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sexta-feira, 24 de abril de 2015

A erosão a sul pode esperar?.. Depois não digam que foram apanhados de surpresa...

Aquilo que há muito temia está a confirmar-se: a situação, preocupante e perigosa, da orla costeira a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro continua a ser branqueada e mal avaliada pelos órgãos de informação e por quem de direito – poder local e central.  
Hoje, porém, já não se consegue esconder aquilo que está à frente dos olhos de toda a gente.  A  intervenção humana tem vindo a acelerar a erosão costeira da duna, a sul do 5º. Molhe entre o 5º. Molhe e a Costa de Lavos e a duna, naquele local, desapareceu. 
E isso era perfeitamente previsível: o Laboratório de Engenharia Civil previu isso mesmo nos anos 60 do século passado.
Numa sessão pública realizada em março, na Junta de Freguesia de S. Pedro, promovido pelo Bloco de Esquerda, o dr. Filipe Duarte Santos (Grupo de Trabalho da Orla Costeira) considerou que a melhor solução para a defesa da orla costeira é repor a praia. No caso da nossa freguesia passa por “transportar” a areia da praia da Figueira, retida pelo molhe norte – problema que os 400 metros construídos na última intervenção agravaram – para as praias de S. Pedro. 
Hoje, é notícia de primeira página no jornal AS BEIRAS, algo que  vai inviabilizar a defesa e protecção das praias a sul: a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aprovou o projecto de requalificação do areal urbano, apresentado pela Câmara da Figueira da Foz. 
Numa primeira fase, a autarquia vai construir uma pista de atletismo, uma via mista para ciclistas e peões, um novo parque de skate, reformular o sistema de passadiços de madeira e reabilitar os espaços desportivos. As valas de Buarcos e da Ponte do Galante vão ser soterradas. As obras do projecto global de requalificação do extenso areal deverão arrancar até ao final do ano, prevendo-se que fiquem concluídas dentro de 12 meses. Têm um orçamento de dois milhões de euros, que a autarquia vai buscar ao Turismo de Portugal, que acumula verbas das contrapartidas da zona de jogo. A intervenção tem como eixo fundamental a via clicável e pedonal, que vai dividir o areal urbano em duas partes – a antepraia e a zona de banhos. O “Anel das artes”, um anfiteatro redondo, bem como outras propostas recentemente apresentadas pela autarquia, na sequência da reformulação do projecto vencedor do concurso de ideias que lançou no anterior mandato, ficam para uma fase posterior. 
É fácil de deduzir, portanto, que o problema da erosão a sul da barra do Mondego terá de esperar... 
Esperemos é que haja tempo. Depois, não digam que não foram avisados. Aproveito para recordar o que me tem dito ao longo dos anos o velho e experiente Manuel Luís Pata, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da vida com ele tenho tido:  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..”

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Erosão costeira: a situação a sul do quinto molhe está perigosa como nunca esteve...

Vamos ser directos.
O mar, a sul do quinto molhe, está a abrir caminho em direcção à Cova.
Mais palavras para quê? Enquanto não se tomam medidas de fundo, resta ir avivando a memória sobre o tema mais estruturante do concelho da Figueira da Foz, a nível da gestão territorial: a erosão costeira a sul do Mondego.
Como andamos a alertar, desde Dezembro de 2006, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial... 
Infelizmente, também neste caso, foi o que aconteceu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O momento não está para politiquices: a erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...

"Tempestade Doris: estes são os efeitos da tempestade que afectou a costa portuguesa nos últimos dias na Cova-Gala, na parte sul da Freguesia de São Pedro. Os acessos à praia foram em parte destruídos. O mar voltou a romper o cordão dunar e a invadir o pinhal. A situação a Sul da Freguesia de S.Pedro continua bastante preocupante."  
- Via Pedro Agostinho CruzPara ver melhor, clicar na imagem.

A praia da Figueira da Foz, o maior areal urbano do país, está a crescer, em média, 40 metros por ano, devido ao prolongamento do molhe norte do rio Mondego, afirmou um investigador do movimento das areias.
José Nunes André, geógrafo e investigador universitário, tem vindo a monitorizar a acumulação de sedimentos através de três perfis transversais, elaborados numa faixa de dois quilómetros de comprimento no areal entre a Figueira da Foz e Buarcos. "Tem dado uma média de 40 metros ao ano de crescimento da praia. E a sul [dos molhes do porto] temos o reverso da medalha, as praias estão a recuar assustadoramente. As praias da Cova Gala e da Leirosa recuaram 15 metros num ano".
De acordo com o investigador, o ritmo de crescimento do areal da Figueira da Foz é, actualmente, superior ao verificado aquando da construção original do molhe norte, nos anos 60 do século passado. A praia, cresceu cerca de 440 metros até à década de 1980 e, a partir daí, nos últimos 30 anos, a acumulação de sedimentos reduziu de intensidade e praticamente estabilizou. No entanto, com a obra de prolongamento do molhe - concluída no verão de 2010 -, o areal continuou a crescer, segundo as medições feitas por José André. 

