segunda-feira, 23 de abril de 2007

X&Q37

PORT WINE



O Douro é um rio de vinho
que tem a foz em Liverpool e em Londres
e em Nova-York e no Rio e em Buenos Aires:
quando chega ao mar vai nos navios,
cria seus lodos em garrafeiras velhas,
desemboca nos clubes e nos bares.

O Douro é um rio de barcos
onde remam os barqueiros suas desgraças,
primeiro se afundam em terra as suas vidas
que no rio se afundam as barcaças.

Nas sobremesas finas, as garrafas
assemelham cristais cheios de rubis,
em Cape-Town, em Sidney, em Paris,
tem um sabor generoso e fino
o sangue que dos cais exportamos em barris.

As margens do Douro são penedos
fecundados de sangue e amarguras
onde cava o meu povo as vinhas
como quem abre as próprias sepulturas:
nos entrepostos dos cais, em armazéns,
comerciantes trocam por esterlinos
o vinho que é o sangue dos seus corpos,
moeda pobre que são os seus destinos.

Em Londres os lords e em Paris os snobs,
no Cabo e no Rio os fazendeiros ricos
acham no Porto um sabor divino,
mas a nós só nos sabe, só nos sabe,
à tristeza infinita de um destino.

O rio Douro é um rio de sangue,
por onde o sangue do meu povo corre.
Meu povo, liberta-te, liberta-te!,
Liberta-te, meu povo! – ou morre.

JOAQUIM NAMORADO

domingo, 22 de abril de 2007

Naturalmente...

Complexo Desportivo do Cabedelo
Arbitro: António Lopes
Assistentes: George Silva e Ricardo Gabriel

Cova-Gala: Bolas, Hugo, Copinho, Rato, Lambreta, Pedro Mota, Tuka ( Ivo aos 80m), Pedro Fernandes ( Alex aos 67m), Mané, Sérgio ( Zé Zé aos 90m) e Ruizito
Suplentes não utilizados: Dias, Rafael, Tó Jó e Luisito
Treinador: Rui Camarão

Pereira: Luis, Carlos, Fábio ( Rui Paralta aos 45m), João, Rui, Filipe, Rui Tó, Joel, Parente, Renato( cap.) eTinoco
Suplentes não utilizados: Nelito e Zé Miguel
Treinador: Zé Torres

Resultado ao intervalo: 1 – 0
Resultado final: 4 – 1
Golos: Sérgio aos 25m, Pedro Fernandes aos 49m, Rui Paralta aos 70m, Ruizito aos 77m e Ivo aos 89m

Disciplina:
Amarelos:
Filipe aos 58m
Vermelhos: Rui por acumulação aos 75m e 82m
Vitória natural e sem margem para dúvidas do Grupo Desportivo Cova-Gala.

JÁ?...

sábado, 21 de abril de 2007

O sonho está mais perto

Complexo Desportivo do Cabedelo
Arbitro: Mário Simões

Cova-Gala: Rui, João Carlos, João Manuel, Pedro (cap.), Paulito, Carlos Daniel, Zé Pedro, Fredy, Carlitos e Pipi
Treinadores: João Camarão e Rui Camarão

Poiares: Miguel, Tiago, Gonçalo, João, Dani, Alex, Diogo (cap.), Renato, Abel, Ricardo, Duda e Juka
Treinador: Carlão

Resultado ao intervalo: 1 – 0
Resultado final: 3 – 1
Golos:
Zé Pedro aos 11m, Carlos Daniel aos 33m e 39m e Dani aos 54m

Disciplina:
Nada a registar

O melhor em campo foi o guarda redes do Poiares.

SALGUEIRO MAIA FOI ...

“Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi “Fiel à palavra dada à ideia tida”
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse”

Sofia de Mello Breyner



“Sou um evadido
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi”

Fernando Pessoa

X&Q36

sexta-feira, 20 de abril de 2007

PORRA, SR. AGOSTINHO!.

Porra senhores...



