foto sacada daqui |
quinta-feira, 1 de maio de 2014
quarta-feira, 30 de abril de 2014
A Figueira, de vez em quando, tem necessidade de ouvir homens que não saibam mentir como os outros...
foto Pedro Agostinho Cruz |
Daniel Santos, engenheiro civil, hoje no jornal AS BEIRAS.
A valsinha das medalhas, ou o esplendor da promiscuidade...
Via Delito de Opinião:
"Quando um Presidente da República, tendo feito o discurso que fez no dia 25 de Abril pp., em seis condecorações que resolve atribuir se permite entregar cinco aos correligionários do seu partido político e antigos colaboradores, incluindo ao seu ex-director de campanha, é legítimo que os portugueses possam dele esperar que antes do final do mandato seja suficientemente justo para também condecorar a mulher que o atura, a filha, o genro, o resto da família, e todos os militantes da sua agremiação que tenham as quotas em dia.
Há muito que eu tinha a percepção de que o Infante D. Henrique e mais algumas figuras gradas da nossa História levavam tratos de polé. Nunca pensei que um Presidente da República lhes faltasse ao respeito desta forma tão descarada e ostensiva. E que os humilhasse tanto. E com eles ao resto da nação."
Adeus Abril
25 de Abril, Lisboa 2014. Foto de Alfredo Cunha |
Na
Figueira aconteceu.
Na cidade, porém, a nível de jornais, rádio e televisão, parece-me que ninguém deu por nada.
Na cidade, porém, a nível de jornais, rádio e televisão, parece-me que ninguém deu por nada.
Daqui
a 10 anos, os sobreviventes festejarão de novo a data apesar do reumático.
A pergunta “onde é que você estava no 25 de Abril?” fará cada vez menos sentido e haverá cada vez mais gente a baralhar 1974 com 1794, ano em que Robespierre mandou guilhotinar Danton, para morrer ele próprio de cabeça decepada pouco tempo depois, episódio que ainda hoje contribuirá em muito para fundamentar a ideia de que a natureza humana é mesmo do piorio.
Por cá, tivemos o Salgueiro Maia mas, ainda assim, há quem ache que nunca fiando...
“O caso do Salgueiro Maia é um caso comovente, para nós portugueses e para nós sociedade foi um bem ele ter morrido. É muito cru dizer isto, para a família e para ele é uma infelicidade, mas nós precisávamos de um puro. (...) Se ele continuasse a viver não sei se aguentaria isso. Não é possível tanta aspiração de beleza e de pureza numa figura viva”, resumiu cruamente Lídia Jorge, naquilo que poderá ser interpretado como uma defesa do axioma “um herói bom é um herói morto”.
O tempo, esse grande escultor, aproximará ainda mais o 25 de Abril do 5 de Outubro, mandando para o galheiro da História as declarações pomposas de Luís Montenegro (que, aliás, tinha um ano e usava fraldas no 25 de Abril): “Isto não é o 5 de Outubro na Praça do Município”, justificando assim o inconseguimento de não deixarem falar os militares de Abril na Assembleia da República, e eu se fosse militar também me chateava, pá e mandava o Luís Montenegro mudar de fraldas (citando naturalmente Eça...), já que a ingratidão é uma coisa muito feia e esta coisa do “25 de Abril é de todos”, como disse o ministro da Defesa, pode cair muito bem num salão 40 anos depois, mas o facto é que alguém teve de dar o corpo ao manifesto que não se foi lá por geração espontânea nem por obra e graça de nenhum soft power sagrado.
A pergunta “onde é que você estava no 25 de Abril?” fará cada vez menos sentido e haverá cada vez mais gente a baralhar 1974 com 1794, ano em que Robespierre mandou guilhotinar Danton, para morrer ele próprio de cabeça decepada pouco tempo depois, episódio que ainda hoje contribuirá em muito para fundamentar a ideia de que a natureza humana é mesmo do piorio.
Por cá, tivemos o Salgueiro Maia mas, ainda assim, há quem ache que nunca fiando...
“O caso do Salgueiro Maia é um caso comovente, para nós portugueses e para nós sociedade foi um bem ele ter morrido. É muito cru dizer isto, para a família e para ele é uma infelicidade, mas nós precisávamos de um puro. (...) Se ele continuasse a viver não sei se aguentaria isso. Não é possível tanta aspiração de beleza e de pureza numa figura viva”, resumiu cruamente Lídia Jorge, naquilo que poderá ser interpretado como uma defesa do axioma “um herói bom é um herói morto”.
