Via Diário as Beiras
quarta-feira, 11 de maio de 2022
5as. de Leitura com Sérgio Godinho, no Auditório Municipal da Figueira da Foz, no próximo dia 12 de maio, pelas 21H30 - Entrada livre
O convidado desta sessão dispensa apresentações: Sérgio Godinho.
Conhecido pelo grande público, maioritariamente, pela arte musical, consubstanciada em poemas da sua própria autoria, a sua incursão em distintos âmbitos artísticos é uma realidade indiscutível.
Nascido no Porto, aí viveu até aos vinte anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genève durante dois anos, antes de tomar a decisão «para a vida» de se dedicar às artes. Foi actor de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 60. É de 1971 o seu primeiro álbum, Os Sobreviventes, seguido de mais trinta até aos dias de hoje.
Sérgio Godinho é um dos músicos portugueses mais influentes dos últimos quarenta e cinco anos. Sobre si próprio disse: «Não vivo se não criar, não crio se não viver. Essa balança incerta sempre foi a pedra de toque da minha vida.»
O seu percurso espelha, precisamente, essa poderosa interação entre a vida e a arte. Voz polifónica, Sérgio Godinho levou frequentemente a sua escrita a outras paragens: guiões de cinema (Kilas, o Mau da Fita), peças de teatro (Eu, Tu, Ele, Nós Vós, Eles!), séries de televisão, histórias infantojuvenis (O Pequeno Livro dos Medos), poesia (O Sangue por Um Fio), crónicas (Caríssimas Quarenta Canções), entre vários exemplos. Estreou-se na ficção com Vidadupla, um conjunto de contos publicado em 2014, a que se seguiu o seu primeiro romance, Coração Mais Que Perfeito, e agora Estocolmo.
Em destaque nesta sessão “Palavras São Imagens, São Palavras”, uma obra que reúne poemas e fotografias produzidas pelo próprio, num exercício criativo singular.
A entrada é livre. Contudo sujeita à lotação da sala e ao cumprimento das regras da DGS.
terça-feira, 10 de maio de 2022
Ana Catarina Oliveira foi nomeada adjunta do presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes
Foto sacada daqui |
Segundo a edição de hoje do Diário as Beiras, "a ex-vereadora do PSD Ana Catarina Oliveira foi nomeada adjunta do presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes.
ORÇAMENTO DO ESTADO 2022: num Parlamento de maioria absoluta, são sete contra um e no fim ganha o PS
OE 2022. Proposta está a destruir a administração pública
“A análise da proposta do Orçamento de Estado para 2022 mostra que a situação grave que enfrenta a administração pública actual e que, a meu ver, está a destruí-la, no lugar de melhorar vai-se agravar ainda mais”.
O alerta é dado por Eugénio Rosa. O economista, num estudo a que o i teve acesso, vai mais longe: “Permitam-me dizer que existe uma intenção deliberada com esse objetivo”.»
Quando um resultado eleitoral não agrada aos "democratas"...
Em última análise, não se aceita".
Muita gente na Figueira no passado fim de semana
No nosso concelho, a época balnear oficial tem início no dia 1 de junho. Só a partir desta data haverá vigilância com nadadores-salvadores.
Entretanto, a Polícia Marítima mantém-se atenta às zonas de banhos.
Na área urbana, foram as praias de Buarcos e a Praia do Forte as mais procuradas por quem foi a banhos na cidade. A Praia da Claridade é evitada por causa da longa distância existente entre a marginal e o mar, que aliás não para de crescer.
O aumento do areal urbano, como sabemos, está relacionado com o prolongamento do molhe norte, obra concluída em 2011.
segunda-feira, 9 de maio de 2022
A Quinta das Olaias, João Reis, o protocolo previsto para 10 anos e a possível ocupação do espaço pela Universidade de Coimbra...