Se há um debate a fazer, ele seria sobre a natureza das cabalas.
A designação é sofrível e inadequada, mas podemos substituí-la com vantagem pela ideia da conspiração.
Santana Lopes falava dos encontros de árbitros e dirigentes desportivos em Canal Caveira. Nunca esclareceu.
Carlos Tavares publicou um livro em que se queixa de pressões durante o tempo em que foi ministro da economia. De quem? Gostaríamos de saber.
O ex-presidente Soares falou ontem de uma grande conspiração contra José Sócrates. Quem está por detrás da conspiração?
Octávio Machado dizia que «sabem do que eu estou a falar». Nunca chegámos a saber.
Santana Lopes queixava-se de pressões e de influências. Quem?
A Comissão Concelhia da Figueira da Foz do Partido Comunista Português pede o apuramento de responsabilidades na morte de dois pescadores, no passado mês de Março, no Portinho da Gala, freguesia de São Pedro.
Porra senhores: digam nomes, entrem em polémica, ataquem forte e feio, mas falem em português com sujeito, predicado e, muito especialmente, com complemento directo.

Esta situação vai ser resolvida







O Presidente da Junta de São Pedro, em reunião da Assembleia de Freguesia realizada ontem, informou que a reposição das placas na Rua Pastor João Neto vai ser uma realidade dentro de pouco tempo.

Recorde-se, que o OUTRA MARGEM já abordou o assunto em 7 de Setembro e em 1 de Dezembro de 2006.

MÉRITO DO CÃO

A ponte




A noite cai e convida...
A um percurso com vida.

Cruzar a ponte, ou não?
Essa, é a grande questão...

Outro dia está a chegar...
...A voz dele já está a ressoar!..

Vamos percorrer com coragem
Este percurso na outra margem?...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

UM, no meio de tantos...


Este é, apenas, um local INDEPENDENTE, não é uma universidade: serve para colocar alguns princípios, explanar algumas ideias e transmitir alguns simples pensamentos.
Espero conseguir que não seja mais um no meio de muitos, mas UM no meio de tantos...

Dr. Ruy Alves, um lutador



Nasceu em Coimbra e morreu, com 68 anos de idade, em 4 de Fevereiro de 1978, em Lemede.
Desde muito novo o Dr. Ruy Alves esteve ligado ao movimento democrático, lutando por uma sociedade mais justa.
Desde o tempo de estudante que se revelou, em actos concretos, um lutador antifascista. Em 1931, quando da quarta tentativa para derrubar o regime do ditador Salazar, estudante em Coimbra, integrou, empunhando o estandarte da Academia, a grande manifestação de apoio aos revoltosos da Madeira.
Depois da sua formatura em Farmácia exerceu funções em Chaves e em Vila Real de Santo António. Fixou-se na Figueira no final da década de 30 do século passado, tendo-se tornado uma figura conhecida e respeitada. Foi um cidadão interessado nos problemas da cidade e raros foram os acontecimentos registados no decorrer da sua permanência na Figueira de que não se tivesse inteirado, como estudioso atento, dando em jornais e tribunas a que tinha acesso, o seu contributo válido e esclarecido.
No Rotary Clube da Figueira da Foz, fez ouvir com frequência a sua voz em intervenções que revelavam conhecimento dos assuntos, como Homem detentor de uma vasta cultura.
No fascismo, foi vigiado pela polícia política, o que não o impediu de realizar reuniões na Farmácia Central, de que era proprietário. Foi, nessa mesma Farmácia, que teve lugar a reunião donde saiu a primeira Câmara após o 25 de Abril de 1974. Foi, igualmente, em instalações suas, o laboratório do Bairro Novo, em frente ao Café Caravela, que se realizou a primeira reunião do Movimento Democrático Português, na Figueira, a seguir ao 25 de Abril de 74.
No período que se seguiu à Revolução dos Cravos, o Dr. Ruy Alves manteve-se no MDP/CDE, onde foi elemento preponderante na Figueira. Foi aí, a seguir ao 25 de Abril, na militância do MDP, que o escriba se cruzou com a figura franzina, mas enérgica, do Dr.Ruy Alves e de outros figueirenses democratas ilustres, de que guardo gratas recordações, como, por exemplo, essa enorme Senhora que se chamou Alzira Fraga.
O Dr. Ruy foi sempre um Homem esclarecido e estudioso: formou-se em Farmácia e em Físico-Química pela Universidade de Coimbra; anos mais tarde, formou-se em Economia pela Universidade do Porto.
Muito mais haveria a dizer sobre tão importante figura. Todavia, para terminar, lembro que o Dr. Ruy Alves foi um dos fundadores do Barca Nova. A primeira troca de impressões para o aparecimento deste jornal teve lugar no seu apartamento na Avenida do Brasil, tendo por fundo a soberba paisagem do mar da Figueira e a Serra da Boa Viagem, os elementos da natureza que ele tanto amou na cidade onde viveu, trabalhou e lutou cerca de 40 anos.

