Foto: Município da Figueira da Foz |
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
Mondego na Figueira
A DISSOLUÇÃO DOS SOULÈVEMENTS DE LA TERRE
"... o projecto de dissolução do movimento dos Soulèvements de la Terre produziu uma enorme deflagração; uma explosão tão forte que despertou em nós algo de irreprimível. Reacendeu em nós esse algo que se recusa a participar no vasto projecto industrial moderno, cuja consequência mais decisiva não é a melhoria do conforto e da saúde para algumas e alguns de nós, mas sim, a curto prazo, a conclusão da destruição dos ambientes vivos e dos seus habitantes. Nós somos esses habitantes e qualquer coisa em nós indigna-se, exigindo uma vida decente, uma vida com sentido, uma vida justa e bela, nada mais, nada menos. A partir de agora, há qualquer coisa em nós que se recusa obstinadamente a participar na destruição da vida na Terra.
A exigência dos proprietários faz sentido?
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
Da série, "manter o foco": entre 1988 e 1990, Viseu tornou-se na maior cidade europeia sem ligação ferroviária
Tudo começou no cavaquismo
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Câmara diz que vai construir ponte sobre passagem de nível da Salmanha, mas Vítor Alemão continua descontente...
Via Diário as Beiras
«... o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, considerou que esta é uma obra prioritária. Até porque, já ali houve acidentes mortais, envolvendo viaturas e comboios. “Estamos a tratar da construção de uma travessia rodoviária aérea na passagem de nível da Salmanha. [Neste momento], estamos a ver os materiais e o traçado. Nunca ninguém fez isto, como muitas outras coisas no concelho, e essa [passagem de nível] até mexe com vidas humanas”, frisou Santana Lopes.
... o presidente da Junta de Vila Verde, Vítor Alemão, desvalorizou o anúncio como sendo uma obra que vai beneficiar os vilaverdenses. “Essa é uma obra estruturante para o concelho que não beneficia apenas a freguesia de Vila Verde”.»
Portugal é o terceiro país europeu que perdeu mais ferrovia: 460 quilómetros
Ainda a propósito do livro "O primeiro-ministro e a arte de governar" do, "desde incompreendido a odiado, pela esquerda, Cavaco Silva"...
Via Jornal Público
"A rede ferroviária portuguesa diminuiu 18% entre 1995 e 2018 – o terceiro maior declínio entre um grupo de países que inclui a União Europeia a 27, o Reino Unido, Noruega e a Suíça, analisados num estudo divulgado nesta terça-feira pela organização ambientalista Greenpeace. No mesmo período, a rede rodoviária em Portugal cresceu 2378 km no mesmo período, ou seja, 346% – estamos também em terceiro lugar, mas entre os países em que o número de estradas mais aumentou.
Estudo da Greenpeace mostra que Portugal investiu mais do triplo na construção de estradas, entre 1995 e 2018, do que na ferrovia. Mais de 100 mil pessoas perderam acesso a comboios."
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Da série "porque o foco é preciso": leiam Viriato Soromenho Marques
"O impacto da guerra na Alemanha"
Da série, "porque o foco é preciso": a história humana é a história pela libertação de todas as formas de opressão e exploração
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Nepaleses partilham cultura com a comunidade marinhense
Via Diário as Beiras
"A comunidade nepalesa celebrou, ontem, na Marinha das Ondas, as festividades Teej, tradição dos hindus na qual as mulheres celebram a felicidade do casamento, a prosperidade e os valores da família. O evento, que se realizou no pavilhão desportivo de uma coletividade da vila e sede da freguesia, juntou dezenas de pessoas de diferentes nacionalidades e religiões, incluindo marinhenses.
Os nepaleses são a maior comunidade de imigrantes residentes naquela freguesia da margem Sul da Figueira da Foz, maioritariamente asiáticos. Neste momento, mais de 20 por cento da população local são estrangeiros, que ali trabalham e vivem, sobretudo na indústria.Muitos dos primeiros a chegar, vindos da Ásia, começaram a trabalhar em explorações agrícolas do Alentejo e do Algarve, acabando por optar por trabalhar em unidades industriais da Marinha das Ondas, que se debatem com falta de mão de obra. Entretanto, vem sendo feito o reagrupamento familiar. Neste momento, cerca de uma centena de crianças nepalesas frequentam escolas do concelho."