Claude Chabrol, disse um dia o seguinte: "a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência, pois a inteligência tem os seus limites... Mas a estupidez não!" 
O meu Amigo Manuel Luís Pata, farta-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 14 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra"
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

E não foi por falta de avisos.
Extracto de uma carta, publicada no dia 26 de Março de 2007, no “Diário de Coimbra”, pág. 8, na secção Fala o Leitor, com o título: “Erosão das Praias”:
"Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!.. Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!...
É urgente contratar técnicos credenciados, de preferência Holandeses, para analisarem o precioso projecto elaborado pelo distinto Engenheiro Baldaque da Silva em 1913, do qual consta um Paredão a partir do cabo Mondego em direcção a Sul, a fim de construir um Porto Oceânico junto ao Cabo Mondego e Buarcos. Este Paredão, sim, será a única obra credível, não já para o tal Porto Oceânico mas sim para evitar que as areias vindas do Norte, se depositem na enseada, que depois a sucessiva ondulação arrasta-as e deposita-as na praia da Figueira, barra e rio."


Hoje, nas páginas do jornal AS BEIRAS, o SOS Cabedelo,  deixa alertas sobre as consequências do prolongamento do molhe norte e convida  os partidos a despertaram para a necessidade de se estudar a solução proposta por este movimento cívico que acredita que passa por uma realidade chamada bypass.
“Aquilo que se recomenda é que se elabore um estudo para se escolher a melhor solução”, sublinha Eurico Gonçalves, para quem “a esperança é a última a morrer”.  
“Se não for agora, será mais tarde, mas parte da areia do areal da Figueira da Foz vai ter de sair dali, porque ela não pertence àquele local”
E se das mais recentes diligências não sair uma solução? 
“Se daqui nada resultar, quem sabe o Presidente da República possa ajudar… Mas acreditamos que deverá ser desta que o problema vai ser encarado de frente”, respondeu Eurico Gonçalves.
Entretanto, o areal urbano não para de crescer. Neste momento, o mar encontra-se a cerca de 850 metros da avenida, tendo aumentado para o dobro desde o prolongamento do molhe norte.

Voltando ao senhor Manuel Luís Pata, também sempre uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte.
Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008,  confessou-me: "ninguém ouve".
Recordo algumas frases de Pinheiro Marques numa entrevista dada à Voz da Figueira em 26 de Novembro de 2008 : “os litorais da Cova-Gala, Costa de Lavos e Leirosa vão sofrer uma erosão costeira muitíssimo maior, com o mar a ameaçar as casas das pessoas e o próprio Hospital Distrital”.
“Devido à orientação obliqua do molhe norte, os barcos pequenos, as embarcações de pesca e ao iates de recreio, vão ter de se expor ao mar de través. Poderá vir a ser uma situação desastrosa para os pescadores e os iatistas e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio”.

Não podemos esquecer  11 de abril de 2008, uma sexta-feira.
O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado nesse dia, um ano depois do lançamento do concurso público que sofreu reclamações dos concorrentes e atrasos na análise das propostas.
A obra, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo e, agora, a realidade, continua a ser considerada fundamental pela tutela e comunidade portuária para a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.
Cerca de 9 anos depois de concluída a obra, a barra, para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. 
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que é alarmante: o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.

sábado, 3 de março de 2018

Erosão costeira a sul da barra da Figueira da Foz: tudo já está dito...

Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.

A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

Como previmos, por isso o escrevemos para alertar quem de direito, já em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe,  era já então uma prioridade
Continua a ser... 
Infelizmente, cada vez mais.
Ficam as fotos desta tarde. O filme pode ser visto clicando aqui.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Erosão costeira a sul do quinto molhe: estamos em Agosto, sempre aquele mês de esperança acrescida...

Desde 11 de Dezembro de 2006, que andamos a alertar para o problema
Escrevemos nessa altura que "a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Foto António Agostinho. Mais fotos aqui.
Ao longo destes longos 10 anos anos, nunca nos cansámos de alertar para aquele que, do nosso ponto de vista, é o maior problema da Cova e Gala: a situação a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro, estava a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito.
A preocupação do autor deste blogue, tinha a ver com o facto deste local, por si só,  passar despercebido aos meios de comunicação local, regional e nacional, dado o facto do avanço das águas do mar não encontrar pela frente aglomerados populacionais, um apoio de praia ou uma barraca de surf... 
Aparentemente, no imediato, não  era uma ameaça à vida das pessoas e à segurança dos seus bens... 
Isso pareceu-me sempre o mais preocupante e perigoso, pois 500 metros, a norte, e 2 ou 3 quilómetros, a sul, lá estão as pessoas e os bens,  à mercê da fúria do mar, por incúria e ganância do homem. 

Agora, segundo o que li ontem no Diário de Coimbra, parece que existe a esperança que o problema vai ser atacado.
Passo a citar:
"A zona do 5º. molhe deverá ser alvo de uma candidatura a apresentar pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
Segundo o presidente da junta de S. Pedro, num ofício, a APA informou-o que, devido à erosão naquela zona, a candidatura vai no sentido de «se colocar geo-cilindros (entre a Praia da Cova e a Costa de Lavos), repor a duna, reflorestar para criar sustentação e colocar paliçadas»."

Eu sei que estamos em Agosto, sempre um mês de esperança acrescida, sempre aquele mês descontraído por natureza, onde o tempo parece ter mais tempo para a esperança! 
Se todos temos que acreditar em algo, acreditemos no que foi ontem publicado no Diário de Coimbra.
Todos concordamos com o presidente da junta: "se o inverno for «rigoroso», a área «vai ser de novo pólo de uma grande preocupação".

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

À atenção dos senhores políticos da nossa praça: a protecção da Orla Costeira a sul do estuário do Mondego é uma necessidade de primeira ordem...

