Se há coisa com que lido mal é com acidentes no mar. Sou filho, neto e bisneto de pescadores, e estas tragédias tocam-me profundamente,
até porque tenho antepassados que tiveram o mar como sepultura eterna.
Daí, apesar de ter tido conhecimento da triste ocorrência, praticamente no momento em que estava a
ocorrer, só agora ter arranjado estofo
para publicar este post.
Entretanto, recuei até ao já longínquo ano de 1996. Manuel
Luís Pata, no extinto Correio da Figueira, a propósito da obra,
entretanto concretizada, do
prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto.
“Prolongar em que
sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer
de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo
estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em
1996...), os barcos para entrarem na barra
vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em
direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um
risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”
Hoje, aconteceu mais um acidente grave na barra da Figueira.
Esta tarde, por volta das 17h30, uma embarcação de pesca da Póvoa de Varzim afundou-se à saída da barra
da Figueira da Foz – molhe sul do Rio Mondego, junto à praia do Cabedelo.
Três pescadores estão ainda desaparecidos e um dos cinco
entretanto resgatados está em estado muito grave no hospital.
“Jesus dos Navegantes” era o nome do barco.
“Iam dois barcos a sair e a vaga bateu num deles e virou-o”,
disse à Lusa Mário Gomes, um pescador no local.
Um surfista também presente no local, contou à Lusa que o barco subiu uma onda de
três metros, rodou e bateu no mar já virado...
Entretanto, a barra do porto da Figueira da Foz está fechada
a toda a navegação, pelo menos até ao início da manhã de sábado, até se aferir
a localização da embarcação naufragada.
E fico por aqui... O momento assim o aconselha.