sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Mondego na Figueira

Foto: Município da Figueira da Foz
O famoso NRP Mondego, o terceiro navio da classe Tejo, que faz parte do efectivo dos navios da Marinha Portuguesa desde 5 de maio de 2016, está pela primeira vez na Figueira. 
Integra um conjunto de cinco navios adquiridos à Marinha Real Dinamarquesa, substituindo os navios de patrulha costeira da classe Cacine, que operam há mais de 45 anos ao serviço de Portugal.
O navio Mondego ganhou notoriedade em Março passado, por ter falhado uma  missão na Madeira por motivos técnicos.
Trata-se do mesmo navio em que um grupo de 13 militares se recusou a embarcar, alegando falta de condições de segurança. 

A DISSOLUÇÃO DOS SOULÈVEMENTS DE LA TERRE


"... o projecto de dissolução do movimento dos Soulèvements de la Terre produziu uma enorme deflagração; uma explosão tão forte que despertou em nós algo de irreprimível. Reacendeu em nós esse algo que se recusa a participar no vasto projecto industrial moderno, cuja consequência mais decisiva não é a melhoria do conforto e da saúde para algumas e alguns de nós, mas sim, a curto prazo, a conclusão da destruição dos ambientes vivos e dos seus habitantes. Nós somos esses habitantes e qualquer coisa em nós indigna-se, exigindo uma vida decente, uma vida com sentido, uma vida justa e bela, nada mais, nada menos. A partir de agora, há qualquer coisa em nós que se recusa obstinadamente a participar na destruição da vida na Terra. 
 Não estamos aqui na Terra para matar pobres e destruir mundos vivos. Amanhã, de manhã cedo, fecharemos a porta no nariz dos anos mortos, sairemos para as estradas, da Bretanha à Provença, e diremos às pessoas: recusem-se a obedecer, recusem-se a fazê-lo, não participem na guerra que estamos a travar contra a Terra."

A exigência dos proprietários faz sentido?

"Talvez o cerne da questão seja mesmo uma certa habituação à quase inexistência de mecanismos de regulação favoráveis aos inquilinos, num país onde o Estado, historicamente, nunca teve uma política pública de habitação digna desse nome, apesar do que nos querem fazer crer os jogos de ilusionismo das iniciativas liberais."

Daqui

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"Compreende-se agora como foi possível embrutecer e manipular populações inteiras, fazendo-lhes crer que o conflito surgira do nada, sem antecedentes e causas precipitantes, um absurdo que teria um culpado singular (Putin) ou um culpado coletivo (os russos). Tratou-se, simplesmente, de apresentar esta guerra com o maniqueísmo mais esquemático – o agressor e o agredido, o autocrático e o democrático – sem explicitar, retirando da narrativa qualquer elemento que pudesse travar o passo a uma adesão emocional (ou seja, irracional) a uma causa apresentada como representando o bem.

Para tal, como acontecera antes nas guerras do Iraque, da Jugoslávia, da Síria e da Líbia, importava animalizar e absolutizar o mal, fazendo calar o contraditório, proibi-lo e perseguir pela censura e pela difamação quem ousasse exercitar um discurso mais razoável e complexo. Esse caminho acabaria por facilitar a imposição de um estado de espírito predisposto a aceitar a escalada e tornar impossível que a palavra paz pudesse ser proferida.

Foi assim possível lançar a Europa numa guerra económica da qual está a sair perdedora e, até, tornar aceitável e possível se necessário uma guerra nuclear, sem que os europeus se apercebessem que tal seria o fim da Europa."

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Da série, "manter o foco": entre 1988 e 1990, Viseu tornou-se na maior cidade europeia sem ligação ferroviária

 Tudo começou no cavaquismo


"Esta semana ficámos a saber, através do Público, de um estudo que ilustra uma dimensão da economia política do individualismo possessivo – causadora de poluição, morte e pressão negativa na nossa balança corrente –, que tem dominado este país:

“A rede ferroviária portuguesa diminuiu 18% entre 1995 e 2018 – o terceiro maior declínio entre um grupo de países que inclui a União Europeia a 27, o Reino Unido, Noruega e a Suíça (...) No mesmo período, a rede rodoviária em Portugal cresceu 2378 km no mesmo período, ou seja, 346% – estamos também em terceiro lugar, mas entre os países em que o número de estradas mais aumentou.”

