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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A barra da Figueira...

Por vontade e decisão dos homens, a barra da Figueira tornou-se "na mais perigosa do País".
Diário as Beiras
, edição de hoje: «o grupo empresarial do armador António Lé foi recentemente distinguido com dois prémios nacionais, atribuídos pela Docapesca - Portos e Lotas, referentes à actividade piscatória realizada em 2023. Este ano, conquistou o prémio para o maior volume de vendas por embarcação de pesca do cerco e de maior volume de vendas globalEm declarações ao mesmo jornal, «o armador figueirense frisou que a conquista dos prémios traduz-se num “sentimento de felicidade, que é grande, por ser um prémio da Figueira da Foz, para os pescadores da Figueira da Foz, para o município figueirense e paras as freguesias da Figueira da Foz que compõem a equipa”
O empresário figueirense é um dos maiores armadores do país da pesca de cerco. Em março de 2023, como forma de reconhecimento do papel de relevância que atingiu na economia local, o município figueirense distinguiu-o com a Medalha de Mérito Comercial em Prata DouradContinuando a citar o Diário as Beiras. «A actividade piscatória na Figueira da Foz é amiúde afetada pelo assoreamento da barra. De resto, é uma das barras do país que mais dias está fechada ou condicionada, afetando sobretudo as embarcações de pesca. A administração portuária já lançou o concurso público para aumentar o calado na zona de acesso ao porto e no seu interior, com vista a melhor as condições de navegabilidade. “Acho que temos muito para fazer”, defendeu António Lé. E acrescentou: “O presidente da Câmara da Figueira da Foz [Santana Lopes] tem ajudado bastante, no sentido de identificar os problemas e mitigar as consequências. Esperamos que, a curto prazo, as coisas melhorem a todos os níveis”

segunda-feira, 20 de março de 2023

Questão estruturante para o desenvolviemnto planificado do concelho: se a Marina pode crescer para sul, porque é que o Porto Comercial não pode?

Segundo o Diário as Beiras de hoje, "a administração portuária está a refletir sobre a expansão da marina para o Cabedelo, na margem Sul. Este é um assunto que o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, tem vindo a defender, argumentando que, numa extensa faixa costeira atlântica ibérica, incluindo as regiões Norte e Centro portuguesas, não existe uma infraestrutura com dimensões semelhantes àquelas que se encontram no Sul de Portugal e na vizinha Espanha. Estão previstos investimentos na melhoria das condições de navegabilidade e aumento do calado do Porto Comercial da Figueira da Foz (aprofundamento do canal de navegação, da barra e da bacia de manobras) de cerca de 23 milhões de euros. Os utilizadores privados deverão contribuir com 4,5 milhões de euros. O lançamento da empreitada, que foi adiada pelo Governo no início da pandemia, aguarda pela Declaração de Impacte Ambiental."
Sendo este um assunto importante, não é, contudo, na opinião deste modesto escriba, estruturante para o desenvolvimento planificado do concelho.
Estruturante para o desenvolvimento planificado do concelho, na opinião do mentor deste OUTRA MARGEM, é a questão do Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
 
Em 18 de Junho de 2001, publiquei no jornal Linha do Oeste, uma crónica que continua actual. 
O assoreamento do Rio Mondego é um problema antigo e complicado. Mas, para a Figueira, nem tudo sempre foram desvantagens.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-O-Velho eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perda da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido (e continuar a haver) o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:

1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, contudo, está feito, mas não pode ser escamoteado. Até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente ...
Também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.
É uma questão pertinente, apesar do optimismo que aí vai com a notícia da implantação de uma fábrica que, segundo a responsável pela gestão do Parque Industrial, “é o maior projecto”, desde que a câmara tomou posse dos terrenos da zona industrial.
Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Historicamente é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do Reino de Portugal, “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo, de um factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “ foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudo e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos. Também por isso, porque é que não o implantaram na margem sul?

sábado, 16 de janeiro de 2016

Mortes no porto da Figueira preocupam a Ministra do Mar, que "admitiu que das conclusões do grupo de trabalho poderão levar a uma intervenção de fundo na barra"

para ver melhor, clicar na imagem
Segundo o jornal AS BEIRAS a ministra do Mar, "Ana Paula Vitorino, anunciou ontem que vai criar um grupo de trabalho para avaliar as condições de segurança da barra do porto da Figueira da Foz, onde em outubro morreram cinco pescadores. Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita a uma empresa conserveira no porto de pesca local, Ana Paula Vitorino disse que o grupo de trabalho vai envolver os serviços do Ministério que tutela e a autarquia da Figueira da Foz, “precisamente para identificar todas as questões que têm de ser acauteladas, principalmente na área da segurança”. No naufrágio do arrastão “Olívia Ribau”, a 6 de outubro, morreram cinco pescadores e dois foram salvos por uma moto de água da Polícia Marítima, mas a resposta das autoridades foi alvo de diversas críticas. “Esse tipo de casos não pode acontecer sem ter resposta. Acidentes e fatalidades acontecem sempre, e ninguém consegue controlar isso, agora o Estado português tem de ter os meios de resposta adequados para responder a essas situações e é isso que trataremos de ter muito rapidamente”, frisou a ministra. Ana Paula Vitorino admitiu que das conclusões do grupo de trabalho poderão levar a uma intervenção de fundo na barra.

