terça-feira, 27 de setembro de 2016

A actualidade dos meus escritos...

Não tenho muitos, mas tenho amigos.
Conhecidos é que tenho muitos.
Tenho amigos que pensam como eu, porque querem. E tenho amigos que não pensam como eu, porque querem.
Como é normal em democracia, isso é tão natural como ter fome ou sede.
Cada um tem a sua opinião sobre o que se passa à nossa volta.
Ponto final.
Alguns, tal como eu o fiz, disseram e escreveram sobre o anterior executivo camarário o que entenderam e quiseram.
Alguns, tal como eu o faço, dizem e escrevem sobre o actual executivo camarário o que entendem e querem.
Por mim, tudo bem. Quando as pessoas são livres, é assim que acontece.
Essa diversidade de opiniões é a essência da democracia. 
A tolerância, que me orgulho de ter, permite-me encarar a situação sem qualquer melindre, muito menos de ordem pessoal.
Mais: estou permanentemente disponível para falar dessas divergências de opinião com os meus amigos.
Tenham tido eles no passado, ou no presente, opinião próxima da minha, ou opinião antagónica.
Por isso, estou perfeitamente à vontade em continuar em exprimir livremente a minha opinião, sem receio de que essa postura melindre os meus verdadeiros amigos, tivessem eles no passado pensado como eu pensava e, agora, pensem, ou não, como eu penso.
No passado, pensei, disse e escrevi o que entendi sobre o anterior executivo camarário.
No presente e no futuro, penso, digo e escrevo, o que entendo sobre o actual executivo.
Vou continuar igual: a ter a minha opinião e a conviver bem com a opinião dos outros.
AH!.. E quem não conseguir conviver bem com a minha opinião?...
Pois… Paciência…

P.S. - 
Porque é que os amigos haveriam todos de pensar como eu?.., foi publicado a 27 de Setembro de 2011.
Antes que alguém tire conclusões apressadas, fica um esclarecimento que, aliás, foi feito há 5 anos: este texto, nada teve a ver com o António Tavares,  na altura penso que ainda meu amigo.
Como ele sabe, aliás.
Eu sempre percebi os que se passam para o lado do poder. "As promessas  quebram-se porque o prometido era de vidro..."

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A votação decorrerá durante o mês de outubro...

Orçamento Participativo com 13 propostas a votação...

Já o outro (o presidente da CIP), dizia : "as pessoas não precisam de segurança no emprego! As pessoas precisam de emprego"!.. *

“Esta cidade pode considerar-se segura”, afirma hoje ao jornal AS BEIRAS,  comissária Margarida Oliveira,  a primeira mulher a comandar a PSP da Figueira da Foz.

Nota de rodapé.
* Presidente da CIP: “Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”...
Já eu sou mais modesto: já me contentava com ruas de segurança mínima...

Organizem-se, bolas!..

"Aconteceu já em tempo de compensações a surpresa da Taça de Portugal. 
Já todos  se preparavam para o prolongamento quando, como na épica história, os da Figueira da Foz assumiram o papel de David e fizeram tombar o gigante Golias de Fafe. 
A partida não foi um modelo da arte de bem jogar, porém, a emoção foi de sobra já que as sucessivas alterações de marcador foram contribuindo para o acreditar dos navalistas e para valorizar ideias como o de que «esta vitória pode ter contribuído para se ter ganho uma equipa», como referiu o técnico navalista no final."

Via Diário de Coimbra

Nota de rodapé.
Será que a Naval é imortal?..
Se calhar é o que lhe resta... 
Por nem ter onde cair morta!..

O valor do silêncio...

Aprender o valor do silêncio, foi um processo demorado para mim.  
Durante muitos anos era incómodo ter de o aceitar. 
Aliás, não fazia parte da minha essência.
Mas o passar do tempo, muda muita coisa em nós.
O silêncio é, hoje, um dos meus aliados, um dos meus refúgios, uma das minhas mais puras evasões. 
A vida é um equilíbrio entre grandezas inversas.
Contudo, temos de saber viver com o óbvio.
Por isso, sei que jamais conseguirei silenciar ruídos incómodos.
Mais ainda há esperança... 
Casa dos Segredos registou mínimo histórico de audiência.
Será que até os "bordeis" estão em crise?.. 
Ou será que a Teresa Guilherme, que sonhava ser, ainda por muito tempo, a detentora do monopólio do negócio repugnante que lidera há anos, está a sofrer a concorrência feroz de  "bordéis" alternativos?

domingo, 25 de setembro de 2016

Família (não estou a menorizar a família. Estou antes a valorizar sentimentos de solidariedade e de transparência, que nos são diariamente exibidos por eles...)

