quinta-feira, 22 de junho de 2017

Para quem ainda não saiba, o "meu" Cabedelo, tal como o conheço há quase 60 anos, está numa encruzilhada...

A requalificação urbana do Cabedelo é um dos assuntos da agenda da reunião de câmara pública que se realiza hoje, pelas 15H00. 
O executivo camarário propõe a aprovação do projecto, a abertura do procedimento de concurso público e a aprovação da plurianualidade das obras. 
A intervenção enquadra-se no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano.
As obras que, ao que dizem, vão mudar a “face” daquela zona da freguesia de São Pedro têm de ficar concluídas até ao final de 2018.

Nota de rodapé.
Longe dos olhares, no silêncio dos gabinetes, o Cabedelo está a ser alvo de um atentado. Se nada mais conseguirmos, não podemos esquecer o julgamento e fazer cair definitivamente a máscara dos mandantes...

PDM vai hoje a votos na reunião de câmara

"O PDM também serve para preparar o território para as potenciais catástrofes naturais: cheias, incêndios, erosão costeira, etc. É um dos mais poderosos instrumentos de prevenção. A tragédia de Pedrogão demonstrou que o planeamento florestal e o cumprimento das regras de ordenamento do território junto a estradas e populações são fundamentais para prevenir desastres causados por fenómenos naturais.
Nos fóruns de debate sobre o PDM que ocorreram na Figueira, apareceram os inevitáveis interessados em aproveitar a reforma do PDM para construir nova casa a qualquer custo. Numa dessas ocasiões ouvi um munícipe a queixar-se que as distâncias de segurança entre os terrenos, a estrada e a mancha florestal o impediam de construir uma nova casa, ridicularizando as regras existentes e as instituições que tutelam os vários espaços: Estradas de Portugal, Agência Portuguesa do Ambiente e Câmara. O preocupante é que os argumentos do munícipe não foram contrariados e poderá ser um feliz benificiário da revisão do PDM à custa de algum atropelo das regras de segurança.
Os responsáveis pela versão final do PDM deverão estar cientes que todos os atropelos agora cometidos às regras de segurança poderão ter consequências graves no futuro e terão que lidar com o peso da culpa de ceder a interesses contrários aos superiores interesses do coletivo."
PDM e segurança, uma crónica de Rui Curado da Silva, publicada hoje no jornal AS BEIRAS

Na Figueira, um "Principe Municipal" fez anos num dia de desgraça nacional. Houve arraial e foguetes no ar...

No espaço Municipal, junto ao Horto Municipal, domingo à noite, no auge de uma enorme tragédia nacional - o fogo de Pedrógão Grande foi o 11.º mais mortal do mundo desde 1900 - houve fogo de artifício, em celebração aos 50 anos da personalidade do ano 2015 da Figueira da Foz (Eng. Albuquerque - Director das Obras Municipais).
Ao que a ANC-Caralhete News conseguiu apurar, o evento teve o alto patrocínio do Presidente da Câmara, dr. João Ataide das Neves, e do Vereador prof. Biólogo Carlos Monteiro, também promotor aficcionado do Movimento Água Mais Cara do País!
Perante a indignação de alguns e a coragem de outros, a PSP foi ao local e tomou conta da ocorrência! 

Os convites para a festa particular, saíram do email profissional do Director de Obras Públicas, dirigidas ao grupo de endereços dos funcionários da autarquia. 
Foram alugados/utilizados três bungalows pela personalidade aniversariante. 
A conta não deve ter sido pequena, mas 50 anos, são 50 anos!  
E, dentro de 50 anos, a Figueira estará pior: terá o mesmo clima que Rabat. 
Teremos longos períodos de secas. 
A malária poderá, eventualmente, andar por aqui.
Todavia, na Figueira, nessa altura, o importante é que a Sagres e a  SuperBock continuem perfeitas! 
E que haja foguetes para estourar!

Pobre Figueira! Pobre mundo...
O País de luto, atordoado e, na Figueira da Foz, maviosa e maravilhosa cidade, no domingo à noite estouram no ar do Parque de Campismo Municipal foguetes em celebração ao ego imenso, que ofusca e menoriza a capacidade (ou eventual incapacidade) técnica e politica de qualquer ser. 
Acompanhantes, mirando e aplaudindo, incluindo duas eminências deste executivo de maioria absoluta socialista: Presidente e Vereador
Pobre Figueira e pobres de nós.
Pertencemos a uma  terrinha sem memórias, onde a fúria  construtiva tudo levou à frente, restando muito pouca coisa para nos lembrar como era a Figueira dos sentimentos e dos afectos!