Recorde-se Alfredo Pinheiro Marques: "a obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz (e com a alteração da sua orientação, de oés-sudoeste [WSW, c.247º] para sudoeste [SW, c.225º]), criou um novo e muito diferente enfiamento da linha de entrada e saída das embarcações, que deixou de ser de oeste [W, 270º], ou oés-sudoeste [WSW, c.247º], e passou a ser de su-sudoeste [SSW, c.202º], e muito mais longa do que era antes… Assim obrigando, portanto, a que as embarcações pequenas fiquem expostas, lateralmente, às vagas da ondulação marítima dominante (que, aqui, na enseada de Buarcos, é de noroeste [NW, c. 315º]… Expostas, de través, numa extensão longuíssima… a sul de uma costa arenosa (areia acumulada…) e com fundos baixos… Expostas, obliquamente, enquanto demandam a barra, não aprofundável, que se situa em cima das lajes de pedra em cujo extremo norte está o Forte de Santa Catarina, na Foz do Mondego.
Uma situação impossível para os barcos pequenos, os de pesca e recreio.
Essa obra foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona.
Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar." 

A impressionante lista dos acidentes e dos mortos pode ser de novo conferida clicando aqui.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

"AREIA A MAIS, AREIA A MENOS…"

A FIGUEIRA DA FOZ VAI ATÉ À PRAIA DA VIEIRA DE LEIRIA...
Sexta-feira passada, dia 8 do corrente, na Vieira de Leiria (Marinha Grande), no auditório da Biblioteca local, teve lugar uma sessão pública, organizada pela associação cívica local Marinha Grande em Movimento, com intervenções de Alfredo Pinheiro Marques (director do CEMAR), Eurico Gonçalves e Miguel Figueira (coordenadores do movimento cívico SOS Cabedelo, e membros do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR), e José Nunes André (geólogo e consultor de Ambiente local).
Tratou-se do Ordenamento (e desordenamento…) Costeiro: da erosão e do assoreamento do litoral português, no âmbito da situação catastrófica que está em curso desde há décadas na Beira Litoral (sobretudo desde Aveiro até Mira e desde a Figueira da Foz até à Nazaré) devido aos efeitos do "erro histórico" da construção dos molhes, monstruosos e desmesurados, que foram construídos na segunda metade do século XX na barra do porto lagunar de Aveiro e na barra do porto fluvial da Figueira da Foz.
O que ali foi agora discutido na Vieira foram sobretudo os molhes que mais afectam essa região: os que levaram à destruição das praias e do Turismo da Figueira da Foz e levaram à erosão feroz que desde então se tem avolumado em todos os litorais a sul da Foz do Mondego: Cova-Gala, Lavos, Leirosa, Pedrógão, Praia da Vieira…

O director do Centro de Estudos do Mar (CEMAR) participa também em iniciativas deste tipo porque, embora esta associação científica tenha como fim estatuário e como actividade principal a defesa do Património Cultural e Histórico Marítimo (a herança histórica e patrimonial local, e a etnografia, tecnologia e cultura popular marítima dos pescadores e marítimos locais), não quis deixar nunca de, também, ao mesmo tempo, desde o princípio (1995), tomar também posição e fazer ouvir a sua voz sobre a paralela e indissociável questão cívica e científica da defesa do Património Natural e Ambiental Marítimo. Sobretudo, sobre esta catástrofe ambiental indesmentível (cujos resultados estão à vista de toda a gente), que sepultou aquela que outrora havia sido considerada em Portugal a "Rainha das Praias Portuguesas" ("Figueira, das finas areias, berço das sereias…") sob um areal monstruoso que afastou a cidade do mar ("o maior aterro urbano da Europa") a norte da foz do Mondego, ao mesmo tempo que a sul se criavam problemas de erosão gravíssimos, que ameaçam as populações (e o próprio Hospital Distrital), e estão a afectar todas as praias e populações da costa portuguesa, até Pedrógão, Vieira, etc..
A erosão e assoreamento que transformaram aquela que outrora havia sido chamada "a Praia da Claridade" em algo que, pelo homem do mar, e autor autodidacta da História Marítima local figueirense, Manuel Luís Pata (Associado Honorário do CEMAR, e Medalha de Mérito da Cidade da Figueira), veio a ser chamado "a Praia da Calamidade"…

