Via Diário as Beiras
segunda-feira, 9 de maio de 2022
Arte xávega na Praia da Leirosa: ontem, foi o primeiro dia de faina
Ontem, na Praia da Leirosa, o dia esteve magnífico para os pescadores de actividade da "xávega" inaugurarem a safra: sol, ausência de vento e "mar de senhoras". O nevoeiro apareceu, mas só depois do barco que lançou a rede ao mar ter chegado à praia...
Foto António Agostinho |
A arte xávega é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal, em toda a faixa litoral.
Os seus elementos identificativos são inúmeros, começando pela embarcação – fundo chato, proa em bico elevado, decoração simples. Também a rede possui características próprias, sendo constituída pelo saco (onde se acumula o peixe) e pelas cordas, cuja extensão varia conforme a dimensão da rede e dos lances. A companha, variável, era, na generalidade composta por 8 homens: o arrais, à ré; 3 remadores no banco do meio, os "revezeiros", os que "vão de caras p´ró mar", 2 no banco da proa e outros tantos no "banco" sobre a coberta; embora esta disposição não fosse rígida, labutavam, tantas vezes estoicamente, num remar vigoroso e cadenciado, a caminho dos lances dos lances que lhe davam o sustento.
Noutros tempos, quando a pesca era sustento de muitas famílias, a chegada do saco a terra era saudada com entusiasmo, se vinha cheio (“aboiado”), ou com tristeza, se vinha vazio (“estremado”). O peixe era posteriormente tirado para os xalavares (tipo de cesto), a fim de se proceder à sua venda. A lota era na praia. A licitação do peixe era feita com o tradicional “chui” – sinal que o peixe foi arrematado pela melhor oferta.
A rede era, assim, lançada de acordo com os sinais de terra e mar, a cerca de 300 braças da praia e ocupando uma extensão de cerca de 200 metros de largura. Cada lance, tinha a duração de hora e meia para a permanência da rede na água, e meia hora para a alagem (puxar a rede). Na borda d’água, estavam os camaradas de terra, para o alar da rede. Com um ritual próprio, lento e cadenciado, dois “cordões humanos” puxavam as cordas dos dois lados – mão esquerda agarrada à corda junto ao pescoço, braço direito estendido.
Agora tudo é diferente e menos penoso.
Os remos, que davam andamento ao barco, foram substituídos pelo motor fora de borda.. No areal, as redes vão sendo recolhidas com a ajuda de tractores. Antigamente este trabalho, penoso, estava reservado a junta de bois e aos homens.
A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, modernamente designada legalmente pelas instituições administrativas e fiscais do Estado português com o nome oficial de "Arte-Xávega", tem ainda vivos e em actividade no concelho da Figueira da Foz, três companhas activas: na Cova, na Costa de Lavos e na Leirosa.
Em condições por vezes bastante difíceis, o que não foi o caso de ontem, estes antigos homens do mar, tentam amealhar alguns cobres que lhes melhorem a parca reforma que obtiveram depois de uma vida longa de trabalho e de sacrifícios noutras pescas e noutros mares.
Citando o Professor Alfredo Pinheiro Marques, um grande defensor e lutador desta causa, “a Arte de Pesca de Arrasto para Terra é um tipo de pesca muito específico, muito especializado e bastante diferente (pois, na sua aparente simplicidade, é muito mais heroico e muito mais difícil e perigoso do que julgam os que nada sabem de mar), e que por isso não pode ser comparado com qualquer outro tipo de pesca praticada em qualquer outro litoral oceânico do mundo inteiro. É mesmo muito diferente, e muito mais impressionante, em coragem e em esforço, do que os próprios modelos originais mediterrânicos da “Xávega”, islâmica, andaluza e algarvia, que lhe estiveram na origem há muitos séculos atrás, mas que entretanto já se extinguiram (ao longo do século XX), e que já não existem hoje em dia (no século XXI). A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, característica dos litorais portugueses da Ria de Aveiro e da Beira Litoral (hoje, legalmente, dita “Arte-Xávega”), é uma arte que nos nossos dias ainda continua a ser praticada por muitas centenas de homens e mulheres, desde as praias de Espinho até à Praia da Vieira de Leiria, e actualmente com o coração na Praia de Mira (depois de, outrora, ter irradiado sobretudo a partir das praias do Furadouro, Torreira e Ílhavo), e é uma das realidades mais impressionantes, mais autênticas e mais simbólicas — e, por isso, mais importantes — daquilo que continua a ser, ainda hoje, Portugal: um país dividido entre o Passado e o Futuro, um país sempre adiado, e sempre sem conseguir descobrir o seu caminho, entre a tradição que não consegue manter e a modernidade que não consegue construir. Um país sempre mergulhado no seu subdesenvolvimento secular e na sua insustentabilidade económica. Mas que, nem por isso, pode ou deve sacrificar os mais autênticos e verdadeiros exemplos da sua identidade nacional e da sua cultura secular em nome de quaisquer cegas burocracias estatais normalizadoras, ou de quaisquer imbecis aculturações televisivas, ou de quaisquer bizantinismos “culturais” “modernizadores”, ignorantes das verdadeiras tradições e identidades locais.”