Porém, os sentimentos de alegria, tristeza, ternura, os afectos continuam cá...
Só corações de pedra não os conseguem sentir!
Não foi no dia em que o Rei fez anos.
Foi no aniversário de um dos príncipes do reino municipal que, na Figueira, houve arraial e foguetes no ar, num dia em que estava a acontecer o fogo que causou mais vítimas mortais em Portugal!.. 
É por esta e por outras, que cada vez gosto mais de cães! 
São bichos capazes de ter sentimentos iguais àqueles dos humanos: alegria, tristeza, desejo, amor e raiva, reconhecimento, lealdade... 
Começo mesmo a equacionar a possibilidade de até poderem ser melhores que alguns de nós!

Via ANC-Caralhete News 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Isto é lamentável e tem nome: chama-se aproveitamento político à conta da desgraça alheia.

Os meninos da Jota fazem esta publicidade, mas é preciso fazer um pouco mais. 
Na realidade, segundo o que a ANC-Caralhete News apurou, os jotinhas não são mais de meia dúzia e, mesmo estes, não fazem o que estão a pedir aos outros. 
Isto é aproveitamento, efeito rémora - vão à boleia
Desde cedo aprendem o pior dos seniores.
Assim, camaradinhas, não vamos lá...

"O coro das velhas": a Figueira da Rosa Amélia e da Conceição Ruivo, explicada numa crónica do Fernando Campos ...

"A Figueira não tem nada que realmente atraia o turismo ou a simples curiosidade... 
Mas tem figuras realmente bizarras. Podia montar um circo." 

É assim tão difícil compreender o porquê das coisas?..

Extracto de uma crónica de Teotónio Cavaco.
"Um dos principais assuntos que deveria afligir os que receberam o mandato popular para cuidar da polis figueirense continua, inexplicável e indefinidamente, adiado, quem sabe à espera de uma catástrofe ou da clemência divina. Falo da erosão costeira, o movimento de avanço do mar sobre terra, o qual se mede em termos de taxa de recuo médio desta ao longo de um período suficientemente longo."

Enquanto não se tomam tomam medidas de fundo, resta ir avivando a memória sobre o tema mais estruturante do concelho da Figueira da Foz, a nível da gestão territorial: a erosão costeira.
A fotografia acabada de tirar, logo a seguir ao quinto molhe (sim, esse famoso e desprezado quinto molhe da Figueira, dos cartazes do "primo"!..), fala por si...
Recordo o que escrevi, no OUTRA MARGEM, numa segunda-feira, dia 11 de dezembro de 2006.!..
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...

Um "lençol" que vale a pena ler...

... a propósito do "caso" da queda do avião...

Quando os lobos uivavam

Tenho todos os livros de Aquilino Ribeiro
Autor clássico com uma escrita regionalista e panteísta. 
Desconfio que grande parte das pessoas, hoje, na era da escrita simplificada ajustada ao “sms”, julgará que Aquilino falava uma espécie de brasileiro do nordeste.
Mas não, escrevia num português maravilhoso.
O mesmo português que a minha avó materna, natural de Sever do Vouga, falava.
Mas isto vem a propósito de quê? 

Dos incêndios, pois claro. 
Querem saber onde tudo começou? 
Em Salazar, pois claro. E por muito que custe aos teóricos do “antigamente é que era bom”, é a mais pura das verdades. 
Leiam Quando os lobos uivam.

António Alves, via Aventar

Cuidado, cuidado, muito cuidadinho, não atirem foguetes... (II)

"Horto fica para equipamentos com interesse público", pode ler-se na edição de hoje do jornal AS BEIRAS
A votação da revisão do PDM vai a votos amanhã, na reunião de câmara pública, com início às 15H00. 
Depois, a 30, o documento segue para a assembleia municipal, onde o PS também detém a maioria. Sobre esta temática, repito o que escrevi aqui.
Cuidado dr. Pena e restante malta do Parque Verde: não atirem foguetes... 
Para já, a época seria a pior possível, por questões climatéricas. Depois, deixar como está, significa que se pode construir
É necessário, portanto, quinta-feira próxima, dia 22, levar duas propostas concretas sobre o horto à reunião de Câmara Municipal. 
Uma, clara e límpida, a colocar a área do Horto como zona verde! 
Outra, a integrar o mesmo terreno na área do Parque de Campismo! 
O resto, é conversa da treta de político acossado antes das eleições.

terça-feira, 20 de junho de 2017

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Cuidado, cuidado, muito cuidadinho, não atirem foguetes...