O tempo, esse grande escultor, aproximará ainda mais o 25 de Abril do 5 de Outubro, mandando para o galheiro da História as declarações pomposas de Luís Montenegro (que, aliás, tinha um ano e usava fraldas no 25 de Abril): “Isto não é o 5 de Outubro na Praça do Município”, justificando assim o inconseguimento de não deixarem falar os militares de Abril na Assembleia da República, e eu se fosse militar também me chateava, pá e mandava o Luís Montenegro mudar de fraldas (citando naturalmente Eça...), já que a ingratidão é uma coisa muito feia e esta coisa do “25 de Abril é de todos”, como disse o ministro da Defesa, pode cair muito bem num salão 40 anos depois, mas o facto é que alguém teve de dar o corpo ao manifesto que não se foi lá por geração espontânea nem por obra e graça de nenhum soft power sagrado.
Mais um que vai comer uma grande posta de pescada que lhe permitirá continuar a dar os consequentes arrotos...
Percurso político e académico compensam falta de experiência empresarial de Frasquilho, conclui CRESAP...
Estupidez é o que continua a haver mais...
Jorge Coelho diz que PS tem de ganhar eleições “custe o que custar”!..
terça-feira, 29 de abril de 2014
“Somos todos macacos”...
E somos todos espontâneos?
Afinal, há uma campanha publicitária por trás do gesto de Dani Alves comer a banana racista que lhe atiraram...
Afinal, há uma campanha publicitária por trás do gesto de Dani Alves comer a banana racista que lhe atiraram...
"partidos"
As transformações sociais nunca foram feitas pelos indivíduos, por
mais brilhantes e cultos que eles sejam.
As
transformações sociais foram sempre feitas pelas massas populares.
Sem a
participação das massas, nunca houve revolução.
É
por isso, que uma das tarefas de quem pretende contribuir para a
transformação da sociedade em que se insere, deveria passar por
tentar contribuir para elevar nível da consciência cultural
dos seus pares.
Se
pretendemos contribuir para transformar a sociedade em que nos
inserimos em algo melhor, temos de tentar compreender as suas
características na actualidade - nomeadamente o seu “carácter
capitalista dependente” - e o papel que desempenhou o neo
liberalismo na actual situação figueirense, e não inscrever-se à
pressa como militante do partido do poder para manter a todo custo o
cargo e as mordomias.
No cansaço que é a vida, desistir é sempre uma opção.
No cansaço que é a vida, desistir é sempre uma opção.
Os
figueirense podem parecer alheios a tudo quanto por cá se tem
passado, mas não estão.
As
almas do poder que não fiquem descansadas: há vida no meio do
povo figueirense.
"Precisamos de denunciar a captura de poderes autárquicos e serviços municipais ou estatais por interesse privados especulativos e opacos..."
A propósito das recentes
notícias de abertura do TITANIC, talvez não
seja desapropriado lembrar o que pensa a arquitecta Helena Roseta acerca do monstro.
“A história do Plano de Pormenor do Vale de Galante reúne tudo o que não deve ser feito no ordenamento do território. A espiral de trapalhadas e multiplicações de valor sucessivas, a partir de um terreno municipal destinado inicialmente a um equipamento desportivo – tanto quanto sei, uma piscina – para acabar, depois de sucessivas decisões precipitadas ou pouco claras, num aparthotel com 16 pisos e 6 torres com mais de 200 fogos, é um escândalo nacional que não pode passar impune.”
Para continuar a ler, clicar aqui.
seja desapropriado lembrar o que pensa a arquitecta Helena Roseta acerca do monstro.
“A história do Plano de Pormenor do Vale de Galante reúne tudo o que não deve ser feito no ordenamento do território. A espiral de trapalhadas e multiplicações de valor sucessivas, a partir de um terreno municipal destinado inicialmente a um equipamento desportivo – tanto quanto sei, uma piscina – para acabar, depois de sucessivas decisões precipitadas ou pouco claras, num aparthotel com 16 pisos e 6 torres com mais de 200 fogos, é um escândalo nacional que não pode passar impune.”
Para continuar a ler, clicar aqui.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
VASCO GRAÇA MOURA 1942-2014
Uma grande figura da cultura portuguesa...