Ontem, na Assembleia Municipal, o sistema mecânico de transposição de areias (bypass) da zona do areal urbano  da Figueira da Foz para as praias do sul do concelho foi debatido por iniciativa do deputado do PSD Manuel Rascão Marques.
Já hoje, aqui e aqui, este blogue, a exemplo do que anda afazer há mais de uma dezena de anos,  apelou "À atenção dos políticos da nossa praça..." 
Todos sabemos que o prolongamento (mais 400 metros) do molhe norte do porto da Figueira da Foz, aliado à dragagem do canal de navegação, agravou os impactes a sul da embocadura do estuário do Mondego.
Esta "obra aberrante", que custou 13,4 milhões de euros, como todos sabiam, conduziu ao crescimento da praia da Figueira da Foz, ao mesmo tempo que  acelerou a erosão a sul.

A barra da Figueira está assim por vontade dos homens.
O assunto, ontem, foi debatido na Assembleia Municipal. Que pena a maioria dos políticos figueirenses mostrarem tanta insensibilidade para um problema crucial do nosso concelho!
Porventura, a culpa não será toda deles.
A nossa relação com o mar vem-nos da infância. Ou aprendemos como ele é importante para nós, ou permaneceremos amputados dessa sensibilidade. 
Fui ensinado a gostar do mar, a brincar com ele, a ver como pode ser um verdadeiro amigo. 
Daí, todo o esforço que ando por aqui a fazer há mais de dez anos.
Senhores políticos da nossa praça: existem prioridades. Ou, antes, deveriam existir!...
A protecção da Orla Costeira a sul do estuário do Mondego é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Fiquem com as repercussões que a abordagem do problema na Assembleia Municipal, tem hoje nos jornais Diário AS Beiras e Diário de Coimbra

Para ver melhor as imagens, clicar em cima

segunda-feira, 1 de maio de 2023

As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa

Hoje, no Jornal Público
Erosão costeira na Figueira da Foz: “O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.

A propósito, recorde-se uma postagem OUTRA MARGEM, de 11 DE ABRIL DE 2008, antes do acrescento dos 400 metros do molhe norte:
Mas, será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE terão na zona costeira na margem a sul do Mondego?

Esta pergunta, colocada antes do início da obra, foi ignorada por quem tinha o poder de decisão. A obra foi, na altura, apoiada pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e pela Junta e Assembleia de Freguesia de S. Pedro. Há 15 anos estava tudo de acordo. 
O Kilas, o mau da fita, era o António Agostinho: foi caluniado, foi perseguido (até porrada lhe prometeram), foi isolado. Valeu-lhe, como ainda hoje, o grande ego e saber que a razão estava do seu lado. Como, infelizmente, se está a comprovar.
Contudo, esteve sempre bem acompanhado. 
O seu Amigo Manuel Luís Pata, fartava-se de lhe dizer: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Passados 15 anos os desperdícios de recursos financeiros, os resultados estão à vista de todos no Quinto Molhe, Costa e Lavos, Leirosa e mais além...
Como afirma Miguel Figueira na edição de hoje do Público, «a última reposição de areias, trazidas do zona do porto, terminou “há um mês” (e aponta para um enorme buraco na zona mais próxima do local onde os banhistas solitários se instalaram). E acrescenta: “Já está a ser completamente comida. Este buraco não existia, já está aberto. A duna está fragilizada e acabamos de gastar aqui um milhão de euros.”»
Como muitos também me recordo que  “quando éramos miúdos, descíamos as dunas a sul do Quinto Molhe com pranchas, pois isto era uma coisa colossal”. Agora, esse monstro de areia é só uma memória. Ali em frente, estão sacos enormes de sedimentos colocados na base do que resta da duna, que a APA instalou no local há alguns anos, na tentativa de reter parte da areia que tem sido reposta, pontualmente, no local. Sobre a duna há um tubo, que serve para transportar areia para ali, alimentando artificialmente a costa.

A APA continua a desvalorizar a avaliação de Miguel Figueira. Primeiro, garante em resposta escrita ao PÚBLICO, «a intervenção naquela zona não está concluída — foram depositados 45 mil metros cúbicos (m3) de areia e faltam ainda outros 55 mil m3, ou seja, só foi concluída 45% da operação prevista e a restante, se a agitação marítima deixar, deverá ser concluída até ao final do mês.
Quanto aos danos visíveis indica: “A APA e o empreiteiro estão a monitorizar a evolução da intervenção, estando a decorrer como esperado. Este tipo de intervenções de alimentação artificial tem normalmente associadas perdas iniciais de curto prazo associadas aos fenómenos de reajuste do perfil (até atingir o perfil de equilíbrio) e compactação da areia após deposição”, além de alguma “dispersão lateral por processos longitudinais para fora da zona de deposição.”
Segundo o Público, a palavra "monitorizar” anda a irritar sobremaneira Miguel Figueira e Eurico Gonçalves, antigo campeão de surf e o outro rosto do SOS Cabedelo. 
O que está mais do que provado, é tal como previmos antes da execução da sua execução, as obras na linha costeira da Figueira da Foz — incluindo a extensão em 400 metros do Molhe Norte do porto marítimo, uma obra iniciada em 2008 — criaram um desequilíbrio brutal na costa. O areal da praia da Claridade, na cidade, a norte do porto e da foz do Mondego, cresceu tanto que fez com que esta se tornasse a maior praia urbana da Europa.
A sul de tudo isto o cenário é o oposto — a falta de sedimentos, impedidos de passar pelo extenso molhe, fez recuar a costa vários metros, fazendo desaparecer praticamente o areal em várias zonas da Cova-Gala e criando uma meia-lua bem pronunciada ainda mais para sul, onde antes não existia, porque a linha da costa estava muito mais à frente. 
Como afirma Migueira: “não há falta de areia. Ela está é mal distribuída”