Diz na edição de hoje do Diário de Coimbra o dr. Ataíde: Parque de Campismo é um “tesouro de que a autarquia diz não abdicar”...
Cuidado dr. Pena e restante malta do Parque Verde: não  atirem foguetes...
Para já, a época seria a pior possível, por questões climatéricas. Depois,  deixar como está, significa que se pode construir.
É necessário, portanto, quinta-feira próxima, dia 22, levar duas propostas concretas sobre o horto à reunião de Câmara Municipal. 
Uma, clara e límpida, a colocar a área do Horto como zona verde! 
Outra, a integrar o mesmo terreno na área do Parque de Campismo!
O resto, como foi o caso da entrevista dada pelo presidente Ataíde ao Diário de Coimbra, é conversa da treta de político acossado antes das eleições.

A Figueira, depois de 8 anos de gestão Ataíde: a cidade das conversas de surdos mudos consigo próprios...

"O Centro foi a região de turismo do país que mais cresceu em abril deste ano, relativamente ao mês homólogo de 2016, em praticamente todos os indicadores de atividade turística – de acordo com o INE, o maior destaque vai para o aumento do número de dormidas em hotelaria (mais 37,3%, principalmente de estrangeiros - mais 51,4%), resultado dos esforços conjuntos de entidades públicas e privadas. 
Consultei então o site do Turismo Centro de Portugal para saber o que um visitante poderia encontrar na Figueira, e na sua secção “Explore o Centro de Portugal por interesses”, foi com inegável curiosidade que acedi ao separador “Selecione um interesse”
Na Arte&Cultura, estão Arte Nova (Aveiro), Arte Urbana (Viseu), Woolfest (Covilhã) e Palheiros da Costa Nova; em Atividades ao Ar Livre, Jardim do Paço Episcopal (Castelo Branco), Jardim Botâ- nico e Jardim da Quinta das Lágrimas (Coimbra) e Jardim Budha Eden (Bombarral); no Desporto, Centro de BTT (Batalha) e Conhecer o Centro de Portugal de Bicicleta (a Ciclovia Atlântica para à entrada do concelho da Figueira); na Gastronomia&Vinhos os Beira Interior, Bairrada, Tejo, Dão, as Cerejas do Fundão, o Queijo da Serra da Estrela, os Ovos Moles de Aveiro e o Leitão da Bairrada; e o mesmo quanto a Natureza, Património, Rotas Temáticas, Saúde&Bem-Estar, Surf, Turismo Religioso – ou seja: ou a Figueira não é Zona Centro ou não é destino turístico. 
A Câmara Municipal e a ACIFF, por exemplo, nada dizem?!..

"A Figueira é Centro?",  uma crónica de Teotónio Cavaco,  Deputado municipal do PSD.

A FLORESTA, SEGUNDO RIBEIRO TELLES

Sabedoria, coerência, visão. Eis, Gonçalo Ribeiro Telles. Um Homem de Serviço, com a obra de arquitecto paisagista mais influente da cultura portuguesa contemporânea. Também na nossa cidade, a sua inflência, apesar de tudo, continua visível. Alguém deveria ter escutado Gonçalo Ribeiro Telles, um verdadeiro Jardineiro de Deus, quando afirmou, faz tanto tempo, que em Portugal não existe floresta, diversidade de espécies, e todos sabemos já que o eucalipto, neste exagero,  é um presente envenenado de acendalhas que, com o vento, são lançadas a longa distância...

Gonçalo Ribeiro Telles concedeu ao semanário «O Diabo», de 17 de Agosto de 2005, uma entrevista. O discurso da verdade fala por si. 
Dado o seu interesse e a sua actualidade, fica o  texto da entrevista dada nessa altura.

