Estado) com os recursos de todos; 2) distribuir migalhas aos pensionistas e aos trabalhadores assalariados; 3) canalizar as colossais verbas europeias (nomeadamente, do PRR) para reforço do capital. Assim, a dívida do capital (que não tem fim) vai sendo saldada pela massa do povo, que em troca recebe pequenos benefícios que lhe calam a boca.

O governo do PS beneficiou da devastação causada pela troika entre 2011 e 2014. Diante da brutalidade das medidas antipopulares do governo PSD-CDS, qualquer pequena melhoria passou por ser um grande alívio. Não foi: os desníveis sociais continuaram a aumentar, a pobreza avançou, o trabalho precário proliferou, as medidas sociais pautaram-se pela busca de um “equilíbrio” que não pusesse em causa os negócios privados (na saúde, na habitação, na política salarial, na legislação laboral).

De 2015 a 2019, o PS tirou partido do apoio dado pelo BE e pelo PCP. As lutas sociais (sindicais, etc.) em vez de crescerem, na sequência da derrota da direita, foram amortecidas. Alimentou-se a esperança vã de que o Governo resolveria os males dos trabalhadores pela via parlamentar e negocial. Em vez de se ver apertado pelo movimento popular e laboral (que tinha encurralado o governo da troika), o governo do PS ficou de mãos livres. Resultado: a recuperação das perdas vindas do tempo da troika não foi feita, nem na totalidade, nem no que era essencial. Por exemplo, a legislação laboral permaneceu intocada na questão decisiva da contratação colectiva, retirando poder negocial aos sindicatos. 

No final de quatro anos, o PS obteve maioria absoluta à custa dos seus apoiantes, canibalizando-os. O baixo nível das lutas sociais, nomeadamente operárias, durante esses quatro anos explica o sucedido. E vem igualmente daí – da falta de oposição popular de massas com voz política própria – o à-vontade com que crescem a direita e a extrema-direita.

O PS é o principal partido das camadas médio-burguesas e pequeno-burguesas reformistas, o que lhe permite apresentar-se diante do capital, grande e pequeno, como o partido da “estabilidade” e das medidas “equilibradas”. Consegue, com este estatuto, neutralizar grande parte da massa trabalhadora, a qual deposita esperanças no reformismo que o PS apregoa abdicando da sua independência política. É isto que faz dele o melhor instrumento político do sistema capitalista em momentos de crise social – como se viu no verão de 1975 e recentemente com a política terrorista da troika.

O PSD é o outro actor para a mesma política de fundo. Com uma particularidade na situação presente: tira partido do marasmo das lutas operárias e populares e da despolitização geral da população trabalhadora. Acha por isso possível ir mais longe que o PS: privatizar empresas estatais rentáveis, libertar de impostos o capital e diminuir os apoios sociais, beneficiar abertamente o negócio privado da saúde, sacrificar as políticas sociais de habitação aos interesses imobiliários, agravar sempre que possível a legislação laboral dando mais liberdade de manobra ao capital. 

O seu modelo é a IL, só que um passo atrás. Admite abertamente uma coligação com a IL e não a põe de lado com o Chega se isso for necessário para formar governo.

Apoia-se no grande capital, nas classes médio-burguesas e pequeno-burguesas proprietárias, urbanas e rurais, em quadros de empresas, nas camadas assalariadas dos serviços com maiores rendimentos. A sua base de apoio social e eleitoral cruza-se em larga medida com a do PS, e daí serem intermutáveis para efeitos de governo.

BE e PCP

São a esquerda do regime político vigente. Ambos estão integrados no sistema capitalista. É na qualidade de esquerda institucional que levam a cabo a sua crítica dos males do regime. Criticam-no pelos seus excessos e injustiças, mas não pela sua natureza de classe, não pela sua natureza de sistema de exploração que deva ser abolido. A luta política parlamentar, no quadro das instituições, é o centro da sua actividade. Mobilizar as massas trabalhadoras contra o sistema capitalista numa acção política independente está fora dos seus horizontes. 

Vivem na dependência estratégica do PS. Qualquer uma das fórmulas de “governo de esquerda” avançadas pelo BE ou o PCP depende inteiramente de uma posição hegemónica do PS no eleitorado popular. O acordo governativo de 2015 foi disso exemplo.

O BE tornou-se um simples apêndice de esquerda do PS, o grilo falante que aponta os males que continuam por debelar. Sem bases seguras na massa popular e trabalhadora – sindicatos, comissões de trabalhadores, autarquias, que perdeu progressivamente ao privilegiar a acção eleitoral e parlamentar – não tem hoje outra via de intervenção que não seja constituir-se como a consciência crítica do reformismo (mal) corporizado pelo PS. 

Abandonou qualquer demarcação face à UE enquanto formação imperialista do capital europeu. Abandonou igualmente a crítica à NATO enquanto braço armado do imperialismo. O alinhamento pelo Ocidente na guerra da Ucrânia coloca-o ao arrasto da política guerreira do imperialismo EUA-UE, a par dos partidos da burguesia capitalista.

