Em dia de cofinamento (já votei na semana passada), dou comigo a pensar como as coisas mudaram na Figueira nas últimas décadas.
Na nossa cidade, não consigo ouvir uma voz desinteressada, livre e democrática, com menos de 40 anos.
Os poucos que andam por aí, «sabemos o que querem e ao que andam».
As coisas são o que são. Se calhar sempre foram assim...
Já o percebi há muito.
Antes percebê-lo antes que depois.
Porém, não podemos esquecer que nunca existiu depois, sem ter primeiro ter existido antes.
Vivemos numa cidade (se calhar também num País...) onde parece que toda a gente se resignou.
Se forem questionados, negam ser fatalistas. Todavia, todos se regem pelo comodismo seguidista, a pretensa ordem natural das coisas - na vida e na política dentro dos partidos locais.
Foi por isso que nunca me consegui integrar em qualquer partido.
Nunca pactuei com o cinismo em estado puro e a cobardia em todo o seu esplendor.
Nunca tive medo de perder, medo de ousar, medo de ir contra as maiorias, medo de ir contra quem tem o poder.
Sempre corri em pistas na outra margem da cidade dos figueirinhas.
Não sou saudosista. Mas ser jovem hoje na Figueira, é diferente do que era nas décadas 70 e 80 do século passado.
A Figueira dividiu-se em três: a dos que assistem no sofá, como se nada fosse com eles. Os que se escondem. E os redentores Carlos Monteiro e João Portugal (e as suas claques seguidistas tipo terceiro-mundistas..), que se disponibilizam a fazer o grande sacríficio de pensar, governar, decidir por (quase) todos os figueirenses.