Portugal, na sua realidade geográfica e humana concreta, e no seu significado simbólico e identitário, tem como uma das suas características mais notáveis as suas célebres praias de areia branca: como se diz, popularmente (na célebre "Nau Catrineta"), "Terras de Espanha, Areias de Portugal"... Mas, aqui, na Beira Litoral, toda esta realidade está em risco.
E é em Portugal que existem -- e, sobretudo, aqui, na Zona Centro do país (e, também, nesta Praia da Vieira de Leiria, ao sul da Figueira da Foz) -- as comunidades dos pescadores da "Arte", a pesca de cerco e alar para terra a partir de praias arenosas (actualmente designada oficialmente como "Arte-Xávega"), únicas em termos mundiais, que pescam sem portos (!), com os seus extraordinários "Barcos-da-Arte" em forma de meia-lua, sem quilha nem leme (!), enfrentando e varando a rebentação a partir das próprias praias ("tecnicamente, surfistas"…), em pleno litoral oceânico do Atlântico Norte…! ("os mais pobres dos pobres, com o mais belo barco do mundo"… "sozinhos com Deus e Mar"… no silêncio rumoroso dos seus antigos litorais arenosos desertos).
Todo esse mundo (o mundo a que Paulo Rocha, outrora, no Furadouro [Ovar], chamou "um mundo maior do que o das cidades"…), está hoje em dia em perigo (em agonia acelerada, "como neve diante do sol"...), ao mesmo tempo que estão em perigo as próprias praias de areia fina em que, ao longo dos últimos séculos, tal mundo existiu.
Assim nos sendo dada, uma vez mais, a lição que já tínhamos obrigação de saber (e nunca nos deveremos cansar de repetir): são absolutamente paralelas, e indissociáveis, a defesa do Património Cultural e Histórico e a defesa do Património Natural e Ambiental.

O Centro de Estudos do Mar (CEMAR), centrado na Figueira da Foz do Mondego e na Praia de Mira, lutou ao longo de mais de vinte anos pela sobrevivência deste mundo cultural e pela salvaguarda, e "renaturalização" (verdadeira) do seu ecosistema. E tentou motivar para esse combate também todas as demais instituições e entidades da "sociedade civil" e da "comunidade científica e universitária" (e já em 06.09.1996 o jornal "Público" o noticiava).
Lutou, e vai continuar a lutar… E congratula-se por, finalmente, na Figueira da Foz, desde 2009, ter surgido (mas, significativamente, vindo de fora da "comunidade científica e universitária"…!) o movimento cívico SOS Cabedelo, que foi quem foi capaz de desatar o "nó-cego" de tantas décadas de imobilismo, de desleixo e de fatalismo... e foi capaz de ir procurar, encontrar, e propor, uma verdadeira nova solução -- através de um "by-pass", de transposição mecânica das areias… -- para o catastrófico "exemplo" de Hidráulica Marítima da Figueira da Foz…  O catastrófico "exemplo" do "erro histórico" cujos resultados foram calamitosos.

O Centro de Estudos do Mar, na Figueira da Foz, vai continuar a lutar e a apoiar o movimento cívico SOS Cabedelo no combate pela reposição da dinâmica sedimentar e da alimentação das praias com a areia que nelas é natural, desde a Figueira da Foz até à Praia da Vieira e mais a sul.
E os contributos pessoais de Alfredo Pinheiro Marques, director do CEMAR, ao longo destes anos, vão ser antologiados, no fim, no seu livro "O Mar Mais Alto Do Que a Terra", em edição do CEMAR.

"Areia a Mais, Areia a Menos…" : a Figueira da Foz vai -- ou não vai…? (ou devia ir…) -- até à Praia da Vieira…
Na passada sexta-feira, dia do corrente, foi.

Via INTERMAR

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

O assoreamento do rio Mondego é um problema antigo e complicado.
Mas, para a Figueira, esse assoreamento nem sempre foi desvantajoso.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho, eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perca da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto na margem norte é um condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira.
Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, está feito, mas não pode ser escamoteado, até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente...
Contudo, também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.Historicamente, é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do reino de Portugal “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da Europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo de factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira da Foz, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudos e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, o chamado Trapiche, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos.
Também por isso, não teria ficado melhor na margem sul o cais comercial?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Da série, o areal urbano está assim por erros e falta de visão do homem...