Pôs de lado qualquer ideia de luta pelo socialismo em favor de uma via de “melhoramentos” do sistema capitalista. As causas sociais parcelares a que se dedica não constituem, todas somadas, uma linha política anticapitalista. Esqueceu que é a luta das massas populares pela transformação social radical que dá sentido a cada luta particular e a cada reivindicação.

A sua base de apoio cruza-se em parte com a do PS. Recruta entre as camadas pequeno-burguesas reformistas mais à esquerda, principalmente urbanas, meios universitários, sectores de trabalhadores precários, trabalhadores que abandonaram a perspectiva da revolução social, camadas de classe que pugnam por causas sectoriais (ambiente, direitos de minorias, etc.). Muitas destas camadas, pela posição de classe e pela ideologia, oscilam entre o BE e o PS, como se viu nas eleições de 2022.

O PCP é o único partido que mantém bases na classe operária, em diversos outros sectores de trabalhadores assalariados, nos sindicatos e noutras organizações de massas. Esta influência está em perda. Cada vez mais, a intervenção do partido se reduz ao parlamento e à actividade sindical. A sua política definha por isso mesmo. 

Operou, sobretudo nos últimos anos, o que se pode chamar uma sindicalização da actividade política – justamente o que Lenine apontou como um sinal da secundarização da luta política, de classe, junto dos trabalhadores. Reduzir a luta de massas à acção sindical e reivindicativa conduz em linha recta à despolitização dos trabalhadores. Esse efeito está hoje bem à vista: a maioria absoluta do PS obtida há dois anos e o crescimento da direita são também resultado dessa despolitização.

Na propaganda do PCP, o 25 de Abril é uma bandeira puramente democrática, sem referência ao seu lado popular-revolucionário, anticapitalista. A luta no quadro da Constituição é o limite a que as acções de massas se subordinam. Aqui reside uma das principais razões da perda de apoio eleitoral do partido, da degradação da sua política, do seu esgotamento ideológico, do apagamento das suas palavras de ordem, da perda de quadros, da dificuldade em recrutar apoios jovens. 

Mantém, em relação à guerra na Ucrânia, uma demarcação das posições oficiais que é única no quadro das forças parlamentares. Mas a sua posição a respeito do papel da NATO e da atitude das autoridades portuguesas sobre o assunto manifesta-se em surdina, limitando-se a lembrar o preceito constitucional de dissolução dos blocos militares e a clamar pela paz – apagando a crítica política directa aos desmandos do imperialismo na situação concreta.

O PCP apoia-se em sectores do proletariado (operários e outros trabalhadores assalariados), nos activistas sindicais, em estratos da pequena burguesia mais pobre (assalariada ou proprietária), em camadas democráticas saudosas do 25 de Abril sem ambições revolucionárias. 

Livre e PAN

São o que se pode chamar adereços do regime político. Não cumprem nenhum papel que seja distinto do dos demais partidos, apesar da especificidade que reivindicam para si. 

A aposta do Livre no “projecto europeu” e no “aperfeiçoamento” do regime democrático não o diferencia dos partidos que promovem a mesma utopia sem atacarem a natureza imperialista da UE e sem encararem uma alteração radical do regime social. A sua base de apoio não se distingue da do BE ou da esquerda do PS.

O PAN cultiva a aparência de partido insubstituível no que toca às causas “do planeta”. Ignora que, sem tocar na raiz do problema, a natureza predatória do capitalismo, nada no planeta se resolverá. Afirmando-se nem de esquerda nem de direita, assume o papel oportunista de buscar alianças sem princípios, em qualquer azimute político, numa via de protagonismo fácil. Colhe apoios residuais em camadas pequeno-burguesas “apartidárias”, principalmente urbanas.

Abstenção e abstencionismo

A abstenção atinge mais de metade do eleitorado nominal, mas não constitui uma força política, como por vezes se pretende. É uma mistura que reúne tanto simples desinteressados da política de todas as classes, como estratos burgueses que acham desnecessário votar porque sentem o regime seguro, como estratos proletários e populares que não se sentem representados por nenhum partido. Reúne num mesmo saco tanto adeptos passivos do regime político como opositores que o desprezam mas não lhe vêem alternativa.

Deste saco podem sair votantes para qualquer força partidária quando as circunstâncias os fazem decidir, como acontece em períodos de grande agitação social ou quando uma força política nova parece abrir caminho. Nessas alturas, o aparente bloco da abstenção divide-se segundo as clivagens de classe ou as ilusões do momento.

A ideia, presente em alguma esquerda anticapitalista, de que uma abstenção elevada “retira legitimidade” ao regime político burguês esquece as razões muito diversas e as origens de classe distintas da abstenção. Se a abstenção tivesse em si mesma tal virtude, há muito que a maioria dos regimes parlamentares teria caído. Neste sentido, o abstencionismo é uma outra forma de apoliticismo, directamente resultante da fraqueza e da desorganização da esquerda anticapitalista.»