Em devido tempo, foi devidamente apreciada e registada neste blogue a sua coerência na questão do Acordo Ortográfico.
Em devido tempo, foi devidamente apreciada e registada neste blogue a sua coerência na questão do Acordo Ortográfico.
Zé Martins - 14 anos depois continua vivo na minha memória
O MESTRE
Morreu em 28 de Abril de 2000.
Tinha nascido a 17 de Fevereiro de 1941.
Nome completo: José Alberto de Castro Fernandes Martins.
Para os Amigos, simplesmente o ZÉ.
Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias vividas, passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste.
No associativismo passou pelo Ginásio Clube Figueirense e Sociedade Boa União Alhadense.
Lutador contra o regime deposto pelo 25 de Abril de 1974, teve ficha na PIDE.
Foi membro da Comissão Nacional do 3º. Congresso da Oposição Democrática que se realizou em 1969 em Aveiro.
Chegou a ser preso pela polícia política.
Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto.
Não a visível, mas a essencial.
Morreu em 28 de Abril de 2000.
Tinha nascido a 17 de Fevereiro de 1941.
Nome completo: José Alberto de Castro Fernandes Martins.
Para os Amigos, simplesmente o ZÉ.
Purista do verbo e do enredo no dissertar da pena, concebia o jornalismo como uma arte e uma missão nobre.
“Também a lança pode ser uma pena/também a pena pode ser chicote!”
Andarilho e contador de histórias vividas, passou em palavras escritas pelo Notícias da Figueira, Diário de Coimbra, Diário Popular, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, República, Opinião, Vértice, Mar Alto (de que foi co-fundador), Barca Nova (de que foi fundador e Director) e Linha do Oeste.
No associativismo passou pelo Ginásio Clube Figueirense e Sociedade Boa União Alhadense.
Lutador contra o regime deposto pelo 25 de Abril de 1974, teve ficha na PIDE.
Foi membro da Comissão Nacional do 3º. Congresso da Oposição Democrática que se realizou em 1969 em Aveiro.
Chegou a ser preso pela polícia política.
Com a sua morte, a Figueira perdeu uma parte do seu rosto.
Não a visível, mas a essencial.
No cansaço que é a vida, desistir podia ter sido uma opção...
A foto é de 1943 e foi sacada daqui.
Na altura, vivia-se em plena II Grande Guerra.
Aqui, neste cantinho à beira-mar plantado imperava o desemprego, o medo, o racionamento, a miséria e a fome.
Éramos gente cabisbaixa, vencida e resignada, entregue a um destino sem sentido e ferida na sua dignidade.
Valia o altruísmo de alguns a quem doía a visão da fome e da miséria. Estávamos em 1943 em plena Cova num local que alguns, porventura, ainda reconhecerão.
Hoje, que temos de novo "o regresso da sopa dos pobres como modelo social", outros, reconhecerão o mesmo olhar e a mesma resignação em largos milhares de nós.
Hoje, todos sabem que o Programa Alimentar de Emergência cresceu paralelamente à redução das prestações e do âmbito do rendimento social de inserção (RSI), que apoia cada vez menos pessoas apesar do evidente aumento das necessidades.
Todavia, todos os especialistas consideram que um grande alargamento do RSI seria a medida mais justa, mais respeitadora da dignidade das pessoas, mais promotora da sua autonomia e até mais benéfica para a economia nacional.
Porque é que o Governo gosta de distribuir sopa, mas reduz o RSI?
Porque o RSI proporciona uma autonomia que o Governo não quer promover.
O RSI serve para fazer sopa ou para um bilhete de autocarro.
A sopa é só sopa.
Promovendo campanhas de propaganda sem escrúpulos, o Governo e a direita em geral, conseguiram difundir a ideia de que o RSI promovia a preguiça e atrofiava a iniciativa, além de gastar recursos gigantescos. Era e é mentira, mas a campanha ajudou a estabelecer a sopa dos pobres como modelo social alternativo.
Mota Soares prefere dar sopa e anunciar que os pobres podem fazer bicha para a sopa.
É bom para o Governo e lava a alma.
É maravilhoso ter muitos pobres a quem dar sopa, porque quem dá sopa aos pobres pratica a caridade e quem pratica a caridade está na graça de Deus.
É por isso que Mota Soares exulta com a sopa dos pobres.