Areal

«A praia da Figueira é única na Europa. Não se conhece um exemplo de crescimento do areal como aqui. O molhe susteve as areias, o seu prolongamento há cerca de 10 anos engordou ainda mais a praia. Nos últimos anos cresce mais em altura do que em largura. Já quase não se vê o mar nalgumas zonas do calçadão e da avenida marginal.
Retirar a areia para o outro lado é uma ideia racional, com pernas para andar, defendida pelo SOS Cabedelo e por vá-rias pessoas ligadas ao mar. Falta vontade política, técnicos qualificados e parte do dinheiro disponível (fundos comunitários) tem sido esbanjado em futilidades. Esmiuçando a questão, notamos que um assunto deste calibre deveria ter uma comissão permanente de acompanhamento, envolvendo a ciência, o laboratório MARE, o porto, os cidadãos ligados ao mar e à cidade. Mas a questão está remetida a esforços ocasionais, sem que o município apresente uma visão estratégia clara. Mesmo retirando a areia para o outro lado do rio (margem sul), haverá areia durante largos anos, logo devemos pensar como melhorar este espaço, atendendo à mitigação das alterações climáticas que trazem ondulação mais forte e o nível médio do mar a subir.
No primeiro mandato de João Ataíde (PS), 2009 - 2013, o Concurso de Ideias para a Requalificação e Renovação da Praia e Orla de Figueira da Foz e Buarcos permitiu que surgissem ideias arrojadas para o areal. Compartilho algumas delas, merecedoras de investimento público, por me identificar com os seus princípios. Arborizar vários espaços, suster a flora autóctone da praia e ao mesmo tempo criar uma forte vertente lúdica, protegida do vento! Há uma tese de mestrado do arquiteto João Negrão (Universidade de Coimbra, 2016) que reflete sobre a “Frente de mar da Figueira da Foz” e que nos dá que pensar: “Dicotomia irónica, entre a cidade de Las Vegas que cresceu em torno de uma estrada de deserto e o “deserto” que cresceu em frente à “estrada” marginal da Figueira da Foz”.»

CRÓNICA VIA Diário as Beiras.  

Nota via OUTRA MARGEMO aumento da praia da Figueira
Já em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC antevia o que posteriormente se veio a comprovar: o enorme aumento da praia da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este fenómeno de assoreamento do estuário é facilmente compreendido através da análise da passagem de areias que ocorre da praia a norte para a praia a sul do rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto).

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

"Quantos mais terão de morrer?"

É a interrogação que a Comissão Concelhia do PCP Figueira da Foz coloca, via página CDU no facebok:

"Desde a sua construção que os quatrocentos metros de prolongamento do molho norte têm vindo a ser objecto de repúdio por parte da CDU e do PCP. Ontem, sábado, 13 de Novembro mais quatro vidas se perderam por via da perigosidade que a barra da Figueira da Foz “oferece” desde então. Para além do assoreamento a que urge dar resposta, adiando-se sempre a resolução eficaz do problema para as calendas, a entrada e a saída da barra são sempre um jogo de roleta russa. Mais uma vez, infelizmente, aconteceu um desastre fatal depois de uma lancha de sete metros ter saído a barra mas acabando por naufragar logo depois. Coloca-se aqui também a questão da fiscalização. A forte ondulação e o nevoeiro na altura, aconselhavam a que ninguém se fizesse ao mar. Essa foi a decisão dos pescadores profissionais que resolveram não ir trabalhar sob tais condições, identificando claramente o perigo que arrastavam. Estes pobres pescadores lúdicos, provavelmente sem experiência nesta matéria, foram ao encontro da morte porque também ninguém com responsabilidades os impediu. Onde está a fiscalização que deveria existir sempre? Ainda frescos na memória o desastre com a embarcação Olívia Ribau, que ceifou vidas na entrada fatídica da barra e mais recentemente com o iate, felizmente sem vítimas. Quantos mais terão de perecer para que se resolvam de uma vez resolvam as questões aqui presentes: o assoreamento e a perigosa ondulação criada pelo prolongamento do molhe e mais perigosa ainda quando as condições atmosféricas são desfavoráveis?

A CDU e o PCP continuarão a bater-se por essa solução que tarda tanto, desejando ardentemente que não aconteçam mais desastres. Endereçam às famílias enlutadas as suas sentidas condolências e ao sobrevivente ainda hospitalizado a sua completa recuperação. A todos a nossa solidariedade."

Na foto podem ver-se destroços do naufrágio.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

O areal urbano da Figueira é um problema. Mas, não teria de ser forçosamente assim...