O eterno Cavaco
Porque "o foco é preciso."
«Não vou ler. Cavaco é maçador, não tem autoridade política e moral para ensinar a governar para o futuro e só tem um desígnio: alimentar o seu ego. Mas interessam-me as consequências destas aparições para uma direita encalhada em personagens do passado. Passos ainda pode fazer alguma coisa por ela. Cavaco só sublinha a confrangedora ausência de futuro no PSD
Quando o ainda relativamente jovem Paulo Portas garantia, como coisa definitiva, que nunca faria política na vida, declarou.
“Acho injusto comparar o Dr. Cavaco ao Dr. Salazar. Injusto para o Dr. Salazar em muitas coisas. O Dr. Cavaco não é democrata nem deixa de ser. O Dr. Salazar era voluntariamente antidemocrático. Ou seja, tinha preocupações e pensamento político, o Dr. Cavaco não tem. O Dr. Salazar escrevia admiravelmente e era um cínico como não se repete na vida política portuguesa. E o Dr. Cavaco não escreve nem fala nada de especial, é mesmo muito maçador, e também não é tão cínico. Está longe desse ‘refinement’ no exercício do poder.”
Perante a pergunta “então porque ganha eleições?”, o jornalista conservador respondeu: “pensões e autoestradas”.»
Para ler na íntegra clicar aqui.
Ao contrário de Cavaco, "muitas vezes me engano e cada vez tenho mais dúvidas"...
Cavaco em 1987. Foto sacada daqui |
Em 15 de Fevereiro do corrente ano de 2023, o “mito Cavaco” esteve na nossa cidade a convite da Misericórdia - Obra da Figueira. Na ocasião, «o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva questionou o gasto de “milhares de milhões” de euros em Portugal em projetos de rentabilidade social “muito discutível”, quando são necessários noutros domínios “para minorar o sofrimento” da população mais carenciada. Questionado, na altura, pela agência Lusa sobre os projetos referidos, Cavaco Silva escusou-se a enumerá-los e prestar mais declarações, justificando a sua posição com a “muito perigosa” situação política do país.
“Eu tenho sido muito solicitado para falar sobre a situação política do nosso país. Mas considero que, da minha parte, não é tempo de falar, porque considero que a nossa situação política é, neste momento, muito perigosa e eu não quero atirar achas para a fogueira”, frisou Cavaco Silva.
“Por isso, peço-lhe desculpa em não acrescentar mais nada do que aquilo que há pouco disse naquele microfone”, sublinhou na altura.»
Refresquemos um pouco a memória.
Em 1983, PS e PSD coligaram-se para levar a cabo políticas necessárias para cumprir os requisitos para a adesão à então CEE e, ao mesmo tempo, sanear as contas públicas. A coligação improvável serviu para tornar possível medidas de austeridade, garantindo, simultaneamente, que a sua impopularidade não encontraria eco na disputa político-partidária. E o que fez então Cavaco Silva?"
O Governo tomava medidas difíceis, mas que hoje ninguém hesita em classificar de absolutamente necessárias. Cavaco Silva aproveitou a impopularidade do Governo para trepar os primeiros degraus do poder."
Em primeiro lugar, "a ideia de que não era um político e que se encontrava fora do sistema. Algo de espantoso para alguém que ao longo da sua vida o que fez foi essencialmente política."
A saber: quando Pinto Balsemão era primeiro-ministro, foi um dos principais instigadores da oposição interna no PSD; antes já tinha sido Ministro das Finanças e viria a ser Primeiro-Ministro por uma década e candidato derrotado à Presidência da República. Depois foi Presidente da República durante 10 anos.
Contudo, continua a querer passar ser essencialmente um Professor, alguém que está acima da disputa partidária. "Insiste em ser o político anti-classe política."
Lembram-se do célebre artigo sobre a boa e a má moeda, publicado nas vésperas da queda do Governo Santana Lopes?
Na altura, "toda a gente se apressou a dar cobertura à tese da suposta degradação da classe política, por contraponto a um momento anterior (terá sido o dos memoráveis elencos governativos de Cavaco Silva?)."