X&Q35

quarta-feira, 18 de abril de 2007

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE SÃO PEDRO

"Um episódio ... no Dia da Libertação"



Uma crónica de GUIJE BALTAR, publicada no DIA 25 DE ABRIL DE 1980,
no jornal Barca Nova, edição número 116.

“Como recordo o dia 25 de Abril de 1974?
Cerca das 8 horas da manhã, saía de casa com a minha mulher, para a conquista do pão quotidiano, quando nos apareceu, lavada em lágrimas, a Mãe de um Capitão de Abril, colaborador eficientíssimo do MFA, para o eclodir da Revolução gloriosa, que numa voz embargada pela angústia e pelos soluços, quase a desmaiar, grita: “Há revolução em Lisboa e não sei nada do meu filho!”
Revolução?
Voltei para trás e entrei em casa. Liguei o aparelho de rádio. Marchas militares traduziam a existência de qualquer coisa. Procurei postos e mais postos e as irritantes marchas militares envenenavam-me o espírito como a recordar o passado recente da saída das Caldas...
Capto um comunicado em que se apela à calma e serenidade do povo. Na minha precipitação fiquei sem saber se...
Irrompe a GRÂNDOLA VILA MORENA!!!
Num gesto irreprimível, onde ia toda a Fé acumulada durante anos, gritei: SOMOS NÓS!!! A REVOLUÇÃO É NOSSA! A REVOLUÇÃO É NOSSA!!!
... Perdoem! Mas por um momento senti-me também Herói!”



A primeira vez que o aprendiz de repórter viu o velho Guige Baltar, foi na redacção do jornal. Abriu a porta e, depois da apresentação e dos cumprimentos da ordem, ouviu o visitante: “Está aqui mais uma croniqueta, faça-me o favor de pegar aí num saco de pontos e vírgulas e distribuí-los convenientemente, é que com a minha idade...”. Depois de conhecer o Guige, o jovem aprendiz desfez a ideia de falsa modéstia com que rotulou o velho. Um cronista de pura água, eram crónicas pequenas, despretensiosas, mas que tinham o condão de dizer muito, ocupavam o espaço superior direito do jornal, ao lado do cabeçalho, chegaram a ser uma imagem de marca do “Barca Nova”. E bem escritas. Aliás, o Agostinho com a publicação da crónica acima, faz o favor de exemplificar, com uma mesmo a propósito do acontecimento que se festeja este mês. E diga-se, fiquei com um saco de vírgulas e pontos, semanalmente, para as minhas notícias e reportagens, que me terão feito muito jeito, disso não terei muitas dúvidas.
No pouco tempo de convívio com este velho comerciante reformado, que conheceu o regime colonial por dentro, pois viveu em S. Tomé, fica-me a imagem de um homem culto que discutia História, Política ou fosse lá o que fosse, com uma abertura admirável, porque este militante do PCP, Guige Baltar, não fazia concessões à sua consciência. Discutia, é uma maneira de dizer, eu aprendia.
Fica na memória a saudade de um amigo e as lições que dele recebi.
Alexandre Campos

X&Q20