«Vamos muito brevemente ser um Estado sem território»
O alarme é dado por Gonçalo Ribeiro Telles, que considera trágico não existir uma política agrícola nacional baseada em matas, sebes e compartimentação do espaço. 
«É urgente fazer o reordenamento do território "a sério," não para a floresta mas para as árvores em todas as suas funções», afirma. Tudo porque o nosso País «não é um País florestal».
«É um abuso inqualificável dizer que está a arder uma floresta em Portugal. Cientificamente, esta afirmação não tem qualquer validade»
Para o fundador do Movimento Partido da Terra, o que está a funcionar como um barril de pólvora são povoamentos mono específicos (de uma só espécie) desprovidos de qualquer variedade biológica. Não se trata de mata ou de floresta, mas sim de mato, que exige a permanente limpeza para a produção de madeira destinada à indústria.
Considerado o primeiro ecologista português, Ribeiro Telles acusa os Governos, os autarcas e as universidades de «ignorância atroz», por terem uma noção completamente errada do território e por defenderem «a floresta inexistente». «É uma anedota absurda», lamenta.
O que deve ser feito, então, urgentemente? O ordenamento do território implica o investimento na mata, que deve funcionar por «zonagem», ao preencher as zonas frágeis em termos de erosão, ou seja, nos grandes declives e nas barreiras. Ao mesmo tempo, é importante construir as sebes para a agricultura, com o objectivo de defender as culturas. «A sebe é o estádio final da mata para permitir a agricultura do homem», explica, e «nada disto está a ser feito».
A terceira aposta, deve ser a recuperação dos montados de sobro ou de azinho (cortiça) ou dos soutos (castanheiros). O montado é uma interface entre a agricultura e a pecuária, uma pastagem «que raramente arde e que regenera facilmente».
Outro aspecto fundamental no ordenamento do território é a ocupação do espaço e a recuperação da aldeia. Para o arquitecto paisagista é necessário valorizar o sistema aldeão, porque corremos o risco de ter o País despovoado e à mercê dos grandes empreendimentos, idêntico à exploração dos madeireiros da floresta Amazónica. 
«Numa escala diferente, estamos também a expulsar os índios, como acontece quando vimos as populações a correr quando há os fogos».
Encara como «embuste», a forma recorrente de se responsabilizar os proprietários por «deixarem os terrenos ao abandono». Diz que os donos das terras vieram para a cidade e perderam a orientação dos marcos, que foram sendo retirados ao longo dos tempos. Hoje é impossível reproduzir o cadastro, porque não sabem quais são os limites da propriedade.

«DESASTRE» COM ORIGEM NOS ANOS 30
Gonçalo Ribeiro Telles enuncia três etapas que contribuíram para «a destruição do País». Os erros começaram no século XIX com plantação de pinhal bravo, que existia apenas nas areias do litoral. O País, que era um carvalhal compartimentado por culturas, passou a ter uma percentagem excessiva de pinheiro bravo. Mais tarde, por volta de 1930, assistiu-se à arborização de 400 mil hectares de baldios, no Gerês, com pseudo-tesugas, pinheiros, cedros, faias e carvalhos-americanos, que acabou por «expulsar» as comunidades de agropecuária do Norte. 
Recorda que a política da época está retratada no livro «Quando os Lobos Uivam» de Aquilino Ribeiro.
A seguir, apareceram os eucaliptos, e novamente os pinheiros, para satisfazerem as indústrias de celulose e de madeiras para a construção civil. «Assim desapareceu a agricultura no fundo dos vales, a cabra que dava leite e cabrito, o leite que dava queijo, ou os matos que davam o mel e a aguardente de medronho. Um cenário muito diferente daquele que existe, onde se vê crescer o pau com destino para a celulose».
«Estas produções podiam não ter grande peso para o Produto Interno Bruto (PIB) mas contribuíam para a fixação de população no local», sublinha. 
«Hoje somos um País sem população no interior - entregue às grandes extensões de povoamentos para a indústria - com taxas de emprego altíssimas no litoral. Portugal está transformado num deserto».
O ex-ministro de Estado e da Qualidade de Vida culpa ainda as autarquias por «não entregarem» as aldeias aos emigrantes que regressam à terra de origem e responsabiliza-as por disponibilizarem loteamentos, ao longo das estradas, sem um sistema de planeamento, equipamento e de concentração. 
«Depois vê-se as pobres populações aflitas, metidas em casas no meio da chamada "floresta", quando os culpados são as autarquias que deviam ter incrementado o desenvolvimentos das aldeias»
«A política florestal tem sido desastrosa», e nenhum Governo, desde a década 30, conseguiu ter consciência das necessidades do País. 
«É preciso iniciar imediatamente um verdadeiro ordenamento do território, o que demoraria menos de uma geração».
«A árvore está a ser perdida todos os dias. Se a árvore deixa de estar na mata, na sebe, nos pomares, no montado, na cidade, o que temos é uma cultura artificial que pode dar muito dinheiro durante um curto intervalo de tempo a alguns mas que pode acabar com o País», conclui, ao lamentar ainda a inexistência do Programa Nacional de Ordenamento do Território.

domingo, 18 de junho de 2017

A hora é de prosseguir o combate em curso, por Portugal e pelos portugueses

Da desgraça que todos os anos (este ano começou cedo...) se abate sobre as pessoas e as nossas florestas, pouco tenho para acrescentar. 
Direi que a última noite foi terrível.
Senti-me completamente esmagado perante as tremendas imagens e o indizível desespero dos que não morreram, mas perderam em minutos os, tantas vezes, míseros proventos de uma arrastada e penosa vida de trabalho.