A Praia da Claridade celebrizou-se no século XIX. Na altura, atraía à Figueira da Foz milhares de banhistas de todo o país. 
A zona onde se localiza ficou conhecida por Costa de Prata, graças ao tom prateado da luz do sol em contacto com a água do mar
Foi talvez a praia que mais sofreu com as intervenções realizadas ao longo dos anos. Hoje, a praia tem cerca de 1 km de largura frente ao Grande Hotel. 
Depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores.
Em 1998, quando Santana Lopes chegou à presidência da Câmara da Figueira da Foz, uma das primeiras medidas que decidiu tomar foi preparar "uma campanha de Verão muito forte", com o objectivo de voltar a dar à cidade um novo fôlego turístico durante os quatros meses de Verão. 
O Oásis viria a surgir um ano depois. Contudo, fazia parte da mesma visão de Santana Lopes para a praia da Claridade: transformá-la num chamariz para atrair milhares de turistas e fazer jus ao slogan que então começava a circular nas televisões - "A Figueira está na moda, venha descobrir porquê".
No livro "Figueira, a Minha História", Santana Lopes recorda o que se passou desde que aceitou candidatar-se à autarquia até ao dia em que rumou até Lisboa, passando em revista toda a "obra" que realizou durante o mandato. 
Na apresentação do livro, em Fevereiro de 2005, Santana Lopes recomendou-o a todos os que pensavam que durante a sua estadia na Figueira da Foz "apenas tinha plantado umas palmeiras"
Todavia, o projecto do Oásis e a intervenção na praia são largamente descritos no livro. "Isto dá para tudo, pensava, diante do imenso areal. A intervenção na praia marcaria todo o mandado, mas o primeiro ano faria a diferença. No resto do país ainda hoje se fala no Oásis como a obra de Santana Lopes na Figueira. Mas dezenas de árvores no areal foram a parte minúscula de um trabalho maior", recorda Santana no livro.
O plano de intervenção na praia começou por introduzir passadeiras, bancos, toldos, campos de ténis, de voleibol e de basquetebol. Com o Oásis, que custou cerca de 500 mil euros, foram colocadas na zona do Galante árvores exóticas provenientes de Espanha, um lago artificial, um bar e um palco para espectáculos. Segundo Miguel Almeida, ex-vereador e braço direito de Santana Lopes, a iniciativa de criar "algo diferente" no areal da Figueira da Foz partiu de Santana, que tinha o "objectivo claro" de "dinamizar" a Figueira da Foz. "Santana Lopes tinha uma ideia global para animar e dinamizar a Figueira da Foz. O Oásis era uma parte desse projecto como pólo de animação privilegiado".
A intenção era criar um espaço de animação que unisse mais a Figueira da Foz a Buarcos e criasse outras áreas de lazer, além da esplanada Silva Guimarães, fazendo do areal, da marginal, a montra da cidade: "O mar de areia que precede o Atlântico é o postal da Figueira. Era impossível ignorar essa imagem sem dela tirar o melhor partido. A praia da Claridade teria de voltar a ser o íman dourado para milhares de turistas e outros tantos empresários".
Na altura,  modelos e futebolistas participavam em campanhas publicitárias. Santana andava feliz.  "Chegava à janela de minha casa na marginal, numa noite de Verão, e via milhares e milhares de pessoas na rua. Filas de horas nos restaurantes para um jantar. A oferta não estava preparada para este boom de procura. Os comerciantes nunca fizeram tanto dinheiro como nesse ano. Os figueirenses até estavam felizes", relembra.

Em
janeiro de 2016, o executivo socialista fez o anúncio de uma obra 
“milagrosa”.
Na Obra de Requalificação do Areal/Valorização de Frente Mar e Praia - Figueira/Buarcos foram gastos 2 milhões de Euros na empreitada, com a obrigação do empreiteiro fazer a manutenção durante 5 anos.
Quem por lá passar vê uma ciclovia a degradar-se de dia para dia, paliçadas caídas, postes delimitadores em madeira tombados, quase vegetação e árvores mortas.
O problema mantem-se: a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. O extenso areal da Praia da Figueira continua a ser um problema, quando poderia contribuir para a solução.
Na edição de 27 de outubro de 2020 do Diário as Beiras, Teotónio Cavaco, responde à pergunta «que pode a câmara fazer para “aproximar” a cidade do mar através do areal urbano?», desta forma.
«O prolongamento, em cerca de 400 metros, do molhe norte, em 2011, acrescentou dimensão a um triplo problema, cujas variáveis, ligadas, parecem não possibilitar uma solução que a todas resolva completa e satisfatoriamente: a progressiva falta de areia a sul, a acumulação galopante de areia a norte e a navegabilidade na barra do rio.
Entendendo a necessidade da referida obra, muito cara mas imprescindível sobretudo para a sustentabilidade de um porto comercial tão estratégico quanto merecedor de atenção e investimento internacional, nacional e mesmo regional (é o único entre Aveiro e Lisboa), é inegável que aquela acentuou a erosão nas praias a sul, a destruição da duna de proteção costeira em vários locais (sobretudo na praia da Cova), e a retenção de areia na praia da Figueira em cerca de 230 mil metros cúbicos, como refere Nunes André “23 mil camiões que, se dispostos em fila contínua, ocupariam os mais de 300 quilómetros de ligação por autoestrada entre Lisboa e Porto” – a cada ano.
Ora, esta situação é insustentável para as populações a sul, em constante estado de alerta, e para o turismo, cada vez mais sazonal e dependente de uma praia cada vez mais afastada da cidade-mãe.
Assim, a pergunta desta semana, dramaticamente atrasada 40 anos (o Programa Base de Urbanização da Marginal Oceânica – areal da praia – teve início em junho de 1981) devia ser: o que é que a Câmara já devia ter feito para aproximar a cidade do mar através do areal urbano?
Primeiro, definir claramente se quer tirar areia (aproximar o mar da cidade) ou aproveitá-la (aproximar a cidade do mar); depois, envolver todas as Entidades, nacionais e internacionais, que possam estar relacionadas com a jurisdição e administração dos espaços; finalmente, cativar parceiros que sejam desafiados a interessar-se por uma Figueira do século XXI. Ou seja: durante mais uns meses, isto continuará a ser ficção científica!…»

A questão de fundo continua a ser esta: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?