A norte do porto, o areal não pára de aumentar, mas a sul a linha de costa está cada vez mais recuada, porque os sedimentos não conseguem passar.
Dúvidas há?
Sem esquecer o perigo na barra do porto,  onde já morreram 15 pessoas em acidentes, desde 2009...
«O Estudo de Viabilidade da Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz, encomendado pela APA a um consórcio, que incluía a Universidade de Aveiro (UA), analisou diferentes soluções e concluiu que o bypass era a solução “economicamente mais viável”, para uma zona que, a sul da Cova-Gala, já apresentava taxas de recuo da costa de 3,5 metros ao ano.
Para os responsáveis do movimento cívico, parecia o início do fim de um longo processo, uma percepção reforçada pelo anúncio do então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, de que o bypass era mesmo para ser feito. O país já não queria voltar as costas ao mar — algo que nunca se faz, dizem, e que aprenderam muito cedo com os pescadores —, nem fazer dele o inimigo, mas aprender a adaptar-se às mudanças que ele próprio sofria, fruto, em grande parte, da intervenção humana.
Só que o balde de água fria veio logo a seguir: ao contrário do que o SOS Cabedelo esperava, a APA não tem qualquer intenção de avançar com a obra do bypass num futuro imediato e isso desespera os dois activistas. “Neste momento, a nossa maior preocupação é a urgência em avançar com a obra”, diz Eurico Gonçalves. “Queremos que se despachem”, reforça Miguel Figueira.»

Mais uma vez, as coisas estão a acontecer como o responsável do OUTRA MARGEM temia. Lembram-se das nossas conversas nos últimos dois anos sobre o assunto Miguel Figueira e Eurico Gonçalves? 
Percebem agora as minhas inquietações perante o vosso optimismo? 
Recordo Maio de 2021. De acordo com Carlos Monteiro, na altura presidente da câmara, que citou informação que lhe foi transmitida pela APA, o concurso para elaboração do projecto e estudo de impacte ambiental “ainda está para adjudicação”. Tendo um prazo de 12 meses para ser elaborado, só estará concluído em meados de 2022, a que acrescem os procedimentos de eventual aprovação, lançamento do concurso da obra propriamente dita e adjudicação dos trabalhos, que, se tudo correr bem, só deverão começar em 2023.
«Não será isso que vai acontecer. Em resposta escrita ao PÚBLICO, a APA explica que quando foi conhecido o resultado do estudo que apontou para o bypass como a melhor solução, já estavam em curso os procedimentos burocráticos para a operação de alimentação artificial do troço Cova-Gala/Costa de Lavos, a sul do porto marítimo, com 3,3 milhões de m3 de areia. “Só após a concretização dessa intervenção e a sua monitorização (fundamental para se avaliar a sua evolução, comportamento e eficácia) será possível avançar com a eventual solução de bypass fixo”, refere a APA.
E para que a “eventual” obra do bypass avance, terá ainda de ser precedida do seu próprio processo burocrático, acrescenta. Ou seja, concursos públicos, estudo de impacte ambiental, candidatura a financiamento...

A APA olha para o bypass — uma obra com validade mínima de 30 anos e custos de construção e operação para esse período estimados em 53 milhões de euros — como uma operação de “mitigação da erosão costeira” de “longo prazo”. Até lá, há a colocação de areia como a que está a decorrer a sul de Cova-Gala, com recurso a dragagem das areias do porto (solução de “curto prazo”) e a “alimentação artificial de elevada magnitude”, dos tais 3,3 milhões de m3, com um custo de 25 milhões de euros, e que é olhada como uma intervenção de “médio prazo”.
Miguel Figueira e Eurico Gonçalves não entendem por que não se avança já para o bypass. Nem porque querem monitorizar uma intervenção de colocação de areias que, acreditam, acabará por não ter sucesso, por não ser um processo contínuo. “Uma solução pontual não faz sentido. O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”, diz Miguel Figueira. “Então está tudo a arder e querem monitorizar a desgraça?”, questiona Eurico Gonçalves.»
Contudo, «Carlos Coelho, especialista em erosão costeira e coordenador dos investigadores da UA que participaram no estudo responsável pela identificação do bypass como a solução mais viável para a Figueira da Foz, defende a posição da APA. “Há alguns fenómenos e pressupostos admitidos durante este estudo que é possível que sejam discutíveis. Portanto, se pudermos aumentar o grau de confiança nos resultados, será o ideal”, diz.
E isso, defende, poderá ser conseguido monitorizando a operação que a APA tem prevista de colocação de 3,3 milhões de m3 de areia — um volume “muito mais alargado” do que o que tem sido colocado em operações mais pequenas e que, por isso, acredita, vale a pena acompanhar e avaliar. “Diria que a posição da APA faz sentido, sim. É um investimento muito alargado e tudo o que vier contribuir para aumentar o grau de certeza nos resultados deve ser feito”, defende.
E não se corre o risco de, daqui a alguns anos, quando se avançar de facto para o bypass, o estudo que o escolheu seja considerado desactualizado e se defenda a necessidade de um novo? Ouve-se Carlos Coelho rir ao telefone. “Podemos eventualmente correr o risco de ter de actualizar os resultados do estudo. Mas diria que este estudo do bypass acaba por ser válido num período mais longo”, diz o investigador.