Na reunião camarária realizada no dia 1 de Março de 2021, falou-se de João Reis, sem que nenhum vereador tivesse explicado quem foi verdadeiramente o pintor e o que representa para a Figueira para que os figueirenses tenham de ser tão generosos ao ponto de lhe guardarem e preservarem o património artístico durante dez anos com os custos inerentes.
«O executivo camarário socialista aceitou deixar cair a possibilidade de ser o município a pagar molduras de quadros da exposição permanente de João Reis na Quinta das Olaias, e abdicou da possibilidade de a mostra poder ser transformada num museu dedicado ao pintor naturalista.
Estas cláusulas foram eliminadas do protocolo que será assinado pela autarquia com o neto do artista plástico, Carlos Reis.
As alterações introduzidas no protocolo ficaram a dever-se à intervenção do vereador Miguel Babo, eleito pelo PSD. "O autarca da oposição defendeu que manter a exposição durante 10 anos é excessivamente longo."
Ricardo Silva, veio ao encontro da opinião de Miguel Babo: "os dois vereadores convergiram que a longevidade da mostra condiciona a estratégia de futuros executivos camarários e artistas que queiram realizar ali exposições."
Por sua vez, o executivo de maioria socialista "defendeu que o protocolo visa o respeito por compromissos assumidos pelo anterior presidente da câmara João Ataíde." Foi afirmado que, “segundo técnicos da autarquia”, os contactos da família de João Reis começaram nos mandatos do antecessor Duarte Silva. Carlos Monteiro, disse ainda que, até à data, “nenhum pintor conceituado ou outros” mostraram interesse em expor na Quinta das Olaias, imóvel que, garantiu, tem espaço disponível para mais exposições.
Ricardo Silva afirmou que "o anterior vereador da Cultura” [António Tavares] lhe disse que João Ataíde havia desistido do protocolo, o que os socialistas desmentiram."
A maioria votou a favor da assinatura do documento. Carlos Tenreiro e Miguel Babo abstiveram-se. Ricardo Silva votou contra.»
Na edição hoje do Diário as Beiras pode ler-se: "A UC, segundo o seu reitor avançou ao DIÁRIO AS BEIRAS, pretende leccionar licenciaturas, mestrados e doutoramentos na Figueira da Foz em áreas como a economia azul, ambiente e turismo.
A falta de instalações na cidade é um assunto que preocupa Pedro Santana Lopes, uma vez que no Sítio das Artes deverá ser instalado um centro de formação profissional.
O antigo terminal rodoviário, por sua vez, necessita de obras com custos elevados. Entretanto, ao que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, a Quinta das Olaias poderá vir a ser utilizada para o arranque da actividade do polo universitário."
Ainda não passou 1 ano sobre a inauguração da exposição dedicada ao pintor João Reis (cujo contrato de depósito prevê um período de 10 anos de actividades).
Fica a pergunta a quem de direito: em que termos vai a Universidade de Coimbra ocupar a Quinta das Olaias e como se vai conseguir conciliar os diversos compromissos em causa?
Arte xávega na Praia da Leirosa: ontem, foi o primeiro dia de faina
Foto António Agostinho |
Os seus elementos identificativos são inúmeros, começando pela embarcação – fundo chato, proa em bico elevado, decoração simples. Também a rede possui características próprias, sendo constituída pelo saco (onde se acumula o peixe) e pelas cordas, cuja extensão varia conforme a dimensão da rede e dos lances. A companha, variável, era, na generalidade composta por 8 homens: o arrais, à ré; 3 remadores no banco do meio, os "revezeiros", os que "vão de caras p´ró mar", 2 no banco da proa e outros tantos no "banco" sobre a coberta; embora esta disposição não fosse rígida, labutavam, tantas vezes estoicamente, num remar vigoroso e cadenciado, a caminho dos lances dos lances que lhe davam o sustento.