Também na Figueira, a realidade é aquilo de que nos apercebemos...

Marin Karmitz:

A propósito de um texto de António Durão...

“Depois de ver atentamente as entrevistas dadas pelos representantes de alguns partidos locais tendo como temática as próximas eleições, já tenho algumas certezas, que espero que sejam as mesmas que muitos eleitores como eu:
- Vou votar no projecto que me parecer mais real, pragmático, atingível (sem balelas e "cenas maradas" eleitoralistas), credível e com uma estratégia pura de desenvolvimento do meu concelho;
- Vou votar no projecto que tiver a equipa que eu veja que tem mais competências transversais para levar a estratégia planeada à execução;
- Vou votar no projecto que me der garantias de continuidade técnica onde não mudem cadeiras ao sabor das ideologias.
Como disse Marcelo Rebelo de Sousa precisamos mais de realidades do que ideologias.
Como em tudo, que ganhe o melhor (técnica e competentemente falando). Que ganhe a Figueira. O seu futuro começa a traçar-se já e poucos ainda se aperceberam disso. 1 ano passa num "tirinho"...”

Nota de rodapé.
João Ataíde, presidente de uma cidade que parou no tempo e apresenta o pior e mais descuidado visual de que há memória... Mas, tenhamos confiança na pureza dos ares da Figueira. São esses ares que nos confortam e predispõem  para o que aí vem... Contudo, temos de fazer por isso. Isto, sem esquecer que a força pode temporariamente vencer, mas nada consegue a longo prazo contra a razão. A História apresenta-nos imensos exemplos dessa prevalência. Nem sempre a razão vence no tempo útil da vida de quem a afirma, mas acaba por chegar sempre.

Não fui eu, que de política nada percebo, foi um ponta-de-lança, também no campo da política (onde também tem demonstrado uma invulgar versatilidade: consegue jogar ao ataque, recua à defesa e distribui jogo no meio-campo) do gabarito de António João Paredes, que disse que “ao fim de sete anos, o fato de autarca não assenta muito bem no dr. João Ataíde.”

Este executivo camarário, com a complacência da maioria dos restantes figueirenses, incluindo as oposições na câmara e na assembleia municipal, prossegue o seu caminho e objectivo.
Estou receoso, mas espero, que nos permitam que consigamos ter futuro e sobreviver, acima dos projectos deles para este concelho.
Entretanto, o desmantelamento prossegue. 

Continuamos na mesma... 
Que farei amanhã? Sempre a obsessão do calendário! Sempre a obsessão de projectos! E porque não viver e lutar contra esta fatalidade no dia de hoje?
Esse é que é o futuro. O momento é o futuro, que nos é permitido viver. 

A vida é breve, muito breve mesmo!
Portanto, ontem, hoje e amanhã são dias de viver uma vida.
A nossa meta, o nosso objectivo, não pode ser apenas o amanhã.
Claro que fazer projectos, idealizar situações, sonhar com modificações, é positivo. Mas, é tudo a ser concretizado amanhã!
Não nos podemos esquecer do hoje. É esse o nosso dia a dia...
Não é apenas um ano que passa num "tirinho"... É também a vida, a nossa própria vida...  

Quando na Figueira se podia ir ver os aviões!..

O Campo de Aviação Humberto da Cruz,  foi inaugurado a 18 de setembro de 1932,  num local mesmo em frente, para sul, da actual creche e jardim de infância do Centro Social da Cova e Gala, na ilha da Morraceira, Figueira da Foz. 
Na imagem, sacada daqui, vê-se um avião militar a aterrar no antigo aeródromo Humberto da Cruz.
A foto é de 1935 e foi publicada no jornal "Diário da Praia", suplemento de "O Figueirense", na sua edição n.º 15, de 23 de Agosto daquele ano.
Recordamos, o que escreveram Maurício Pinto e Raimundo Esteves, em 1943.
"Pode visitar-se a Figueira da Foz (…) pelo ar, o Campo de Aviação Humberto da Cruz que, logo que ampliado, constituirá a gare aérea do futuro".
Os grandes figueirenses também se enganam,  como provou o futuro...
O que prova também, na Figueira, que o futuro não existe.
O passado conhecêmo-lo, o presente vivêmo-lo e o futuro costituirá sempre, e ainda mais na Figueira do presente, uma abstracção.