Olhando o mar revolto da Figueira da Foz, de onde saíram há poucas horas, depois de mais uma manhã a surfar as suas ondas, os dois fundadores do SOS Cabedelo não se conformam com estes argumentos. Não se convencem que valha a pena avançar para uma operação intermédia, com um custo do m3 de areia que dizem ser dez vezes superior ao que é previsto para o bypass, e com o ónus ambiental “da queima dos combustíveis fósseis, com as dragagens”.
“Toda a gente já concordou com o bypass. É o que está inscrito na política do Governo, nos estudos da universidade, é o que defende a cidadania. Mas depois dizem-nos que isto é só para daqui a sete anos, para 2030. Isto é absolutamente insensato”, acusa Miguel Figueira.
O PÚBLICO questionou o MAAC, que remeteu quaisquer esclarecimentos para a APA. O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, em resposta escrita, refere: "Nunca foi admitido nem faz sentido dizer que uma acção, importante mas conjuntural, como a da transposição de 3 milhões de metros cúbicos possa pôr em causa a intervenção estrutural do bypass. E os calendários foram estipulados e ditos. A nosso ver, demasiado longos mas, de qualquer modo, assumidos."
O SOS Cabedelo vai continuar a insistir numa mudança de posição de quem decide as intervenções na costa. “A transição que falta fazer é desta atitude da APA, que continua numa lógica reactiva. De cada vez que há um acidente na costa, lá vêm eles gastar mais uns milhões. Têm de inverter esta lógica de “correr atrás do prejuízo”, para passar a correr atrás da solução. Hoje em dia é disso que se trata. Sabendo qual é a solução, têm de se pôr ao caminho”

Nota de rodapé.
Para ver o video com a entrevista de Miguel Figueira, clicar aqui.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Porque o tema é a maior preocupação deste blogue ao longo de mais de 13 anos que leva de existência...

"Figueira da Foz. Erosão costeira, um problema, três dimensões diferentes"


"Desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de protecção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos, a última concluída este verão.

Em junho, o Governo anunciou a transferência, por dragagem, de três milhões de metros cúbicos (m3) de areia, de uma zona no mar a norte do molhe norte do porto da Figueira da Foz para combater a erosão das praias a sul e garantir a navegabilidade na barra do rio. O projecto, orçado em 19 milhões de euros, deverá começar em 2020 e o presidente da Câmara, Carlos Monteiro, aplaude a iniciativa.
“A areia que está a mais no canal, que está a mais na entrada do porto, é colocada para abastecer as praias a sul. Todos ganhamos e resolvemos aqui um problema que foi causado pelo porto, mas que foi causado porque a actividade portuária na nossa cidade também é extremamente importante”, disse à agência Lusa Carlos Monteiro.
O autarca enfatizou que o projecto a iniciar em 2020 “é um trabalho a quatro, cinco anos”, já que três milhões de metros cúbicos de areia representam um valor entre os cinco e os sete milhões de toneladas (a densidade da areia molhada situa-se entre os 1.700 e os 2.300 quilos por m3), o que equivale a uma fila compacta de camiões com cerca de 1.500 quilómetros.
“Mas é um trabalho para a vida, vai ter de ser um trabalho constante”, assinalou Carlos Monteiro, dizendo acreditar que, “no mínimo”, com a decisão governamental e a articulação entre ministérios, autarquia e administração portuária, “foi dado um passo incontornável para resolver um problema que se resolve da maneira mais eficiente”.
“Já ninguém permite que se usem mal os dinheiros públicos. E esta é uma situação em que ele é bem aplicado, é bem gerido”, afirmou.

O movimento SOS Cabedelo leva cerca de uma década de intervenção cívica relacionada com a questão das areias e os seus impactes, quer na erosão a sul do Mondego, quer na acumulação a norte do rio, por acção da «barreira» do molhe norte. A praia da Figueira da Foz é o maior areal urbano da Europa, continua a crescer e a afastar o mar da cidade, está “completamente soterrada” e é um “desastre ecológico” que não se resolve com a medida governamental, argumenta Miguel Figueira.
O SOS Cabedelo defende a instalação de um sistema de transferência mecânica de areias entre as margens do Mondego, conhecido por ‘bypass’, porque, de acordo com Miguel Figueira, esta solução “ataca os três problemas”: a erosão a sul, a acumulação a norte e a navegabilidade na barra do rio, por onde se faz o acesso ao porto comercial e ao porto de pesca.
Desde 2011 que o movimento pugna pela realização de um estudo económico do ‘bypass’ – recomendação ao Governo aprovada no Parlamento em 2017 -, tendo este ano sido lançado um concurso público para uma análise custo/benefício daquele sistema face a outros, como as dragagens, orçado em cerca de 300 mil euros.
Apesar de o concurso estar lançado, Miguel Figueira não deixa de criticar o anúncio do investimento de 19 milhões de euros na transferência de três milhões de metros cúbicos de areia, que, defende, “não garante sustentabilidade absolutamente nenhuma” a longo prazo, clamando que “é duas vezes má despesa”.
“Estamos a pagar uma análise de custo/beneficio depois de fazer o investimento. E depois de fazer o investimento, se calhar já não há dinheiro para por em prática as conclusões do estudo. Mais uma vez, adiámos por um ou dois anos um problema e neste adiamento esgotámos a verba que nos permitiria garantir a sustentabilidade a longo prazo”, argumentou.
O extenso areal urbano localizado entre o molhe norte e a vila piscatória de Buarcos tem 110 hectares (o equivalente a 154 relvados de futebol), o que significa que metade da cidade caberia na praia.
A quantidade de areia ali depositada nunca foi medida – a praia tem vários metros de altura a nascente e a sul, mas essa altura não é uniforme ao longo do areal – sabendo-se, apenas, que a distância da avenida ao mar ultrapassa os 700 metros no seu ponto mais largo e continua a aumentar.
Eurico Gonçalves
O surfista e elemento do SOS Cabedelo, Eurico Gonçalves, olha para o extenso areal e diz acreditar que “o maior tesouro, o tesouro do surf, está soterrado na Figueira da Foz”, escondido pela areia e que é uma “inevitabilidade” que reapareça.
O tesouro, explica o surfista, é a onda que “quebrava” na praia antes da implementação dos molhes portuários, na década de 1960 e que terá sido surfada, vinte anos antes, por um figueirense, Nunes Fernandes, construtor da primeira prancha de surf na Europa, de acordo com os registos existentes.
“Acreditamos mesmo que é uma inevitabilidade retirar toda aquela areia, [da praia], temos de usar aqueles sedimentos na protecção da orla costeira”, defendeu Eurico Gonçalves.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tarde piaram