Infelizmente, o estudo não cobriu o período do cavaquismo, quando esta arte de desgovernar começou. Tem a palavra o jornalista Carlos Cipriano, que escreve, e bem, sobre ferrovia há décadas: 

“Em 1988 o governo de Cavaco Silva apresentou o Plano de Modernização e Reconversão dos Caminhos de Ferro (1988-1994) que passava por encerrar linhas e modernizar outras. Modernização quase não houve, mas as linhas foram encerradas: de 3608 quilómetros de rede ferroviária no início do período, chegou-se ao fim com 2850 quilómetros. Enquanto isso, o número de quilómetros de auto-estradas em Portugal duplicava de uns modestos 314 quilómetros em 1988 para 687 em 1995.”

Recordo-me do encerramento da estação ferroviária de Viseu, uma cidade familiar, entre 1988 e 1990, tornando-a na maior cidade europeia sem ligação ferroviária: primeiro foi a linha do Dão (entre Santa Comba Dão e Viseu) a ser encerrada e depois foi a linha do Vouga, na parte entre Sernada e Viseu.

Sim, a desvalorização do que é público começou no cavaquismo. Têm sido décadas de míopes iniciativas liberais até dizer chega." 

Na passagem dos 141 anos da elevação da Figueira da Foz a cidade a prenda que Santana Lopes gostava de ter tido, "era a primeira licenciatura do Campus da Universidade de Coimbra (inaugurado em dezembro de 2022) a funcionar"

 Via Diário as Beiras

Celebração de uma longa vida

 Via Diário as Beiras

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Câmara diz que vai construir ponte sobre passagem de nível da Salmanha, mas Vítor Alemão continua descontente...

Via Diário as Beiras

«... o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, considerou que esta é uma obra prioritária. Até porque, já ali houve acidentes mortais, envolvendo viaturas e comboios. “Estamos a tratar da construção de uma travessia rodoviária aérea na passagem de nível da Salmanha. [Neste momento], estamos a ver os materiais e o traçado. Nunca ninguém fez isto, como muitas outras coisas no concelho, e essa [passagem de nível] até mexe com vidas humanas”, frisou Santana Lopes.

... o presidente da Junta de Vila Verde, Vítor Alemão, desvalorizou o anúncio como sendo uma obra que vai beneficiar os vilaverdenses. “Essa é uma obra estruturante para o concelho que não beneficia apenas a freguesia de Vila Verde”

Passando ao lado de cenas rasteirinhas da chã política doméstica figuerinhas, recordemos...

A Figueira da Foz comemora 141 anos de elevação a cidade.

Portugal é o terceiro país europeu que perdeu mais ferrovia: 460 quilómetros

Porque é preciso continuar a "manter o foco".
Ainda a propósito do livro "O primeiro-ministro e a arte de governar" do, "desde incompreendido a odiado, pela esquerda, Cavaco Silva"... 

Via Jornal Público

"A rede ferroviária portuguesa diminuiu 18% entre 1995 e 2018 – o terceiro maior declínio entre um grupo de países que inclui a União Europeia a 27, o Reino Unido, Noruega e a Suíça, analisados num estudo divulgado nesta terça-feira pela organização ambientalista Greenpeace. No mesmo período, a rede rodoviária em Portugal cresceu 2378 km no mesmo período, ou seja, 346% – estamos também em terceiro lugar, mas entre os países em que o número de estradas mais aumentou.

Estudo da Greenpeace mostra que Portugal investiu mais do triplo na construção de estradas, entre 1995 e 2018, do que na ferrovia. Mais de 100 mil pessoas perderam acesso a comboios."

terça-feira, 19 de setembro de 2023

"Olhando para os anos 70, foi desemprego e greves, seguidos de Reagan e Thatcher. Veremos no que dá desta vez..."