Valha-nos a ironia...

"Aeroporto para a Figueira, já!", é o título de uma crónica de João Vaz, ontem publicada no jornal AS BEIRAS, que pode ser lida clicando aqui.
A crónica, a começar pelo título, está repleta de ironia... 
A ironia atinge apenas a inteligência. 
Inútil, portanto, desperdiçá-la com os que estão longe do seu alcance. 
Contra estes, ainda não se conseguiu inventar nenhuma arma. 
A prova, é que a burrice, na Figueira, tem sido invencível.
"Lembram-se do projecto de aeródromo para a Figueira? Uma ideia cujo «terraplano custou 300 mil euros”», tendo a câmara contratado o batalhão de engenharia de Espinho para o efeito. Anedótico. E hoje há ainda quem pense que o futuro da Figueira passa por aviões..."

Da série actualmente em exibição na Figueira, uma "cunha" para Miguel Almeida (continuação)...

Digno de uma cidade do terceiro mundo... Este cabo eléctrico estava assim há uns 2 anos! 
Depois de termos alertado em 24 do passado mês de Agosto, o cabo foi retirado, mas por pouco tempo. 
Realizadas que foram as habituais cerimónias de homenagem a Manuel Fernandes Thomaz, como a foto acima demonstra, voltámos ao cabo!..

sábado, 24 de setembro de 2016

A inércia política figueirense...


"O que vemos na Figueira da Foz, é que os partidos políticos não estão devidamente representados na condução dos destinos da Figueira da Foz".
Teotónio Cavaco, Deputado Municipal PSD. Vídeo sacado daqui.

Fugiu-lhe a boca para a verdade?...

Durão Barroso: "Não fui para nenhum cartel da droga"?..

Nota de rodapé.

Duas pequenas notas.
1. O ponto de interrogação é da minha autoria e responsabilidade. O que, a meu ver, tornou a frase de Durão Barroso, numa interessante pergunta... 
2O cartel nem sempre compensa... Se a droga fosse coisa boa, o traficante não a vendia: ficava com ela toda para uso próprio...

Não há político menor, em Portugal e na Figueira, que não tenha o seu tabu...

Tirem o cavalinho da chuva: não se pode ter um governo que ouse pensar taxar a riqueza acumulada por alguns, poucos,  graças à  pobreza  a que condenaram outros, a maioria,  durante a crise...
As pessoas, poucas, que acumularam riqueza durante a crise, à custa da exploração de quem trabalha, muitos, não estão vocacionadas para pagar impostos, mas sim para receber medalhas e comendas do poder político.
Não há político menor que não tenha o seu tabu!

Da série os nossos comentadores merecem ser citados

"Não tive oportunidade de comentar um excelente texto, do autor deste espaço, intitulado: A um ano das autárquicas de 2017
O texto é bem estruturado e objectivo. 

Na verdade, o Dr Ataíde não precisa do PS para nada. É o auto proclamado candidato.
O PS estrebucha; faz-se de zangado e amuado, mas tem que engolir o candidato e a sobremesa. Sobremesa? Claro. Ou os srs do PS pensam que vão dar opinião na lista. No mínimo até ao quarto elemento, serão escolhas pessoais e de confiança do Dr Ataíde. 

Há muito em jogo, e perder uma Câmara significa arriscar a liderança da Associação Nacional dos Municípios. E, até parece que não tem nada a ver, mas o PS até pode correr o risco de perder Coimbra… E caso não perca, um dia, um dia, o Dr Ataíde até poderá ser um bom candidato à sucessão de Miguel Machado. Conjunturas? Ideias tolas? Ainda não pago imposto para congeminar… 

Mas volto ao texto e ao elencar das ideias óbvias, como diz o autor. Na verdade, a pergunta objectiva é feita “depois de praticamente 7 anos no poder, continua a não se lhe conhecer uma ideia estruturante sobre e para a Figueira e o concelho”. Apenas e só mais um a quem a Figueira ajudou a promover. 