O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Duarte Silva, em declarações ao JN de 27 de Fevereiro de 2007, que pode conferir clicando aqui, rejeitou a ideia de que o prolongamento do novo molhe do porto comercial local, em 400 metros, poderia aumentar a erosão costeira nas praias a sul da Figueira da Foz.
Recorde-se, que na altura a obra foi censurada pela Assembleia Municipal de Leiria, que aprovou uma moção contra a construção da estrutura.
Palavras de Duarte Silva ao JN, que vale a pena lembrar: "como este molhe tem uma inflexão a sul, dos cerca de 400 mil metros cúbicos de areia que, por ano, aqui se depositam, depois da obra só um quarto desse valor ficará na Figueira. O restante será depositado naturalmente nas praias a sul".

Entretanto, havia quem já se preocupasse com o problema da erosão da orla costeira figueigueirense. Por exemplo, em 11 de Dezembro de 2006, aqui no Outra Margem, talvez por não sermos engenheiros, alertávamos, como podem igualmente conferir: “a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental. Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova. Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...

Agora, que os efeitos da erosão costeira provocada pelo prolongamento do molhe norte já se fazem sentir na onda do Cabedelo, “unidos no protesto contra os efeitos do prolongamento do molhe norte à entrada do Porto Comercial da Figueira da Foz, reuniram-se na praia do Cabedelo algumas centenas de surfistas, jovens, membros de associações nacionais, associações internacionais e cidadãos anónimos. Numa cidade em que o carneirismo e o conformismo são regra este foi um acontecimento raro e excepcional de mobilização cidadã. O ponto alto desta manifestação foi o desenhar no mar do logótipo humano S.O.S. por cerca de 230 pessoas.”
Mas, o curioso, o mais curisos mesmo, como podem ver na foto sacada daqui, é que até “o Engº Duarte Silva, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, também fez questão de marcar presença neste evento, bem como os deputados João Portugal, Miguel Almeida e os candidatos à Câmara Municipal, João Ataíde, Daniel Santos, Rui Silva e Silvana Queiróz. Manifestando todos eles a sua preocupação para com este problema, mostrando-se disponíveis para tratar este assunto com a devida atenção.”
Mas, onde andou toda esta gente que não previu, em devido tempo, o que era facilmente previsível?...
Tarde piaram…

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O tempo que não se tomam medidas de fundo, resta ir avivando a memória sobre o tema mais estrturante do concelho da Figueira da Foz, a nível da gestão territorial: a erosão costeira.

Foto Pedro Agostinho Cruz
"Um dos principais assuntos que deveria afligir os que receberam o mandato popular para cuidar da polis figueirense continua, inexplicável e indefinidamente, adiado, quem sabe à espera de uma catástrofe ou da clemência divina. Falo da erosão costeira, o movimento de avanço do mar sobre terra, o qual se mede em termos de taxa de recuo médio desta ao longo de um período suficientemente longo. Os seus impactes são a perda de terrenos com valor económico, social ou ecológico, a destruição de sistemas de defesa costeira naturais (ex. os sistemas dunares) e as infraescavações das obras de defesa costeira, que potencialmente aumentam o risco associado à erosão e inundação. A erosão costeira sempre existiu, resulta de uma combinação de fatores (naturais e antrópicos), que operam a diferentes escalas, mas, na Figueira, estes últimos, quer os já efetuados - construção e prolongamento de molhes -, quer os que se anunciam – ex. a intervenção na praia do Cabedelo -, têm levado à criação/potenciação de três enormes problemas, com evidentes prejuízos humanos e materiais: excesso de areias a Norte, falta de areias a Sul, forte turbulência à entrada da barra. A intervenção sobre a natureza tem de estar baseada em conhecimento científico e técnico, deve ser feita tendo em conta a sua preservação, embora sem fundamentalismos, e precisa que seja acautelada economicamente, mas a indefinição da decisão política é, neste momento, inexplicável. Voltarei ao tema para a semana."

"By passando… (1)", uma crónica de Teotónio Cavaco, deputado municipal do PSD, hoje publicada no jornal AS BEIRAS.

Nota de rodapé.
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...

(OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006.)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Qual deve ser a principal prioridade do executivo camarário da Câmara Municipal da Figueira da Foz?

