quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Marcelo e os "humildes" ficaram com o problema de gerir esta maioria absoluta de Costa...

A maioria absoluta do PS surpreendeu. Foi mais bem recebida, porém, do que qualquer acordo à direita que envolvesse o Chega, um cenário “tenebroso”, para quase todos, incluindo o presidente Marcelo.

Ao contrário do falecido Jorge Sampaio, em 2004, a dissolução da Assembleia da República em 2022 não foi um acto reactivo nem emocional de Marcelo Rebelo de Sousa.
O que estava em causa em 2004 era, como aconteceu, a remoção do líder do PPD-PSD, Santana Lopes. 

Agora, a onda foi surfada pelo Presidente Marcelo com calculismo e frieza: o objectivo era afastar a esquerda da esquerda da esfera de influência do poder.
Só que não contou com um pormenor inesperado: a maioria absoluta alcançada por António Costa.

Em circunstâncias normais tal não seria possível. O PS não merecia ganhar com maioria absoluta. O papão do Chega foi decisivo.
Dadas as actuais circunstâncias, a exigência é máxima ao futuro governo de maioria absoluta. Esta maioria absoluta obrigou o PS a vir a ter de governar.
As desculpas acabaram. O PS de maioria absoluta não se pode refugiar em subterfúgios disfarçados sob o manto diáfono do diálogo com os pequenos partidos. 

Por falar em pequenos partidos: quer o BE, quer a CDU, quer o CDS, mais este último, tiveram uma surpresa desagradável no passado domingo. À esquerda, o eleitorado amedrontado e condicionado pelas sondagens, borrifou-se para a CDU e para o BE, que se apresentaram como caucionadores da moralidade e bons costumes do partido maior - neste caso o PS.

Esta maioria absoluta vai ser um problema, mal tome posse o novo Governo. Desde logo, para  o Presidente da República. Viu-se livre do problema da governabilidade, mas ficou com um novo: como irá Marcelo Rebelo de Sousa  fiscalizar um governo e um primeiro-ministro com maioria absoluta? 
Ainda por cima num tempo em que vamos ter um Plano de Recuperação e Resiliência com 14 mil milhões de euros para executar e reformas estruturais que o País necessita e tem para fazer.
 
O protesto e agitação nas ruas vai reganhar importância e frequência.
Como é que Marcelo Rebelo de Sousa vai gerir "a sua natureza" e utilizar todas as suas prorrogativas constitucionais e também do seu magistério de influência, que certamente contará com novas e criativas soluções, diatribes e estratagemas, próprias daquela "sua natureza" que o fez falar no Dia de Reflexão?
 
Mário Soares inventou as Presidências Abertas para apoquentar Cavaco Silva.
Qual será a criação que  Marcelo Rebelo de Sousa encontrará para aborrecer a vida ao "absoluto" António Costa?
A vitória de António Costa foi impressionante, mas os efeitos vão ser brutais. 
A não ser que se venha a provar que António Costa pode fazer a diferença. 

Tendo cometido - e permitido - erros no passado, não pode deixar repetir esses erros no futuro. Tem de apresentar um rumo definido. E, sobretudo, deixar claro que  tem autoridade e vontade de a exercer, num partido que fechou o socialismo na gaveta e mandou a chave fora há décadas.
António Costa tem um desafio gigantesco: fazer frente ao nacional-porreirismo, a ideologia oficial do PS. Gostaria de estar optimista, mas não acredito que o pântano seque tão cedo.

O Paço de Maiorca deve ser transformado em unidade hoteleira? (2)

 Via Diário as Beiras

Ainda a reunião camarária realizada ontem...

 Via Diário as Beiras

A gente sabe que "ter dívidas não é crime"...

 Via Correio da Manhã

Para ler melhor clicar na imagem

O domingo foi sangrento

Carmo Afonso

«A maioria absoluta do Partido Socialista foi obtida com a perda de votação do BE e do PCP. (…)

Esses eleitores terão votado no PS. Fizeram-no na sequência de sondagens que anunciaram a grande proximidade entre PS e PSD e eventualmente um empate técnico. Em paralelo Rui Rio, que nunca tinha dito de forma inequívoca que não faria acordos com o Chega, admitiu, na fase final da campanha, a possibilidade de entendimento parlamentar. Estes eleitores – mais à esquerda que o PS e mesmo sabendo da importância, para o BE e para o PCP, destas eleições – não arriscaram.

