sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Que descanse em paz...

"A geringonça morreu", noticiam os media espanhóis"...

Rio a traçar o seu caminho

O silêncio ou a normalização não são opções

Via 

"Na Assembleia da República, já existiam partidos que, de modo mal disfarçado, trabalhavam para a extinção progressiva de um Estado Social e solidário, governando de modo a que as instituições públicas falhassem, beneficiando amigos privados.
Com a entrada do Chega e da Iniciativa Liberal no Parlamento, essa vergonha terminou: para ambos os partidos, é necessário acelerar a destruição da esfera estatal e transformar a sociedade numa selva em que só pode sobreviver o mais forte ou o mais rico. Hoje, Bárbara Reis explica, de modo simples, que André Ventura é de extrema-direita, mesmo que tente disfarçar.
Como é evidente, estes partidos têm o mesmo direito que os outros, legitimados pelo voto. É igualmente evidente que não faz sentido fingir que não existem, não se pode ignorá-los, porque não é isso que os combate.
A solução não está no silêncio. O facto de terem sido eleitos não pode livrar ninguém de ser criticado. Acrescente-se que a existência destes radicais anti-Estado não desculpa o que PS, PSD e CDS têm estado a fazer, especialmente nos últimos quinze anos. No fundo, a diferença está no ritmo."

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Reuniões de Câmara mudam de horário

Realiza-se na próxima segunda-feira, 14 de outubro, no Salão Nobre do Edifício dos Paços do Concelho, a primeira Reunião de Câmara do mês de outubro.
Os trabalhos iniciam-se às 09h15.
A agenda relativa aos pontos a serem discutidos e votados em reunião, pode ser consultada na página do município.
Para assistir à reunião online:
https://www.veedeeo.me/veedeeoBroadcast?vn=722846

Vereadora Mafalda Azenha no Dez & 10...

Equipamentos desportivos. Prioridades. Ver vídeo a partir do minuto 33: estádio municipal, pista de tartan, piscina e pavilhão municipal...
Sobre o sintético para substituir o "peladão" do Cabedelo, em cerca de uma hora de amena conversa, nem uma palavra!..

Leiam...

E a correr a vida passa...

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Já está em exibição nas salas de cinema...

E que grande exemplo disso que é a Figueira...

Morais Sarmento: 

"Às vezes o PSD parece a gaiola das malucas"...

Saudades do comboio

Video filmado, editado e realizado por António Agostinho


Na década de 80 do século passado, durante anos viajei de comboio, entre Figueira da Foz e Coimbra, por razões profissionais...

"História - Portugal-Europa - de 1945 a 2019", um livro de Miguel Mattos Chaves

Esta obra de Miguel Mattos Chaves, será apresentada na Sociedade de Geografia de Lisboa no próximo dia 30 de Outubro pelas 17h30m.
A segunda cerimónia de apresentação pública terá lugar na Cidade da Figueira da Foz.

Este livro, segundo o autor, "é uma contribuição, para se conhecerem melhor alguns aspectos da História, Política e Estratégia da União Europeia e de Portugal, no período de 1945 a 2019.
É, também, uma contribuição para se perceber um pouco da História de como Portugal, enquanto Centro de Decisão, respondeu aos desafios europeus e mundiais, desde a 2ª Guerra Mundial.
Tem ainda como objectivo fazer, sobretudo às novas gerações, a História de como tem evoluído o Continente Europeu, desde a 2ª Guerra Mundial até aos nossos dias."