Um projecto para rasgar horizontes

 Via Diário as Beiras

Para ver melhor clicar na imagem

Da série "porque o foco é preciso": leiam Viriato Soromenho Marques

 "O impacto da guerra na Alemanha"

"Numa das suas numerosas intervenções infelizes, a MNE alemã, Annalena Baerbock, afirmou que a Alemanha está em guerra com a Rússia. Como sempre aqui tenho escrito, atravessamos o período mais perigoso desde o final da II Guerra Mundial. Pessoas como a MNE alemã, que pisam o gelo fino aos pulos, colocam-nos a todos nós em risco. Elas representam a crescente iliteracia e baixa decência dos titulares de cargos públicos nas nossas democracias.

As consequências disto para o resto da Europa e Portugal são imensas. Berlim já afirmou que o seu contributo para o orçamento da UE terá de ser reavaliado em baixa. Se a guerra durar até às próximas eleições federais (setembro de 2025), crescem as probabilidades de os nacionalistas liderarem a chancelaria junto ao Spree. O projeto europeu, no qual Lisboa apostou couro e cabelo, terá fortes possibilidades de começar a ser desmantelado a partir de Berlim, antecipando a viragem nacionalista francesa em 2027."

O melhor mesmo, porém, é ler o texto todo.
Talvez aprendam alguma coisa. 
E é tão fácil: basta clicar aqui.

Da série, "porque o foco é preciso": a história humana é a história pela libertação de todas as formas de opressão e exploração

"A União Europeia contra a História"...
Para ler clicar aqui. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Nepaleses partilham cultura com a comunidade marinhense

 


Via Diário as Beiras

"A comunidade nepalesa celebrou, ontem, na Marinha das Ondas, as festividades Teej, tradição dos hindus na qual as mulheres celebram a felicidade do casamento, a prosperidade e os valores da família. O evento, que se realizou no pavilhão desportivo de uma coletividade da vila e sede da freguesia, juntou dezenas de pessoas de diferentes nacionalidades e religiões, incluindo marinhenses.

Os nepaleses são a maior comunidade de imigrantes residentes naquela freguesia da margem Sul da Figueira da Foz, maioritariamente asiáticos. Neste momento, mais de 20 por cento da população local são estrangeiros, que ali trabalham e vivem, sobretudo na indústria.
Muitos dos primeiros a chegar, vindos da Ásia, começaram a trabalhar em explorações agrícolas do Alentejo e do Algarve, acabando por optar por trabalhar em unidades industriais da Marinha das Ondas, que se debatem com falta de mão de obra. Entretanto, vem sendo feito o reagrupamento familiar. Neste momento, cerca de uma centena de crianças nepalesas frequentam escolas do concelho."

O eterno Cavaco

Porque "o foco é preciso."

«Não vou ler. Cavaco é maçador, não tem autoridade política e moral para ensinar a governar para o futuro e só tem um desígnio: alimentar o seu ego. Mas interessam-me as consequências destas aparições para uma direita encalhada em personagens do passado. Passos ainda pode fazer alguma coisa por ela. Cavaco só sublinha a confrangedora ausência de futuro no PSD

Quando o ainda relativamente jovem Paulo Portas garantia, como coisa definitiva, que nunca faria política na vida, declarou.

 “Acho injusto comparar o Dr. Cavaco ao Dr. Salazar. Injusto para o Dr. Salazar em muitas coisas. O Dr. Cavaco não é democrata nem deixa de ser. O Dr. Salazar era voluntariamente antidemocrático. Ou seja, tinha preocupações e pensamento político, o Dr. Cavaco não tem. O Dr. Salazar escrevia admiravelmente e era um cínico como não se repete na vida política portuguesa. E o Dr. Cavaco não escreve nem fala nada de especial, é mesmo muito maçador, e também não é tão cínico. Está longe desse ‘refinement’ no exercício do poder.” 

Perante a pergunta “então porque ganha eleições?”, o jornalista conservador respondeu: “pensões e autoestradas”

Daniel Oliveira.

Para ler na íntegra clicar aqui.

«... “isto acontece desde que fizeram as obras” de requalificação na frente marítima de Buarcos»...

 Via Diário as Beiras


Ao contrário de Cavaco, "muitas vezes me engano e cada vez tenho mais dúvidas"...