O mar, a sul do quinto molhe, está a abrir caminho em direcção à Cova, há vários anos. Enquanto não se tomarem medidas de fundo, resta ir avivando a memória sobre o tema mais estruturante do concelho da Figueira da Foz, a nível da gestão territorial: a erosão costeira a sul do Mondego. Como andamos a alertar, desde Dezembro de 2006, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
Hoje, Rui Curado da Silva publica no Diário as Beiras uma crónica sobre o tema que deveria ser a prioridade do executivo camarário figueirense.
Passo a citar.

"Nos últimos 30 anos o nível médio do mar subiu cerca de 8 cm, o volume de sedimentos debitado pelos rios para as nossas praias tem vindo a diminuir em consequência da construção de novas barragens e o aumento do Molhe Norte teve o efeito de reter as areias trazidas pela corrente marítima norte-sul.

Estes três fatores têm contribuído para o défice de areia e de dunas que servem de proteção natural às povoações da Cova Gala, da Costa de Lavos e da Leirosa, aumentando a erosão costeira.

O omnipresente risco de o mar invadir a terra do sul do concelho deveria merecer atenção prioritária do atual executivo. Considero que é o assunto prioritário porque o que está em causa são pessoas e bens e sobretudo porque não sabemos quando irá ocorrer a próxima intempérie que irá lançar o mar terra adentro.

Não sabemos se ocorrerá dentro de 3 semanas, dentro de 3 meses ou dentro de 3 anos. O que sabemos é que a ciência nos diz que tem vindo a aumentar a probabilidade de ocorrência de fenómenos tempestades extremas, como consequência do aquecimento global com origem na atividade humana.

É urgente implementar as soluções preconizadas pelo Grupo de Trabalho do Litoral, em particular a solução do bypass que permitirá a transposição da areia acumulada no Molhe Norte para as praias do sul do concelho.

Especialmente, depois de o Ministro do Ambiente João Matos Fernandes ter anunciado em agosto deste ano que o bypass é para avançar depois de a Agência Portuguesa do Ambiente ter designado esta solução como a mais indicada para a Figueira.

Cabe agora ao Executivo Camarário usar da sua influência nas instâncias nacionais para fazer pressão para que a obra seja executada com urgência."

terça-feira, 5 de maio de 2015

Finalmente, as dunas a sul do quinto molhe estão a começar a ser refeitas!..

foto António Agostinho
A ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.
Foi o que aconteceu  a sul do porto da Figueira da Foz,  depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros,  onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos a sul do "Quinto Molhe".
Por aqui, nesta outra margem, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem, há muitos e muitos anos.

Neste blogue, já em 2006, andávamos a fazer alertas para o estado em que se encontrava a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Escrevemos, então que, "por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perdia-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Foi o que aconteceu.

Hoje, depois de anos e anos de alertas e preocupações sinto-me mais aliviado: as dunas a sul do quinto molhe, desfeitas pela natureza e pelos erros cometidos pelos homens, estão a ser refeitas, como a foto acima e as que podem ver clicando aqui, atestam.
Só é vencido quem desiste de lutar por aquilo em que acredita. 
Nunca duvidei que o bom senso acabaria por imperar.
Contudo, o "Alerta Costeiro" vai continuar.
A Liberdade é isto - mesmo que a justiça não seja realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e ainda pode contribuir para salvar a Aldeia...

terça-feira, 17 de maio de 2022

O areal da praia da Figueira e solução que tarda em chegar...

Confesso-me muito preocupado com o assunto. Certamente que o actual presidente da câmara também está muito preocupado. Tal como o presidente da Assembleia Municipal. E o anterior presidente da câmara, agora primeira figura da oposição. E o único vereador PSD da oposição. Tal como os presidentes de junta de Buarcos e São Julião, São Pedro, Lavos e Marinha das Ondas. Tal como as populações, sobretudo, as do sul do concelho. 
Todos andamos preocupados há muitos anos. 
Mais tarde ou mais cedo, espero mais cedo que tarde, o problema terá de ser resolvido. 
Por este andar, porém, ainda teremos que pôr o concelho e o país a funcionar como deve ser para ultrapassar esta situação.

