Em 2015, 41 anos depois do 25 de Abril
de 1974, somos 10 milhões. Largos milhares de nós sem emprego. Milhões de
nós a viverem abaixo do limiar da pobreza. Centenas de milhares de
jovens a terem de emigrar e os que ficaram estão sem perspectiva de
vida. As ruas estão cheias de sem-abrigo. Os velhos estão a morrer
sem assistência ou a serem mal assistidos na morte.
Creio que nada é mais humilhante para
a “esquerda” (leia-se PS) que esteve largos anos no poder e o “seu”
25 de Abril, do que esta simples constatação.
António Costa disse há tempos que se
se pensasse como este governo, se acabaria a agir como este
governo.
Ontem, na apresentação do relatório
onde se vai basear o programa eleitoral do PS, ao insistir no tema
TSU e numa versão “mais moderada” da austeridade, ficou patente
aquilo que já se sabia: que não consegue pensar fora do centrão ideológico e, pelo que disse o próprio António Costa, este PS acabará
como acabou o PS Sócrates - a agir como este governo.
Do ponto de vista político, este PS já
começou a dar tiros nos pés. Legitimou a pretensa pertinência de
Passos Coelho em ter voltado ao tema TS: ao ter apresentado uma versão
moderada da estratégia do PSD, acabou a caucionar a acção
governativa destes 4 anos.
Tudo como dantes: cá para mim, o
prometido ligeiro alívio da austeridade só existe, por enquanto,
porque o PS ainda está na oposição.
O povo é povo porque não percebe uma data de coisas. E como o povo não percebe uma data de coisas, o
povo vai continuar a ser povo e a ser utilizado.
Francisco Assis disse, em outubro de 2012, que
“qualquer dia querem que o presidente do grupo parlamentar do PS ande de Clio quando se desloca em funções oficiais”.
Ora, era o que mais faltava. Quem manda,
manda. E é muito mais fácil mandar quando se circula num bom carro. Com um bom carro, nota-se logo a
diferença. O político fica cheio de confiança, chega mais rápido e começa a
mandar com muito mais qualidade.
O povo, pode não perceber logo isso, porque o povo demora a perceber uma data de coisas, mas percebe logo que para mandar com mais qualidade é preciso
que o político chegue montado num bom carro.