FINDAGRIM, UM PROBLEMA PARA AS CONTAS DA JUNTA DE FREGUESIA DE MAIORCA

Na Figueira é assim: vamos indo de "êxito" em "êxito" até à derrota final...
Via Diário as Beiras. Para ler melhor, clicar na imagem

Segundo se pode ler na edição de hoje do Diário as Beiras, a Junta de Maiorca sugere que a câmara passe a organizar a FINDAGRIM.
O relatório da edição deste ano da Feira Industrial, Comercial e Agrícola de Maiorca, elaborado pela autarquia que tem organizado o certame, confirma o que já se sabia: a FINDAGRIM, edição de 2019, registou um saldo negativo de 37,9 mil euros.
A edição de 2018 da feira registou o maior saldo negativo de sempre, ao somar um prejuízo de cerca de 43,8 mil euros.
Este ano, como aconteceu em 2018, os prejuízos serão reduzidos em 10 mil euros, via bolso do contribuinte, através do reforço do apoio financeiro da Câmara da Figueira. 
A Junta de Maiorca terá de cobrir o prejuízo restante.
Mas, afinal o que é a FINDAGRIM?
Cito Fernando Campos: "a pretexto de ser uma feira de actividades económicas da freguesia, não passa, na verdade, de um festival anual de música pimba que faz de Maiorca, uma vez por ano e por meia dúzia de dias, uma meca para todos os labregos da região e seus contornos. Um mau negócio que além de despesa e muito trabalho não-remunerado de fregueses tão voluntariosos como ingénuos, não traz nenhuma vantagem à junta, nem proveito ao comércio local, nem prestígio a Maiorca"...

A guerra das drogas à moda do Porto

Ministério Público português, a grande crise está aí...

Da série "uma postagem de há dez anos..."

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

"Pra pior já basta assim"?..

"Assim fosse o futuro Parque Urbano da minha terra..."

Rogério Rodrigues


Morreu o último jornalista

"Talvez nunca tenham ouvido falar do Rogério, mas com isso não se sintam culpados com tal ignorância, ele fez tudo para nunca se falado, para nunca ser elogiado, para passar sempre ao largo dos holofotes, dos aplausos, das condecorações, dos puxa-saco.

O Rogério foi o melhor, o mais extraordinário jornalista que conheci. A pessoa com quem mais aprendi, a pessoa com quem bebi o primeiro whisky, a pessoa a quem confessei não ser capaz, a pessoa a quem pedi refúgio nos meus divórcios, nas minhas falhas, pecados, tragédias.

Atropelo-me, falo do que não interessa. Desculpe-me. Comecei a lê-lo no Público, no início do Público. Eu adolescente, ávido de conhecimento e sempre de jornal na mão, e ele um grande repórter, porventura o único jornalista capaz de contar uma história de crime com o génio de um Truman Capote. Li o seu livro sobre o assassino Faustino Cavaco antes de o conhecer. Li e disse aos meus amigos: vocês já leram Rogério Rodrigues, já leram a sua prosa?

E ninguém escrevia sobre política como o Rogério. Nem sobre o Partido Comunista. Ou Álvaro Cunhal – no dia em que o conheci, na redacção do semanário O Jornal, acabara de publicar um perfil sobre o histórico líder comunista, levei o jornal para casa e adormeci a sonhar com o dia em que escreveria como ele.

A sua cultura era lendária. Sabia tudo. Conhecia todos. Viajava pela língua como poucos, manobrava-a como ninguém. Até o José Cardoso Pires, com quem bebia copos nas pausas das notícias ou da escrita, gostava de dizer que ele é que era. Eu ficava em silêncio a ouvi-los, tinha 19 anos e era um miúdo cheio de complexos, borrado de medo de estar ali com aqueles gigantes que fumavam como Bogart e bebiam com estilo, lentamente, deixando que as palavras se espalhassem à sua volta como o fumo dos cigarros. Havia também o Fernando Assis Pacheco, claro. O Afonso Praça, transmontano como ele. O Vítor Bandarra, que só conheci uns anos mais tarde, não naqueles primeiros anos, o puto como era chamado pelos velhos mestres.