Por isso, e porque sabe que na bicha da sopa só estarão os filhos dos outros.
Uns anos depois da foto acima, no final dos anos 50 e anos 60, que é onde consigo recuar nas minhas memórias vividas, a Cova e Gala não era pacata, era obediente.
Como são obedientes todos os povos que vivem em ditadura.
E quem não o era – sim, por aqui houve sempre “marginais”... - foi vigiado, perseguido e preso.
Os covagalenses eram trabalhadores. Mas, não só: também foram escravos.
Basta conhecer o que foi a sua vida no mar, como, por exemplo, na "faina maior"...
Os covagalenese, em geral, não conseguiam poupar.
Por uma razão simples.
Vivíamos na miséria. Morríamoos cedo, comíamos mal, não tínhamos direito à saúde nem à educação. Na sua esmagadora maioria éramos analfabetos, doentes e subdesenvolvidos.
Como diziam as senhoritas da elite figueirense da altura - "credo que porcos, feios e maus que eles são"!..
Por isso, quem sabe, porque viveu lá, como era a vida da esmagadora maioria dos covagaleneses, do tempo de Salazar e Caetano, não tem saudades.
Na altura, vivia-se em plena II Grande Guerra.
Aqui, neste cantinho à beira-mar plantado imperava o desemprego, o medo, o racionamento, a miséria e a fome.
Éramos gente cabisbaixa, vencida e resignada, entregue a um destino sem sentido e ferida na sua dignidade.
Valia o altruísmo de alguns a quem doía a visão da fome e da miséria. Estávamos em 1943 em plena Cova num local que alguns, porventura, ainda reconhecerão.
Hoje, que temos de novo "o regresso da sopa dos pobres como modelo social", outros, reconhecerão o mesmo olhar e a mesma resignação em largos milhares de nós.
Hoje, todos sabem que o Programa Alimentar de Emergência cresceu paralelamente à redução das prestações e do âmbito do rendimento social de inserção (RSI), que apoia cada vez menos pessoas apesar do evidente aumento das necessidades.
Todavia, todos os especialistas consideram que um grande alargamento do RSI seria a medida mais justa, mais respeitadora da dignidade das pessoas, mais promotora da sua autonomia e até mais benéfica para a economia nacional.
Porque é que o Governo gosta de distribuir sopa, mas reduz o RSI?
Porque o RSI proporciona uma autonomia que o Governo não quer promover.
O RSI serve para fazer sopa ou para um bilhete de autocarro.
A sopa é só sopa.
Promovendo campanhas de propaganda sem escrúpulos, o Governo e a direita em geral, conseguiram difundir a ideia de que o RSI promovia a preguiça e atrofiava a iniciativa, além de gastar recursos gigantescos. Era e é mentira, mas a campanha ajudou a estabelecer a sopa dos pobres como modelo social alternativo.
Mota Soares prefere dar sopa e anunciar que os pobres podem fazer bicha para a sopa.
É bom para o Governo e lava a alma.
É maravilhoso ter muitos pobres a quem dar sopa, porque quem dá sopa aos pobres pratica a caridade e quem pratica a caridade está na graça de Deus.
É por isso que Mota Soares exulta com a sopa dos pobres.
Por isso, e porque sabe que na bicha da sopa só estarão os filhos dos outros.
Uns anos depois da foto acima, no final dos anos 50 e anos 60, que é onde consigo recuar nas minhas memórias vividas, a Cova e Gala não era pacata, era obediente.
Como são obedientes todos os povos que vivem em ditadura.
E quem não o era – sim, por aqui houve sempre “marginais”... - foi vigiado, perseguido e preso.
Os covagalenses eram trabalhadores. Mas, não só: também foram escravos.
Basta conhecer o que foi a sua vida no mar, como, por exemplo, na "faina maior"...
Os covagalenese, em geral, não conseguiam poupar.
Por uma razão simples.
Vivíamos na miséria. Morríamoos cedo, comíamos mal, não tínhamos direito à saúde nem à educação. Na sua esmagadora maioria éramos analfabetos, doentes e subdesenvolvidos.
Como diziam as senhoritas da elite figueirense da altura - "credo que porcos, feios e maus que eles são"!..
Por isso, quem sabe, porque viveu lá, como era a vida da esmagadora maioria dos covagaleneses, do tempo de Salazar e Caetano, não tem saudades.
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