Há mais de 40 anos que o areal da praia da Figueira é um problema.
O que fazer a tanta areia e a tanto espaço?
A meu ver, a solução mais sensata e mais adequada, passa por “aproveitar” a areia, colocando-a no sítio onde deveria estar - margem esquerda do estuário do Mondego.
Essas cenas da “requalificação” ou do “ordenamento”, não passam de modernices inconsequentes e ineficazes, como está mais do que provado com a passagem de todos estes anos em que o problema em vez de ser resolvido se agravou.
Via blogue quinto poder, recordemos.
«Em 1981, a equipa do Arqº Alberto Pessoa, com quem a Câmara Municipal mantinha uma permanente e frutuosa avença de assistência, elaborou um primeiro estudo. Mais não era do que um sintético documento orientador geral de futuras acções, apresentado na forma de duas a três plantas cobrindo todo o espaço, então menos extenso do que o actual. Por isso se designava pelo também singelo nome de “Programa-base”. Chegou a merecer apreciação em Assembleia Municipal, mas depois veio a “morrer na praia”.
Oito anos depois, foi a vez da Sociedade Figueira Praia encomendar um plano à equipa dos arquitectos Pereira da Silva e Alberto Pessoa-filho. Ignoro qual foi o destino da encomenda ou do plano que porventura haja sido elaborado.
Decorreram mais três a quatro anos e, por iniciativa da Câmara Municipal de então, surgiu um “plano geral do areal da praia”, desta feita da autoria do GITAP, que penso que seria um gabinete de consultores e especialistas.
Logo nos primeiros meses do seu primeiro mandato, Santana Lopes decidiu-se pela implantação do conhecido Oásis, junto à Ponte do Galante. Na sua versão inicial, o projecto previa árvores, esplanadas, palcos, campos desportivos, um lago de água doce. Incluía também um mirabolante circuito de um pequeno comboio (imagino que sobre carris…) que ia pela parte poente do areal, desde o “parque das gaivotas” até junto ao prédio J. Pimenta, em Buarcos, voltando para sul junto ao paredão da marginal.
Reconheço ter então achado o Oásis uma boa ideia. Todavia, encarei-o sobretudo como uma espécie de protótipo ou de amostra do que deveria e poderia ser feito, gradualmente e em sistemático esforço, em todo o areal. Não seria bem essa a ideia de Santana Lopes, mais interessado em rapidamente exibir obra, ainda que efémera, que tivesse efeitos mais imediatos na sua imagem de autarca, já com vista a outros mais altos voos.
Por isso, as palmeiras com que decorou o Oásis foram para lá transplantadas muito crescidas.
Há 10 anos, em Abril de 2012, a  CMFF lançou  um concurso de ideias, a que chamou “concurso público de concepção”, destinadas a orientar uma solução urbanística para o vastíssimo areal da Figueira, a que chamou “requalificação”. Veio acompanhado por uma vasta lista de requisitos quanto às “tipologias de intervenção”, sob a forma de belos e sugestivos termos do jargão da arte.»

Em janeiro de 2016, o executivo socialista fez o anúncio de uma obra “milagrosa”.
Na Obra de Requalificação do Areal/Valorização de Frente Mar e Praia - Figueira/Buarcos foram gastos 2 milhões de Euros na empreitada, com a obrigação do empreiteiro fazer a manutenção durante 5 anos.
Quem por lá passa hoje vê uma ciclovia a degradar-se de dia para dia, paliçadas caídas, postes delimitadores em madeira tombados, quase vegetação e árvores mortas.
Em 6 de Janeiro de 2020, há mais de 2 anos, o vereador do PSD solicitou um relatório sobre o estado actual em que se encontra a praia e se está de acordo com o projeto elaborado. Alguém sabe se essa iniciativa, na altura muito badalada na comunicação social, teve alguma consequência?
O problema mantem-se: a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. O extenso areal da Praia da Figueira continua a ser um problema, quando poderia contribuir para a solução global das praias e da orla marítima do sul do concelho.

Temos de continuar a ser optimistas. Mas, igualmente, realistas.
Alguém sabe alguma coisa do bypass? 
Mesmo que a construção do bypass estivesse concluída amanhã, só dentro de cinco anos São Pedro de Moel poderia recuperar o seu areal, exemplifica Filipe Duarte Santos, investigador e geofísico, a propósito do sistema fixo de transferência de areias a construir na Figueira da Foz, obra que o ministro do Ambiente disse recentemente que é para fazer avançar.
O anterior ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, em Setembro de 2021, em véspera das eleições autárquicas de Outubro passado, assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) era a mais indicada e que seria concretizada. A decisão aconteceu após a análise do estudo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que apresenta quatro soluções distintas de transposição de areias. Destas, notou o governante, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
Recorde-se que, com o prolongamento do molhe na Figueira da Foz, obra inaugurada em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com a destruição da duna de protecção costeira a fazer sentir-se em vários locais. O problema estendeu-se pelo distrito de Leiria, até à Nazaré. Para Filipe Duarte Santos, a construção do bypass “é uma iniciativa positiva”, que está em linha com o que preconizou o Grupo de Trabalho para o Litoral num relatório de 2014, que o próprio investigador coordenou. 
“Estou satisfeito, é a melhor solução, vai beneficiar todas as praias a sul”.
Vamos a ela?...

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

PRIORIDADES

Não é segredo: na Freguesia de S. Pedro estamos a gastar em vão fundos nacionais e da União Europeia. Sim: estou a falar do Cabedelo.

"Que conceito de REABILITAÇÃO URBANA é este que afasta a comunidade que ao longo das últimas décadas tem construído aquele lugar?"

O Cabedelo até pode ficar um brinquinho (o que eu duvido...), mas existem prioridades na governação de um autarquia...

Os chouriços estão nus. Foto de António Agostinho, desta manhã

«São conhecidas as tradicionais faltas de verbas do INAG (Instituto da Água).
Pelo menos, para algumas coisas...
Mas existem prioridades. Ou, antes, deveriam existir!...
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Pode haver falta de verba, mas existem prioridades...»
(OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006)

Não quero ser, muito menos parecer, pretensioso e cair na tentação fácil de me sentir diferente dos demais. Contudo, o modo como a maioria dos políticos organiza e define as nossas vidas, com uma inversão total de prioridades, leva-me a esboçar um leve sorriso!
Não gostaria, porém, de continuar a sorrir por este motivo.
O momento não está para politiquices: a erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sér
io...

O que tem feito a Câmara Municipal pelas populações sofridas e desesperadas do sul do concelho, vítimas deste flagelo que é a erosão costeira?

Para o quinto molhe não há areia. Idem para a Costa e para a Leirosa!.. Contudo, para uma obra desnecessária, inútil e nem sequer, prioritária no momento de emergência social que estamos a viver, estão a ser desbaratados milhões de metros cúbicos da forma que o vídeo mostra.

Alguém consegue perceber as prioridades dos políticos?..

E não foi por falta de avisos...