O PSD, já entendeu, percebeu, compreendeu que vai “marinar”. Miguel Almeida dá de frosques e vai a termas. O candidato de serviço tentará ser o recandidato, passados 4 anos? Não faço ideia e estou-me nas tintas.

O que sei é continuamos todos a ver o poder imobiliário transformar a cidade em “De parque verde a retail park...”."

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Atenção: aki há peões...

É preciso correr riscos para encontrar o caminho aki...
Mas,  vejam se não têm um polícia (de trânsito) por perto...
O bem estar dos cofres camarários não justifica estes atropelos!..
Mais fotos aqui.

De parque verde a retail park...

Na foto da direita, vê-se uma placa que está naquele local há mais de 15 anos
Foi colocada, ainda, quando o presidente da Câmara da Figueira da Foz, era Pedro Miguel de Santana Lopes
O vereador do trânsito, na altura, recorde-se, era o actual vereador da oposição e candidato do Movimento Somos Figueira, Miguel Almeida .
Em 2009,  passou a parque verde "virtual" em 3 D!..
Neste outono do ano da graça de 2016, começa a desenhar-se o futuro retail park figueirense
Aos poucos,  as superfícies comerciais estão a ocupar o espaço.
Sublinhe-se: o último espaço que resta à Figueira para um verdadeiro parque verde.
Já na entrevista dada à Figueira TV, em 30 de junho passado, o Dr Joaquim de Sousa alertava para a valorização dos terrenos da Santa Casa e para o seu fim...
Afinal como é?...
Onde estão as forças vivas da cidade!.. Nomeadamente, os movimentos da defesa do "verde".
Este executivo camarário já só engana quem quer ser enganado: é mais do mesmo - o poder económico e o lobby imobiliário continuam a ser mais importantes do que as legítimas aspirações dos cidadãos.
Para este executivo, o Plano de Urbanização, continua a ser o que sempre foi: uma espécie de banco privativo, ao qual recorre para financiar actividades de gestão corrente,  hipotecando o futuro e a qualidade de vida dos figueirenses.
E onde ficam as pessoas senhor presidente e restantes vereadores do executivo figueirense?..

Desfrutem, enquanto é tempo...

O espaço é largo e profundo... 
Nesta paisagem não há lugar para a tacanhez! 
Dá para encher a vista até onde ela alcança e ficamos com uma sensação imensa de plenitude. 
É um sentimento indescritível. 
Sugiro que venham até cá e desfrutem. 
Com uma vista assim, até o despertar deixa de ser penoso! Só apetece mesmo é espraiar o olhar e gozar o que nos é oferecido pela natureza inspirar este ar, que já está algo fresco e desfrutar, já que é algo que se vai tornando cada vez mais raro, mas ainda, não sabemos por quanto tempo mais, é possível.

Na muche...

Num texto certeiro, como poucos, o líder parlamentar do PCP sugeriu ontem num artigo de opinião do jornal "Avante!" que uns partidos que fazem parte da actual solução governativa andam a "juntar com o bico" e o BE a "espalhar com as patas".

"Para o PCP, é essencial uma política que combata a injustiça fiscal, é necessária a consideração adequada de cada imposto nas suas implicações económicas, de receita e de justiça fiscal, critérios que obviamente devem aplicar-se também aos impostos sobre património de valor muito elevado e a avaliação terá que ser feita globalmente e não imposto a imposto.
Uma ideia que podia vir a ser uma boa proposta fiscal foi imediatamente transformada num alvo de todo o tipo de bombardeamento especulativo, está a ser apresentada como uma ameaça e, pior de tudo, deu a PSD e CDS uma oportunidade de ouro para ocultarem a responsabilidade pelo saque fiscal que impuseram e criarem dificuldades à sua reversão. Ao anunciar a criação de um imposto cujos principais elementos estavam ainda em discussão – incluindo entre o PCP e o Governo –, o BE procurou, uma vez mais, antecipar-se no anúncio de uma medida de forma a chamar a si os créditos pela aprovação daquilo que não depende apenas da sua vontade ou intervenção.
A confirmação pelo PS, ainda que admitindo a indefinição de alguns dos elementos do imposto, contribuiu para o que veio a acontecer ao longo dos últimos dias.
Uma medida que pode contribuir para maior justiça fiscal fazendo cobrar mais impostos a uma minoria de contribuintes que tem património de valor mais elevado foi transformada, com o inestimável contributo do BE, numa ameaça à generalidade dos contribuintes a partir da especulação sobre o número e valor dos imóveis a abranger, do destino que é dado ao imóvel e de outros elementos por definir. O coro de comentadores, em geral comprometidos com a política de saque fiscal do anterior governo PSD/CDS e cumpridores das orientações determinadas pelo grande capital, encontrou neste tema o mote para a especulação e a desinformação, não apenas para criar dificuldades à aprovação de medidas que ponham a pagar mais impostos quem tem mais rendimentos ou património mas também repetindo os argumentos com que têm procurado evitar as medidas de alívio de impostos sobre aqueles que menos têm", defende o deputado comunista e membro da Comissão Política do PCP  João Oliveira.