Nunca tive qualquer espécie de simpatia pelo político Cavaco SilvaPor muitas razões, em geral. E, também, por muitas razões, em particular, que só a mim me dizem respeito.
Cavaco em 1987. Foto sacada daqui

Em 15 de Fevereiro do corrente ano de 2023,  o “mito Cavaco” esteve na nossa cidade  a convite da Misericórdia - Obra da Figueira. Na ocasião, «o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva questionou o gasto de “milhares de milhões” de euros em Portugal em projetos de rentabilidade social “muito discutível”, quando são necessários noutros domínios “para minorar o sofrimento” da população mais carenciada. Questionado, na altura, pela agência Lusa sobre os projetos referidos, Cavaco Silva escusou-se a enumerá-los e prestar mais declarações, justificando a sua posição com a “muito perigosa” situação política do país.
“Eu tenho sido muito solicitado para falar sobre a situação política do nosso país. Mas considero que, da minha parte, não é tempo de falar, porque considero que a nossa situação política é, neste momento, muito perigosa e eu não quero atirar achas para a fogueira”, frisou Cavaco Silva.
“Por isso, peço-lhe desculpa em não acrescentar mais nada do que aquilo que há pouco disse naquele microfone”, sublinhou na altura.»

Este, é o Cavaco Silva de sempre. Recuando no tempo, verificamos que "muitas das ideias feitas em torno de Cavaco Silva são falsas e o seu prestígio frequentemente fundado na falta de memória."
Refresquemos um pouco a memória.
"Aníbal Cavaco Silva conquistou duas maiorias absolutas consecutivas em eleições legislativas e exerceu funções como Primeiro-Ministro entre 1985 e 1995." Antes,  "exerceu funções como ministro das Finanças e do Plano (1980–1981) do VI Governo Constitucional, chefiado por Francisco Sá Carneiro. Entre 2006 e 2016 foi Presidente da República.
Em 1983, PS e PSD coligaram-se para levar a cabo políticas necessárias para cumprir os requisitos para a adesão à então CEE e, ao mesmo tempo, sanear as contas públicas. A coligação improvável serviu para tornar possível medidas de austeridade, garantindo, simultaneamente, que a sua impopularidade não encontraria eco na disputa político-partidária. E o que fez então Cavaco Silva?"
Em 1985, veio fazer a rodagem do seu carro à Figueira da Foz, tendo sido eleito líder do PSD, baseado numa plataforma que fazia do combate demagógico ao Bloco Central a principal bandeira. 
Sublinhe-se: "o Cavaco Silva que sempre se  apresentou  como o maior defensor do rigor e da austeridade, ascendeu ao poder surfando a onda da impopularidade do Bloco Central.
O Governo tomava medidas difíceis, mas que hoje ninguém hesita em classificar de absolutamente necessárias. Cavaco Silva aproveitou a impopularidade do Governo para trepar os primeiros degraus do poder."