Os seus elementos identificativos são inúmeros, começando pela embarcação – fundo chato, proa em bico elevado, decoração simples. Também a rede possui características próprias, sendo constituída pelo saco (onde se acumula o peixe) e pelas cordas, cuja extensão varia conforme a dimensão da rede e dos lances. A companha, variável, era, na generalidade composta por 8 homens: o arrais, à ré; 3 remadores no banco do meio, os "revezeiros", os que "vão de caras p´ró mar", 2 no banco da proa e outros tantos no "banco" sobre a coberta; embora esta disposição não fosse rígida, labutavam, tantas vezes estoicamente, num remar vigoroso e cadenciado, a caminho dos lances dos lances que lhe davam o sustento.
Noutros tempos, quando a pesca era sustento de muitas famílias, a chegada do saco a terra era saudada com entusiasmo, se vinha cheio (“aboiado”), ou com tristeza, se vinha vazio (“estremado”). O peixe era posteriormente tirado para os xalavares (tipo de cesto), a fim de se proceder à sua venda. A lota era na praia. A licitação do peixe era feita com o tradicional “chui” – sinal que o peixe foi arrematado pela melhor oferta.
A rede era, assim, lançada de acordo com os sinais de terra e mar, a cerca de 300 braças da praia e ocupando uma extensão de cerca de 200 metros de largura. Cada lance, tinha a duração de hora e meia para a permanência da rede na água, e meia hora para a alagem (puxar a rede). Na borda d’água, estavam os camaradas de terra, para o alar da rede. Com um ritual próprio, lento e cadenciado, dois “cordões humanos” puxavam as cordas dos dois lados – mão esquerda agarrada à corda junto ao pescoço, braço direito estendido.
Agora tudo é diferente e menos penoso.
Os remos, que davam andamento ao barco, foram substituídos pelo motor fora de borda.. No areal, as redes vão sendo recolhidas com a ajuda de tractores. Antigamente este trabalho, penoso, estava reservado a junta de bois e aos homens.
A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, modernamente designada legalmente pelas instituições administrativas e fiscais do Estado português com o nome oficial de "Arte-Xávega", tem ainda vivos e em actividade no concelho da Figueira da Foz, três companhas activas: na Cova, na Costa de Lavos e na Leirosa.
Em condições por vezes bastante difíceis, o que não foi o caso de ontem, estes antigos homens do mar, tentam amealhar alguns cobres que lhes melhorem a parca reforma que obtiveram depois de uma vida longa de trabalho e de sacrifícios noutras pescas e noutros mares.
Citando o Professor Alfredo Pinheiro Marques, um grande defensor e lutador desta causa, “a Arte de Pesca de Arrasto para Terra é um tipo de pesca muito específico, muito especializado e bastante diferente (pois, na sua aparente simplicidade, é muito mais heroico e muito mais difícil e perigoso do que julgam os que nada sabem de mar), e que por isso não pode ser comparado com qualquer outro tipo de pesca praticada em qualquer outro litoral oceânico do mundo inteiro. É mesmo muito diferente, e muito mais impressionante, em coragem e em esforço, do que os próprios modelos originais mediterrânicos da “Xávega”, islâmica, andaluza e algarvia, que lhe estiveram na origem há muitos séculos atrás, mas que entretanto já se extinguiram (ao longo do século XX), e que já não existem hoje em dia (no século XXI). A Arte de Pesca de Arrasto para Terra, característica dos litorais portugueses da Ria de Aveiro e da Beira Litoral (hoje, legalmente, dita “Arte-Xávega”), é uma arte que nos nossos dias ainda continua a ser praticada por muitas centenas de homens e mulheres, desde as praias de Espinho até à Praia da Vieira de Leiria, e actualmente com o coração na Praia de Mira (depois de, outrora, ter irradiado sobretudo a partir das praias do Furadouro, Torreira e Ílhavo), e é uma das realidades mais impressionantes, mais autênticas e mais simbólicas — e, por isso, mais importantes — daquilo que continua a ser, ainda hoje, Portugal: um país dividido entre o Passado e o Futuro, um país sempre adiado, e sempre sem conseguir descobrir o seu caminho, entre a tradição que não consegue manter e a modernidade que não consegue construir. Um país sempre mergulhado no seu subdesenvolvimento secular e na sua insustentabilidade económica. Mas que, nem por isso, pode ou deve sacrificar os mais autênticos e verdadeiros exemplos da sua identidade nacional e da sua cultura secular em nome de quaisquer cegas burocracias estatais normalizadoras, ou de quaisquer imbecis aculturações televisivas, ou de quaisquer bizantinismos “culturais” “modernizadores”, ignorantes das verdadeiras tradições e identidades locais.”
domingo, 8 de maio de 2022
"Políticos acumulam pensões milionárias".