"É incontornável dar espaço ao automóvel", disse o presidente Ataíde...

Nota de rodapé.
Se uma frase pode, com alguma aproximação, sintetizar o que já se sabia sobre o político que a profere, esta consegue-o de uma forma bem explícita.
Poderão pensar que é redutor, mas sinceramente acho que não. Não podemos saber tudo e se conseguirmos atingir algo, como foi o caso,  já é um passo enorme.
Como contaponto ao pensamento político de João Ataíde, recordo uma entrevista do Engenheiro civil Mário Alves, publicada pelo  jornal Público em 20/06/2010 .
Leiam aquilo que pensa João Ataíde e leiam o que pensa o Engenheiro civil Mário Alves e retirem as vossas conclusões.

Como é que se dificulta a "vida" do transporte individual nas cidades para tornar mais apetecíveis os transportes públicos e os modos suaves de mobilidade?
Existem muitas formas de o fazer. O estacionamento deve ser gerido com rigor e de forma a aceitar que todas as cidades têm limites de capacidade. O espaço público é um bem muito escasso e o automóvel é uma das máquinas mais ineficientes e mortíferas jamais inventadas. Um espaço público confortável, livre de obstáculos, com árvores e bancos para descansarmos e seguro, é condição essencial para que o sistema de mobilidade da cidade funcione com eficácia - os peões são a argamassa de um sistema de transportes públicos eficaz e economicamente saudável. Preparar a cidade para pessoas com mobilidade reduzida faz com que a cidade fique melhor e mais confortável para todos. Infelizmente não se conseguirá equilibrar um sistema com graves problemas agradando a todos.

As cidades portuguesas têm estado desatentas em relação à mobilidade pedonal?
Muitos equipamentos do Estado seguem modelos modernistas: grandes superfícies fora das áreas urbanas - temos campi universitários ou hospitais aos quais é praticamente impossível chegar a pé, e estão sempre rodeados de grandes áreas de estacionamento. Temos também grandes superfícies comerciais com milhares de lugares de estacionamento e rodeados de anéis de auto-estrada e vias rápidas. Para agravar a situação continua a persistir a ideia entre muitos técnicos e políticos que é possível resolver os problemas de congestionamento com mais capacidade da rede viária ou mais estacionamento. Isto são formas de apagar um fogo usando gasolina. Mas começam a existir bons exemplos.

Onde?
Almada, com um plano de mobilidade pioneiro em Portugal, tem agora um centro bem servido por um metro de superfície, com passeios largos e áreas de fruição pedonal. O Porto, com as intervenções no espaço público para a capital europeia da cultura, conseguiu alguns espaços de grande qualidade, assim como foi assimilando que a forma mais eficaz de reconquista do espaço público é a construção do metro à superfície. Portimão também tem tido uma intervenção muito consistente no que diz respeito a medidas de acalmia de tráfego e segurança para os peões.

Não tem sido devidamente acautelado o impacto dessas opções urbanísticas no domínio da mobilidade?
De forma alguma. É uma responsabilidade política que passou a ser considerada uma responsabilidade individual. Quem compra mais metros quadrados sem acesso a transportes públicos considera-se simplesmente que está a exercer a sua liberdade individual de consumidor. Os impactos e consequências deixaram de ser preocupação do Estado a não ser quando as consequências chegam aos anuários estatísticos. Da mesma forma, as autarquias e o Estado negoceiam a localização de grandes superfícies comerciais com milhares de lugares de estacionamento e cujo único acesso realista é o automóvel. Este tipo de opções não só exacerba a dependência das famílias ao consumo do automóvel como esvazia os centros urbanos de actividades económicas e emprego.