Ganhas as eleições de 1985, ficaram patentes algumas das características que já eram visíveis, para os mais atentos, na sua acção política. 
Em primeiro lugar, "a ideia de que não era um político e que se encontrava fora do sistema. Algo de espantoso para alguém que ao longo da sua vida o que fez foi essencialmente política."
A saber: quando Pinto Balsemão era primeiro-ministro, foi um dos principais instigadores da oposição interna no PSD; antes já tinha sido Ministro das Finanças e viria a ser Primeiro-Ministro por uma década e candidato derrotado à Presidência da República. Depois foi Presidente da República durante 10 anos.
Contudo, continua a querer passar  ser essencialmente um Professor, alguém que está acima da disputa partidária. "Insiste em ser o político anti-classe política."
Lembram-se do célebre  artigo sobre a boa e a má moeda, publicado nas vésperas da queda do Governo Santana Lopes?
Na altura, "toda a gente se apressou a dar cobertura à tese da suposta degradação da classe política, por contraponto a um momento anterior (terá sido o dos memoráveis elencos governativos de Cavaco Silva?)."
Porventura, porém, "o aspecto mais característico da sua acção como primeiro-ministro foi a aplicação, em Portugal, do que é chamado de “efeito Bismarck”. O princípio é simples. Otto von Bismarck, enquanto primeiro-ministro da Prússia, na segunda metade do século XIX, tinha dois grandes objectivos: o primeiro era a unificação de uma nação, no caso a Alemanha, e o segundo era contrariar o poder crescente do movimento social-democrata. O que o chanceler Bismarck fez para responder a este duplo problema foi aplicar o que se tornaria uma solução politicamente popular entre os líderes de perfil autocrático.
O “efeito Bismarck” consiste, no essencial, na conjugação de dois tipos de medidas políticas. Um primeiro que visa a fidelização dos agentes da administração pública ao poder político e que assenta na criação de situações de privilégio relativo dos funcionários públicos em termos de vínculo laboral e de protecção na reforma; e um segundo que passa por generalizar a protecção social, com um perfil conservador e fora de uma lógica emancipatória, como forma de esvaziar, ainda que com propósitos diferentes, o caderno reivindicativo do movimento social-democrata. O resultado destas medidas é historicamente a criação de um modelo de Estado Providência de perfil corporativo e conservador.
O que Cavaco Silva fez enquanto primeiro-ministro foi precisamente isto. Vivia-se um contexto de algum desafogo financeiro, o país beneficiava da alavanca de desenvolvimento do primeiro Pacote Delors e o Governo optou por apostar no desenvolvimento do “monstro voraz”. Fê-lo através da criação de um conjunto de regalias para a administração pública que, a prazo, se têm tornado financeiramente insustentáveis e socialmente iníquas (à cabeça a promoção automática das carreiras, que por si só representa uma parcela muito importante do aumento da despesa com remunerações). Ao mesmo tempo que se aumentou a dimensão social do Estado, sem cuidar da sua modernização – por exemplo, aumentaram-se as pensões sem que houvesse uma preocupação de aumentar a justiça interna ao sistema de pensões."
Afinal quem é o "Pai" do "Monstro"?
Com a recuperação subliminar da ideia autoritária de que não era um político, herdando algum desafogo financeiro consequência das medidas difíceis tomadas durante o Bloco Central e dos fundos comunitários, Cavaco Silva, para ganhar eleições, limitou-se a aplicar uma fórmula conhecida: aumentou, de modo perverso, as regalias dos funcionários públicos e a dimensão social do Estado. No fundo, utilizou a táctica já experimentada cem anos antes por Bismarck, na Alemanha. O resultado só poderia ser a criação de um Estado que é um “monstro”, não tanto pelo que gasta, mas pelos obstáculos corporativos que cria e que dificultam a sua reforma e adequação a novos contextos. Que, mesmo assim, Cavaco Silva tenha construído a imagem de alguém que tomou medidas difíceis não deixa de ser espantoso. Afinal, o que fez foi governar do modo mais fácil, mas que é também aquele que deixa herança mais pesada no médio-prazo."
Foto: Nuno Fiox

Passaram 7 meses sobre a mais recente viagem da Cavaco à Figueira.
Um dia destes lançou um livro. Mais um. 
Como a vida é feita de opções e o tempo e o dinheiro, para mim, são bens escassos, qualquer livro de Cavaco entra no rol dos que nunca lerei.
Por isso, comento apenas uma afirmação que terá proferido na apresentação do livro: Cavaco terá dito que uma remodelação do governo é a «tarefa mais difícil» de um primeiro-ministro.
Confesso, mais uma vez, a minha ignorância e a minha incapacidade política.
Talvez por continuar a ser ingénuo, penso que ser primeiro-ministro é uma tarefa complicada, difícil, desgastante, aborrecida e trabalhosa, por requerer várias capacidades e atributos: planeamento, negociação, bom senso, gestão financeira, capacidade oratória, entre muitas tarefas e competências. A acrescer as dificuldades, ser primeir-ministro exige disponiblidade pessoal e familiar, portanto, pensava eu, só ao alcance de seres politicamente superiores como Mário Soares, Cavaco Silva, Durão Barroso, Guterres, Sócrates, Passos Coelho, António Costa, entre outros.
Tendo em conta o que Cavaco terá dito - que uma remodelação do governo é a «tarefa mais difícil» de um primeiro-ministro - e tendo em conta que o Professor tem muito mais autoridade do que eu para opinar sobre o assunto, começo a acreditar que ser primeiro-ministro, em Portugal, está ao alcance de qualquer um de nós.
Sei lá eu. Por ventura, até ao alcance de Montenegro...