segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Preocupante

É para isto que queremos a inteligência artificial?

Sónia Sapage

«Esta semana, soubemos que Portugal é um dos piores casos de desinformação sistemática da Europa e que, em Julho, houve uma vaga de notícias falsas visando, precisamente, a imigração. "Aumentou 5% em comparação com Junho", lia-se no relatório mensal do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais. As falsas narrativas de que os imigrantes têm prioridade nas matrículas escolares em relação aos portugueses foram das mais disseminadas - com a contribuição de um deputado na nação que leu em voz alta, no Parlamento, os nomes de várias crianças filhas de estrangeiros matriculadas numa escola lisboeta. 

Outros temas proficuos em dar origem a desinformação foram: a guerra na Ucrânia, a União Europeia, o conflito entre Israel e Hamas, as questões LGBTQIA+ e de género ea covid-19. Dado curioso, 10% das notícias falsas difundidas em Julho foram geradas por inteligência artificial (IA). 

Como se já não bastasse os problemas criados pela desinformação, há uma questão adicional: é que a IA não está isenta de contribuições negativas para о planeta. Quantos mais data centers há, mais lixo electrónico é produzido. Quanto mais servidores são precisos, mais água se consome para refrigerar os seus componentes. Quantos mais computadores poderosos há, mais energia é consumida, mais gases com efeito de estufa são libertados e mais minerais essenciais e elementos raros são extraídos. As notícias falsas já são, por si só, uma perfeita irresponsabilidade como forma de manipular a opinião pública. Mas quando se gastam recursos planetários para as escrever, inventar e disseminar, torna-se ainda mais grave. É para isto que queremos uma ferramenta tão poderosa como a IA? De certeza que não.»

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