A maioria absoluta obtida pelo PS não decorre, como tanto se diz, da análise que esses eleitores fizeram acerca das responsabilidades pela crise política criada por falta de consenso entre os partidos de esquerda. Quando a variável era essa, tudo estava incerto para o Partido Socialista. Ela foi possível sim na sequência das previsões apontadas pelas sondagens, uma vitória de Rui Rio era possível, em articulação com a possibilidade de governação de direita em entendimento com o Chega. Estes dois factores foram determinantes na expressiva vitória. (…)

Há entre os eleitores do Chega o ódio mais profundo à governação de António Costa e é anunciado propósito do partido o pôr termo à governação socialista. Muito bem: ajudaram a obter a maioria absoluta do governo que queriam derrubar. E repare-se que, ao mesmo tempo que favoreceram a vitória do PS, conseguiram a sua própria vitória. (…)

Quando os eleitores votam sob pressão, ou para evitar um perigo, podem estar a abdicar da escolha fundamental: a da força política que melhor defenderá aquilo em que acreditam ou os seus direitos. Mais, os eleitores estão a assinar uma dura sentença aos partidos mais à esquerda. As escolhas políticas devem ser feitas em liberdade e essa liberdade não vai existir enquanto o partido Chega estiver entre nós. Está a ser pedido aos eleitores que assumam responsabilidades que não são suas. Está a ser-lhes pedido que comemorem a sua derrota. O “sistema” mantém o partido “anti-sistema” como possibilidade de voto e a vida política agita-se à volta dessa possibilidade. Diziam que não passará. Mas tem vindo a passar e a fazer-se sentir.

O combate às desigualdades é condição do bem-estar colectivo e do próprio desenvolvimento económico. Não existe crescimento económico assente na miséria de tantas pessoas. O que se passou no domingo não são boas notícias para a urgência deste combate.  

A esquerda, à exceção dos que insistem na arqueologia das culpas pela falta de acordo no Orçamento de Estado, desejava e bem a vitória de António Costa. Não acredito que desejasse uma maioria absoluta socialista. Certamente não desejavam que a representação parlamentar do BE e do  PCP fosse praticamente dizimada.  

Vamos então a essa parte dos resultados: será vantajoso para o país que estes partidos tenham uma representação parlamentar tão diminuta? A história recente ensina que não. Estes são os partidos com a vocação de, em qualquer circunstância, defender primeiro os interesses dos trabalhadores. A sua história é a da luta contra as desigualdades sociais. Não faz sentido, num cenário complexo para tantas famílias, que a voz dos mais desfavorecidas tenha sido assim penalizada. A estratégia não pode passar por baixar a guarda nesta frente. A governação do Partido Socialista, sem o diálogo com esta esquerda, perde valor.  

De quem é a responsabilidade? Podemos continuar a insistir nas demissões dos líderes partidários e, à semelhança do que já havia sido feito aquando do desentendimento da esquerda, a atirar  culpas. Fala-se especialmente na demissão de Catarina Martins. Vejo uma mulher consistente, incansável e perseverante na luta que trava. Uma líder firme. Não vejo que moral têm as pessoas, sobretudo as que não fazem parte do partido e que não votam nele, de exigir a sua demissão. Com menos intensidade fala-se da liderança do PCP e adivinham-se novos cenários. Serão todos bons; agora que se conhece melhor o João Oliveira, grande revelação nesta campanha para quem esteve atento. Mas dificilmente encontrarão um homem como Jerónimo de Sousa. Há ali uma verdade e uma dignidade que não são comuns. Comparar o Jerónimo com os restantes homens é como comparar uma biblioteca com uma edificação.  

É uma boa altura para olhar para dentro e ponderarmos a nossa própria avaliação e as nossas próprias falhas, que são imensas. Parar de sindicar demissões. Já bastam bem os que, entre nós, se demitiram no domingo passado. E, claro, é altura de felicitar o novo governo, de desejar e exigir que faça um bom trabalho e que dialogue de facto com estes partidos. A geringonça nasceu da sua vontade, a maioria absoluta do seu sacrifício. O domingo foi sangrento. 

É boa hora para refletir. Refletir sobre domingo; se fomos uma solução ou se fomos um problema. A música costuma ser boa companhia mesmo que seja uma que não se goste muito.»

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Está tomada a decisão de construir um estacionamento subterrâneo, com cerca de 200 lugares, em frente ao mercado municipal, com ligação ao edifício

"Figueira da Foz avança com estacionamento subterrâneo para ligação ao mercado municipal."