Pouco há para acrescentar, repito.
Cuntudo, há que reconhecer que, em dias de tal calor,  é inevitável que aconteçam os incêndios. 
Já sobre a intensidade, extensão e gravidade deste incêndio, começa a ser insuportável ouvir falar da falta de prevenção, cuidados na limpeza das florestas, etc., como todos os anos, invariavelmente, ouvimos falar, sem que entretanto alguma coisa tenha sido feita para minimizar a sempre anunciada tragédia.

A maioria dos incêndios e da destruição  dá-se nas florestas.
Florestas, essas, de proprietários desconhecidos, portanto, tecnicamente, florestas abandonadas, ou em pequenas propriedades de pobres, ou mesmo de remediados que até cuidam dos seus pinhais ou eucaliptais, mas que, dada a vizinhança com as leiras dos pobres, vêem o que é seu ser igualmente destruído. 
Já as florestas dos muito ricos, como as grandes empresas de pasta de papel, só por grande acidente são beliscadas, pois as grandes áreas das explorações permitem investir nos cuidados continuados de limpeza, abertura de caminhos, construção de corta-fogos, vigilância, meios privados de combate a focos de incêndio, etc.

No meio de toda a  tragédia que ainda está a decorrer, uma coisa é indiscutível: a coragem interminável e a entrega admirável dos corpos de bombeiros, que quando não estão a lutar contra os incêndios, estão a lutar contra a falta de meios que lhes são proporcionados pelo Estado para combater esses mesmos incêndios.
Meios, isto é o tal material que está sempre quase a chegar, ou em períodos eleitorais, ou nos flashes de entrevistas a autoridades oficiais, durante os fogos e para as câmaras de televisão.

Entretanto, a catadupa de notícias sobre incêndio  e perdas materiais e humanas entope os telejornais.
Foi o Secretário de Estado a ter de dar cara pelo maior desastre de que tenho memória
Ontem ao chegar a casa, próximo da meia-noite, ao ouvi-lo, comovi-me: fiquei mesmo lavado em lágrimas.
Vi pessoas idosas, que vivem sozinhas a mostrar resistência, até ao último momento, para abandonar as suas casas.

Neste momento, estou a ouvir Rebelo de Sousa em directo na televisão: a hora é de dor, mas também de combate e resistência, de reconstrução.
Passadas horas continuo com um nó na garganta. 
Confesso que ainda estou completamente quebrado, angustiado, revoltado.
Marcelo Rebelo de Sousa considera ser normal que se sinta “injustiça”, já que a tragédia atingiu um “país rural, isolado, com pessoas mais idosas, mais difíceis de contactar de proteger e de salvar”
Esta tragédia atingiu os portugueses de quem menos se fala: os idosos, os esquecidos, os abandonados e isolados.
"A nossa dor não tem medida".

Isto é importante, portanto, não pode ser esquecido: será que na Figueira vão conseguir "meter o Rossio na Betesga"?..

Segundo o que a vereadora executiva Ana Carvalho revelou em reunião da
 Câmara de Figueira da Foz, realizada a 19 de Abril de 2017, a ampliação do Foz
Plaza para o horto municipal pode gerar dois mil  postos de trabalho!..
Se o MarShopping Algarve, em Loulé, segundo o Expresso, o maior projecto de retalho na área dos centros comerciais a concluir-se este ano, está já com 90% da sua área comercializada,  com data de inauguração marcada para 27 de setembro, e o ‘designer outlet Algarve’ com a abertura prevista para o mês seguinte, vai criar 3000 postos de trabalho, estando neste momento os lojistas no processo de recrutamento, como é possível garantir a criação de 2000 postos de trabalho, com a venda do  Horto Municipal?

(*) Nota explicativa do título desta postagem.
Independentemente da origem precisa e correcta, o significado da expressão ainda hoje se pode comprovar in loco.
Querer meter o Rossio, grande praça lisboeta (durante muito tempo a maior da cidade), na rua que hoje liga esta mesma praça à Praça da Figueira, seria algo muito difícil ou, mesmo, impossível.  
Seria o mesmo que conseguir fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha.
Isto, para citar a Bíblia...