Embarcou comigo na aventura de A Capital. Fiz-lhe o convite com alguma vergonha: queres ser director adjunto, meu director adjunto? Não pediu para pensar, vamos Luís. E foi. durante um ano e meio virámos do avesso o que podia ser virado do avesso. Naquele ano e meio afundei-me em trabalho e ele esteve sempre na primeira linha. A trabalhar mais de 12 horas por dia. A “sacar” notícias como só ele sacava. Estranha coincidência: foi ele quem, no princípio de novembro de 2004, deu a notícia em quem ninguém acreditou, o operário Jerónimo de Sousa seria o novo secretário geral do PCP. Nos dias em que se especula acerca da saída de Jerónimo volto à notícia em que ninguém acreditou, a sua notícia. O PCP era ainda mais inexpugnável do que hoje, muito mais. Mas o Rogério conseguia tudo. E não queria nada para ele, deixava-me brilhar – vai tu, Luís, vai às televisões e defende a nossa manchete.

“Vai tu, Luís. Eu fico, estou bem, não preciso de nada, o que importa é a notícia”.

Depois estivemos em programas de televisão. E ajudou-me a lançar o Rádio Clube onde passámos dificuldades. A meio do processo, quando o projecto tinha apenas um ano e meio ou dois anos, a administração pressionou muito, o Grupo Prisa estava em grandes dificuldades e eu tinha de prescindir dos colaboradores, os que estavam a recibos verdes. Seriam os primeiros a ir e era inegociável. O Rogério, que era o meu consultor, adiantou-se: Luís, eu vou. Não é preciso falarmos mais nisso, sei o que está a acontecer e amigo não empata amigo. E foi.

E eu fiquei. Estúpido de merda fiquei. E deixei-o ir. Sem replica. Sem dizer à administração que o Rogério era a minha linha vermelha, inegociável para mim. Quando saiu daquela porta, quando deixei que saísse, o jornalismo morreu para mim. O jornalismo por quem me apaixonara em jovem. E nunca mais deixei de pensar que na vida há valores muito mais importantes do que a sobrevivência. Serviu-me para a vida.

Transmontano de Moncorvo, o Rogério. Com ele comi lampreia pela primeira vez. Com ele conheci poetas, escritores, livros, polícias e ladrões, sítios de informadores e o parlamento. Nunca elogiava da maneira como se elogia. Nunca abraçava da maneira como se abraça. Nunca festejava da forma como se festeja. Ou chorava da maneira como se chora, nunca o vi chorar.

Amava profundamente a mulher da sua vida. Contou-me num dia especial: a Arlete é a pessoa da minha vida, não saberei viver sem ela, mas não lhe quero dar esse peso, o peso dessa dependência, é apenas um problema meu.
E amava profundamente os seus dois filhos. Quando o Tiago começou a ter sucesso, falava do mais novo. Queria equilibrar as coisas. Mas quando o mais velho foi convidado para o lugar mais importante do teatro português perguntei-lhe: estás feliz, Rogério? Fumou um cigarro sem dizer uma única palavra. E no final tinha as lágrimas presas nos olhos. O Tiago era a sua prenda para o mundo. Sua e da Arlete.

Estou ainda no escritório. Precisei de ficar mais um pouco. Os meus filhos mais novos estão a dormir em casa. Os mais velhos ainda não sabem que morreu o Rogério, o último jornalista. O último jornalista que conheci entre todos os que viviam em função de uma ideia que foi morrendo no tempo.

Fui ao supermercado em frente comprar uma garrafa de Famous Grouse. Bebo à sua memória, à sua vida. E quis o destino que amanhã, sexta, sábado e domingo, esteja a moderar quatro debates sobre “Fake News”, no teatro Nacional Dona Maria II, dirigido pelo seu filho, Tiago Rodrigues.

E na quinta-feira, apresento um livro de entrevistas em que a última é com o seu filho, a pessoa que considero há muito como o mais talentoso entre todos os criadores portugueses.

Não há palavras, Rogério. Tinhas mesmo de abalar hoje? Bebes um copo comigo? Vem, estou aqui. A garrafa dá para os dois."


Luís Osório