“Para já, não vai ser feito aquele [projecto]”, revelou Pedro Santana Lopes aos jornalistas, na final da sessão de Câmara...

Via Diário as Beiras
«O presidente da Câmara da Figueira da Foz disse hoje que o município está a trabalhar na anulação da adjudicação do projeto do complexo Piscina de Mar, que contemplava um hotel de 49 quartos e um novo edifício.
O complexo está concessionado à empresa Prime Hotels.

Na sessão de hoje, a Câmara da Figueira da Foz aprovou a construção de uma residência assistida e hotel de cinco estrelas na Avenida Doutor Joaquim de Carvalho, com o presidente da autarquia a referir que aqueles edifícios “só podem valorizar aquela zona da cidade”.»

Mercadona "à espera"...

 Via Diário as Beiras

Vamos ver como vai ser o Chega sem ser o André...

Ontem, numa entrevista à CNN, André Ventura analisou o resultado do Chega nas eleições legislativas. Explica o que quis dizer "Costa vou atrás de ti", frase que o líder do Chega disse no domingo depois de terem sido conhecidos os resultados eleitorais, revelou o telefonema que fez ao primeiro-ministro reeleito, disse que o PSD foi penalizado por afastar o Chega, felicitou-se pelos resultados que obteve em territórios de esquerda como o Alentejo e o Algarve e, pelos 9m14s, queixa-se que é vítima de quem acha que "há bons e maus no Parlamento".
O Chega chegou ao sistema dizendo-se contra o sistema. Nesta entrevista já apareceu com uma linguagem moderada. 
Vamos ver como vai ser o futuro do Chega sem ser o André... Afinal ele não queria atrás do Costa: "só quer fazer o que Rui Rio não foi capaz de fazer... Chamar o Governo ao Parlamento"!..
No fundo, "quer falar com o Costa e com o Governo".

GIS está a comemorar 102 anos de existência

 Via Diário de Coimbra

O Paço de Maiorca deve ser transformado em unidade hoteleira?

 Via Diário de Coimbra

Maioria absoluta é para aproveitar...

Vídeo sacado daqui

"Geringonça fora, dia santo para os patrões: maioria socialista deve trazer alívios fiscais às empresas, defendem as confederações patronais.
A maioria absoluta do Partido Socialista (PS) de domingo fez com que os líderes das confederações patronais com assento no Conselho Económico e Social manifestassem ao Expresso a sua esperança em que, estando fora da equação os parceiros do PS na chamada ‘geringonça’, se volte a valorizar a concertação social como espaço para a produção de consensos. E, com a pandemia a entrar (espera-se) na reta final, antecipam que possam voltar a ser debatidas propostas antes consideradas impensáveis pelos grupos parlamentares do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP) como eventuais alterações à Taxa Social Única (TSU) ou a redução das taxas de IRC."

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Portugal democrático: o mistério do voto...


A direita burra figueirinhas que anda a pavonear-se pelo facebook com os desaires eleitorais da CDU e do BE...

A maioria absoluta inesperada do PS é fácil de explicar: a direita mudou e Costa venceu a sua esquerda com um "abraço de urso".

O voto útil da esquerda foi a chave para a vitória de António Costa. Depois da vitória inesperada de Carlos Moedas em Lisboa em 26 de setembro passado, “a esquerda mobilizou-se com receio de a direita ganhar”.
A ideia que se foi formando nos últimos dias de campanha de existir uma “corrida taco-a-taco entre o PS e PSD” ajudou ainda mais o eleitorado de esquerda a querer dar a vitória a Costa.
Funcionou o voto útil à esquerda. António Costa “agregou os votos” dos outros partidos, em especial dos antigos aliados de geringonça, Bloco de Esquerda e PCP. "A maioria do PS  resultado do medo da direita pelos eleitores do Bloco e do PCP. 
António Costa viu este acto eleitoral como um referendo ao seu Orçamento e apostou nessa estratégia e no mesmo Orçamento.
Ele não precisou de prometer muita coisa, apenas de falar na continuidade. Os 700 mil funcionários públicos que viram o governo de António Costa dar-lhes o descongelamento das carreiras com aumentos salariais mantiveram o voto que baloiça entre o "bloco central" nas várias eleições.
António Costa disse que caso fosse derrotado se ia embora. Bipolarizou a campanha e as pessoas assumiram que “mais importante do que ganhar era a questão da esquerda e direita”.
Esta questão de esquerda e direita tornou-se visível também em relação ao partido de André Ventura. “A ideia de que, caso o PSD ganhasse, para ter estabilidade precisava do Chega, também contribuiu” para reforçar a ideia de que a esquerda tinha de unir-se à volta de Costa. Foi o que aconteceu.
Tudo se conjugou para ter corrido bem: as sondagens e a bipolarização foram decisivas para o voto útil no PS. Costa conseguiu ganhar votos aos partidos da esquerda.  Rui Rio não o conseguiu à direita. 
A direita está fragmentada. Embora o CDS tenha desaparecido do Parlamento, o Chega tornou-se a terceira força política do país e o IL a quarta. 
O apoio em 2015 ao PS foi bom para o PS, mas nunca seria bom para BE e PCP, que tinham ganho dimensão como oposição e partidos de protesto.
Por isso,  a geringonça acabou por ser um “abraço de urso” – uma expressão usada para referir um afecto que acaba por ser um dano.
Definitivo para o PCP e o BE?
Essa é uma incógnita que só o futuro esclarecerá.

