Eu nasci em 1954, no tempo das
dificuldades provocadas pela escassez de recursos económicos.
Durante a minha vida, até porque
sempre vivi com parcos recursos, dei sempre valor à boa prestação
de contas.
O meu pai era pescador e morreu muito
cedo, apenas com 47 anos. A minha mãe ficou viúva e sem
recursos.
Foi, assim, à força, que desde novo tomei contacto com
a existência do dinheiro: nunca tive mesada.
Os anos 60 e 70 do
século passado foram a época da minha vida em que aprendi que o
dinheiro era um bem escasso e raro, destinado mais à poupança que
ao consumo.
Aprendi, por necessidade, a não gastar de mais. Desde
cedo, por opção própria, interiorizei que a educação financeira
passava pela poupança natural e pela moderação dos consumos: a
chamada autossustentabilidade.
Depois de Abril de 74 as coisas melhoraram para a maioria dos portugueses.
Mas, as coisas retrocederam muito em
Portugal nos últimos 6 anos. No contexto de mudança em que nos
encontramos actualmente, ainda de contornos mal definidos, mas onde
já é visível, tal como acontecia nos primeiro anos da minha vida,
a fome e a desvalorização do factor trabalho, o que coloca, de novo, a
questão do dinheiro como um bem escasso e raro para a maioria dos
portugueses e a revalorização da poupança associada à necessidade
de olhar cada vez com mais cuidado e atenção a
autossustentabilidade.
E o que vale para os cidadão, devia
valer para a gestão das autarquias locais e do governo
central.
Longe de mim, porém, ter o arrojo de pretender dar conselhos de poupança a alguém - sobretudo, aos políticos.
Todavia, ouso sugerir um investimento
forte, duradouro e estruturado na educação para um consumo
criterioso e moderado, não só por imposição de critérios
políticos de austeridade macro, com profundas implicações micro,
mas, por imperativos de uma filosofia de vida em sociedade orientada
no combate ao desperdício e à plena utilização dos recursos
disponíveis.
Estão a ver porque é que que eu
sempre considerei que a passagem de Santana Lopes pela Figueira não
serviu para nos meter na moda mas na merda?..
Os seus admiradores proclamam que Santana
Lopes, como autarca figueirense, deixou obra feita no concelho. Os
mais entusiastas, consideram-no mesmo o melhor presidente de câmara
que passou pela Figueira.
Claro que seria estultícia negar que,
em 4 anos, nada foi feito!... Principalmente, foi gasto
muito dinheiro!..
Mas, daí a que tenha
desenvolvido a Figueira para lá do inimaginável constitui, a meu
ver, um completo e despropositado exagero, que até deve ser incómodo para o próprio Pedro Santana Lopes…
O problema, ainda dos dias que passam
aqui pela Figueira, é que sobrou a dívida astronómica da
autarquia figueirense, para a qual Santana Lopes contribuiu de
forma bastante significativa, cuja factura terá de continuar a ser paga ao longo
de décadas.
Todos sabemos, porque todos os dias
disso somos lembrados, que o endividamento é um dos principais
problemas do País, em geral. E da Figueira, em particular. E, aqui
pela Figueira, Santana é um dos principais culpados.