Em Portugal, há quem se tivesse reformado aos 62 anos de idade, com 43 anos de carreira contributiva completa. Foi "premiado" com mais de 30% de penalização.
E depois há os outros: os eleitos para quem há direitos adquiridos.
Muito dificilmente, gente que reza a Deus, ou joga no Euromilhões, para ser rica, consegue ser rica em Portugal.
Cada vez mais, porém, há gente que reza a Deus e vota nos partidos do regime dito "democrático", saído do 25 de Novembro, que constata que para se ser pobre, em Portugal, facilmente se obtém exactamente o que se pede...
E nem precisa de jogar no Euromilhões...
Muito dificilmente, gente que reza a Deus, ou joga no Euromilhões, para ser rica, consegue ser rica em Portugal.
Cada vez mais, porém, há gente que reza a Deus e vota nos partidos do regime dito "democrático", saído do 25 de Novembro, que constata que para se ser pobre, em Portugal, facilmente se obtém exactamente o que se pede...
E nem precisa de jogar no Euromilhões...
sábado, 7 de maio de 2022
O "respeitinho" continua a ser muito lindo (andam por aí alguns políticos que até parece que herdaram o "negócio" do mentor...)
Os amigos do "respeitinho"
Patrícia Duarte, Directora-adjunta do Região de Leiria |
A censura acompanhou os 48 anos de
Estado Novo. Proibiu parcial ou totalmente um número infindável de notícias,
condicionou o pensamento, impediu o
debate, coartou as liberdades de reunião,
associação e expressão.
A censura funcionava à margem dos
tribunais, mas tinha o poder de mandar
prender. Era um instrumento poderosíssimo ao serviço do regime, eficaz no objetivo de impor uma leitura da realidade
que não existia.
Hoje, esta censura não existe em
Portugal, mas existe noutros pontos do
globo. Pense-se na Rússia e veja-se como
é possível, sem liberdade de imprensa,
construir uma realidade paralela e fazer
um povo acreditar nela.
Hoje não existe censura em Portugal,
o que não quer dizer que não existam
muitas tentativas de restringir a liberdade. A Internet a isso convida ao ser terreno fértil para a mentira e manipulação.
A Internet, sem a qual as democracias já
não vivem, é um espaço pouco democrático. E, embora pareça, também não é
seguro nem livre.
A Internet não gosta que se pense, que
se perscrute e desmonte a complexidade
do que nos rodeia. É um espaço onde se
dão bem os “amigos do respeitinho”, que
engolem à velocidade de um clique quem
pensa diferente.
Hoje não existe censura em Portugal, mas existem muitos aspirantes a
censores, empenhados na construção
de realidades paralelas. Não encontrariam na Internet o campo ideal para a
sua empreitada se cada um de nós não
abdicasse do seu quinhão de pensamento. Mas tudo seria pior se não houvesse
liberdade de imprensa.
Já não existe censura em Portugal,
mas afirma-se demasiadas vezes que
sim. E acusam-se os jornais de serem
arautos dessa nova ordem censória.
Na passada terça-feira, 3 de maio,
assinalou-se o Dia da Liberdade de
Imprensa. Este jornal não foi visado pela
censura. Muitas das notícias são incómodas e há artigos inconvenientes, mas
o leitor tem o direito de saber. Para ser
autónomo, livre, capaz de pensar por si e
de se defender dos abusos de poder."
sexta-feira, 6 de maio de 2022
Tribunal manda repetir julgamento de António Paredes
A decisão foi tomada esta quarta-feira, pelos juízes desembargadores do Tribunal da Relação de Coimbra que deram total provimento ao recurso apresentado pela defesa dos arguidos.»
André Ventura exonerou chefe de gabinete Nuno Afonso
Via CNN Portugal
"O presidente do Chega, André Ventura, exonerou ontem, quinta-feira, o chefe de gabinete Nuno Afonso. A decisão vai ser comunicada hoje, sexta-feira, ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
Trata-se da segunda baixa no partido.Na semana passada, o pai da deputada Rita Matias demitiu-se do cargo de assessor do grupo parlamentar, na sequências da várias polémicas relativas à sua nomeação. Manuel Matias, que tinha sido nomeado por André Ventura, apresentou a demissão na última sexta-feira.
Apesar de serem amigos de longa data, a tensão entre André Ventura e Nuno Afonso começou a ser uma constante. O vereador na Câmara de Sintra e fundador do Chega já tinha dito publicamente, numa entrevista ao NOVO, que tinha ficado "desiludido e triste" por não ter integrado a lista de deputados.
Antes deste episódio, já tinha deixado a vice-presidência do partido para ser vogal da direção."
quinta-feira, 5 de maio de 2022
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