Os problemas dos deficientes na Figueira da Foz

Uma coisa é quando alguém que não é uma pessoa portadora de alguma deficiência e que pretende ou se empenha em defender os direitos das pessoas deficientes. Outra coisa, completamente diferente, é quando uma pessoa deficiente, que experimenta na pele o que é ser excluída, discriminada, violentada, ignorada, não ter liberdade de ir e vir, não ter acessibilidade em locais públicos ou destinados ao grande público, enquanto pessoa humana, assume o protagonismo. No nosso concelho há muitas pessoas deficientes que, vergonhosamente, continuam sendo excluídas por um “estado democrático de direito”, uma República.
Imagem via Diário as Beiras

PS: 1978 e 2022

O PS conseguiu passar a tese que foram os partidos à sua esquerda que obrigaram ao acto eleitoral de domingo passado.
Vitimizou-se. E o povo acreditou. Os resultados eleitorais são explícitos e não necessitam qualquer explicação. 
Quem não acredita que a história se repete, está enganado.
Recuemos a 3 de Fevereiro de 1978, via jornal barca nova. O PS não muda. E nunca vai mudar.

Legislativas 2022: para que serviu o gato "Zé Albino", numa corrida de "cavalos"?

"Uma maioria absoluta não é o poder absoluto"
.  
António Costa Secretário-geral do PS

“É uma pena”, disse o secretário- -geral comunista sobre o resultado da CDU. 
No entanto, Jerónimo de Sousa disse que o partido não se dá por derrotado. “Permitam-me que termine... Não sei, estou inspirado... Quando um homem perde os bens, perde pouco. Quando perde a dignidade, perde muito. Quando perder a coragem, perde tudo”.

"Se se confirmar que o PS tem maioria absoluta, não estou a ver como posso ser útil, mas o partido decidirá..." 
Rui Rio Presidente do PSD

“Nunca foi por resultados eleitorais ou na sequência de resultados eleitorais que o BE decidiu a sua direção; assim continuaremos e, claro, faremos o balanço destas eleições como sempre fizemos e tomaremos todas as decisões que os militantes do BE achem por bem tomar na sua vida normal do partido”, disse Catarina Martins.

Ventura elegeu 11 amigos para ir "atrás de Costa" “A partir de agora, o Parlamento não será mais aquela oposição fofinha ao PS e a António Costa. E não será um deputado!”  “Eu sei que o povo português nunca me iria falhar, porque sofreram tempo de mais. Que sova lhes demos esta noite!”. 

Sem desculpas

"A campanha foi medíocre no conteúdo, mas muito interessante no adjectivo e no processo. As condições de governo estiveram no centro dos debates e dos cálculos, o que diminui a carga ideológica e tantas vezes fanática. Esta campanha, mais do que qualquer outra anteriormente, quase liquidou o papel dos partidos como instituições, dando o primado absoluto aos chefes e à sua organização pessoal. Não é necessariamente um progresso.

A partir de agora e com estes resultados, o PS pode fazer o que quiser. Governar como entender e com quem desejar. Traçar livremente o seu caminho. Elaborar e fazer cumprir o seu programa. Preparar as suas políticas e designar os seus protagonistas. A nada está obrigado, a não ser à lei e à democracia. À justiça e à honestidade. Os socialistas já não têm desculpas."