Porventura, porém, "o aspecto mais característico da sua acção como primeiro-ministro foi a aplicação, em Portugal, do que é chamado de “efeito Bismarck”. O princípio é simples. Otto von Bismarck, enquanto primeiro-ministro da Prússia, na segunda metade do século XIX, tinha dois grandes objectivos: o primeiro era a unificação de uma nação, no caso a Alemanha, e o segundo era contrariar o poder crescente do movimento social-democrata. O que o chanceler Bismarck fez para responder a este duplo problema foi aplicar o que se tornaria uma solução politicamente popular entre os líderes de perfil autocrático.
O “efeito Bismarck” consiste, no essencial, na conjugação de dois tipos de medidas políticas. Um primeiro que visa a fidelização dos agentes da administração pública ao poder político e que assenta na criação de situações de privilégio relativo dos funcionários públicos em termos de vínculo laboral e de protecção na reforma; e um segundo que passa por generalizar a protecção social, com um perfil conservador e fora de uma lógica emancipatória, como forma de esvaziar, ainda que com propósitos diferentes, o caderno reivindicativo do movimento social-democrata. O resultado destas medidas é historicamente a criação de um modelo de Estado Providência de perfil corporativo e conservador.
O que Cavaco Silva fez enquanto primeiro-ministro foi precisamente isto. Vivia-se um contexto de algum desafogo financeiro, o país beneficiava da alavanca de desenvolvimento do primeiro Pacote Delors e o Governo optou por apostar no desenvolvimento do “monstro voraz”. Fê-lo através da criação de um conjunto de regalias para a administração pública que, a prazo, se têm tornado financeiramente insustentáveis e socialmente iníquas (à cabeça a promoção automática das carreiras, que por si só representa uma parcela muito importante do aumento da despesa com remunerações). Ao mesmo tempo que se aumentou a dimensão social do Estado, sem cuidar da sua modernização – por exemplo, aumentaram-se as pensões sem que houvesse uma preocupação de aumentar a justiça interna ao sistema de pensões."
Afinal quem é o "Pai" do "Monstro"?
Com a recuperação subliminar da ideia autoritária de que não era um político, herdando algum desafogo financeiro consequência das medidas difíceis tomadas durante o Bloco Central e dos fundos comunitários, Cavaco Silva, para ganhar eleições, limitou-se a aplicar uma fórmula conhecida: aumentou, de modo perverso, as regalias dos funcionários públicos e a dimensão social do Estado. No fundo, utilizou a táctica já experimentada cem anos antes por Bismarck, na Alemanha. O resultado só poderia ser a criação de um Estado que é um “monstro”, não tanto pelo que gasta, mas pelos obstáculos corporativos que cria e que dificultam a sua reforma e adequação a novos contextos. Que, mesmo assim, Cavaco Silva tenha construído a imagem de alguém que tomou medidas difíceis não deixa de ser espantoso. Afinal, o que fez foi governar do modo mais fácil, mas que é também aquele que deixa herança mais pesada no médio-prazo."
Foto: Nuno Fiox |
Passaram 7 meses sobre a mais recente viagem da Cavaco à Figueira.
Como a vida é feita de opções e o tempo e o dinheiro, para mim, são bens escassos, qualquer livro de Cavaco entra no rol dos que nunca lerei.
Por isso, comento apenas uma afirmação que terá proferido na apresentação do livro: Cavaco terá dito que uma remodelação do governo é a «tarefa mais difícil» de um primeiro-ministro.
Confesso, mais uma vez, a minha ignorância e a minha incapacidade política.
Talvez por continuar a ser ingénuo, penso que ser primeiro-ministro é uma tarefa complicada, difícil, desgastante, aborrecida e trabalhosa, por requerer várias capacidades e atributos: planeamento, negociação, bom senso, gestão financeira, capacidade oratória, entre muitas tarefas e competências. A acrescer as dificuldades, ser primeir-ministro exige disponiblidade pessoal e familiar, portanto, pensava eu, só ao alcance de seres politicamente superiores como Mário Soares, Cavaco Silva, Durão Barroso, Guterres, Sócrates, Passos Coelho, António Costa, entre outros.
Tendo em conta o que Cavaco terá dito - que uma remodelação do governo é a «tarefa mais difícil» de um primeiro-ministro - e tendo em conta que o Professor tem muito mais autoridade do que eu para opinar sobre o assunto, começo a acreditar que ser primeiro-ministro, em Portugal, está ao alcance de qualquer um de nós.
Sei lá eu. Por ventura, até ao alcance de Montenegro...