A questão do voto útil é uma questão pertinente e importante.
Para mim, porém, fácil de resolver. A questão do voto útil, a meu ver, é importante e útil, em primeiro lugar, para quem vota - o eleitor.
O que está em causa, nas próximas eleições na Figueira?
Apenas, e só, a remoção do líder do PS, Carlos Monteiro?
O PS cometeu um erro estratégico: entregou o aparelho à mediocridade chamada, para simplificar, de monteirismo.
Como sabemos, as mudanças no interior dos partidos não se fazem a partir do exterior.
Na Figueira, o PSD está a fazer uma travessia do deserto que dura há 12 anos. Está desejoso de voltar a ter acesso ao orçamento municipal.
Se objectivo do PSD Figueira passar apenas por remover Monteiro, mesmo que vença, a Figueira vai continuar a ser a grande derrotada.
É isso que os figueirenses têm que ter bem presente quando forem votar.
Depois queixem-se. Ou ainda acreditam no D. Sebastião?
Olho para a politica na Figueira e noto os partidos - todos os partidos - a envelhecer.
Vejo que todos nós, talvez por falta de alternativas, cada vez mais desiludidos, ficámos receptivos ao mal menor pouco estimulante e respeitador da nossa inteligência.
Sempre tive o defeito de ligar à política. De valorizar o poder exercido em e com democracia. De achar que a política deveria ser das mais nobres actividades humanas.
Demasiado importante, por isso, para ser exercida por incompetentes, medíocres e oportunistas.
Tenho dificuldades em rever-me no poder político que temos tido na Figueira. Estou farto de políticos com sonhos egocêntricos, que têm tramado a minha vida e a de muitos outros.
Aquilo que quero para próximo presidente da câmara da Figueira é pouco: alguém que tenha coragem, honestidade e dedicação para depositar o meu voto, a minha esperança e o meu apoio activo.
Por isso fiz a minha escolha, que é pública.
Há políticos que não falam para mim. Podem falar para muita gente, mas muito raramente falam para mim. E eu vou aceitando, porque como democrata, sou de uma minoria. Mas não tenho que lhes entender as razões deles, nem tenho de compreender e aceitar o compromisso das massas. Ando há anos suficientes pela vida para saber que os políticos demasiadas vezes dizem e fazem o oposto dos interesses que defendo para mim e para os outros.
Em 2021, depois de alguns anos de interregno, entendi que era tempo de tentar fazer qualquer coisa no terreno. Contribuir para construir, talvez arduamente, qualquer coisa útil, que ajude também a mim a respirar melhor neste pedaço de Terra, que é a Figueira, onde tenho raízes.
Tenho 67 anos de idade. Vivi os primeiros 20 em ditadura. Não quero mais disso.
Enquanto tiver sanidade mental quero merecer a dignidade de ser livre num concelho de um país que quero democrático. Fazer política, depende de nós. Enquanto actores mais ou menos passivos. Se ninguém se indignar com nada, nada é indigno. Se ninguém se mexe, “alguém” se mexe contra nós.
No momento em que estou a terminar este texto para ir apresentar as listas no Tribunal da Figueira, sinto-me de bem comigo próprio.
A CDU é a força indispensável para a defesa dos mais genuínos interesses das populações do concelho e freguesias da Figueira.
A Figueira não é a "Vila morena", mas também na Figueira o Povo é quem mais ordena.