A meu ver,  devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Alguém desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira?
Em 2008 o extenso areal já era uma preocupação e todos sabíamos qual a razão. Mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte! O resultado está bem visível e é lamentável! 
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar. 
Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber colaborar com ela e defender-se das fases nocivas.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas.
Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...

segunda-feira, 27 de abril de 2020

"Docapesca investe na lota mais de 1 milhão de euros". Em Janeiro passado não estava em orçamento...

Via Diário de Coimbra
"Ainda a recuperar dos prejuízos da tempestade “Leslie”, que rondaram os 500 mil euros, a Docapesca tem vários projectos em andamento para a lota da Figueira da Foz. Sérgio Faias, administrador da Docapesca, disse ao nosso jornal que vão construir um novo pavilhão «para apoio à transformação de pescado», num investimento de cerca de 600 mil euros, já apoiado pelo programa “Mar 2020”."

Recorde-se.
"O deputado do PSD Paulo Leitão, eleito por Coimbra, questionou, na Assembleia da República, o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, sobre a zona portuária. Começou por perguntar se a Figueira da Foz irá beneficiar das verbas destinadas a dragagens e intervenções de emergência nos portos do Centro e Norte do país.
Paulo Leitão afirmou ainda que, na visita que fez à lota, “foi possível constatar os graves da-nos nas instalações” provocados pela tempestade “Leslie”, em outubro de 2018. “Em contraponto ao desfile de governantes no rescaldo da tempestade”, acrescentou, “este é mais um exemplo da inoperância deste e do anterior Governo”, criticou.“Quanto mais tempo é que temos de aguardar pela recuperação das in-fraestruturas afetadas?”, indagou Paulo Leitão. Por outro lado, indicou “a falta de investimento na modernização da estação de tratamento de águas salgadas e fábrica de gelo”. O deputado perguntou, também, se está previsto um montante de 400 mil euros para a construção de um novo edifício naquela área de concessão. E afirmou que “o assoreamento da entrada da barra tem sido um dos principais entra-ves à segurança de tripulantes e embarcações”.
As respostas chegaram através do secretário Estado José Apolinário. O membro do Governo esclareceu que o referido plano de dradagens não inclui áreas sob jurisdição das administrações portuárias. No caso da Figueira da Foz, destacou, são feitas “dragagens regulares” pela administração do porto.
Acerca dos prejuízos provocados pela “Leslie” na zona portuária, José Apolinário afirmou que foram realizadas obras, através do acionamento do seguro, incluindo as da Docapesca. Contudo, ressalvou: “Reconheço que é necessário fazer outras intervenções de requalificação no espaço”. E comprometeu-se a “ver em que medida, no Orçamento do Estado [deste ano], se pode responder a algumas das questões” colocadas pelo deputado da oposição."

domingo, 1 de novembro de 2020

Erosão costeira na outra margem figueirense: eu sei que a esperança deveria ser a última coisa a morrer...

Recorro à memória e ao meu saudoso Amigo Manuel Luís Pata.

Fartava-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".

Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados quase 18 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

Como previmos, por isso o escrevemos para alertar quem de direito, já em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe,  era já então uma prioridade
Continua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez...
Nessa altura - 2006 -, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes - pelo menos para Manuel Luís Pata e para o responsável deste espaço. Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicadas prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.

Sofremos - na altura houve perseguições pessoais e continuamos a ser apelidados de tudo e mais alguma coisa... - ataques vindos de personagens que vão passando pelo poder local aldeão e  figueirense... 
Infelizmente, porém, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, apesar de uma duna ter sido reconstruída e desfeita pelo mar e dos "chouriços" que estão a ser desfeitos também pelo mar, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar continua a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, tal como mais que em devido tempo Manuel Luís Pata, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Cheguei a ter a esperança que, ao menos, perante a realidade os responsáveis autárquicos figueirenses pudessem compreender o porquê das coisas...
Já nem isso, porém: basta ler a crónica de ontem no Diário as Beiras da vice-presidente da autarquia figueirense para constatar que já nem essa esperança me resta.
Não passamos disto: não é fácil quebrar a monotonia na Figueira... 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

By pass: este foi o tempo certo para anunciar o estudo de viabilidade. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

O Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro. O documento foi apresentado ontem.
Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
Um estudo no valor de cem mil euros contra os milhões constantes que se despendem em dragagens.
Em Setembro de 2018,  a Vereadora Ana Carvalho não só não se mostrou muito preocupada com a situação como até afirmou: "não sou grande defensora dessa solução". 