Noutros tempos, quando a pesca era sustento de muitas famílias, a chegada do saco a terra era saudada com entusiasmo, se vinha cheio (“aboiado”), ou com tristeza, se vinha vazio (“estremado”). O peixe era posteriormente tirado para os xalavares (tipo de cesto), a fim de se proceder à sua venda. A lota era na praia. A licitação do peixe era feita com o tradicional “chui” – sinal que o peixe foi arrematado pela melhor oferta.
A rede era, assim, lançada de acordo com os sinais de terra e mar, a cerca de 300 braças da praia e ocupando uma extensão de cerca de 200 metros de largura. Cada lance, tinha a duração de hora e meia para a permanência da rede na água, e meia hora para a alagem (puxar a rede). Na borda d’água, estavam os camaradas de terra, para o alar da rede. Com um ritual próprio, lento e cadenciado, dois “cordões humanos” puxavam as cordas dos dois lados – mão esquerda agarrada à corda junto ao pescoço, braço direito estendido.
Agora tudo é diferente e menos penoso.
Os remos, que davam andamento ao barco, foram substituídos pelo motor fora de borda.. No areal, as redes vão sendo recolhidas com a ajuda de tractores. Antigamente este trabalho, penoso, estava reservado a junta de bois e aos homens.
A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, modernamente designada legalmente pelas instituições administrativas e fiscais do Estado português com o nome oficial de "Arte-Xávega", tem ainda vivos e em actividade no concelho da Figueira da Foz, três companhas activas: na Cova, na Costa de Lavos e na Leirosa.
Em condições por vezes bastante difíceis, o que não foi o caso de ontem, estes antigos homens do mar, tentam amealhar alguns cobres que lhes melhorem a parca reforma que obtiveram depois de uma vida longa de trabalho e de sacrifícios noutras pescas e noutros mares.
Citando o Professor Alfredo Pinheiro Marques, um grande defensor e lutador desta causa, “a Arte de Pesca de Arrasto para Terra é um tipo de pesca muito específico, muito especializado e bastante diferente (pois, na sua aparente simplicidade, é muito mais heroico e muito mais difícil e perigoso do que julgam os que nada sabem de mar), e que por isso não pode ser comparado com qualquer outro tipo de pesca praticada em qualquer outro litoral oceânico do mundo inteiro. É mesmo muito diferente, e muito mais impressionante, em coragem e em esforço, do que os próprios modelos originais mediterrânicos da “Xávega”, islâmica, andaluza e algarvia, que lhe estiveram na origem há muitos séculos atrás, mas que entretanto já se extinguiram (ao longo do século XX), e que já não existem hoje em dia (no século XXI). A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, característica dos litorais portugueses da Ria de Aveiro e da Beira Litoral (hoje, legalmente, dita “Arte-Xávega”), é uma arte que nos nossos dias ainda continua a ser praticada por muitas centenas de homens e mulheres, desde as praias de Espinho até à Praia da Vieira de Leiria, e actualmente com o coração na Praia de Mira (depois de, outrora, ter irradiado sobretudo a partir das praias do Furadouro, Torreira e Ílhavo), e é uma das realidades mais impressionantes, mais autênticas e mais simbólicas — e, por isso, mais importantes — daquilo que continua a ser, ainda hoje, Portugal: um país dividido entre o Passado e o Futuro, um país sempre adiado, e sempre sem conseguir descobrir o seu caminho, entre a tradição que não consegue manter e a modernidade que não consegue construir. Um país sempre mergulhado no seu subdesenvolvimento secular e na sua insustentabilidade económica. Mas que, nem por isso, pode ou deve sacrificar os mais autênticos e verdadeiros exemplos da sua identidade nacional e da sua cultura secular em nome de quaisquer cegas burocracias estatais normalizadoras, ou de quaisquer imbecis aculturações televisivas, ou de quaisquer bizantinismos “culturais” “modernizadores”, ignorantes das verdadeiras tradições e identidades locais.”