À falta de Passos, Ventura avança para Belém apesar de “não desejar”.
Na conferência de imprensa que
serviu para anunciar a sua candidatura presidencial, Ventura explicou que tentou
encontrar um candidato capaz de
levar o partido “à segunda volta” e
que “mostrasse que aquilo em que
acreditamos” (o mesmo de sempre - como a luta contra a
imigração e contra a corrupção).
O líder do partido assume ter falhado nessa tarefa, e a alternativa foi avançar ele próprio com
uma candidatura, ainda que não o
desejasse.
A candidatura presidencial pode vir a ser uma decisão que pode sair caro a Ventura e ao Chega, que são praticamente a mesma coisa.
E isso nota-se para os lados do Chega. Há muita perturbação por lá. A provocação gratuita aos imigrantes que se manifestaram em frente da Assembleia da República, com consequências políticas imprevisíveis, é mais um sinal de evidente descontrolo.
Não acreditando em impossíveis, resta continuar a confiar que Portugal vai conseguir sair airosamente desta embrulhada de mau gosto, à qual anda a ser conduzido há muito.
Há muitos culpados no cartório. Em 2017, Ventura foi lançado em Loures por Passos Coelho. Tratou-se de uma experiência de radicalização originada pelo rancor e revanchismo advindos da perda do Governo em 2015. Passos quis testar um discurso de extrema-direita com a chancela do PSD. Se assim o pensaram, assim o fizeram, para espanto do CDS que teve um acto de coragem e decência ao quebrar a aliança autárquica em Loures.
Quem não quebrou foi Passos, que validou e apoiou o discurso xenófobo e racista de Ventura. A partir dessa data, e depois com o Chega como partido autónomo, jamais se desfez a cumplicidade ostensiva entre Passos e Ventura. A que se veio juntar Cavaco, Ferreira Leite, Rui Rio e Montenegro, para só nomear os dirigentes históricos que não só normalizaram um partido com discurso e práticas simbólicas fascistas como o elevaram a parceiro desejado ou consagrado.
A ver vamos, como diz o ceguinho...
Mas, tirando, confesso, as faustosas tiradas dos comentadores políticos na televisão (no meu tempo essas tiradas fantásticas acontecim nas mesas do café...), não estou a ver grandes ideias...

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