Mais vale tarde do que nunca, diz o Povo. A pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada, e será realizada. “Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de ontem pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
O estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, frisou o ministro, em declarações à margem da sessão.
O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.
A opção de avançar para a construção de um bypass é, para o presidente da Câmara, uma solução que permite “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro argumentou que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considera ser um gesto com “visão”.
Carlos Monteiro pediu que o estudo e apresentado seja “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “seja desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”, frisou o presidente da Câmara. Até lá, lembrou, o problema da erosão da costa a sul do porto da Figueira vai a ser mitigado, até 2023, com o abastecimento de três milhões de metros cúbicos de areia, retirados do mar a norte do molhe norte.
Já o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, manifestou-se agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.
O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquiteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Espero, sinceramente, que tudo seja mais do que uma mera jogada de propaganda eleitoral.
"A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Escrevemos isto em aqui no OUTRA MARGEM em 11 de Dezembro de 2006. Infelizmente, continua cada vez actual.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O tempo certo para anunciar foi ontem. Vamos ver quando é o tempo para o transformar em projecto...

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Erosão costeira e a distracção do povo...

Via Diário as Beiras: "avanço do mar causa preocupação na Leirosa"

"Nos últimos 10 anos, o mar vem destruindo a duna da zona sul da Praia da Leirosa, aproximando-se perigosamente do bairro social. Calcula-se que tenha derrubado cerca de 50 metros da proteção natural. A agitação marítima da semana passada empurrou a água para a mata que se interpõe entre  o mar e as casas. As previsões meteorológicas para amanhã apontam para forte ondulação, temendo-se que a investida seja ainda mais forte.
Na zona norte da praia, são as hortas e os anexos de apoio à agricultura para autoconsumo que sofrem com a subida do mar e o refluxo do Rego da Leirosa.
Silvério Andrade Russo, de 67 anos, foi pescador dos 15 aos 57. “A parte sul está mais em perigo do que a parte norte. Isto devia levar umas pedras, pois não é com areia nas dunas que se resolve o problema. Se não puserem mão nisto, a parte sul vai ficar uma ilha”, defendeu.
O presidente da Junta da Marinha das Ondas, Manuel Rodrigues Nada, subscreve o conhecimento empírico do antigo pescador da Leirosa, defendendo uma proteção com rochas ao longo de 200 metros. “Estou muito preocupado com o avanço do mar na zona sul da praia. Aliás, já tenho alertado as autoridades, mas isto está cada vez pior. Parece-me que, se continuar assim, dentro de alguns dias, a água passará para o outro lado [zona habitada]”, afirmou o autarca.
“Cada vez mais perigoso”
O presidente de junta acrescentou que “os pescadores dizem que, com areia, isto não se resolve”. Assim sendo, sustentou: “Colocar areia é gastar dinheiro, porque o mar leva-a. A solução para travar o mar é prolongar o molhe em 200 metros. O que resta da duna é muito mais frágil e baixo. Portanto, torna-se cada vez mais perigoso”.
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, o presiente da câmara também se mostrou preocupado.
“Estamos todos preocupados. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Governo também estão preocupados. Caso contrário, não tinham tomado a iniciativa [de avançar com a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, da zona do areal urbano para as praias sul do concelho, com comparticipação financeira da autarquia]”, afirmou Carlos Monteiro.
A transposição de areia está sujeita aos prazos dos concursos públicos. Na Leirosa, porém, teme-se que a empreitada já não chegue a tempo para alguns. “Há pelo menos uma casa onde o mar já chega, quando há forte agitação marítima”, alertou Manuel Rodrigues Nada."

Nota  OUTRA MARGEM.
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial... 

Este alerta, foi publicado neste espaço em 11 de Dezembro de 2006, quase há 13 anos! 
Daí para cá, tudo, por aqui, foi dito ao longo dos anos e pode ser consultado... 
Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e outros habitantes do nosso concelho e dos seus bens.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...
Recordo, que para além das palavras de circunstância, como as que podem ser lidas no texto publicado na edição de hoje da Diário as Beiras, que cito acima, de responsáveis políticos com vários anos de exercício de poder, houve quem ao longo dos anos tenha feito o que podia.
Recordo-me da Deputada Ana Oliveira, em Abril de 2018, ter questionado o Ministro do Ambiente sobre a erosão costeira e a barra da Figueira da Foz. O vídeo pode ser ouvido aqui.
Em Junho passado tornou a fazê-lo. O vídeo fica aqui. Podem ouvi-lo.

Como por aqui se pratica a democracia, fica também a resposta do Ministro do Ambiente.
Para a próxima, antes de votarem pensem... Se quiseram, evidentemente.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

João Pimenta Alves, deputado europeu do PCP no concelho da Figueira

Ontem, de manhã, no Porto de Pesca da Figueira da Foz e no Portinho da Gala, em contacto com a FIGPESCA e com os pescadores da pesca de pequena escala, costeira e artesanal, o deputado João Pimenta Lopes constatou a degradação e as condições desadequadas do porto de desembarque para este sector. Um cais flutuante é, há muito, uma necessidade para facilitar o desembarque às pequenas embarcações. O deputado europeu do PCP ficou a saber que continuam os problemas do assoreamento da barra (impondo riscos à entrada e saída da barra e restrições aos dias úteis de pesca) e do Portinho da Gala, local de partem as pequenas embarcações que pescam no rio o sável e a lampreia. As restrições de defeso do sável e de área de apanha de berbigão foram dificuldades também referidas pelos pescadores.

Da parte da tarde o eudeputado visitou o Alqueidão. Vários agricultores juntaram-se à visita que o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes realizou às comportas. No encontro, também participaram o coordenador da Associação Distrital de Agricultores de Coimbra, Isménio Oliveira, e a presidente da Junta do Alqueidão, Clarisse Oliveira. 

João Pimenta Lopes garantiu que irá questionar a Comissão Europeia sobre se há fundos para a reparação das comportas ou se já foram disponibilizados e o Governo português ainda não os aplicou.

Fontes: CDU Coimbra e Diário as Beiras

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Em dias assim, como o de hoje, é tão bom viver na Figueira. Quem sabe usufruir, goza tanto!..

Criei o OUTRA MARGEM, já lá vão quase 17 anos.
Nesse dia, a 25 de Abril de 2006, já na Figueira havia carnaval todos os dias.
Eu não inventei nada. 
Desde aí, se não todos os dias, quase todos os dias (com a gestão dos presidentes  Duarte Silva e João Ataíde, ambos de  boa memória, até aos dias de hoje, com o "tolerante" Carlos Monteiro...) a coisa funcionou na perfeição, pois a Figueira é uma animação constante.

É uma felicidade viver na Figueira: creio que seria impossível viver noutro concelho mais divertido do que este.
O OUTRA MARGEM, trouxe-me a possibilidade de ser muito acarinhado, muito bem tratado, muito incentivado e, sobretudo, muito tolerado.
A Figueira é um poço sem fundo no que à vida democrática diz respeito.
Dito isto, fica uma declaração de interesses: o autor deste blogue, considera que a saúde, a educação e os serviços básicos, constituem são direitos de todos os seres humanos e deveriam em Portugal ser assegurados pelo Estado. Mais: considera que a privatização da água e da electricidade foram uma boa merda que nos aconteceu, e foi uma maneira de fazerem pagar, à esmagadora maioria, muito mais por algo que é esssencial para as suas vidas, para gáudio e usufruto de uma minoria, muito minoritária.
Se me quiserem chamar comuna por causa disso, estão - não à vontade - mas à vontadinha.
Posto isto vamos à revista de imprensa de hoje.
No Diário as Beiras, temos mais um episódio da telenovelas figueirense: Edifício O Trabalho. Mais, uma vez nada de novo. "O gabinete de arquitetura que fez o projeto para a recuperação do imóvel informou, recentemente, a autarquia de que os proprietários, um fundo de investimento, já escolheu o empreiteiro e vai iniciar as obras." Portanto, é natural que "a carta enviada pelo gabinete de arquitetos à autarquia também não deverá entusiasmar os figueirenses, tantas foram já as vezes que tomaram conhecimento da mesma intenção".
No mais, três boas notícias e uma péssima. Vamos às boas: 
1. "Há muito que não eram reportados tão poucos novos casos de covid-19 num só dia no concelho, mesmo tendo em conta que o número de resultados reportados pelos laboratórios ao fim semana é baixo."
 2. O sol e o calor, qual primavera antecipada depois de semanas com chuva e frio, foram, no fim de semana, o pretexto para passeios higiénicos e corridas na marginal de Buarcos e da Figueira da Foz.
3. Revelando espírito empreendedor, "dois estabelecimentos da Baixa da cidade, durante o fim de semana, descobriram uma alternativa à proibição de servir bebidas ao postigo durante o confinamento, instalando máquinas “selfservice” de café, semelhantes às domésticas, no passeio."
Vamos à má: "A forte agitação marítima dos últimos dias destruiu o Poço do Guarda, na Praia da Cova, um ex-libris da Freguesia de São Pedro, no concelho da Figueira da Foz."
Nada que não fosse fácil de prever. Tal como a evidência há muito prevista da "erosão costeria estar a aproximar (perigosamente) o mar da zona residencial da Praia da Cova".

Sobre a erosão costeira, pouco mais há a acrescentar. Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.
Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo está a caminho da falência - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

Retomando a revista de imprensa, o Diário de Coimbra chama a atenção "para o desespero da restauração figueirense e das apreensões com o futuro, as preocupações da JS local com a reactivação dos núcleos de estaudantes no ensino secundário e o apelo da BU Alhadense aos seus sócios para que paguem as quotas."

Ler, é saber mais. 
Portanto, de manhã não se esqueçam de ir à página do facebook da câmara (para ficarem a par da propaganda oficial do regime figueirense), passar os olhos pelos jornais que falam da Figueira. 
Já agora, se assim o entenderem, vão continuando a passar pelo OUTRA MARGEM...